quarta-feira, 31 de julho de 2013

Hoje, pra sorte de todos, estou meio chato - normalmente sou muito chato, sou daqueles que fala cutucando - e falo, de novo, em reminiscências de infância, quando o evento maior da semana eram as matinês. Cines Variedades, Municipal e Presidente, em São Borja os spaghetti-western tipo Meu Nome é Pecos, Sartana, Ringo e depois Clint Eastwood, com a cigarrilha dependurada no canto da boca, coldre preso abaixo da coxa com um poderoso Colt 45, que iria detonar em segundos com o Lee Van Cleef. E a musiquinha imbatível do Ennio Morricone. E os filmes de romano, então? Maciste contra Golias, Hércules e os Gladiadores e Ben-Hur, que não dá pra misturar com o resto. As gurias gostavam de filmes de amor, romance dos quais desdenhávamos. A Mairiane Cabeleira lembrava do barulho que fazíamos sapateando quando chegava a cavalaria pra salvar o mocinho, e os assovios no beijo final. The End. Acabaram-se as matinés com troca de gibis e goles de Cyrilinha, um refrigerante engarrafado em Santa Maria ou Guaraná Sperandio, fabricado em São Borja, mesmo. Tu vê, a gente tinha até fábrica de refrigerantes, rapaiz! A tevê mudou nossa rotina a partir de 1970, quando apareceram os primeiros televisores pra Copa do Mundo. Assistíamos aos primeiros seriados, Zorro, Bonanza e Jeannie é Um Gênio. Nos impressionava a semelhança dos atores do Zorro com o gibi, como encontraram um sargento Garcia tão idêntico ao desenho dos quadrinhos! Não nos passava pela cabeça que era exatamente o contrário! Pura ingenuidade. O gibi tinha mais credibilidade, acho. Na saída do colégio passeávamos de elevador no edifício do Sindicato Rural e, invariavelmente, enxotados pelos porteiros. Que aventura! No meu colégio, Grupo Escolar Getúlio Vargas, tinha um consultório dentário gratuito para os alunos, onde o Doutor Maximiano dava expediente duas vezes por semana. Sinto falta daquela ingenuidade que hoje não tem mais espaço entre iPads, DVDs, iGs, Pqd4, e Fogãozinho Jacaré. Um dia recebi um amigo de lá e fomos almoçar e ele me falou: "Só não me leva pra almoçar nesses restaurantes faz-te-fode que eu acho uma bosta, tapado de gente te coxeando e quase tem que comer de pé!". Tudo bem, deixamos o fast-food pra lá e fomos numa pizzaria. Boa noite pra vocês, queridos amiguinhos. Carinhoso beijo no baço de todos.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Quando fui obrigado a parar de fumar e beber de supetão assim já, agora, sem pensar, não teve aquela de diminuir dois cigarros hoje, quatro amanhã, não! Pára e pára e deu! meu cérebro - que é uma arma perigosíssima e já tentou me matar muitas vezes - funcionou célere tentando achar uma substituição imediata, pra evitar que eu enlouquecesse mais do que o estado atual, mas roer unhas não dá, mascar fumo é pior, teria que ter uma escarradeira no quarto, o que não seria muito romântico. Talvez cheirar rapé, quem sabe? Isso antigamente era chique e os caras andavam pra lá e pra cá enfiando aquilo no nariz e espirrando. Parece bem legal, até porque o espirro é uma espécie de mini-orgasmo, leva a gente a uma viagem relâmpago e pousamos sãos e salvos, novamente. Se a moda pega, em seguida teremos campanha contra o rapé e declarações de ex-dependentes que espirraram tanto que os olhos saltaram das órbitas. Bem, mas e o meu Jack Daniel's, como fazer? Acho que um belo pudim de laranja pode dar conta, mas vamos ver. Mas aqui estamos, sem Jack Daniel's e sem cigarros e vivo, isso é o que importa. Agora me chamam pro almoço, volto depois da sesta, amiguinhos e amiguinhas!
Postei uma foto hoje pela manhã e agradeço aos amáveis amigos e amigas que elogiaram o meu focinho amarrotado. O tempo é implacável e ai de nós que ousemos desafiá-lo com bisturis, tratamentos milagrosos à base de ostras selvagens do Mediterrâneo ou gastar fortunas com pó de chifre de rinoceronte. Precisamos entender que com a tempo algumas coisas surgem e não dá pra escapar. Perdemos o ímpeto físico mas ficamos mais cautelosos. Não temos mais fôlego pra ficar sem dormir três dias, mas adquirimos a capacidade de planejar melhor nossa vida. São os contrapontos, não é? Perde-se aqui, ganha-se ali, mas nem sempre a gente se dá conta dessas coisas, só contabilizamos perdas, fomos amestrados assim. Lembro a história do touro velho e do tourinho novo, no alto de uma coxilha, observam um rebanho de vacas lá embaixo e o tourinho: "Tio, vamos descer correndo lá e comer uma vaca?", e o touro velho: "Não, guri, vamos descer caminhando e comer todas!". Pois é, ganhamos experiência com os erros assimilados no decorrer do caminho, e ficamos mais seletivos, menos afoitos. Muita coisa é reflexo da infância - parece conversa de psicopata - até um excesso de óleo de fígado de bacalhau, mais conhecido como Emulsão de Scott, pode deixar marcas indeléveis na personalidade da pessoa. Xiii, falando em Emulsão de Scott comecei a lembrar de coisas de antanho, olhem só: sobre a minha cama tinha um mosquiteiro - não Aramis ou D'Artagnan - de filó para me proteger dos mosquitos, embora minha avó, a Cantídia, com sua máquina de Flit, borrifasse o veneno no quarto e, como se não bastasse, acendia um espiral Boa-Noite. Ou nós ou os mosquitos! Pela manhã escovava os dentes com Kolinos e banho com sabonete Vale-Quanto-Pesa, sapato Passo Doble - ou Bamba - e meias de buclê, roupas lavadas com sabão em pó Rinso e blusa de cacharrel. A calça era Topeka, ou Far-West (se pronuncia farveste), ou Brim-Coringa. Na escola era a velha nova esferográfica e goma-arábica, que colava até as pestanas da gente, menos o que se queria. Bueno, vou jantar e, de novo, grato pelos elogios, estou me sentindo a última vela do pacote no Dia de Finados! Boa Noite, amanhã é segunda-feira, às 9h tem Patati & Patatá no SBT em novo formato, não esqueçam!
Perdi o Sono. Procurei nos armários e prateleiras da minha mente e nada! Remexi nas pastas A-Z dos arquivos metálicos, acordando minhas reminiscências infantis da cidade pequena, que estavam quase adormecidas, e nem sinal do tal Sono! Experimentei contar carneiros, rinocerontes e capivaras, parece que fiquei mais ligadão com aquele monte de animais barulhentos. Meu quarto está uma arca de Noel, tem até renas, pessoal. Aí voltei da busca juntando letrinhas, perdidas no caminho, e jogando nos meus bolsos, e elas vão se juntando, formando palavras que saltam pra dentro da minha cabeça, se agitando loucas, como um globo da morte circense sem ruído. Pulam, se mesclando, num caleidoscópio divertido e insone, até escorrerem pelos meus dedos e baterem, insanas, no teclado. Um bailado frenético e colorido que distrai e mais me afasta desse sujeito, o Sono. Ele chega sempre no horário, mas hoje deve ter acontecido algum contratempo, um vento mais forte, quem sabe? Ora se não aparecem, aos poucos, seus arautos: os Bocejos, que te fazem escancarar a boca e fechar os olhos pro Senhor Sono tomar conta do teu corpo, rapaiz! As pálpebras pesam como janelas de chumbo e já estou sorto de mono, quero dizer, morto de sono, aí vooaumaesssssspagandddoo, st9iuatiaupratici pra tiau pratidii.fzzzzz

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Novo lay-out no meu novo quarto. Maria Cristina readequou minhas coisas e ficou bom. Posso até ter um bichinho de estimação, quem sabe? Aquele filhotinho de capincho que minha mãe queria trazer de São Borja, mas o pessoal da clínica vetou. Nem um filhotinho de sucuri, pra ter na banheira, que pena! Como diria o Mussum: que penis! Mas já estou readaptado ao novo quarto. Não tenho frescuras, sou como caixa de isopor: me enchem de cerveja e levam pra onde quiserem! Tenho uma historinha cretininha - mas que eu acho engraçadinha, sem ser ordinária - de um cara que trabalhava numa empresa processadora e envasadora de legumes e afins. Um dia ele chegou em casa e falou pra esposa: "Mulher, hoje, durante o expediente, me deu uma vontade doida de enfiar meu pinto na cortadeira de pepinos que nem sei explicar!", "Quiéisso, Manuel, pára com essa loucura!". Dias depois ele veio com a mesma história: "Não estou conseguindo resistir e vou terminar enfiando meu pinto na cortadeira de pepinos, Margô!", "Já te disse, Manuel, é loucura! Autoflagelo, doideira, sei lá!". Não fechou o mês ele entra em casa abatido, meio choroso, joga-se no sofá e a Margô pergunta: 
- O que houve, Manuel? 
- Fomos demitidos! Não resisti e enfiei o pinto na cortadeira de pepinos, durante o 
expediente!
- Mas tu tá bem? Peraí, fomos demitidos, como assim, fomos demitidos?
- Eu e a cortadeira de pepinos, ora bolas! E não diga que não te avisei!
Como diria meu amigo Rudimar Riesgo, amplexos a todos!

