domingo, 29 de setembro de 2013

Li em algum lugar que a gente perde um pouco de nossa identidade e passa a ser o que representamos no geral popular, de acordo com alguma referência, por exemplo, quando pequeno petiz, era o Paulo da Norma, ou Paulinho da professora - eu era mirradinho, depois fiquei esse hipopótamo, gordo com orelhinhas pequenas - depois virei o Motta da Zero Hora; um amigo meu era o Melhoral, o pai dele tinha uma farmácia ali na Cidade Baixa, com uma baita placa luminosa do Melhoral, na frente. 
Muitas vezes o nome do estabelecimento é incorporado ao nome da pessoa. Em São Borja havia o Mercado Guarajara, de uma família muito grande, e um deles, nosso amigo, era o Joaquim Guarajara. Ou ficam à sombra do nome de alguém, vejam o Jon Voight, brilhante ator que vi, pela primeira vez no filme Midnight Cowboy ou Perdidos na Noite, junto com o Dustin Hoffmann. Hoje deixou de ser conhecido como Jon Voight e passou a ser chamado de "o pai da Angelina Jolie". A criatura superou o criador, é mole?
Mas tanto me aporrinharam em campanha pela tevê, rádio e na voz do poste, que fui procurar me atualizar quanto aos documentos, para exercer meu sagrado direito de votar sem vomitar. Não achei meu título de eleitor, mas encontrei meu título de conde, que ganhei no Bar Boleta, lá em São Borja, assinado por todos os frequentadores bebuns do recinto, no momento. Esse título nobiliárquico me foi concedido durante uma bebedeira que durou uns três dias, e eu mereci pois conde bêbado não tem dono.
Mas não me preocuparei, agora o voto é biométrico, é só passar o dedo e pronto. Quanto dedinho de silicone vai aparecer, hein?
Depois eu volto.

DEVASSA
Dormi demais, mas hoje é domingo, estou perdoado pelos deuses da preguiça Kata e Plasma, Os Podres. Sonhei com a Branca de Neve dançando La Conga num queijinho, ao som do violão do Seu Repertório, violonista da Nalva Aguiar, em um lugar escuro, úmido, habitado por seres malvados e cheio de armadilhas, acho que era o congresso. Não chegou a ser um pesadelo.
Pesadelo é pesado, acho que foi um leveadelo, talvez, leve, tinha a Branca de Neve e os sete anões do orçamento, que estavam em Brasília, curtindo uma piscina, e a Ideli Salvatti servindo cafezinho.
Tenho visto coisa feia, tenho visto judiaria e tenho visto demais, por aí, a frase "Isto não me representa". Honestamente, sem idealismos ou ideologias, creio que, quase nada me representa. Tento votar escolhendo o menos ruim, aquele que menos estragos fará, se nada fizer já está de bom tamanho, ao menos nem meter a mão no meu - nosso - bolso se prestou. Ou não se prestou. Já votei em bons amigos que não me decepcionaram, é uma grande coisa.
Fora isso ninguém me representa, nem poderá me representar, nem o ratinho da Coca-Cola, que eu continuo bebendo apesar de falarem mal dela, já fiz coisa bem pior do que beber refrigerante com camundongo. E vocês também, não me venham com essa de "eu não!".
Gostaria muito que alguém me representasse no velório do meu vizinho, na formatura da sobrinha da amiga da minha noiva, no batizado do filho do Elesbão, que eu nem sei quem é, mas a Merluza me convidou e, se eu recusar, é uma bronca que os amigos conhecem bem. Essas coisas, invariavelmente, acontecem no verão forte, senegalesco, como diria o professor Ruy Carlos Ostermann. E o ar-condicionado não funciona, e terno e gravata pesam como se fossem a armadura de Sir Lancelot enfrentando o dragão que cospe fogo. 
Mas aí, alguém aparece pra te representar nessas ocasiões? Claro que não, ingênuo e tolinho herege. Definitivamente, estou numa briga de pênis armado de ânus, só me dou mal. 
Vou até o jardim, na certeza que devo chorar, pois bem sei que não queres voltar para mim. Maravilhoso Cartola! Vou cuidar das minúcias que brotaram ontem e tirar as picuinhas que cresceram, daninhas!
A menina da higienização aproveitou que saí do leito e terminou agora uma devassa no meu quarto. Achou até uma carta que eu perdi, meses atrás. Um valete de copas! Agora sim, posso jogar paciência fora!
Desculpa qualquer coisa, tiau!

