sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

CARNAVAL 
Há pouco fui ao meu jardim, na certeza que devo chorar, pois bem sei que não queres voltar para mim. 
Queixo-me à aleivosias, aos brotos de frívolas que ornamentam o canteiro quase tomado por escrotos que, daninhos e insinuantes, entre as espúrias que sufocam as sirigaitas sorridentes, encantadas por um escroto, nunca vi! Nem vou falar nos pés de lambisgóias, com esmalte escarlate e francesinhas, uau! 
Mas vou entrar em retiro no carnaval, em orações, juro pra vocês! Orações subordinadas substantivas adjetivas e com ênclise na garrafa de libertina, sobre a mesóclise, servida por sacripantas embriagados, ao som de ladinos que dedilham clitóris venusianos, sucintos. 
Ah, como gostaria de ter aprendido a tocar clitóris, esses pequenos órgãos que glorificam quem os conhece. Há quem diga que o segredo está na ponta da língua, mas quem sabe? 
Meu carnaval será assim, pequenos filhotes de Momo, desajustados e alheios à realidade que mata milhares de filhotes de escalopinho e arvores ornamentais hamburguesas; divirtam-se enquanto o mundo se corrompe, seus burgueses irresponsáveis! 
Estou tentando achar uma Rainha Moma, mas não tem, né? E ninguém reclama disso, tenham dó! Ré, mi, sol e por aí vai. 
Voltarem 70mg, pequenos capetas!

BLACULA 
Vi esse filme em Santa Maria, em 1975, e uma cena foi inesquecível: o cadáver-vampiro de uma mulher levanta-se, no necrotério, e avança para o cara que está ao telefone, no corredor. Acho que é a única coisa que presta no filme inteiro. 
Nos anos 70 aconteceu uma invasão de filmes blackexploitation, atores, diretores todos negros. Houve coisas boas, mas o Blacula certamente não foi uma delas. 
É a história de um príncipe africano, o Mamualdi, que é mordido pelo Drácula e, claro, vira vampiro e a coisa rola por aí, com o Mamualdi (William Marshall) se transformando em um vampiro tipo lobisomem - ele fica todo peludo que nem um cachorro terrier - e mordendo as meninas, que ninguém é bobo! 
Tudo previsível mas me impressionou, na época, o vampiro negro. Veria de novo, o Blacula, mais por análise do que qualquer outra coisa. Reminiscências, reminiscências santamarienses.



JEFFERSON 
Político aguçado, um exemplo de virtudes republicanas e temido por seus adversários. Fez tremer o país ao escancarar mazelas e idiossincrasias reinantes, na época. 
Verborrágico e contundente, viu-se diante de desafios inglórios, desgastantes, superando-os um a um. Carismático e polêmico, despertou a ira de inimigos e até mesmo correligionários, mantendo-se inabalável em seus princípios em busca de uma unidade para a nação. Um estadista. 
Pena que Thomas Jefferson morreu há exatos cento e oitenta e oito anos.

CUBOS 
Até metade do século passado - lá por 1945, por aí - quase sem saneamento básico, as residências depositavam seus excrementos em cubos de madeira ou lata, recolhidos por cubeiros, periodicamente. Uma bosta aquilo. 
Não sei se houve sindicatos dos cubeiros ou se esses caras eram discriminados, tipo ter vergonha de dizer pra namorada sua real profissão, não sei. 
Imagina chegar na casa dos sogros e confessar: "Sou cubeiro!", hein? Pior do que hoje dizer que tu trabalha numa empresa privada e paga as tuas contas em dia, me parece! 
Mas isso foi no passado, hoje os cubeiros se transformaram em contribuintes que carregam a matéria-prima produzida por presidentes, governadores, burgueses mensalistas e outras espécies de protozoários em geral. Tempos de infringir embargos, cargos, desapegos e sessões de descarregos, admirável! 
E não sei porquê, mas nessa história toda de cubos e cubeiros, algo me lembra dos black blocs, juro! 
Buenas pra vocês, divirtam-se mas escolham bem, meliantes!

ME ACHANDO 
Há pouco, no shopping, uma bela moça de verdes olhos esgazeados, fez minha autoestima pairar na estratosfera quando perguntou: 
"O senhor é o Paulo Motta, que escreve no feicebuque?", meus olhinhos saltaram em seus lindos seios e só acordei do devaneio erógeno quando ela esclareceu: "Que bom, a minha avó Romilda lhe acompanha no feice de uma amiga e tinha certeza que era o senhor, aqui!". 
Disse isso puxando uma velhinha de cabelo azulado, com cara de tartaruga, parecida com o Sergio Cabral; sentaram na minha mesa e tomamos um café honesto e divertido, recheado com histórias da Dona Romilda e sua netinha com cheiro de canela, a bela, deixou uma sequela no fundo do coração do bandalho que vos fala, este mala. 
E eu me achando, queridos correligionários, e eu me achando! Fugazes segundos de fama encarnando Ernest Borgnine, o ídolo dos homens feios que ganhava o chinaredo na base do "pobrezinho, tão carente, vou dar pra ele!". A um passo da eternidade e do paraíso, queridos e queridas facínoras! 
Boa noite, apareço por aqui com alguma bobagem daqui a pouco, só me recuperar da segunda-feira e da Dona Romilda, ignóbil tomadora de Jack Daniel's que nem eu! Pensando bem, Romilda é bem matável, creiam!