sábado, 27 de julho de 2013

Dia bonito, solzinho maravilhoso, sentado na frente da clínica com meus amiguinhos, meio difícil puxar conversa, quase todos surdos, os que ouvem não falam, por causa do AVC, mas com mímica e alguns berros, consigo contar piada e eles riem, não sei se da piada ou da minha cara, mesmo! Meu amigo Vitor Hugo Castro Pereira me visitou, ontem, moramos na mesma casa, em Caxias. Era uma casa de dois pisos, fria como um mausoléu, mas a gente nem parava em casa. Rimos muito das aventuras daquela época, que merecem capítulo à parte. Nossa vizinha de fundos vivia nos pedindo dinheiro emprestado e reclamando do marido. Reclamava do marido e pedia dinheiro emprestado. Daquelas pessoas que acorda de manhã e diz: "Tô viva, que merda!". O Vitor tinha mais paciência, eu dava um jeito e escapava. Um dia ela me pegou bêbado e começou a reclamar de tudo, então falei pra ela: "Marilda, por quê tu não te mata?". Ela ficou me olhando, pensativa, levantou e foi embora. Uma semana depois deu um tiro na cabeça do marido que abriu-se que nem melancia. Fiquei horrorizado! O Vitor dava risada da minha cara! Aí aquela nossa casa começou a ficar sinistra e nos mudamos pra uma pensão, "Penção Familhar". Depois eu conto pois a torturapeuta chegou e me chama para o suplício. Bom almoço pra vocês, amadinhos e queridinhos.
Uma amiga começou a trabalhar no Banco de Olhos há pouco, então resolvi prevení-la: se achar vidros com cebolas em conserva não coma, são olhos! O Jobson Melo se saiu com essa, maravilhosa: "Eu devo ter jogado CDs do Luan Santana na cruz!". O Dia dos Avós foi meio apagadinho, né? Meus avós já desembarcaram há tempos, mas a lembrança que ficou, principalmente de minha avó materna, é de uma ternura de vó, a Cantídia era uma avó pós-graduada em avolices, como diria Plinio Nunes, na Sagrada Universidade das Guloseimas e Caldos Quentes Ao Anoitecer. A cândida Cantídia adorava sair comigo, passear com o carro emprestado da Norma, e fazíamos uma alegre romaria pelas casas de suas antigas amigas, algumas em viúva solidão, e relembravam saraus com orquestras argentinas e furtivos flertes com guapos rapazes de polainas e palhetas, que lhes prometiam altares ornamentados de amor, carinho e filhos. Um dia estávamos na casa de Dona Eulália, que resolveu passar uma receita de um doce de maracujá ou algo assim. A incumbência de anotar a fórmula do quitute ficou comigo, pois nenhuma conseguia enxergar pra anotar. Lá vai: meia dúzia de ovos batidos, canela em pó batida em leite fresco; aí começou a aflorar o meu lado mau e a receita final ficou mais ou menos assim: oito parafusos de meia polegada em óleo 40, duas longarinas sextavadas de 60cm, trinta rebites de uma polegada e por aí foi. Voltei pra Santa Maria, onde estudava e, no próximo feriado, lá estava eu em São Borja, visitando minha avó que me recebeu indignada: "Porque faz isso com a tua avó, Paulinho?", eu nem lembrava da receita adulterada. "Fui fazer a receita da Dona Eulália e parecia receita pra consertar trator, meu filho!". Aí peguei o carro e voltamos à Dona Eulália para, agora sim, copiar a receita corretamente. Por via das dúvidas a Cantídia levou o óculos. Ósculos e amplexos a todos vocês!
Acordei cedo, hoje, apesar do frio e fiquei maravilhado, quando fiz xixi saiu fumaça! Sou um super-herói! Vou me chamar Xixi-Man, o homem que urina fogo, já pensou? Ou Shishi-Man, mas aí fica parecido com Sushi-Man, não dá. Bem, a Dona Vilma, a velhinha minha vizinha de apartamento aqui na clínica, agora descobriu um canal na tevê de um pastor gritão - acho que todos são goeludos - e ela ora junto com o bendito pastor das 13 às 14:30h. Até aí tudo bem, se ela não fosse surda como um tamanco! Mas já resolvi com a enfermeira-chefe, me deu tampões de orelha. Mentira, obrigaram a querida anciã a usar seu aparelho auditivo, só isso! Quase fui convertido meio à força, tu vê. Esse frio sempre me lembra o foguetório das festas juninas, com quentão, casamento caipira, pinhões e declarações de amor pueril nos alto-falantes da escola, lidas pelo Seu Braga, dublê de locutor e assistente de disciplina do CESB (Colégio Estadual de São Borja). Não sei se somente eu que me apaixonava pelas belas meninas que não me davam bola, mas aí começamos a aprender que alguns desejos ou caprichos, embora infanto-juvenis, não se realizam apenas porque desejamos ou queremos, às vezes até alcançamos nossos objetivos mas demandará esforço e, principalmente, tempo; ainda mais nessa área afetiva e emocional, de paixonites agudas que duravam alguns dias depois passavam, como um vendaval. Com o passar do tempo a gente vai ficando mais descuidado e, quando nos damos conta, elas entraram em nossa casa, já passaram da sala e estão lá nas nossas gavetas mais íntimas remexendo no nosso passado e querendo fazer parte do futuro, e aí a coisa começa a ficar séria, hein? Hoje em dia - toda vez que digo isso lembro de meus pais - a gurizada quer tudo imediatamente. Eu quero! Se tu não me der eu te tomo! Claro que é um pouco exagero meu, mas é por aí, por esse caminho. É uma geração Miojo. Três minutos, como diria Mário Sérgio Cortella, e tudo se resolve em três minutos. A gurizada cresce imaginando que o caixa eletrônico é mágico! Papai enfia o cartão ali e sai dinheiro aqui, uma maravilha! É necessário que eles saibam o que acontece antes de o papai chegar na frente da máquina com o cartãozinho mágico. Acho que me estendi demais e amolei os que conseguiram chegar até aqui, no meu texto. Um bom almoço, e boa sobremesa. No próximo programa Tio Motta vai ensinar a fazer musse de fígado, um segredo de família. Prepare 300g de fígado bovino, essência de baunilha, uma caixinha de leite condensado, açúcar mascavo, pimenta branca e um liquidificador. Tiau.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O Gilnei Lima me visitou ontem, tomamos um bom café e conversamos bastante, muito bom, pessoas inteligentes sempre me acrescentam. Contava a ele que estive no oftalmo, terça-feira, pois sou míopede e tenho a Síndrome de Harada, que reviso periodicamente. O Henrique Arnholdt me sugeriu uma clínica que já contatei, muito legal. Eu preciso parar de me comportar palhaçosamente, sempre falando asneiras, pois as pessoas muitas vezes acham que falo sério e fico em situações constrangedoras. Um dia desses eu estava louvando a minha preguiça, que é uma coisa admirável, inigualável, então falei que havia procurado um médico preguiçólogo, que estava me tratando e eu estava aprendendo a saborear mais meu estado quase letárgico. É um médico tibetano de nome Okata Plasma, com pós-graduação na Universidade de Toloko Dessono, em Patuaty, norte da Ilha Torpor. Ele cria um bicho-preguiça e suas consultas acontecem por teleconferência, pois ele tem preguiça. Enquanto eu viajava nesse delírio, percebi que as pessoas em volta estavam compenetradas, ouvindo seriamente o que o paspalho aqui falava. Fiquei desconcertado! E agora? Resolvi o problema da caspa com a decapitação: "Pessoal, me perdoem, eu inventei isso tudo, me desculpem!", todos levaram na boa, mas e se não levassem? Pode parecer que eu estavam querendo fazê-los de idiotas, né? Tem dias que estou piorzinho, aí o cuidado precisa ser redobrado. No aniversário do Kau, ano retrasado, ele me apresentava pros convidados e eu: prazer, Bill Clinton; prazer, Mauricio Sirotsky; prazer, Edson Arantes do Nascimento, e ninguém se dava conta, rapaiz! Apertavam minha mão e tudo! Lá pelas tantas um dos apresentados me olhou e disse: "Ah, vai tomar no teu cu, mas tu não é o Bill Clinton nem aqui nem na putaquiopariu!", aí terminou meu brinquedinho! Vou me preparar para a ceia vespertina. Vespertino é um vespeiro cutucado entre as 13 e 18h. Abracinhos.
Amigos, no meu post anterior citei, por uma falha da minha parca memória, uma indicação de uma clínica especialista em Harada pelo Henrique Arnholdt, o que não é verdade. Foi outro amigo que indicou, me perdoem, me perdoe, Henrique. A idade nunca vem sozinha!
O mundo volta a girar normalmente, o rei está nu, mas agora tem nome, Seu Jorje, embora tenha nascido analfabeto e desdentado, como qualquer plebeu, recebeu a benção do Papa Francisco via twitter e foi, secretamente visitado, pelos três Reis Magros que lhe levaram incenso, orégano e páprica, pra uma dieta macrô, sacou? O frio não é clima propício - sem trocadilhos - para o sexo. Não é fazer amor, que me parece transar de pijama e de luz apagada, mas sexo sexo, sabe? Aquela gritaria, mordidas e a vizinhança reclamando do barulho que tem criança pequena em casa! Acontece que tu fica embaixo da pilha de cobertas e, na medida em que as tratativas do rala e rola começam, naquele clima intenso e tal, as cobertas começam a cair e deixam a retaguarda descoberta e vem aquele ventinho encanado sabe Deus de onde, e lá se foi o boi com a corda! Plim, o pimpolho encolhe e com aquele único olhinho sacode a cabeça negativamente, te dizendo: daqui não saio nem a pau! E tem alguns edredons que parecem ensaboados, deslizam e pulam pra fora com uma facilidade bárbara! Aí tu tenta arrumar aquela bagunça de cobertas sem precisar levantar mas fica pior, então levanta, arruma a cama, estende tudinho de novo e jura que amanhã vai pregar essa bosta na cama pra poder em paz, quero dizer, pra dormir em paz com a parceria. São os inconvenientes do inverno, mas um bom ar-condicionado resolve, se tu não reclamar da conta de luz no final do mês, hein? Bom almoço pra vocês, meus amiguinhos e amiguinhas, vou almoçar e sestear, que não é dormir num cesto após o almoço. Carinhoso beijo no duodeno de vocês!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

