domingo, 29 de setembro de 2013

Li em algum lugar que a gente perde um pouco de nossa identidade e passa a ser o que representamos no geral popular, de acordo com alguma referência, por exemplo, quando pequeno petiz, era o Paulo da Norma, ou Paulinho da professora - eu era mirradinho, depois fiquei esse hipopótamo, gordo com orelhinhas pequenas - depois virei o Motta da Zero Hora; um amigo meu era o Melhoral, o pai dele tinha uma farmácia ali na Cidade Baixa, com uma baita placa luminosa do Melhoral, na frente. 
Muitas vezes o nome do estabelecimento é incorporado ao nome da pessoa. Em São Borja havia o Mercado Guarajara, de uma família muito grande, e um deles, nosso amigo, era o Joaquim Guarajara. Ou ficam à sombra do nome de alguém, vejam o Jon Voight, brilhante ator que vi, pela primeira vez no filme Midnight Cowboy ou Perdidos na Noite, junto com o Dustin Hoffmann. Hoje deixou de ser conhecido como Jon Voight e passou a ser chamado de "o pai da Angelina Jolie". A criatura superou o criador, é mole?
Mas tanto me aporrinharam em campanha pela tevê, rádio e na voz do poste, que fui procurar me atualizar quanto aos documentos, para exercer meu sagrado direito de votar sem vomitar. Não achei meu título de eleitor, mas encontrei meu título de conde, que ganhei no Bar Boleta, lá em São Borja, assinado por todos os frequentadores bebuns do recinto, no momento. Esse título nobiliárquico me foi concedido durante uma bebedeira que durou uns três dias, e eu mereci pois conde bêbado não tem dono.
Mas não me preocuparei, agora o voto é biométrico, é só passar o dedo e pronto. Quanto dedinho de silicone vai aparecer, hein?
Depois eu volto.

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