POLíITICOS
Me parece que essa imprensa espúria burguesa-capitalista-imperialista que manipula e omite fatos no caso da Valenzuela, do presidente democrático Caindo de Maduro, é a mesma que joga a plebe ignara ignóbil contra a Copa do Mundo - trazida ao nosso país pelo presidente Manuel Inácio Mula da Silva -, numa clara tentativa de desestabilizar o governo socialista proletário que ora vige! Vige!

IVONEIDE, A MULHER ATRÁS DO MITO (PARTE I)
Neide, Ivoneide. Minha namorada em 1977, chapista na lanchonete - padaria deveria ser padarete, né? - ou lancheria perto do cursinho Mauá, na Doutor Flores 220. Chapista de mão cheia, com afrodisíaco aroma de óleo de girassol de muitos pastéis e croquetes. Fascinada por Frank Sinatra de quem cantava Let Me Tray Again já traduzida por ela como Lassie Me Traz Alguém; uma troglodita, digo, poliglota. 
No final da tarde me esperava com um prensado de mortadela enrolado num papel de pão, uma delícia! O prensado e a Neide, claro! Nosso amor era algo puro e saboroso, com cheiro de girassol misturado com Tabu, da Coty. 
Anexo flagrante quando ela me esperava em seu quarto de pensão na Garibaldi, perto da Farrapos, nosso ninho de amor. Não raras vezes tinha que dar um dinheirinho pro Seu Corálio, responsável pela pensão 'familhar', pra eu poder entrar à noite, o que era proibido. Quem me facilitava era o Corálio, do Corálio! 
CINE ÁUREA 
De codinome O Monstrinho da Julio, anos 70/80. Ali nos acomodávamos nas poltronas estofadas com pelos pubianos, minha namorada Ivoneide e eu, nas matinés de domingo. 
Neide, Ivoneide, minha namoradinha executiva de alimentos - cozinheira - que tinha cheiro de fritura e fazia um spaghetti alho-e-óleo de manchar minha blusa de ban-lon, uma loucura! Assistíamos lindas histórias de amor e perversão como A Noviça Fornicadora e o Jumento Escarlate. Não como e nem comi a noviça fornicadora, certo? Mas a Neide - oh, a Neide - com seu peculiar e quase afrodisíaco aroma de óleo de girassol viajava em sintonia com o romantismo daquele cinema, embriagada de Fanta Uva e roendo um pastel de carne moída, que trazia pra comer durante as sessões. 
Essa página da minha vida ainda não foi virada, acreditem, seus cretinos debochados!

SOU REBELDE
Hoje acordei com meu coraçãozinho fazendo muito barulho, creiam. Acho que o sábado ensolarado e a filha do vizinho da frente estendendo roupas só de calcinha põe meus pensamentos em ebulição, deve ser. 
Desço pra conversar com a bagacerada no boteco da esquina, tomar um sol e um goró e encontro a Dona Naná, que me conta que dormiu mal, pressão alta e o médico disse que ela tinha que tomar um remédio que ataca o duodeno e a concunhada dela morreu de nó nas tripas e eu quase esgoelando a velhota, imaginando ela como uma garrafa de cerveja: gelada e sobre a mesa! 
Deus acompanha minhas perversidades com as velhinhas hipocondríacas, por isso me perdoará. 
Agradeço por estar caminhando e bebendo e seguindo a canção, somos todos iguais, muito ricos ou não. O sábado está desaforado de tão bonito, gente! Dia ideal pra se apaixonar por alguém que te esprema espinhas e apare as tuas sobrancelhas; quer gestos de carinho mais sublimes do que estes? Talvez nem beijo de língua. Se a tua parceira faz isso ela te ama, certamente. Ou se ela, antes de sair, te faz trocar aquela bermuda imunda que tu adora, também é uma brutal demonstração do mais puro amor, quem sabe autopreservação da imagem, não sair com um ogro vestindo bermuda floreada e camiseta do Grêmio, não é? E não adianta te emburrar que nessas coisas elas sempre tem razão, ouviu? 
Um bom sabadão pra todos e um carinhoso e meigo beijo no pâncreas de vocês!