O nome do príncipe filho da Princesa Fiona é Jorge, salve Jorge, parece que por causa de um tio da Rainha que era Jorge e filho do Visconde de Espinosa. Ou Sabugosa, não sei bem. Falando em nobreza, lembrei da origem da expressão "merreca", referência para valor monetário ridículo, irrisório: pois foi na novela do falecido Roberto Marinho, Que Rei Sou Eu?, nos anos 80. Muito legal a novelinha. Não sou um católico praticante - não pratico, estou sem prática - mas o despojamento desse cidadão, o Papa, lhe reveste de uma singular imponência que dispensa ornamentos requintados, tronos napoleônicos e outras lantejoulas e alegorias tão comuns nessas aparições papais. Sua desenvoltura, sem o peso de paramentos cintilantes e desnecessários, lhe tornam um líder religioso à altura do mundo católico, sem dúvidas. É a singela opinião de um contumaz pecador, quase herege, mas é a minha opinião, ora bolas! Lembrei de um chiste, agora. É assim: dois caras morrem e vão ter com São Pedro, na triagem celestial. Um deles, carola até a raiz dos cabelos, muito bonzinho. O outro, um grande bandido, cortava árvores, pisava em rabo de cachorrinhos, colecionava Ponto G e jurava amor eterno pras namoradas, rapaz muito mau. São Pedro olha pros dois de alto a baixo e chama um querubim-assistente, que aparece com um balde em cada mão. Um balde com cocô e outro com mel. Com um pincel, lambuza o bonzinho inteiro com cocô e, em seguida, lambuza o ruinzinho com mel. Aí o bonzinho chiou: "Peraí, São Pedro, passei a vida toda na igreja, me confessando, cheio de boas intenções, chego aqui e tu me pinta com merda, e esse salafrário desgraçado tu pinta com mel, qualé, cara?", e São Pedro, do alto de sua sabedoria celestial, justifica: "Cala a boca que ainda não mandei um lamber o outro!". Boa noite, senhores e senhoras ouvintes, hoje vou dormir como os índios comanches: com os olhos fechados!
Canso de ouvir a mulherada dizer: "Homem é tudo igual, só muda o endereço!". Mas por quê elas escolhem tanto, então? Também não dá pra levar tão a sério algumas coisas tão frívolas; a opinião dos outros a meu respeito não é da minha conta. A netinha do Plinio Nunes, a Luíza, adora Julio Verne e, o mais importante, sabe quem foi Julio Verne, adora Viagem ao centro da Terra, provavelmente o último, com Brendan Fraser. Falava pro Plínio, se ela já não conhece, mostrar Vinte Mil Léguas Submarinas e A Volta ao Mundo em 80 Dias. Esses dois últimos vi nas matinês do Cine Theatro Municipal, em São Borja. Vinte Mil Léguas com James Mason e Kirk Douglas e Volta ao Mundo, com David Niven e Cantinflas. Cantinflas, lembram? Mário Moreno, notável comediante mexicano, era fã dos filmes dele e do nosso Mazzaropi. Nas matinês dos Cines Variedades e Municipal, lá na minha infância, abraçado nos gibis do Flecha Ligeira, Fantasma, Tio Patinhas, Pinduca, Popeye e Águia Negra comendo balas do João das Balas. João das Balas, franzino rapaz de uns 25 anos, que sua mãe fazia balas e ele deveria vendê-las na entrada das sessões. Só que sua incumbência, o seu comércio, nada ou quase nada rendia, porque ele dava as balas pra gurizada, todo mundo adorava o João, alguns até insistiam em pagá-lo, às vezes aceitava, outras não. Hoje tem a Pracinha João das Balas, um playground como se diz hoje, dentro da Praça 15, na frente da Prefeitura. Me corrijam se errei o nome da Praça, por favor. Plínio, pergunta pra Luíza por quê o jacaré não entrou no céu? Porque tinha a boca muito grande? Nãããooo! É porque tem os braços muito curtinhos e não consegue fazer o sinal da cruz, aí São Pedro não deixa, rarara! Como sou engraçadinho! Engrassadinhu, desgrazadinio, abobadinho, tolinho! Tiau!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Acho que o nome do bebê real será Wandergleyson. Mas aguardemos, depois de saber o nome do crianço - se a Dilma pode fazer neologismos, eu também, ué - toda criaturinha do sexo masculino que nascer aqui terá o nome do príncipe recém-nascido burguês imperialista capitalista imundo. Queria visitar um amigo que está hospitalizado, contraiu núpcias e está passando mal, o ferro de passar roupa estragou e fica tudo meio amarrotado. Há um surto de núpcias na região, embora as autoridades afirmem que não há nada fora do eixo, os cartórios estão lotados e os templos e igrejas não tem mais espaço para abrigar tantos nubentes, portadores do vírus de núpcias. Um primo meu já contraiu núpcias quatro vezes e conseguiu se safar com vida em todas as quatro. Não lhe faltam conselhos dos amigos: não dê conversa a desconhecidas que elas se aproximam demais, se as transmissoras do vírus - quase sempre mulheres - entrarem em sua casa, na hora de ir embora não deixe que esqueçam escovas de dentes, brincos e, principalmente, calcinhas. Se for contaminado, escutar música romântica e pensar na malvada transmissora demoníaca linda maravilhosa, é um dos primeiros sintomas. Havia uma clínica especializada em tratamentos de quem já estava quase perdido, quase no altar, mas essa clínica fechou por problemas ainda desconhecidos, que era a Clínica Tia Carmen. Ali o paciente internado por três dias saía da lá curado, uma beleza! Com esse frio bárbaro os riscos de contrair núpcias aumentam muito. Tu leva pra dentro de casa o perigoso transmissor que lhe aquecerá nesse inverno, mas no verão, quando já estiver se apoderado do teu corpinho, ela te ligará durante o futebol do sábado: "E não esquece de trazer pão e margarina, minha mãe vem jantar aqui hoje e amanhã tem o batizado do meu sobrinho, espero que tu acorde cedo, senão não tem futebol semana que vem!". Bom almoço, queridos amigos!
O bebê de Caroline de Mônaco será que nem o de Rosemery Noronha, A Pamonha - essa, de pamonha não tem nada - assediado pela imprensa do útero até a senilidade? Ou a criaturinha que será concebida pela princesa Odileide urina guaraná e evacua quindins, algo que será mantido em segredo para que nós, meros contribuintes brasileiros, não tenhamos outra crise de complexo de inferioridade e queiramos nos erguer contra esses imperialistas podres, que exploram o alto e o baixo clero. Falando em capitalista fiadaputa, cadê a chave do meu carrinho proleta com direção hidráulica, ar-condicionado e GPS? Ah, taqui! Imagina se eu perco; meu celular tá lá dentro com minha agenda e meus links! Agora, falando sério, a nossa querida Rosemery ainda não teve bebê nenhum. A dublê de primeira-dama recolheu-se ao claustro e, em estado cataléptico, aguarda o ressurgimento do Enviado, que virá das dunas de Garanhuns arregimentando exércitos de desvalidos e desprotegidos para a Desforra Final. As hostes de Bugy Ghanga, O Lento (era O Sonolento, mas a preguiça, sabe como é...) se juntarão a eles e farão tremer os injustos, ordinários e os torcedores do Asa de Arapiraca. Quando o Enviado falar os mares se abrirão e emergirá O Velho, com seus grandes olhos claros e a calva lustrosa, que esperava há anos por esse momento, e é ele que olha, com desdenho, pro Enviado e pergunta-lhe: "Que merda estás aí fazendo, hein, viado?". Descem as cortinas e esse capítulo encerra. Almocem em paz e aguardam notícias, revejam, na sessão da tarde, um clássico do cinema erótico dos anos 80: O Empório dos Tecidos, perdão, O Império dos Sentidos. Às 18h Vovó Cicciolina vai ensinar como enlouquecer seu homem na cama! Eu já sei e vou contar: é só esconder o controle remoto, viu que simples?
Dia frio e movimentado, mas comecemos por ontem: recebi a alegre visita da Gilmara Gil que há anos não via. Está a mesma coisa, linda e mais alegre ainda. E me trouxe biscoitos caseiros diabolicamente deliciosos, rapaiz! De novo, valeu Gilzinha! Hoje marquei minha cirurgia do quadril, pra 26 de agosto, boa! Dentro em breve, Good Bye Yellow Brickroad, ou melhor, adeus cadeira vermelho-Ferrari. E a surpreendente passeata gay pelas principais ruas de Havana, em Cuba, domingo passado, que começou num ato de desagravo no Malecón - tipo calçadão que contorna o mar; não é maricón! - e dali as filas engrossaram e chegaram ao centro, envolvendo o Hotel Nacional e o Edifício Bacardi, numa alegre e pacífica manifestação da comunidade gay, sem a presença nefasta da milícias policiais castradoras, algo a ser copiado pelo mundo. O Juarez Fonseca foi censurado no feice. De novo. Postou em sua sequencia das deusas, Jane Birkin. Imaginem um ensaio fotográfico feito pela Jane Birkin nos anos 70, provavelmente, ela hoje com respeitáveis 57 anos. Uma obra prima retirada por ser considerada, sei lá, obscena. Sem querer comparar, mas considerando nosso meio e nossos filhos, nossas crianças, temos alguns critérios esculpidos por Torquemada e outros por Calígula. Quer ver? A novela das nove, Amor à Vida, o hospital do Antonio Fagundes é um descalabro: perdem crianças, pacientes fogem, o administrador principal é um verme e falsificam exames. O dono do hospital é pai do filho da prostituta que ele, Antonio Fagundes/César contratou para casar com o filho, Félix, dissipando a suspeita de que este seja gay. Vou parar nos personagens-foco, senão a ladainha vai longe! Óbvio que são mídias diferentes, mas o lixo ou as coisas boas que nos jogam pra dentro da mente pelos olhos e ouvidos, não mudam sua essência se mudarem de mídia, claro que não, né? E pior que nem curti direito a Jane Birkin, amiguinhos! Ah, antes que eu esqueça, a história da passeata em Havana é fruto de minha torpe imaginação, esqueçam isso. Beijo no pâncreas de todos e todas! Depois da janta, aquecida no Fogãozinho Jacaré, voltarei se não empedrar.

terça-feira, 23 de julho de 2013

HOJE É UM DIA DE FESTA! 
O blog do Paulo Motta, com suas crônicas diárias e suas pílulas lilases, e do qual ainda sou responsável pelas postagens, chega a mil acessos. Isso é motivo para um brinde de "uaite rorce" ou de "sem paipers", como diria o Motta, por toda essa mesa-redonda virtual que tem-se formado, cada vez mais rica, em volta de nosso amigo convalescente. Obrigada, meu amigo, por seres o responsável por boa parte de nossa alegria...

Clara Frantz/23.07.2013

Frio, muito frio, adoro o frio, me faz lembrar a geada lá em São Borja, quando os campos ficam brancos e o chimarrão não pode ficar longe de nossas enregeladas mãos. Tomar caldo de feijão de caneca é bem bom, que nem dançar com prima! Ouvi ou sonhei em delírios etílicos com uma frase de efeito, que foi assim: "Parentes são amigos que a natureza nos impôs. Amigos são parentes que a natureza nos deu". Achei pertinente, uma coisinha piegas mas bem adequada pra minha cabecinha simplória. Amigos traduzem braços abertos, sorriso que vem do fundo do coração, uma ligação sem hora marcada e rosquinhas cobertas de mel com chocolate quente, acompanhadas de conversa aberta e deliciosa. Às vezes, amigo é de se deixar levar pela correnteza do cotidiano e, daqui a pouco, reencontrá-lo num porto fortuito e saber que os cabelos brancos e os quilinhos a mais, não mudaram nada na alegria desse reencontro. Meus amigos, amigas, obrigado por vocês existirem física e virtualmente, meu coração ferve por vocês! Putz, isso é Sidney Magal! Eu estava indo tão bem, mas tinha que esculhambar no final um texto quase poético! Beijão pra todos, todas vocês que me acompanham e pela força que me dão! Vou parar senão vou chorar e desmaiar. Não necessariamente nessa ordem mas, enfim, uma crise emocional depois do almoço!
Aprendi, hoje, um apelido pra trator: mulher feia! Por quê? Só serve pra trabalhar, pra passear não dá!
Essa é velha: mulher feia é que nem pantufa, em casa tudo bem, mas na rua a gente passa vergonha! Isso me lembra uma expressão que se usa na fronteira quando surge algum mancebo, digamos, mais delicado: "Esse aí apanhou da avó de pantufas!". Falando nisso não sei onde estão minhas pantufas de cachorrinhos, tão lindinhas. Eu pareço um foragido da justiça, com domicílos espalhados por aí, em cada lugar deixo alguma coisa. Esse face é algo terrivelmente viciante, todo o dia encontro gente que não via há muuuito tempo, ex-colegas de trabalho, pessoas que convivi nas situações mais diversas. Hoje recebi visita da minha colega de ZH, nos anos 80, a Renilda. Conversamos muito lembrando de coisas boas e engraçadas que vivemos na Zero Hora, que era um manicômio. Valeu, Rê! Pretendia esperá-la com uma garrafa de San Debois, mas não consegui encomendar em tempo. Aqui no Brasil tu encontra nas lojas de importados sob o nome Sangue de Boi, um must! Essa vinícola poderá patrocinar um megaevento que estou concebendo que é o Planeta Lami. Não tem o Planeta Atlântida? Então! A abertura, sábado, será a banda A Mãe do Norman, seguida dos Pimpolhos da Odete e Chinfrinzinho e Galalau. Haverá show de fogos, muitos fogos, de cachaça, pé-sujo, garapa de repolho e Black Tie. Estamos negociando com a Prefeitura passe livre nesses dias. A coisa promete! Boa noite respeitável público!