CUCARACHAS
"La cucaracha, la cucaracha
Já no puede camiñar
Porque no tiene
Porque le falta 
Marijuana pra fumar.
Una vieja con un viejo
De noche dormiam juntos
Porque la vieja tenia 
Mucho medo a los defuntos..".
Quem tiver nervos fracos, estômago vazio que não suporte cenas fortes, por favor, desligue o aparelho e vá pentear macacos. Vou falar sobre a pequena e asquerosamente injustiçada barata!
Discriminada, principalmente pelas mulheres, esse pequeno animal envernizado, tem a capacidade de sobreviver aos cinco cavaleiros do apocalipse - incluímos o Renan Calheiros - e mais 24h assistindo ao Faustão. Mas não aguenta uma chinelada, vejam vocês! 
Muitas vezes passei por verdadeiro herói ao matar, corajosamente, horrenda e perigosa barata que ameaçava a delicada donzela que urrava, pulando, sobre a mesa de centro. Sem a barata e suas anteninhas ligadas nas mulheres - elas adoram as mulheres, devem ser todas baratas machos, ou baratos - eu não teria vivido tantos momentos de heroísmo diante das namoradas. Uma delas, a Malu, mulher decidida, dona do próprio nariz, ciente de seus direitos e limites, nem sei como quis ter alguma coisa comigo, meio dependente, muito preguiçoso e meio bêbado. Mas essas coisas que a natureza nos atira no colo e diz: te vira! 
Uma noite estávamos nos preparando pra sair e ouvi um grito seguido de vários outros e objetos quebrando - juro que pensei que fossem o Jackie Chan e o Chuck Norris trocando gentilezas na minha cozinha - corri até lá, abotoando a camisa e me deparei com 1,76 e 75 kg de Malu sapateando na pia de granito, observada por uma hermosa cucaracha, no chão. Mas o bichinho é debochado, mesmo! Se aproximava e a Malu berrava, então ela recuava, e avançava novamente! Uma barata inteligentíssima, pensei em treiná-la e montar um show! Para aprimorar a coreografia do destemido justiceiro de baratas, armei meu melhor golpe, aprendido em segredo com os monges baratolins - primos dos shaolins - e, zás! matei o nojento mamífero, antes que a dama destruísse minha pia a pisotaços! Matei e exibi o cadáver, que nem um carrasco exibindo a cabeça do decapitado, minha glória de cavaleiro vingador das vestais ameaçadas por seres de todos os tipos. Desde que os tipos sejam bem menores do que eu, é claro!
Pra quem pensava que barata não tinha utilidade, ela pode ser responsável pelo aumento da tua autoestima, quando esmagares uma e receber da namorada um beijo, seguido de um "Meu herói!", hein, hein? E viva a barata, a barata, cantada em verso, cantada em prosaaa!
Na próxima aula - anotem, por favor - tragam-me uma síntese sobre as baratas voadoras. Do que se alimentam, onde vivem, pra onde vão, quais seus escritores prediletos, ok?
Boa tarde a todos e bom sábado. Vou ao jardim, depois conto como estão meus pés de bigorrilhos, que começaram a brochar. Até. Copiei da Érika Barbosa.

CARINHAS
Eu não sei se quero aprender algumas coisas nessa caixinha de surpresas, na qual estou teclando agora. Aprendi a postar uns bonecos engraçados no inbox, quando me dou conta estou respondendo com carinhas redondas, amarelinhas explodindo corações, dentes ou lágrimas. É legal, acho bem bacaninha, que nem criança com brinquedo novo, mas depois os outros vão se enchendo dessas respostas sem palavras, me parece. 
Não, não sou um cara ranzinza, rabugento, longe disso. Até já tentei rir ashuashuksahsuashuaua mas ficou muito estranho, me senti um primata fazendo gargarejo, não deu. Tem umas carinhas ligadas a uma frase, assim: @me sentindo feliz. Ou @me sentindo cansado, não sei se tem, mas deveria ter @me sentindo bêbado, @me sentindo mau, @me sentindo demitido, @me sentindo corneado ou outras coisas politicamente incorretas, sei lá.
Coisas que a minha cascagrossura precisa acostumar sob o risco de eu ser corrido do meio virtual, e ser defenestrado ao reino escuro dos beócios renegados, o que não te dá ao direito nem de manusear um Atari, que desastre para um burguês capitalista decadente como eu. Ainda me restaria o rádio à pilhas e o amor de minha mãe, a Norma.
Vou me abafar nas cobertas e dormir à moda sioux: com os olhos fechados.
Bons sonhos e levo para reflexão um ditado persa ou apenas um ditado que minha professora do segundo ano primário passou: "Do pó viemos e ao pó voltaremos!". Sei de gente que tenta voltar ao pó toda hora, amiguinhos.