ME ACHANDO 
Há pouco, no shopping, uma bela moça de verdes olhos esgazeados, fez minha autoestima pairar na estratosfera quando perguntou: 
"O senhor é o Paulo Motta, que escreve no feicebuque?", meus olhinhos saltaram em seus lindos seios e só acordei do devaneio erógeno quando ela esclareceu: "Que bom, a minha avó Romilda lhe acompanha no feice de uma amiga e tinha certeza que era o senhor, aqui!". 
Disse isso puxando uma velhinha de cabelo azulado, com cara de tartaruga, parecida com o Sergio Cabral; sentaram na minha mesa e tomamos um café honesto e divertido, recheado com histórias da Dona Romilda e sua netinha com cheiro de canela, a bela, deixou uma sequela no fundo do coração do bandalho que vos fala, este mala. 
E eu me achando, queridos correligionários, e eu me achando! Fugazes segundos de fama encarnando Ernest Borgnine, o ídolo dos homens feios que ganhava o chinaredo na base do "pobrezinho, tão carente, vou dar pra ele!". A um passo da eternidade e do paraíso, queridos e queridas facínoras! 
Boa noite, apareço por aqui com alguma bobagem daqui a pouco, só me recuperar da segunda-feira e da Dona Romilda, ignóbil tomadora de Jack Daniel's que nem eu! Pensando bem, Romilda é bem matável, creiam!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

SILOGISMO
Deixa ver se entendi bem: O Lula trouxe a Copa - sob muitos aplausos - pro Brasil, logo, as manifestações anti-Copa são contra o Lula, também? Não, não, acho que a minha burrice política está me empurrando para um equívoco, só pode ser!
BORRALHO
Nunca vi ou ouvi essa palavra além da Gata Borralheira. Anos depois, já taludinho, aprendi que borralho e cinzas de fogão são a mesma coisa, o que me deixou mais à vontade pra cometer borralhices, mas continuei confundindo a Bela Adormecida com a Gata Borralheira e a Branca de Neve; todas com madrastas, príncipes, fadas, anões e um estranho sono profundo que, hoje, seria embaraçoso tentar explicar pra criançada motivo de tal torpor, só quebrado com um beijo selinho comportadinho de um galã que lembra um porteiro de hotel cinco estrelas. Ainda se fosse um beijo linguado tipo novela das oito, acho que a meninada aceitaria melhor, vá saber! 
Daí a palavra madrasta eternizou-se como sinônimo de perversidade e filhadaputice, já perceberam? Quando alguém fala "a minha madrasta", imagina-se aquela elegante e pérfida mulher, com a sobrancelha direita arqueada te olhando com arrogância e superioridade. 
Não sei como ainda não proibiram o uso da palavra "madrasta" por ela ser potencialmente destrutiva aos olhos do politicamente correto, é bom nem falar. 
Voltando às princesas, não consigo imaginar uma estria na Branca de Neve ou uma celulite na Bela Adormecida, tão palidamente belas e puramente sem graças. 
Estria e celulite me parecem tão imprescindíveis numa mulher quanto mãos bem cuidadas; me perdoem as magérrimas anoréxicas, mas moçoilas muito lipoperfeitas significam grandes malas, com papos que levam do nada a lugar nenhum. Pelo menos as que conheci, sem generalizar, claro. 
E viva os fofoafetivos, fãs daquela gordurinha ornamental que deixa as meninas mais naturais, sacaram, hereges? 
Bom dia pra todos e todas.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

SOLIDÃO
Numa ocasião, sozinho no hotel em Garibaldi, mergulhado numa banheira daquelas com duchas que te fazem cosquinhas em lugares inimagináveis, soltei minha alma pra sobrevoar o universo, enquanto saboreava um honesto cabernet sauvignon. Só, sem ninguém para interromper meu passeio mágico pelas dunas serenas da outra dimensão. 
Foi um reencontro com tantas coisas, pessoas, amores, cheiros, sabores e algum ressentimento escondido na gaveta debaixo da cristaleira dos meus olhos. Naquela eternidade da minha finitude fui visitado por discretas amarguras não resolvidas, que chegaram, de mãos dadas, com seus pequenos arrependimentos, sem as culpas, que ficaram pra trás. 
Os acertos logo apareceram, também, com suas alegres vitórias que animam qualquer ambiente. Foi uma pequena farra minha e dos meus recuerdos, das reminiscências ora cinzentas, um pouco amargas, ora esfuziantes e coloridas. Os ritos de passagem; o vestibular, casamento, meu filho, o que fiz até agora e o que farei daqui por diante. 
Tão só fisicamente e tão bem acompanhado por mim mesmo, como pode, não é? Acho que, a partir daquela banheira com o cabernet picante, comecei a conversar mais comigo, perguntar a minha opinião sobre coisas que o mundo, aparentemente, já estava decidindo. Continuo errando mais do que acertando, mas parei de procurar culpados, o que facilita a minha jornada. 
Ficou mais divertido saborear o passado, imaginar o futuro e receber o presente, que é estar aqui cercado por vocês, amigos e amigas. Sou presenteado a cada segundo de cada minuto de cada hora com abraços, sorrisos e, eventualmente, um Jack Daniel's. Acho que tá bom, né? 
Boa tarde pra vocês!