domingo, 21 de julho de 2013

Ontem acordei da sesta e, ao meu lado, sobre a mesa de cabeceira, uma delicada sacolinha com alças de sisal trançado à mão e dentro - Deus do céu - divinos, celestiais bem-casados que se derretem na minha boca, enviados por Gilmara e sua filha Ana Luísa! Não me sinto merecedor de tanta gentileza, obrigado, gurias! Hoje passará Eu Sou a Lenda, com Will Smith, num canal desses que não lembro. É uma refilmagem do A Ultima Esperança da Terra, com Charlton Heston, de 1971. Baseado num romance de Richard Matheson - bem ruinzinho, por sinal - o primeiro filme supera o livro, o remeique é super bem produzido e dirigido mas, acho que por nostalgia, o original é melhor. Mas verei de novo. Domingão nublado, danado de frio, soterrado em cobertores e edredons e vou reler, mentalmente, A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera, receitado pelo professor Sergius Gonzaga, que também tem em filme. Pra quem está em casa entocado, rezem pra não chegar visitas nessa fria, deliciosa e sagrada hora. Beijinhus para todos e todas. Depois da sesta voltarei.
"Jesus é gay!". Vi essa frase, carinhosamente escrita pelos meninas e meninos que inundaram de alegria e carinho a Casa do Povo, na última semana. Entre tantas frases espontâneas que esse grupo de jovens escreveu pelos antes tristes e vetustos corredores, essa foi a que mais me chamou a atenção, pela necessidade demonstrada nos mínimos gestos, de que esses garotos e garotos se identificam cada vez mais com a religiosidade, latente em cada coração. A um desavisado incrédulo reacionário, parece que a idéia seria achincalhar, pejorativamente, a figura sagrada! Nada disso! Se assim fosse seria pura homofobia, coisa que esse alegre e obstinado grupo não é. Mas, enfim, terminou o recreio e temos mais o que fazer. Desde ontem me concentrando para consulta hoje, quando me liberaram pra fazer a cirurgia do quadril, e depois poderei andar sem a minha cadeira de rodas vermelho-Ferrari, poderei fantasmear nos sebos e assistir corrida de submarinos no Guaíba. Nunca havia ficado tanto tempo confinado num único lugar. Exercito minha mente todo o dia e a descoberta desse monte de gente legal aqui no feice é um negócio incrível, que te ajuda a manter o equilíbrio, embora eu não tenha muito. Meu filho, o Lobo, aos treze anos tinha muito mais maturidade e equilíbrio do que eu, que sou desmiolado, inconsequente, irresponsável e, agora, meio surdo, uau! Mas sou mau humorado, ou seja, um mal-humorado mau. Um péssimo bem-humorado, que odeia gente que, quando tu pergunta como vai, responde: "Mais ou menos!". Está terminando a bateria do tamagóchi aqui e vou pedir a alguém fazer uma logística, volto depois do Datena, que ainda acho que ele bota uma peruca de noite e vira a Roberta Miranda. Tiau.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Há pouco escutei na tevê: "Há sorvetes Sempre Livre sem abas...", opa, isso eu não conheço! E nem conhecerei, o cara falou absorventes. Estou ficando pior da surdez, hein, hein? Meu amigo Julio Fernandes contando duma bronca que levou de uma velhota estressada, no supermercado, ontem, lembrei que aconteceu comigo situação idêntica anos atrás, com uma velhinha rabugenta, também. Não lembro porque ela me encheu de desaforos, acho que eu estava bêbado e atropelei-a com o carrinho, não sei. Só sei que ela ficou babando de ódio e pisou na minha auto-estima, e resolvi me vingar. Enquanto ela comparava os preços dos sabonetes, latas de ervilha e riscava da lista de compras eu, pacientemente, a seguia e devolvia pras gôndolas o que ela pegava. Isso demorou uma hora e pouco até ela chegar ao caixa. Fiz questão de ficar no caixa ao lado observando, enquanto ela desaforava a guria do caixa, como se ela tivesse culpa de que, quase tudo que estava no carrinho, sumira. Passei rápido, só tinha dois litros de uísque e uma caixa de ovos, pra eu jantar Roskovo, um prato russo que significa arroz com ovo, barbadinha de fazer. Me diverti vendo a minha algoz ter um ataque de fúria! Tomara que Deus tenha senso de humor, senão me cobrará isso no Juízo Final. Falando em senso, lembrei, agora, de um colega que dizia que algumas mulheres tinham mais senso do que outras. Como assim? Ah, umas são mais sensuais, né? É, é, animalzinho! Vou tomar meus comprimidos sem os frascos. Tiau.
Políticos nunca se aposentam, já viram? Principalmente presidentes e ministros da fazenda. Se transformam em alegres consultores e, sem compromisso nenhum, saem mundo afora distribuindo fórmulas de felicidade social e geral. Ex-ministro da fazenda, então, é o que mais tem. Saem dos governos e onde, sem exceção, são sempre questionados por sua competência - me mostra um ministro da fazenda que deu pra dizer: esse foi o cara! - mas é botar o pé pra fora do governo e viram sumidades consultadas em romaria, pela imprensa, universitários, aspirantes a economistas e casais em crise. Pode ser que estar ministro deponha contra a competência de qualquer um, até, talvez, do Santo Papa, que ora bate em nossa porta - sem trocadilhos infames, por favor - ele começaria acreditado, mas logo apareceriam fotos dele num churrasco com a Ideli Salvatti e o Sarney e lá se vai o boi com a corda! Apareceriam camisetas com os dizeres "Usted no nos represienta", imagine...
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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Pois olha, não sou de meter meu bedelho - bedelho é a mesma coisa que nariz, procurei no wikikoisa, aqui - em ideologias religiosas ou políticas; tenho amigos que pensam, radicalmente, o oposto do que penso e nem por isso deixam de ser meus amigos. Mas achei um negocio bizarro a idéia de espalhar cocô de rinoceronte na frente da RBS. Se os idealizadores do ato imaginavam que os donos ou os altos executivos do Grupo fossem descer com vassouras, baldes e esfregões pra limpar a esbórnia, ficaram frustrados. Sobrou, como sempre, pra peonada, para os faxineiros e faxineiras organizar e limpar a triste manifestação fecal. Para o proletariado, submisso ao tacão do capitalismo espúrio, sobrou a faxina. Fazer o quê, né? Estamos numa democracia e todos tem o direito de bradar seu libelo da forma que bem entenderem. Ou que mal entenderem. Essa coisa toda envolvendo cocô de cabrito me lembrou a história de dois amigos que morreram e se encontraram na recepção do Purgatório, pra efetuar seus check-ins. A recepcionista angelical, com enormes olhos azuis, lindíssima, apesar do estranho rabo inquieto que enrolava-se na perna da cadeira, explicava-lhes que ambos iriam para o Inferno, no sentido literal da expressão. Porém, poderiam optar: Inferno Brasileiro ou Inferno Inglês. Em qualquer um deles, teriam uma vida normal e tranquila mas - sempre tem um mas - ao final da tarde, um capeta-estafeta entregaria uma lata de Cera Parquetina cheia de cocô que eles deveriam comer. O primeiro, nacionalista, decidiu pelo Inferno Brasileiro e o outro, farto da bagunça da terra natal, optou pelo Inferno Inglês, lá deve ser mais organizado. E assim foi. Passado um tempo, encontraram-se numa conexão e bateram um papo:
- E aí, como é que tá o Inferno Inglês?
- Ah, uma beleza, tudo funciona matematicamente correto e cronometrado, mas cai a noite lá vem o capeta-estafeta com a lata de Cera Parquetina cheinha de merda e fica ali, esperando eu comer até o fim. E tu?
- Bá, melhor que tu!
- Mas ué? Não tem que comer merda, lá no Inferno Brasileiro?
- Ter tinha. Mas é o Inferno Brasileiro: tem dias que falta cocô, outros dias o capeta-estafeta toca-lhe atestado, às vezes falta lata de Parquetina, e assim vamu!
Boas Noites, queridos e queridas amiguinhos!