MEU JARDIM
Nada a ver contigo, Rick Jardim, refiro-me ao jardim que ora visito, com minhas ferramentas de jardinagem, a arrancar picuinhas danadas que infestam o solo, depois do tempo chuvoso, e os malditos escrotos que atacam, sem piedade, as lascívias. As recém desabrochadas lascívias se inibem quando os escrotos crescem por perto, é preciso exterminar com eles, mas em todo o lugar aparece um, sempre!
Comecei um canteiro de obras onde semeei canículas que, apesar de gostarem do calor, começaram a brotar. As pragas, como escrotos e proxenetas, que proliferam nessa época, é necessário extirpá-los, senão comem as lascívias, libertinas, canículas, minúcias e até as lambisgóias vão pra banha!
Ontem recebi as visitas dos ilustres representantes da Confraria do Cachorro Quente, José Luiz Prévidi, Gilnei Lima, Paulo Pruss e sua elegante esposa, Vanessa. Me entregaram, gentilmente - tinha um primo Gentil, que mentia, mesmo! - um kit da Confeitaria Princesa com cachorros-quentes (por pudor gastronômico não direi quantidade), que foram, serenamente, devorados. Delícia total, eu diria sublime, apenas! Perfeitos! De novo, obrigado, amigos pela atenção que dispensam a este pobre milionário.
Ontem à noite, jiboiando aquele cachorro-quente divino, assistia ao Eliakim Araújo e Leila Cordeiro no Jornal Nacional, que falavam sobre deputados, ética, CPIs, senado e exercício de cidadania. Minha cabeça simplória tenta entender algumas coisas: imaginemos que todos os acusados nesse circo midiático, sejam inocentes cordeiros imolados por interesses espúrios. Mas interesses de quem? Eu falei, ontem, que a gente já não sabe mais por quem torcer! Sim, precisamos torcer por alguém, sempre. Sentar na frente da tevê com pipocas e uma cerveja, aguentar um juiz falar duas horas e meia pra explicar - numa língua que quase ninguém entendeu - o voto que deu é muito exercício de cidadania pro meu alcance. Torcemos para o juiz, pro Felipe Massa, Atlético Mato Leitão, para o Rui Chapéu e o Papaléguas. Torcemos como se isso fosse salvar nossa pátria, nosso país. Bá, chega dessa viagem maluca! Como diria Fernando Albrecht: Evoé, Momo!
Te larguei! Vou almoçar. Larguei ou lar gay? Fica ao arbítrio do jogo apitar o final da partida.