sábado, 15 de fevereiro de 2014

SININHO
Imaginem a fada Sininho do Peter Pan caindo na poção mágica do druida Panoramix - aquele mago do Asterix -, que faz um caldo poderoso e deixa todos os gauleses imbatíveis, imaginem! É mais ou menos como o Capitão América vestir a armadura do Tony Stark ou o Superpateta engolir um super-amendoim recheado com maconha: um exagero, não é? 
Adoro viajar nas histórias em quadrinhos, quando a ficção se funde com a realidade e tu vais até onde a tua imaginação permitir. 
O Mandrake, o Lothar e a princesa Narda formam um triângulo amoroso nebuloso perigoso e o Fantasma-Que-Anda tem sérios problemas com a Diana Palmer, desde que ela flagrou-o com o Guran, num afago interminável às margens do Tâmisa. Guran é o chefe dos temidos pigmeus de Bandar, quando dá merda é de-ban-daaar!
A bruxa má entregou a maçã envenenada pra Branca de Neve que jogou-a no lixo e deixou a velha com o príncipe, fugindo com os insaciáveis anões. Rapunzel abriu um salão de beleza que terminou em bingo clandestino, fechado pela polícia de Bulhufas, não quis dar o remédio que os caras queriam: Propina 98 mg. Propina é vitamínica, saibam, senhores. 
O Flash virou empregado do Correios & Telégraphos e ganha o suficiente pra manter as oitocentas amantes mundo afora, embora todas reclamem do cheiro de borracha queimada por causa da camisinha. 
Mas a Sininho - oh, a Sininho! - depois de cair no caldeirão de Panoramix e se tornar um rojão de pirlimpimpim, terminou aderindo à causa maestra e agora ruge junto aos Meninos Perdidos. 
Pronto, chega de aleivosias, vou dormir. Ou juntar meus restos de sono e fazer deles uma grande colcha de retalhos com muitos boa-noites.
Bye!

FALEI!
Todo mundo fala isso: Pronto, falei! Me parece que a pessoa não estava preparada ou não convicta pra falar e diz isso. Pronto, falei! Coisas da meninada de hoje que será a velharada do mês que vem. 
Mas não preciso esperar até o mês que vem para estar quase convencido do que os governantes e a mediocridade em geral está tentando, há muito tempo, provar a mim e aos burgueses do ramo: o capitalismo não compensa! 
Pagar uma universidade, se formar em canto orfeônico na Palestrina, casar, trabalhar, pagar as contas, ver os filhos formados, fazer aquele churrasco no final de semana e aguentar o cunhado bêbado é coisa do passado; agora essa farofada é coisa de burguês imperialista, que adora ostentar e merece ser assaltado e esculhambado por cidadãos em conflito com a lei, que esfregam um trezoitão no teu focinho e exigem reparação pelos danos que tu, impostor pagador de impostos, causou a eles e a todos os excluídos por ti, seu desalmado cretino que ousa ter um carro pendurado nas trezentas prestações que a loja te empurrou, tolinho. 
Diante da ideologia vigente destilada pelas autoridades do momento, somos todos culpados por tudo isso que está aí. O pivete passou a ser menor infrator e não pode ser preso, é apreendido. A morte de uma caturrita é mais contundente no código penal do que se eu esgoelasse meu cunhado bêbado, embora merecesse. 
Sou culpado, diante dos tribunais sonolentos e corporativos, por trabalhar e pagar os impostos que nutrem cargos em comissão (CCs) milionários, enquanto policiais ganham migalhas pra trocar tiros com criminosos - desculpem, cidadãos em conflito com a lei - e professores públicos apanham dos clientes alunos dentro da sala de aula sob respaldo do ECA, eca! Tudo isso aplaudido pela nova ordem que subverte o que eu aprendi dos meus pais e avós; é a glorificação do líder que nasceu de mãe analfabeta e nunca abriu um livro; o Império da Mediocridade, infelizmente. 
Estou pensando em me converter a esse socialismo que anda por aí, mas me faltam padrinhos que me indiquem, se souberem de algum estou à disposição, meliantes. 
Chega de falar bobagens, vou dormitar.
Boa quarta-feira a todos, pronto falei!

CHUVA
Imaginar um bobo alegre que nem eu furioso é mais ou menos como encontrar o Tiririca dando palestras sobre física quântica. Mas algumas coisas me deixam irado, algumas intolerâncias, desaforos virtuais sobre pensamentos diferentes e outras boçalidades. 
Passo ao longe disso mas, às vezes, me emputeço e escrevo coisas meio exacerbadas, mas passa logo. Não raro levo algum desaforo pra casa - já tenho um armário só pra eles - e passado seus prazos de validade, jogo no lixo do esquecimento, não vale a pena guardá-los, ocupam muito espaço e o cheiro não é dos melhores.
Falo isso pra me desculpar com vocês por andar mais ácido do que de costume, talvez pelo calor fritante dos últimos dias, pelo extermínio das lesmas ninfomaníacas da Antuérpia ou porque estou mais ranzinza e enjoado por causa da idade, quem sabe? Mas quem nunca teve vontade de murchar os pneus do protozoário que estaciona em vaga de idoso, hein, hein? Um dia de fúria é permitido a todo o ser humano que esteja em dia com seus pecados, em acordo com a Cartilha do Criador. Eu atualizo diariamente os meus, acreditem. 
Mas como dizia, os humanos são tão previsíveis como se tivessem cabeça de vidro: dá pra enxergar dentro. Não chegará quarta-feira e já terá gente reclamando da chuva, querem apostar? Eu apóstrofo'. Só vai mudar a pergunta:
-Mas e essa chuva, rapaiz! Pois é, lá em casa faltou luz tanto tempo que perdi o último capítulo da Selva de Pedra! 
De Forno Alegre passamos a Sapolândia, amigos! Nós, os eternos descontentes. E ingratos para com as autoridades e políticos em geral, que se esforçam tanto para transformar nossas vidas em um torvelinho de emoções que chega a dar raiva! 
Vou me recolher em orações, volto amanhã. Orações subordinadas ordinárias compostas.