Tomei, há pouco, um Bofetadopril e um Teacalmopran, pra ver se me deprimo, mas ainda não fez efeito, aguardemos. Meu amigo José Antonio Meira da Rocha chama minha atenção pro título do filme O Massacre da Serra Elétrica deveria ser O Massacre da Motossera! Verdade, não tinha me dado conta disso, rapaiz! No Dia do Rock achei um montão de fotos do Alice Cooper e a Vó Gretchen está igual a Tia Alice, impressionante a semelhança! Hoje é domingo, acabei de almoçar com meus amiguinhos da clínica. Estou taquilálico, hoje, segundo a enfermeira. Aí descobri que taquilálico é quem fala muito. Então estou taquilálico. O Pateta usa teclado, o Mickey, mouse. Preciso incluir nas minhas orações o Gilnei Lima, a Clarinha Frantz e o Kau Machado, que me ajudaram a desbravar os caminhos do feicebuque. Hoje estou mais familiarizado, até bonequinhos aprendi a postar no inbox, um amor, criatura! Meu computador tá trancando, volto depois, tiau! Vou comprar uma máquina de escrever e um aparelho de telex!
Adormeci, e todos os meu coleguinhas de clínica e as técnicas, agradeceram aos céus por eu calar a boca por algumas horas. Inclusive os surdos. Aí ligo a tevê e está no ar o Esquenta ou Ixkenta, com a Regina Casé, o Arlindo Cruz e o Péricles, Bolão, Reco-Reco e Azeitona. E um cara dublando a Alcione, indicado pela própria Alcione; uma coisa confusa pra um cara que acorda agora, ainda sob efeito do Calabocopril. Me parece beber Drury's falsificado. E a Regina Casé, uma humorista maravilhosa, vinda do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, junto com Luis Fernando Guimarães e um monte de gente boa. Quem sabe o mal que se esconde nos corações humanos? O Sombra sabe! Huá, huá, huá, huá! Pra quem não sabe, O Sombra era um personagem de folhetins de rádio que virou gibi e filmes. Orson Welles chegou a ser uma das vozes radiofônicas do Sombra. Começo a andar pelos corredores do feice, espiando nas frestas das portas, em algumas arrisco uma tímida entrada, cumprimento e alguns se viram e continuam a admirar a Sinfonia Nr 25 do Mozart, me fazendo cara de reprovação. Noutra dois senhores exaltados discutem em caixa alta não entendi bem o quê, os outros quedam parados, observando um pouco nervosos. Alguns passos adiante abro a porta dourada à direita e duas moças me oferecem flores coloridas, uma delas com um gatinho no colo, a outra me entrega uma mensagem divina com o buquê. Obrigado, vou mais um pouco, já espiei alguns amigos, algumas amigas tricotando e distribuindo uma agradável fragrância de poesia no ar. Me faz bem, mas vou frestear os caras que estão tentando se xingar educadamente, por causa da Dilma, Pol Pot, Lula e do Deodoro da Fonseca, mas não estão conseguindo. Vou tomar um cafezinho e volto pra contar mais da minha emocionante estadia na clinica geriátrica. Um abraço, recomendações à família. Se a vida lhe deixa enjoado, tome Rum Creosotado! Eu sei, eu sei que o bordão não é esse!
Hoje, realmente, estou taquilálico, muito falante, garganteando demais. Descubro, agora, o que é um corrupto: crustáceo decápode cavador - tipo tatuíra - da família Callianassidae, gênero Callichirus, são muito procurados como iscas para pesca, os maiores chegam a 20cm. São milhares e dificílimos de pegar. Se usa, para apanhá-los, um tubo de sucção artesanal de PVC. Deve-se tomar cuidado com os maiores para não ser ferido pelas garras poderosas do bichinho. Alimentam-se de matéria orgânica em decomposição e de animais menores. Pode entrar num projeto de preservação ambiental, haja vista fazerem parte de nosso biossistema, e a procura por ele como isca é enorme. Quem diria, daqui a pouco estaremos diante de uma bela campanha para preservar os corruptos! Não maltrate o corrupto, ele é nosso amiguinho. ONGs se desdobrarão em criar alternativas de iscas que substituam os corruptos, e os Ratos Ranhentos farão shows Brasil afora, em que a renda reverterá aos viveiros de corruptos protegidos pelo IBAMA. Se preservados, em breve poderemos exportá-los, ninguém segura esse Brasil! Agora sim, vou deixá-los em paz, descalçar meus borzeguins e nanar. Uma boa noite a todos vocês. Consegui me deprimir um pouco vendo o Faustão e um pouco mais agora, vendo o Tadeu Schmidt imitando gatinho quando o goleiro defende, eu mereço isso, claro que mereço.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Hoje é o Dia do Homem, quão oportuno, numa segunda-feira! O porquê dia 15 de julho é um mistério, pelo menos pra mim. Talvez tenha sido a data em que o Arquiduque Malaguro, esposo de Laiva, A Lainha Laivosa, tenha jogado o avental no chão da cozinha e gritado: "Basta!", e Laiva tenha enchido ele de cascudos e mandado pro porão, de onde saiu três dias depois, libertado por Drome e Dário, os gêmeos tocadores de surdo, com seu exército de surdos tomando o castelo para a emblemática libertação de Malaguro, mas acho que é só coisa da minha cabeça, enfim. Mas não vi nenhuma ONG conclamando os homens para uma manifestação pacífica no Monumento ao Expedicionário ou na frente do estádio do Força & Luz, e nem as floriculturas reforçaram seus estoques, pois se vocês, mulheres, não sabem, homem gosta de ganhar flores, surpreendam-se belas damas e surpreendam seus homens! Ah, mas homem é macho e macho não tem frescura, paga as contas, corre atrás da grana trabalhando feito um doido, faz aquele churrasco no domingo com a patroa, as crianças e a sogra, que veio no pacote, e depois ainda lava o carro escutando futebol e sono, cama, dormir que amanhã seis da manhã, larga a patroa no serviço, a gurizada na escola e vamu lá, que tem um chefe novo que é chato. Mas é isso. Parabéns aos barbados, feliz Dia do Homem, hoje o churrasco é por minha conta. Me conta se der conta, se não, desconta!
A Carol Borne dia desses postou que alguém lhe fez um elogio, na rua, que ela retribuiu com um elegante: "Obrigada!". Lembrei de uma quase noite em que o Antonio Carlos Costa Machado, o Kau, e eu atravessávamos a pontezinha que atravessa o Dilúvio, ligando a Zero Hora ao Colégio Protásio Alves. Na nossa frente uma moça muito bem fornida, com aquela lascívia que somente uma idade mais plena permite, e de lá pra cá vem um paspalho que passou pela menina, espichou o pescoço e falou ao seu ouvido: "Gostosa! Te chupo toda!". Rapaiz, a mulher deu meia-volta e encarou o sujeito: "Então, vem, tô morta de tesão, vem e me chupa toda, cachorro!". O cara passou por nós parecia um cachorro, mesmo! Coisa bem feita, ovelha não é pra mato, amigos! No Dia do Homem não houve manifestações nem contra nem a favor, significa que, se não estamos agradando, também não desagradamos, né? Como diria meu amigo Jader Madeira: "Não como ninguém, mas em compensação ninguém me come! Empate tá bom pra mim!". Mas temos que nos cuidar mais, principalmente da saúde, peso, essas coisas que a gente não liga. E lutar por algumas coisas discriminatórias como quando fazem piada com a barriga da gente, por exemplo. Vamos pressionar as autoridades representativas - voto no Heráclito Fortes pra nosso representante - para que estabeleçam limites não constrangedores aos pançudos. Deverá tramitar - adoro tramitar, vamos tramitar? - um projeto de lei que punirá todo o cidadão que chamar o outro de barrigudo. Poderá chamar de cidadão do ventre globoso, aí sim, senão vai em cana e tramitará um processo na Justiça. Vou engolir uns comprimidos on the rock's e vuelveré.
Acabo de receber, indagorinha, o livro Causos do Santiago, entregue em minha clínica-residência pela Editora Bamboletras! Com direito a autógrafo, além do refinamento da encadernação da obra, amigos. Quando eu lia os gibis do Santiago Neltair Abreu, lá em São Borja, não havia essas técnicas rebuscadas de alto e baixo relevo, que deixam as coisas mais garbosas. Vou devorar a arte do Neltair, com certeza. Não lembro quem, acho que ele mesmo, Santiago, numa das tantas aberturas dos gibis comentou que Neltair parecia nome de remédio: duas colheres de Neltair ao dia, após as refeições. Ontem dormi mais tarde, fiquei assistindo uma película na televisão chamada Constantine, baseada num personagem de história em quadrinhos, John Constantine, que é um misto de ser humano, anjo e demônio - não, não é o Renan Calheiros e nem o Sarney - e vive em conflitos com seres bizarros e tal. Lá pelas tantas, ele toma um café com uma moça e lhe diz: "Deus é uma criança brincando com uma fazenda de formigas; não planeja nada!". Fiquei pensando se a ficção muitas vezes não nos traz a verdade, hein? Quem imaginaria que as fantásticas histórias dos livros de Julio Verne, por exemplo, depois de pularem para as telas do cinema se tornariam realidade. E ele escreveu Vinte Mil Léguas Submarinas, Viagem ao Centro da Terra, A Volta ao Mundo em Oitenta Dias, - entre tantos outros - no final do século retrasado até o início do século passado, imaginem a criatividade do cara. Quem diria, vinte anos atrás, que alguém telefonando poderia te achar num motel do subúrbio, com a cunhada da vizinha, e tu peladão, tomando uma dose de Jack Daniel's poder falar naturalmente com quem estivesse te ligando? Ninguém diria, nem Calígula, com sua mente devassa. Peraí, se Calígula fosse vivo, hoje, se constrangeria ao entrar num baile funk. Pois é amigos, agora vou tomar meu Ovarioteran, depois o Atroveran e, por último, o Esgualepan, que é pra diminuir minha diarréia mental. Abracinhos de jacaré e beijinhos de ornitorrinco.