DOMINGUICES & MEIGUICES
Meu amigo, minha amiga, meu hetero, minha homo, meu afro, minha asiática, meu gatinho, meu cãozinho e minhas hortalicinhas: juro que ainda não sei como, o time do chato e politicamente correto ainda não se ligou em apedrejar e espinafrar a Taurus e outras fábricas de armas, não sei mesmo, afinal, são eles que produzem os artefatos que os humanos usam para se defenderem - e, eventualmente, assaltarem - uns aos outros. Material que faz os buraquinhos no oponente.
O cuidado em não ferir suscetibilidades beira o ridículo. O cidadão não pode nem cometer um delito que a truculenta polícia já trata de enquadrá-lo em artigos jurídicos medievais e a plebe clama pelo sangue do pobre meliante, é horrível!
Parece que tramita, galopa e tergiversa em algum lugar, uma lei que proíbe o uso daquela raquete fritadora de moscas, sabem? Pois é, um profundo estudo da OMCF (Organização Mundial do Coliforme Fecal) comprovou que as moscas são responsáveis pelo consumo de 64,3% do cocô no planeta - sei que cocô não tem mais acento, mas me deixem em paz! - e se a matança de moscas continuar, vai dar merda, no sentido mais verdadeiro da palavra. 
Considerando isso, a venda da raquete será, doravante, controlada pelo IBAMA e referendada pelo Obama, tão sério que é o negócio. Gosto dessa palavra: referendada, é bonita né? Fico esperando um momento pra usá-la e agora apareceu, agradeço a todos essa bela oportunidade. 
Mas falando sério, se você tem a raquete fritadora de insetos em casa, entregue na delegacia mais próxima ou troque por uma muda de camélias, no posto do IBAMA perto de sua casa, o planeta agradece, obrigado. Nos tornaremos moscófilos, ou moscoafetivos, como preferirem. 
Uma excelente semana a todos e todas, hare baba.
Put keep are you, lembrei dessa agora, hare baba! Tiau pra ti!

MALVINAS 
A imprensa espúria e abjeta conseguiu jogar a culpa do incidente com explosivo, envolvendo o cinegrafista da Band, nos manifestantes, ora vejam!
Assistindo, hoje, no canal 72, tevê fechada, claramente se vê elemento jogando um pastel de charque ao menino com camiseta suada que se livra do artefato jogando pro asno volante, à sua esquerda, percebam, seus bisonhos!
Afinal, quem aguentaria um pastel de charque, não é mesmo? A Grobo abusa da ingenuidade dos pequenos burgueses que vai de encontro aos interesses do proletariado e da peonada, haja vista episódio do menino infrator que foi, barbaramente espancado e acorrentado num poste por milícias, representantes dos mais asquerosos facínoras capitalistas, que esquecem que esse garoto foi gerado pela sociedade pusilânime e canalha que não lhe deu oportunidade de se integrar a ela, sociedade!
Me sinto culpado por pagar impostos, as contas da padaria e o cheque especial enquanto o povo sofre e passa fome, juro! Sou um imperialista nojento e desalmado enquanto trabalhar em uma empresa privada, que pode me demitir se eu fizer greve; parece mentira, mas é sério: as empresas privadas demoníacas demitem, sabiam? 
Vou deixar de pagar esses impostos e doar a ONGs filantrópicas que - essas sim! - 
resguardam os interesses da peonada! Ou para a entidade dos borrachos, da qual sou presidento, a AABB (Associação Aleatória dos Borrachos Bulhufenses).
Tiamanhã, queridos e queridas bulhufenses e um carinhoso beijo no esôfago de todos!

Ah, o título Malvinas não tem nada a ver, só botei ali pois não tinha palpite, me perdoem!

APELIDOS
Conheci o Pedro Lôco na pensão da Tia Moza, na Cristóvão com a Barros Cassal, quando morei ali em 77. Era uma figuraça, doido de atar em árvore, beirando uns 40 anos, trabalhava num negócio que nunca consegui entender; passava dias fora aí aparecia e dormia outros dois dias. Acho que era contraventor, traficante, sei lá.
Ele tinha o dom de apelidar os incautos com verdadeiras pérolas que caíam como luva nas vítimas - se é que luva cai - e nos vítimos. Por ser demente nos dávamos muito bem, claro!
Havia uma moça baixinha peituda, executiva de alimentos - cozinheira - da Tia Moza que ele chamava de baixa combustão. Um dia perguntei o porquê do apelido e ele explicou que por ela ser baixa e com busto enorme, entendeu seu pateta? Sim, sim, agora sim! Conversar com o Pedro Lôco era dar risada, muita risada. Eu era pedrófilo!
Costumávamos ficar horas conversando com o Rochinha, o ginecologista, na porta da boate La Cave; eles contando e eu ouvindo histórias coloridas fantásticas daqueles dois malandros. Rochinha era o porteiro da boate, por isso ginecologista: ganhava a vida onde os outros de divertiam. 
Esse Pedro nos ensinou que o desodorante Moderato tinha o mesmo efeito do lança-perfume, vejam que canalhinha ele! Gastei rios de dinheiro comprando Moderato, só pra ouvir o zunidinho aquele, sabem? Tá bom, vou fazer de conta que não sabem.
Numa noite despejamos um saco de bolitas, bolas de gude, pelas escadas de madeira que levavam ao sótão da pensão - antiga mansão do início do século passado - e acordamos todo mundo, foi muito engraçado. Pelo menos pra nós, os borrachos.
De uma hora pra outra o Pedro sumiu e ficamos órfãos do nosso maluco de plantão. Talvez tivesse sido preso, fugiu pro Paraguai ou foi fuzilado pelos fuzileiro navais, não sabemos até hoje. Reminiscências, lembranças daquela época em que eu era um irresponsável. E continuo, até hoje!
Boa sexta pra todos e todas, caros coleguinhas.

O SAPO E O BICHO-PREGUIÇA
Numa dessas fábulas fabulosas, um sapo encontrou um bicho-preguiça agonizando, na beira de um laguinho. Era um bicho-preguiça simpático - como todo bicho-preguiça - e o sapo, sensibilizado, acolheu e tratou o bichinho. 
Alguns meses se passaram e a amizade entre os dois aumentava: o sapo e o preguiça. Não se imaginavam longe um do outro. O sapo arrastava seu parceiro aos mais lindos e remotos lugares, coloridos bosques e adocicados néctares que o bicho-preguiça nem sonhava, creiam.
Era quase um sonho de verão. Mas o sapo nem imaginava quão ingrato lhe seria o parceiro, aquele que recolhera em agonia na beira do lago primaveril, o preguiça!
Numa tarde morna, retornando ao seu ninho, deu falta do amigo, antigo, ingrato. O parceiro se foi sem deixar nada que lembrasse o afeto, o carinho, a pata estendida na beira do laguinho, só um covarde tiau num papel rabiscado com letra de preguiça, sem cobiça, apenas hortaliça, talvez.
O sapo aprendeu, de forma inesperada, que os preguiças são maus e mal-agradecidos, apesar de aparentarem uma bondade bondosa em suas carinhas fofas e indefesas.
Moral da história: não tem moral essa história.

ÔNIBUS
Cada dia me convenço mais de que sou um completo idiota ao me deixar levar pelas informações que a mídia espúria imperialista joga pra dentro da minha cabeça. Até parece que minha mente - mormente, somente - é um terreno baldio onde, volta e meia, passa alguém e joga lixo dentro. E eu um projeto de imbecil.
A mídia, que joga a opinião pública contra a justa e digna luta dos rodoviários versus os empresários desalmados, sanguessugas, e por aí vai.
Gatos pingados transformaram a cidade num caos por pura incompetência ao negociar suas reivindicações ou proposital incompetência visando objetivos menos nobres.
E a peonada paga o pato, mas dane-se a peonada: os fins justificam os meios; eles salvarão o proletariado das garras dos humanos que não forem do seu - deles - balaio de gatos, amém.
No infringir dos embargos fica a demonstração de como é fácil esculhambar a vida dos outros para impor os ideais de grupelhos ideológicos, usando a ingenuidade corporativista de uma categoria, tudo pelo social. Inclusive os do Tony Ramos.

E ESSE CALOR?
Antes de te cumprimentarem já fazem a pergunta direto, não é? Pois é, nesse calor só se fala no calor. E esse calor? 
Me lembra o jogador de futebol Amaral, perguntado pelo repórter esportivo, antes de entrar em campo, numa tarde chuvosa: "Vai jogar com essa chuva, Amaral?", e ele, peremptório: "Pois é, né, só tem essa, vamos ter que jogar com essa mesma!".
Falo com amigos que ainda não passaram do estado sólido ao pastoso e descubro que existe vida além do estado de cataplasma que envolve o povo gaúcho, tirando os abnegados cidadãos em estado de defesa de seus alienáveis direitos de complicar a vida da peonada.
E as expectativas são as piores: a temperatura será mais elevada e o inverno parece mais distante do que São Borja do Japão!
Essa coisa toda me deixa mais preguiçoso e imprestável - ninguém me quer nem emprestado - do que normalmente sou, acreditem! Se meu pensamento lesmeava - verbo lesmear, de lesma - agora se derrete todo, seus paspalhos! Não estou conseguindo pensar, o delírio assume o controle do meu cérebro de ervilha e creio melhor o delírio que o Delúbio, sério!
Acho que vou ao jardim, na certeza que devo chorar sobre os copos-de-leite derramados e limpar as mudas de lascívias e aleivosias, cheias de escambaus predadores ao redor. Foi só eu me afastar e essas pragas de escambaus e estrupícios tomam conta das lambujas e das frívolas, que inferno!
Providenciarei adubá-las com escrotos, que são piores do que escambaus, estrupícios e carraspanas juntos, me aguardem! 
Tomarei um pouco de banho e comerei algo - algo! - e Voltarem 70 mg.
Até já, meliantes!