sábado, 13 de julho de 2013

Peço desculpas aos amigos e amigas, que tem a paciência e a bondade de acompanhar minhas aventuras médico-hospitalares, durante esses quase seis meses. Desculpas pelas derrapagens e viagens alucinadas, proporcionadas pela pílula lilás e uma infusão de brócolis, nabo, asa de morcego e dente de cobra virgem, receita de uma de minhas finadas sogras, ela trabalhava em farmácia de manipulação. Não sei por quê, mas toda a vez que ouço falar em manipulação me lembra sacanagem, tipo manipulação peniana em seminários - eventos para coleta de sêmen - ou manipulação de idéias ou de pensamentos, enfim, manipular me parece mexer em algo que está correto, desviando para o oposto afim de favorecer quem manipula. Se pararmos para pensar, às vezes somos manipulados, outras vezes manipuladores. Em casa com os filhos, no trabalho, no dia-a-dia como cidadão. Juro que não tem duplo sentido o que estou falando, embora só se fale na greve de hoje que espera-se, ao menos, que sirva pro Calheiros parar de debochar de nós - embora mereçamos - e se locomover pra batizados, casamentos, jogo do osso ou orgias eventuais, em seu próprio veículo, e botar a Monica Veloso a servir uísque pros bandalhos, dispensando o mordomo que ganha dezoito mil reais, pagos pelos otários que nem eu, você, o gringo da fruteira e a Tia Carmem. E nessa efervescência de assola nosso Brasil, descubro que lá na minha querida e distante São Borja, vão colocar abaixo a casa do Português. O Português, respeitado comerciante local, dono da Casa Portuguesa, mandou construir uma casa maravilhosa para a época - talvez metade do século passado - num estilo neoclássico, com colunas jônicas, uma bela residência onde sua família viveu quase toda a vida. Ele, a esposa e três filhos. Duas moças e um rapaz, o Fernando, hoje diplomata, mora no exterior. As meninas não mais as vi, lembro delas muito bonitas, olhos azuis como os de sua mãe. Mas a casa sempre chamava a atenção pela beleza e imponência, numa esquina central, deveria quedar-se eterna e não virar poeira pra dar lugar a qualquer coisa que não seja aquele solar. Não estou ao par do que acontece, definitivamente, apenas cito, como samborjense, a lástima de não se manter em pé o monumento de uma época não muito distante. Vou aproveitar e sair pegar um sol, que hoje está generoso, depois eu volto pra contar pra vocês como foi emocionante meu almoço. Tiauzinho, amiguinhos
Agora minha tevê resolveu não mudar de canal. Ficou na Globo e eu me nego a assistir emissora que tem problemas com o fisco. O que pensariam meus patrocinadores? Meus amigos, vocês já devem ter percebido que tenho certa obsessão com clichês e com algumas palavras emblemáticas, que pressupõe lentidão, lobismo - de lobby, não de lobo - e uma pitada de sacanagem, como a palavra tramitar, por exemplo. 
Quando ele, visivelmente embriagado, viu a esposa brutalmente assassinada, chorou copiosamente, enquanto chovia torrencialmente no entorno da casa parcialmente destruída. Dois policiais truculentos jogaram-no abrupta e peremptoriamente dentro da escura viatura, sob severa vigilância. Sua mulher fora vandalizada pelos interesses espúrios das elites predominantes, que agora também nos expiam. Ou espiam, como quiserem. Enquanto a escura viatura tramitava na lamacenta rua, ele pensava em como se safar da primeira instância da acusação de assassinato. Pelo menos parou de chover torrencialmente, sem as torres a chuva amainou e o choro copioso deixou de copiar. Uma terrível vontade de tramitar começou a percorrer-lhe os intestinos. Não, não poderia tramitar ali, naquele amaldiçoado veículo! Precisava de uns goles de chá de panturrilha pra diminuir a dor incômoda. Uma derrapada antecipa o choque frontal da escura viatura contra um poste de concreto, o que lhe permite escapar do carro semi-destruído e sumir noite afora. Enquanto corria, sentiu a vontade de tramitar esvair-se em forma de plebiscito. Foi um alarme falso. Acordou pingando suor, que pesadelo medonho! Deve ter sido a parrillada que jantara com os colegas do excrementório. Decidiu não ir mais a essas reuniões sem uma boa dose de sapólio com creolina, pra evitar tramitações de última hora.
Boas Noites.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Paulo Motta, Detetive Particular formado por correspondência pela Escola Olho Morto, de Manuel Viana. Atualmente desempregado mas passa bem, tirando calças com vinco e terno de veludo. Lançou um livro que lhe custou um processo, pois o livro lançado do oitavo andar caiu na cabeça da cadelinha poodle da vizinha e a velha ficou puta pois o bichinho morreu! Geminiano, curte música erudita como Richard Clayderman e Pedrinho Mattar esbordoando um piano, gosta de ler desde que tenha figurinhas. Curte cinema, principalmente depois do almoço, que dá pra se esticar e tirar um sono. Gosta de política e já leu toda a obra de Groucho Marx e A Capital dos Pampas de Irton Marx. Não chegou a ler Carlos Marques pois o livro está servindo de suporte no armário da cozinha. Faz tudo numa cama! Lixa, pinta, recupera, deixa a cama como nova, até pátina, se quiser. Quando fala, deixa as mulheres molhadinhas, pois fala se cuspindo, é um gentleman, delicado, incapaz de fazer mal a um rinoceronte. Entende pouco de futebol, mas torce pro Força & Luz e já sabe quem é o goleiro e que o de preto não é viúvo, e sim juiz. Bebe socialmente em festas - meio litro de uísque já fica bem tonto - e costuma vomitar na pia do banheiro do anfitrião. Está terminando curso de pintura em porcelana com Monsieur Bornay, uma glóóória! Esse cara sou eu! Depois eu volto, tenho que tomar remédios! Já comeu maracujá? Mara, não!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Acordei no meu horário habitual, quase perco o Patati & Patatá, tomo um café brasileiro e vejo futebol na televisão, isso é do Hermes Aquino, lembram? Aaahh, meu Machu Pichu ninguém segura esse meu delírio...faz tempo, né? Engoli mais uns dez comprimidos de todas as cores, parecem M&Ms, saborosos, acho que um daqueles é sabor queijo provolone. As técnicas de enfermagem daqui são verdadeiros mastins, não perdoam um segundo de atraso para os remédios. E ainda dizem: é pro teu bem! Ninguém me dá um copo com uma tripla de Jack Daniel's e me diz: toma, vai te fazer bem! Mas, em compensação, ganhei chocolate sem açúcar da Ana Maria, ontem. Isso me deixa abanando o rabinho, que já está quase bom. Meu rabinho passou por poucas e boas, estou de cauda nova, como diria o Gilnei Lima. Um piano de cauda, um tigre de Bengala, coisas insólitas. Ontem, na tevê, me jogaram na cara um comercial de uma caranguejola camioneta que faz tudo! Tem até uma capela pra orações no console do passageiro. Custa a bagatela de R$ 367.99, é mole? Já encomendei uma pra mim! Pobre, pelado, com o rabo ainda estropiado, que mais que eu quero? Uma bela dívida, né? Que eles te vendem sem perguntar se vais poder pagar, depois é oooutra história. Mas acho que vou comprar primeiro o livro do Santiago, lançado sábado, que eu ganho mais. Ouvi no rádio, ontem, o nome do advogado do Carlinhos Cachoeira é Nabor Bulhões! Olha só o nome da criança, amiguinhos: Nabor Bulhões. Parece até gozação, mas é, mesmo, o nome do cara. A coisa vai ficar em borbulhões, isso se ele tiver bulhões roxos. Algumas coisas tramitam, outras borbulham e a maior parte fica ao nabor das ondas nas cachoeiras. Assim caminha a Humanidade, com James Dean, Elizabeth Taylor, Rock Hudson e grande elenco! Abraços, volto depois para confabular e urdir planos diabólicos com vocês!

quarta-feira, 10 de julho de 2013

"O Tempo perguntou pro Tempo quanto tempo o Tempo tem. O Tempo respondeu pro Tempo que tem tanto tempo quanto tempo o Tempo tem!". Não entendi muito bem, mas achei de uma sonoridade estranhamente bonita, só isso. Agora, queridos amigos, após esse maravilhoso intróito sobre o Tempo (intróito não sei se existe) introjetemos mentalidade européia, e escancaremos as porteiras das nossas mentes, para começar um movimento que inclua as minorias excluídas dos CTGs. O tocador de tuba, por exemplo, é terminantemente proibido de exercer sua arte num CTG! Isso é uma clara violação dos direitos humanos! As baterias das nossas escolas de samba encontram verdadeiras muralhas quando desejam mesclar seu ritmo ao chamamé ou a uma chacarera, o que impede uma maior aproximação de culturas. Está tramitando em algum lugar do passado - sempre tem alguma coisa tramitando em algum lugar - um projeto de lei que obriga desfile de escolas de samba no Vinte de Setembro, desde que as mulatas venham de bombachinha fusô. Num carro especial viriam os tocadores de tuba, soprando seus instrumentos. O impasse está na contrapartida, onde a gauderiada deveria participar da passeata gay, a partir de uma comissão previamente escolhida, com um carro ornamentado carregando os tocadores de tuba executando músicas da Gretchen, essa fantástica compositora. Enquanto aguardamos o desfecho da pendenga, nosso grupelho fará manifestações diárias na Esquina Democrática, com distribuição de pétalas de araucária e mate-doce! Se chover, nos reuniremos embaixo do orelhão! Até já amiguinhos!
Sempre pergunto se alguém já viu enterro de anão, ou cara que carrega a foto da sogra na carteira, ou filho de meretriz com junior no sobrenome. Um pouco por gozação, um pouco sério mesmo. Perguntei pra alguém, um dia, se já tinha visto cego fumar (eu nunca vi) e a pessoa me disse que sim, aí não pergunto mais pois perdeu a graça a questão. Mas paremos pra pensar: se ninguém viu enterro de anão, pode ser que anões não morram, pode ser que desapareçam da face da Terra e reapareçam em túneis iluminados e coloridos no epicentro do globo, se reorganizando, elaborando planos fantásticos para tomarem o poder de forma silenciosa e definitiva, sem aquelas guerras de sempre, com muito barulho e sangue, que ninguém é bobo! Quem sabe já estejam controlando parte do comércio externo europeu e começaram pela Grécia, daí partirão para a tomada completa da Europa, quando nos acordarmos estaremos com o Jing Ping Pong da Coréia do Norte, fazendo um pronunciamento em nossos televisores de plasma 60 polegadas, ele era um dróide criado pelo Povo Baixo, como se chamarão os anões, agora. Após o pronunciamento, Jing Ping Pong será desativado e assumirá o poder um conclave de sete homens baixos, representantes das sete categorias nanistas: Vegetarianos, carnívoros, soldados, marinheiros, mulheres, cozinheiros e cientistas. O presidente dos EUA, Chuck Norris, reuniu-se com o Premiére da União Alsácia, Bielorrússia e Japochina, Toshiro Mifune, para entenderem como será sua rendição, já que não conseguiram decolar nem um dos jatos Barbythuriicos, em função de nenhum comando obedecer. A nanorevolução fez cair os gigantes sem disparar um só tiro! O povo está proibido de sair às ruas até que se revogue o estado de sítio. Em Brasília, o presidente José Dirceu Filho, reuniu seus trezentos e vinte e dois ministros para esperar Nelson Ned, o representante dos novos líderes mundiais no Brasil. Ideli Salvatti no corre-corre dos cafezinhos e petiscos para os convidados. Aguardem notícias nos próximos capítulos. Se eu não capitular, rararara!

terça-feira, 9 de julho de 2013

Fui corrido da cama por furiosas enfermeiras pintadas para a guerra e ululando como comanches ao redor do poste dos martírios. Houve necessidade porque chegou um pessoal de manutenção pois estourou um cano, no pátio, um imprevisto. Sem problemas. Já passei por situações mais delicadas, como quando saí não lembro de onde, de uma festa não lembro de quem, ao raiar do dia que não sabia qual. Parecia domingo e eu estava visivelmente embriagado, abraçado numa menina que, quando sorria parecia um carro de bombeiros: tudo vermelho, não tinha um dente. Parado na parada de ônibus agarrado na barra do teto da guarita, pois a menina banguela agora sumiu, gente! Eu falo um pouco no pretérito perfeito, outro pouco no presente, daqui a pouco vou pro futuro do subjuntivo e azar, vocês estão entendendo isso é o que importa! Agora eu, visivelmente embriagado, na parada de ônibus. Chega o veículo e eu subo, adentrando aquela tralha sacolejante e descubro que era dia útil, sete e meia da manhã o ônibus cheio só podia ser dia de semana, aquele monte de vagabundos indo trabalhar, que pouca vergonha! Em pé, me agarrando em tudo que parecesse firme, tirando um brigadiano de uns dois metros de altura me olhando com cara de poucos amigos. Eu precisava sentar, senão vai acontecer algo xarope, tipo eu vomitar aquela coisa fedida, que sai das tripas dos caras visivelmente embriagados, que nem eu. Logo atrás do motorista, no corredor, uma veneranda senhora de uns setenta anos, grudada com as duas mãos numa bolsinha de camurça. Fiquei de olho nela e me aproximei, ficando ao lado dela, em pé. A mulher fingiu não me ver e olhava lááá pra fora. Achei que ela seria educada e me cedesse a poltrona. Que nada, a velhota nem ligava. E eu, visivelmente embriagado, ao invés de receber apoio daquela galera, só recebia olhares de reprovação. Mas quando fingi que ia vomitar no colo da velhota ela voou daquela poltrona e eu sentei, muito feliz. E, ainda, visivelmente embriagado! E, olha que naquele tempo os cara batiam em bêbado, menor, cachorro, tudo que aparecesse pela frente. Hoje em dia se baterem num borracho, a ONG dos bêbados faz um carnaval que será ouvido lá em Cuba! Um bom e alegre dia a todos, meus camaradinhas!

Os deuses que comandam nossos destinos, donos dos raios e trovões, decidiram voar, ultimamente, pelos céus de seu paraíso, à bordo das naves do Império, a lugares onde o populacho se diverte, como estádios de futebol e shows diversos. Isso é de um desprendimento inigualável por parte desses seres que descem do Olimpo pra nos visitarem. É lindo! Prova que o Império se preocupa com a ralé, tão esquecida nas últimas décadas. Visto sob esse ângulo, é uma satisfação que nossos deuses nos brindam nesse momento tão tumultuado de protestos e reivindicações. Darth Vader Calheiros desce da nave imperial, assediado pela imprensa e, lacônico, apenas sorri, sorry galera, estamos trabalhando para o bem estar de todos vocês. Confiem! Os rebeldes estão sob controle, nada temam, zelarei pelo seu sono, amados súditos! Nossos tutores são magníficos, não é mesmo? Até já, companheirinhos!

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Em função de minha fragilidade física, acamado, esperando cirurgias, às vezes, meu pequeno e ativo cérebro fica meio perdidão. Uma das coisas que contribui para que ele fique mais assim, aparvalhado, é não saber quem é bandido e quem é mocinho. Antigamente era bem fácil saber: ou eram os milicos os bandidos e os caras que assaltavam banco pra lutar contra a ditadura, mocinhos, ou vice-versa. Mas era bem mais fácil. Agora virou um balaio de gatos e o Zé Dirceu tem uma turma forte ao seu lado, dizendo que ele é um anjo posto a correr do paraíso por interesses espúrios do capital estrangeiro, e tem a turminha do Renan Calheiros que diz uma coisa parecida. E a Rosemery Noronha que surge como a musa do lodaçal, outra injustiçada pela mídia odiosa, que ganha volumes faraônicos de grana de governo federal, estadual e municipal, em publicidade. Nessas grandes disputas pelo poder a gente vê coisas aterrorizantes, algumas engraçadas e muitas lamentáveis, onde percebe-se que o ser humano não tem limites morais ou de princípios quando se trata de botar a mão numa boa grana. Poder e grana, grana e poder. Raros falam a verdade quando dizem que estão preocupados com o bem estar do contribuinte, aí leia-se eu, tu, a rapaziada do bar, minha sogra, enfim, os meros mortais que trabalham pra pagar a conta da festa deles. A peonada. Alguém me falou, eu não vi, que o Alexandre Frota confessou num programa de tevê que transava com o Marco Feliciano, e que besuntava ele com óleo de tubarão grená e brincavam de roleta russa usando pênis de pterodáctilos espanhóis. Entre ele ter dito e ser verdade há uma enorme distância, considerando quem é Alexandre Frota e considerando que temos uma forte tendência a crer em tudo que nos seja conveniente. Nesse emaranhado de ideologias tá difícil de saber onde está a verdade, e falo de coração aberto, em minha ingenuidade nesse tipo de assunto. Mas tá bom de assistir esse show. Um espetáculo popular nunca dantes presenciado neste país! Bom dia pra vocês, pequenos gafanhotos.
Ana Maria me levou ao Clínicas pro oftalmologista dar uma olhada na minha Síndrome de Harada. É uma síndrome que, quando se manifesta, vai te deixando cego e surdo, uma raridade! Quando isso acontece, me entopem de corticóide. Mas tá tudo bem. Não tenho câncer nem HIV, o que já é um alento. Já pensei em retocar minhas radiografias no fotoshop, pode ser que eu melhore, quem sabe! Acho que estou ficando mal-acostumado aqui na clínica com Maria Cristina me cuidando, cheio de mordomias. Hoje à tarde voltei ao meu esporte predileto: jogar bolotas de papel com borrachinha, nas cozinheiras do outro lado do pátio. Derrubei um tupperware e um copo plástico. Tô ficando bom de mira. Já tomei uma ralhada da enfermeira, uma senhora enorme, ameaçadora - ela rosna - mas justa. Só me tirou as borrachinhas (não são mulheres baixinhas bêbadas) e mandou eu me acomodar. Tentei me deprimir pra sossegar mas não consegui, nem ouvindo Coração de Luto. O Gilnei falou que estou reinventando o Denorex. Meu amigo Kau fez uma ponta no filme Coração de Luto, era o coroinha do casamento do Teixeirinha e Mary. Um piazote de uns 16 anos, com umas baita orelhas grudadas na cabeça, parecia um Fenemê de portas abertas. Agora tá mais bonito, até, hein, Antonio Carlos Costa Machado! Lembrei de uma historinha fraquinha, mas vocês não escaparão dela! A professora da terceira série tentava vender pra turminha, a clássica foto do grupo de aluninhos: "Comprem a foto, queridos, imaginem daqui alguns anos vocês mostrando pros amigos: olha aqui o Julinho, hoje é dentista, olha ali a Denise, hoje é médica...", aí uma vozinha lá do fundo gritou: "Olha aqui a professora! Já morreu!". Não achei o pijama do Mickey, vesti o do Pateta, combina mais comigo. Depois eu volto pra encher o saco de vocês.

domingo, 7 de julho de 2013

Lembrava que meu filho, o Lobinho, como toda a criança, perguntava sobre tudo. Em alguns momentos eu viajava um pouco. Um dia passeávamos numa pracinha onde havia muitas árvores, e ele perguntou qual o nome dessas árvores, lhe respondi que eram seringueiras. E o que fruta elas dão? Ah, meu filho, elas dão seringas, que são colhidas e, depois, vão pros hospitais, pra serem usadas. Ele ficou me olhando com seus olhinhos surpresos e redondos, encantado. Mas agora não é época de ela dar seringas, só no outono. Outra vez ele e um coleguinha que passava o fim de semana lá em casa, queriam saber o que era um velório. Morando ali na Azenha, pegamos o carro e demos um pulinho no São Miguel e Almas, onde peregrinamos em algumas capelas, vimos cadáveres sendo velados, cumprimentamos parentes dos entes queridos e depois fomos pra casa, com a curiosidade deles saciada. Tenho saudades daqueles tempos em que éramos os orientadores de nossos pirralhos. Saudade de chegar em casa moído e ele pulava no meu colo pra escutar a Dança Macabra, Saint-Saëns, e dançá-la comigo. Saudade daquele pequenino que me chamava pra acompanhar a montagem de uma nova geringonça de Lego. Numa noite criei uma personagem terrível pra protagonizar a historinha antes de dormir. Era a Vovó Ampirinha, uma velhinha sanguinária que atacava netinhos indefesos. Outro foi o Vovô Mitá, um boneco do Lego, que ele achava que ele precisava de um nome. Pouco antes de ele partir pra Academia, me chamou e colocou uma fita cassete num gravador pra eu escutar. Saiu a vozinha fina dele: "Olá, Lobinho do futuro, eu sou o Lobinho do passado, hoje é dia 22 de agosto de mil nvecentos e noventa e seis e eu estou desenhando uma história da Vovó Ampirinha...", me emocionei, tive que disfarçar aquela emoção ao descobrir, assim, de repente, que meu pequeno virara homem. E voou atrás de seu destino, nos deixou pra trás, acenando, enquanto começava a construir a sua vida levando com ele nossos princípio e nosso amor. Nos resta rezar e torcer por suas escolhas. Aguardemos os netos que, se Deus quiser, virão. Pois que venham logo, estaremos preparados e ansiosos. Volto depois, meus amiguinhos e amiguinhas
Contei pra vocês que minha cirurgia foi um sucesso absoluto, não é? Deu tudo certo e a próxima etapa será a cirurgia do quadril, quando substituirão meu fêmur por uma prótese de adamantium, mesmo material usado no esqueleto do Wolverine, que me permitirá barbaridades, como sobreviver a temperaturas até vinte e cinco graus negativos, e aguentar filas pra fazer mega sena até 76h. Mas, voltando à cirurgia da fístula, foi um trabalho de mestres, só podia ver o clarão azulado da solda e o capacete do médico enquanto trabalhava nas minhas partes íntimas, recapando-as com finas chapas de Bauxita endurecidas com Lítio, isso elimina possíveis problemas de gases que, se não houvesse a recapagem, seriam fatais em ambientes como elevadores, templos presbiterianos ou salas de recrutamento pra voluntários da Copa. Resumindo a ópera, deu tudo certo e eu agradeço, de novo, e agradecerei mais de um milhão de vezes se necessário for, a atenção, o cuidado, a energia e o carinho que vem dos pensamentos de vocês e me faz um cara de bilhões de amigos, é assim que me sinto. Já doei meu órgão para o padre Albino - ele tem a pele toda branca, vitiligo - que adorou a idéia. É um órgão alemão feito em Auschkohlein pelo mestre organista Von Klausmirch que usava bronze recliclável dos cinturões de castidade sem uso, ecologicamente correto. Veio para minha família em 1908, quando meus tetravós receberam-no como parte do pagamento de uma dívida que os descendentes de Klausmirch tinham. Dívida essa oriunda de jogos de bola de gude onde os Motta eram imbatíveis e grandes ladrões. Assim, meu órgão está doado e poderemos ouvir Frau Schleine executar Toccata e Fuga,do Bach, enquanto descasco brioches para oferecer aos convivas! Que lindo! E isso que ainda nem almocei! Beijinhus a todinhos vocêsinhus!
Olha só, o presidente não sei do que, que pegou uma caroninha num avião da FAB pro Rio, devolveu a grana da viagem! A cabeça de porongo desse cidadão - que deve abrigar um cérebro dentro dela - não permitiu que percebesse o momento em que o país está passando, então ele embarcou todo frajola com uma matilha de parentes, para passear num avião da Força Aérea Brasileira pago, é claro, pelo contribuinte. Foi de uma insensibilidade paquidérmica! A Dilmona deve ter subido nas tamancas com a peraltice do garoto. Vai ficar dois meses sem computador e longe da Internet, por mau comportamento, menino mau! Espera teu pai chegar pra tu ver uma coisa! Acho que em outros tempos isso se diluiria num bate-boca entre imprensa e ministério e a turma do deixa-disso. Mas parece que alguma coisa realmente mudou, o que começa a animar a gente. Amanhã farei uma cirurgia de firula, fíbula, não, não, de fístula. Uma fistulobologia, não sei dizer o nome do procedimento, mas é isso aí. Já estou meio familiarizado com o jargão médico. Lembro que uma médica me examinou uns anos atrás, acho que era gastroenterologista - me perdoem se errei - e eu estava muito barrigudo. Ela falou que eu estava com o ventre globoso! Rapaiz, nunca tinha pensado nisso! Não sou barrigudo, tenho ventre globoso! Mas amanhã o negócio é com a turma da proctologia, que já conheço bem. Falava pra Val Saab, há pouco, que darei notícias logo tudo esteja consumado. Abanarei da sacada do meu quarto e jogarei pétalas de rosas, cercado pelos médicos. Determinei que a imprensa seja informada sem restrições. Daqui a pouco entrarei em concentração para o evento de amanhã. Jejum a partir da meia-noite, essa é a pior parte. A greve de fome do faquir. 
Até amanhã, queridos e queridas, abracinhos e beijinhos.