EASTWOOD 
Ontem lembrava dos bailes dos clubes Recreativo e Comercial, em São Borja, com Os Dinâmicos ou Os Sheiks tocando, alucinados, músicas que ainda não havia no Brasil, tipo Barrabas, Nazareth e uma que nunca faltava e eu adorava: Photograph, do Ringo Starr!
A gente não entendia uma só palavra do que os caras cantavam, mas lá estávamos; cigarro dependurado no canto da boca, olhar fulminante de Clint Eastwood encarando o Lee Van Cleef e sua cara de galinha assassina, balançando a mão sobre o Colt 44 que era um copo de cuba-libre librando-nos de todo o medo, amém! 
Acho que não existe mais esse tipo de baile, encontros furtivos detrás das cortinas e o cantor do conjunto entoando Me and You, Dave Maclean, orgástico melacueca dos anos 70. Hoje nem é mais o cantor do conjunto, é o vocal da banda. Outrora foi o crooner da orquestra, vejam só! 
Cabelos longos, calças boca-de-sino e o legítimo patchouli encharcando nossas roupas. Éramos felizes e sabíamos disso, embora nossa vida sexual fosse mais verdadeira que promessa de amor naquelas noites escancaradamente divertidas. 
Tudo ficou mais banalizado; menos romântico, mais pasteurizado e pouco conquistado, tudo rápido demais, sabem? A garotada sai da universidade e se, em um ano não estiverem no topo da hierarquia entram em profunda depressão, tudo precisa ser agora, que coisa!
Quando eu tinha uns 15 anos havia um pesado constrangimento pra se chegar em qualquer bar ou armazém e comprar Colomy* pra fechar os baseados. Imaginem três ou quatro pirralhos entram no estabelecimento e pedem Colomy pra quê, valha-me São Torpor, o protetor dos boleteiros? E tirar aquela casquinha metálica das carteiras de Carlton era uma bosta, precisava muita paciência, coisa que nos faltava. 
Numa noite, aproveitando estar um amigo sozinho em casa, tomamos conta de sua residência em alegre e saltitante bando, cheios de cachaça e mandioca frita. Sem querer, me vi no quarto da avó do anfitrião e me deparei com um Evangelho Novo Testamento sobre a mesinha de cabeceira, ao lado de um Santo Antônio, me olhando, melancólico.
Heresia dizer que uma luz divina me fez pegar o Livro e descobrir, em suas folhas, nossa salvação! Folhas fininhas, suaves, um encanto, amigos! Adeus Colomy e seda do Carlton, adiós!
Acho que já paguei esse pecado aqui na Terra, não tenham duvidas, queridos e queridas coleguinhas.
Definitivamente os tempos são outros.
Boa noite pra vocês todos e ótima semana!

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

FRANK & EINSTEIN
Tem dias em que não estamos na mesma sintonia do mundo, perceberam? Parece que as coisas não fluem redondinhas e dá a impressão de que estamos na penumbra de nossa casa, tropeçando nos móveis e chutando o urinol. 
Releio o que escrevo e vejo o Frankenstein dançando jazz, desajeitado, sem harmonia, cinzento.
Nesse engessamento criativo meus miolos mergulham no mar da surrealidade e me vejo no boteco do Barbudo, na Marcílio Dias, tomando um goró com o Frank Zappa e o Einstein, bolando teses abstratas sobre a relatividade desse calor infernal e o tempo que levarei pra chegar até a parada de ônibus, borracho. 
Não posso perder o ônibus, embora seja muito difícil perder um negócio daquele tamanho, mas tudo é possível quando o Frank começa a cantarolar Besame Mucho com o escabelado linguarudo Einstein batucando uma caixinha de rapé. Melhor parar por aqui, daqui a pouco vai chegar o Sampaulo com o Sofrenildo, aí ninguém me tirará daqui, só chamando a radiopatrulha e olhem lá! 
Puxa, se foram os tempos em que tínhamos medo da radiopatrulha, parece que foi ontem, Deus do céu! Tempos do sabão em pó Rinso, do DKW, da goma-arábica e da máquina de escrever Olivetti, que saudades, tigrada.
Pronto, já passou, pouso na realidade e me sinto um beduíno no meio do calor do Saara, lá no fundo, envolto numa nuvem de areia aproxima-se Sir Lawrence da Arábia! Não, não, peraí, acho que é o Sandokan e seus piratas, começou tudo de novo, se eu almoçar periga parar o surto, tomara!
Até já, pessoal!