Recebi visita-surpresa da minha amigona Iceles Brenner, a Celinha! Lembramos os bons velhos tempos e de velhos e eternos uísques que degustávamos no bar do Vanderlei, um amigo que já desembarcou e deve estar contando nossas aventuras em outra dimensão. Rimos muito e alegrou-me a presença ímpar da minha amiga! Contava pra ela - e agora pra vocês - que ganhei bifes de fígado acebolados da Ana Maria. Sonhados bifes de fígado! E uma geral nas minhas patinhas traseiras feitas pela Maria Cristina, maravilhoso! Sou um animalzinho banhado, alimentado e muito bem cuidado pelas minhas anjas da guarda. Não mereço tanto carinho.
No final da tarde veio o Bartira me dar um abraço, já havíamos combinado essa visita por telefone, e ele me prometera trazer uma morena bem galinha pra me ajudar nas noitadas! Opa, não entendi muito bem mas criei grande e sacana expectativa, rapaiz! Quando ele entrou fiquei olhando pra porta, esperando a morena, mas não veio mais ninguém, ué? Não me aguentei e perguntei: "E daí? Cadê o que tu me prometeu, viado?", e ele: "Ah, tá aqui!" e me estendeu uma bengala envernizada com cabo metálico. "Como te falei no telefone: uma pequena bengalinha pra te ajudar nas caminhadas!". Calei a boca, segurando a bengala com cara de banana! Surdo é foda! E o apelido dele é Bartira pois tudo o que ele ganha, o bar tira!
Té já, vou tomar uns comprimidos e me deprimir um pouco, que hoje ainda não me deprimi. Bye!

O Naldo vai casar, a Lady Marshmellow, nora do príncipe Charles conceberá um bebê, considerando-se que sejam humanos, será um bebê. Se não, um ovo Fabergé recheado com bonequinhos smurfs de âmbar azul e do Sir Francis Drake em ouro branco. Os aldeões rosnam e tramam para invadir o castelo de Conde Naldo, durante a festa de casamento, e comer as empadas de camarão, mijar nas taças de ponche verde e botar CDs do Exaltasamba e do Vivaldi nos canais de som. A plebe está organizada e cercará o evento com vinte e três carros de som com coelhinhos, dançarinas do ventre e trezentas velhinhas tricotando e jogando bingo em carros abertos, representando a degradação e a exploração imposta pelo homem branco aos aborígenes locais e aos homens amarelos, verdes e azulados. A truculenta segurança do Conde Naldo tentará impedir a esculhambação do histórico momento, mas os pastores alemães formarão uma barreira cantando hinos de louvor, em alemão, e jogarão pesadas bíblias nos truculentos pretorianos. Gretchen descerá de um dos carros com seus duzentos maridos e dançarão La Conga, enlouquecendo todos os incautos, que correrão desesperados e se jogarão, atarantados, no Lago Ness. Ideli Salvatti corre para as câmeras da mídia e dá uma receita de bolo de pó de rolha, que sua avó lhe passou quando sofria de caganeira. Mas os espertos repórteres e seus câmeras não se deixaram enganar pela saborosa receita e flagraram Conde Naldo entrando, sorrateiro, na limusine de Duque Renan Calaveira que, por acaso, passava por ali. E viveram felizes para sempre. Os aldeões raivosos comeram todo o bolo decorado com pinguins de gelatina, fizeram cocô na sala e foram pra rua comemorar, botando fogo no circo e pichando as paredes do castelo do Naldo. Afinal, conde bêbado não tem dono!
Vou dormir pois amanhã tem missa, linguiça, caliça e a premissa que supõe treliça. Bye

Rabisquei, há pouco, num post do Alexandre Augusto Bellei, uma situação verdadeira e folclórica, ocorrida na minha querida São Borja, lá na costa do Uruguai, anos atrás. No prédio onde funcionava o Banco do Brasil, instalou-se o Forum e o BB mudou-se para adjacências. Um xirú desavisado, na frente do prédio, procurando o Banco do Brasil, leu o novo letreiro e perguntou: "Tá bom, forum. Mas foram pra onde, criatura de Deus?"

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Outro dia Gilnei Lima, em carne e osso, esteve aqui. Conversamos e gargalhamos muito, maravilha conhecer pessoalmente quem já conhecemos no virtual. Em seguida chegou a Rose, minha ex-colega e amiga de décadas. Trouxeram ouro, incenso e mirra. Meu dia foi muito legal, fora da rotina, show de bola! 
Lá pelos anos 80, Seu Aurélio era o ecônomo do restaurante da ZH, e na madrugada, quem atendia o estabelecimento era o Mário. Mário era um senhor dos seus sessenta anos, que era pau pra toda obra, embora o pessoal preferisse fazer seu próprio sanduíche, pois ele ia ao banheiro e voltava com as mãos bem sequinhas, não lavava. Numa daquelas intermináveis madrugadas, o Frisante, que era um bandalho, ligou pro ramal do restaurante imitando a voz do Seu Aurélio: "Mário, meu filho, aqui é o Aurélio. Me faz um favor, Seu Maurício tem um churrasco amanhã e pediu pra nós fazer a salada de maionese. Pega aquele saco de batatas que tem no canto da cozinha e descasca pra mim?". "Sim senhor, Seu Aurélio, é pra já!". Três da manhã o Mário já tinha descascado quase meio saco de batatas e o pessoal começou a ficar preocupado: o que dizer pro Aurélio, quando ele chegasse de manhã e encontrasse aquele monte de batatas descascadas? Tentaram avisar o Mário, que tinha sido o Frisante imitando a voz do Seu Aurélio, mas foi em vão, ele não acreditou. Obrigaram, então, o Frisante a ligar de novo, sob protesto ele ligou: "Mário, meu filho, pára com as batatas, lembrei que o churrasco é pra depois de amanhã!", aí ele parou, senão teria ido até o fim saco. Explicar pro Aurélio a pilha de batatas descascadas foi um problema!

Nessa minha ociosidade letárgica, descubro coisas recentes que ainda me surpreendem. Não lembro quando, me deparei com uma foto do Lula apertando a mão do Paulo Maluf, acho que foi antes das eleições pra prefeito e Maluf apoiou o candidato de Lula e a Erundina foi procurar outra turma. Me encanta o desprendimento e o desapego a ideologias ou quaisquer interesses pessoais desses dois estadistas - passam do estado sólido ao gasoso em segundos - almejando tão e somente o bem estar social, o desenvolvimento comunitário e alternativas sólidas para que o cidadão possa exercer sua cidadania. Aí, depois das eleições, a coisa vira um balaio de gatos que ninguém entende. Agora, falando sério, comecei a observar as pessoas que me olham pilotando a minha cadeira de rodas vermelho-Ferrari. Algumas olham com pena, pobre daquele senhor, naquela cadeira, como será que caga? E aquela gostosona empurrando ele, será filha? Não, não. Deve ser a noiva! Que noiva, José, o cara deve ser broxa, não levanta o pinto, entendeu? Não come ninguém! Mas a maioria te trata legal, te dá preferência nas filas e te paparicam nos restaurantes. E eu me aproveito um pouco disso, é claro! É divertido, confesso. Eu tenho vitiligo - tenho o corpo malhado, que nem cavalo de índio - e um dia estava dentro do ônibus indo pro jornal, lá em Caxias e tocou meu celular. Era um freguês que precisava informações e fui falando e notei que os passageiros me olhavam, curiosos, talvez pelo vitiligo, que era mais acentuado naquela época. Depois que o cliente desligou, continuei falando como se ainda estivesse na linha e falei mais ou menos isso: "Pois é, rapaiz, ainda continuo com aquele problema de pele, sabe? É. O médico falou pra eu não sair e não ter contato com ninguém por causa do contágio, mas como o pus secou resolvi sair um pouco!". Amiguinhos e amiguinhas, até o velhote que sentava ao meu lado, no corredor, voou, parando quase no colo do motorista! Uns levantaram, outros cochichavam, foi muito divertido! Essas coisas fazem a vida da gente valer a pena, né?
Um abracinho pra todos, agora Ana Maria chegou e acho que trouxe guloseimas e eu pareço cachorro em roda dos pacotes! Tiaw!

O mundo em protesto e eu aqui, com as pupadas dilatilas, ou melhor, pupilas dilatadas. Mas ainda ouço mais ou menos, confundo coisa do tipo "Pendorou a roupa?", "Não, ainda não provei a sopa!". Um pouco abobamento meu, um pouco surdez, mesmo.
Nossos heróis, Drácula, Lobisomem e Frankenstein, do alto das masmorras, divertem-se observando a agitação dos aldeões e seus archotes ao redor do castelo. Como todo nobre que se preze, Drácula dispõe de um exército composto de deputados e encenadores. Quando se misturam à multidão, deputando e encenando, semeiam a discórdia e a desconfiança entre a plebe. Não raro auxiliados pelos calhordas e crápulas, subalternos oriundos das regiões de Roubaldo e Catarro e treinados para o confronto direto com a plebe. Atacam com uma meleca esverdeada que causa vômitos e febres nas vítimas. Os aldeões defendem-se com balas de borracho. Balas para curar bebedeiras. Esse artefato, se jogado com violência, fragmenta-se e libera Creolina, fatal para os crápulas e calhordas. Ontem, dois crápulas e três calhordas foram alvejados com balas de borracho com Creolina. Ficaram alvinhos, alvinhos! E o tradicional campeonato de Paraquieto está agendado pra ano que vem, está em cima! Com essa bagunça, sei não! Paraquieto é um esporte que consiste em uma arena circular com dois contendores. Um deles, munido de um bastão de fêmur de bochinchão, um jumento escarlate da região, tenta acertar a cabeça do outro e tem quinze minutos pra isso. Se não acertar, quem vence é a provável vítima. A queda de braço entre Drácula & Amigos não está definida. De hora em hora o arauto oficial, Carvão Ameno, manterá todos informados. As deputices e encenações fizeram um pequeno estrago nas fileiras da plebe, mas nada preocupante. E o Frankenstein ganhou de amigos Malenzuela, farto carregamento de Ovomaltine! Lobisomem, sexta, lua cheia, vai uivar na balada do amigo Lupércio, nos Cárpatos. E a esculhambação continua e o populacho ruge! Tiaw, amiguinhos!