"Se o tempo curasse tudo, farmácia venderia relógios e não remédios!".
Tio Demêncio Ventana, meu tio em pó, golpeando um liso de canha Tremapé no bolicho do Caruncho, lá no Itacherê, após terminar um romance de quatro dias com uma lambisgóia do cabaré da Zenite, em São Borja!

PARECER
Olha, vocês já devem ter enjoado de me ouvir contar aquela historinha da Chapeuzinho Vermelho sob a ótica da criança de hoje, se é que alguma conhece, por ser politicamente incorreta. Mas vou contar de novo, danem-se! 
A história consiste na Chapeuzinho Vermelho, uma menina de, supostamente, uns 10 anos que é incumbida pela mãe de levar comida e remédios à vovó que mora sozinha no meio da floresta. A mãe também lhe recomenda a ter cuidado com o Lobo, que anda à espreita nas matas e adora carne tenra de menina, o bandido! 
O vilão é o Lobo, claro. Mas se observarmos melhor, a vovó da Chapeuzinho que está enfurnada, sozinha, no meio do mato sem comida e sem remédios deve ser a mãe da mãe ou do pai da Chapeuzinho, confere? Sim, confere. 
Daí pergunto: que tipo de filho deixa uma mãe abandonada e envia uma criança a levar-lhe mantimentos sabendo que, pelo caminho, ela poderá ser devorada pelo animal faminto em questão? É um pouco meio muito horripilante, não é, pequenos coleguinhas?
E a menina se chama Chapeuzinho ou seria Veroneide Priscilla ou coisa que o valha? 
Não sabemos e essas respostas ficarão a critério da nossa fértil imaginação. O Lobo é o único personagem decente do folhetim, no seu papel de comer carne, humana ou não, no final das contas. 
E assim são muitas coisas no nosso dia-a-dia, onde os mocinhos são os vilões e os vilões são mais vilões ainda. E aqui ficamos bocaberteando, sem saber pra quem torcer nesse tiroteio de loucos, onde nunca sabemos de que lado pode vir a bala de borracha. Às vezes pode ser até na parada do ônibus que nunca chega e eu estou atrasado pra trabalhar e o patrão do burguês capitalista aqui desconta o dia, não dá mole, que inferno!
Boa janta, senhores e senhoras ouvintes.

FANTASMAS
Nos anos 80 morei num quarto-e-sala ali na Duque com a Jerônimo Coelho que, às vezes, resmungava. 
Pelo menos era o que me parecia quando esse pequeno apartamento fazia barulhos estranhos ao ponto de não me deixar dormir: resmungava!
Não raro, panelas e tampas despertavam em bêbadas madrugadas e me faziam tirar tudo de dentro do pequeno armário da cozinha, atrás de ratos fantasmagóricos que nunca encontrei.
Passei a conviver com meus espíritos rabugentos barulhentos como inquilinos indesejados mas, de certa forma, queridos. Passei a chamá-los de pressentimentos. 
Percebi que, quando se manifestavam, algo acontecia; algumas coisas boas, outras nem tanto. 
Nunca comentei com meus amigos facínoras pois viraria gozação o assunto nas mãos daqueles bandidos. Ou montariam acampamento no meu apê-ovo numa força-tarefa de borrachos caça-fantasmas, melhor não. 
Mudei, me fui ao mundo e pensei tê-los perdido por aí, mas não: de vez em quando dão o ar da graça e me cutucam como em mensagens virtuais selenitas, me avisando que o leite vai derramar ou a consultora da Jequiti vai me pedir em noivado, uma loucura! 
Dia desses, sozinho em casa, ouvi um copo quebrar-se, na área de serviço. Fui conferir e nada havia lá, às duas e meia da manhã. Parecia alguém alguém resmungando: "Olha o que tu tá fazendo, menino!". Espero que não seja o Grilo Falante, amiguinhos e amiguinhas.
Bom almoço pra vocês e uma ótima quarta-feira pra todos.

CREONCICE*
Meu lado criança às vezes some, em seguida ressurge, me emboscando nos desfiladeiros da saudade, que poético!
Agora vieram à baila as massinhas de modelar, com seu cheiro e textura característicos, que resultavam em coisas híbridas, algumas feiosas, mas era tudo brincadeira, gente, uma delícia!
Quero ganhar massa muscular molecular de modelar, por favor, anotem pro meu aniversário, queridos facínoras.
Massinhas coloridas que fizeram crescer nosso mundo interior, povoaram nossos dias com criaturas fantásticas que podiam se transformar em qualquer coisa que nossa criatividade a pleno vapor exigia. E como exigia!
Cadeiras viravam trens alados que transportavam formigonas que meu primo Tereco fez que nem o nariz dele!
Não sei se a criançada encontra isso no tablet, acho que não!
*Plagiando as Avolices do Plinio Nunes. Obrigado, Plínio!