SOU, MAS QUEM NÃO É?
Revi uma das excelentes palestras do Mário Sérgio Cortella - que lembra muito o Sergius Gonzaga, tanto pelo aspecto físico quanto pela genialidade - e lá pelas tantas ele fala sobre pamonhas, fazer pamonhas, o que resultava em alegre reunião de família, como tínhamos lá nos tempos de antanho, na minha São Borja, em finais de semana ensolarados. Ao invés de pamonhas, galinha com arroz: risoto. 
Começavam os preparativos no sábado, após a aula, eu ajudava a Cantídia, minha avó, e a empregada a matar as galinhas - duas ou três - e arrancar as penas dos cadáveres dos bichinhos, e depois banhá-los em água quente. Quem matava as penosas, num processo penoso, era a Cantídia, que tinha uma prática demoníaca em torcer pescoços galináceos. Era pra lá e pra cá e pluft, a antes alegre e sonora galinha jazia, morta, dentro de uma enorme gamela.
Depois de arrancar as penas e tacar água fervendo, corta as patinhas, a cabeça, abre o corpo do animal e extirpa-lhes os órgão internos, muitas vezes com ovos em formação, alaranjados, que comíamos fervidos, delícia! Imagina pegar uma criança de apartamento, hoje, e fazê-la acompanhar esses preparativos: galinha, faca, penas arrancadas, cabeça cortada e aquele cheiro característico de sangue animal. 
Provavelmente essa criança traumatizaria, acostumada a encontrar as galinhas em circunspectas, discretas e silenciosas prateleiras dos balcões refrigerados do supermercado. 
No domingo, a parentada chegava cedo e começava o trabalho em equipe - a gente só foi saber depois de velho, que aquilo foi o primeiro trabalho em equipe das nossas vidas - e meu pai, o Beltrão, tinha um buraco no chão, que enchia de lenha, cravava espetos de pau com costelas e outras carnes, tomando caipirinha com meus tios e primos mais velhos. E nem nos dávamos conta de que o melhor resultado dessa gritaria de crianças, mães ralhando os filhos e algum guaipeca roubando linguicinha, era a união, a unidade de um grupo em torno de uma proposta. E a proposta não tinha tanta importância. A comida era consequência da união daquele bando de adoráveis malucos que eu chamava de família.
Depois tinha a matiné, El Santo contra As Mulheres Lambisgóias duplo com Sartana Mata e Volta. Com direito a troca de gibis e Cyrillinha. 
É muito bom olhar pra trás e encontrar coisas boas que nos trouxeram até aqui.
Beijinhos carinhosos no pâncreas de todos vocês. Tá bom, sou meio nostálgico, às vezes, mas quem não é?

COLA-BOLA
Hoje é um dia histórico, a primeira reunião da Confraria do Cachorro Quente, urdida e concretizada pelo heróico grupo da Resistência ao Rotidógui e pela pureza do genuíno cachorro - não do cachorro genoíno - sem adereços carnavalescos, tais como milho, ervilha, molhos aguados ou batata-palha. Queijo ralado só se for, comprovadamente, Gran Formaggio, popularmente conhecido como queijo Randon.
O evento deu-se no Salão Bordô da Confeitaria Princesa, onde o espoucar dos flashes coloriu o desfile de charme e elegância dos convidados. 
Não citarei nomes para não cometer injustiça ao esquecer alguém. Nalva Aguiar abrilhantou a festa gastronômica com Seu Repertório, o violonista. A animação tomou conta de todos, quando o mais puro cachorro-quente foi servido e degustado, causando frisson nos menos avisados. Infelizmente não pude estar junto a essas maravilhosas pessoas por motivos de força maior. Minha mulher tem força maior que a minha e não deixou eu ir e pronto! Mas na próxima irei, se ela viajar ou for jogar buraco com alguns amigos. 
As fotos e vídeos postados falam por si, ré, mi e dó. Enfim, estourou a Confraria, sendo prestigiada pela imprensa mundial e grandes multinacionais como Cola-Bola. Aliás, não como Cola-Bola, bebo Cola-Bola, que agora vem com bonequinhos do Pepe Legal, Babalu e camundongo Mickey. Nessa ocasião foi lançado o cartão Bolsa Cachorro-Quente, com apoio do Minc, Ministério da Inducação e Curtura, sob a chancela do ministro Carlos Minc, O Verde. 
Doravante articular-se-á um partido político que será proscrito - senão não tem graça - e perseguido pela polícia truculenta por trair os princípios do McDonald's e do Billy's Kão. Mas isso é outra história.
Parabéns a todos (clap, clap, clap, clap. Isso é a claque, viram que chique?) e amanhã tem mais e eu tô sorto de mono. Banoite!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Ontem recebi uma visita normal, da minha mãe, a Norma. Trouxe-me pastéis normais recheados com ovo, ervilha, azeitonas e ácido lisérgico. Mamãe sabe tudo! Aproveitei e levei-a até meu jardim para observar as libertinas e minúcias que brotaram, ontem, mas tinham já se recolhido, devido ao adiantado da hora. Amanhã, quem sabe, à luz do sol. 
Norma embarcará, hoje de volta à São Borja, vai de ônibus leito, classe econômica, nos beliches no fundo do carro.
O ministro José Dirceu chamou a presidenta de incompetenta e atrapalhada, durante um jantar de apoio à sua - dele - fragilidade emocional. Se eu já estava perdidaço, agora piorou! Difícil saber quem era o mocinho e quem seriam os bandidos nesse Forte Apache de larápios, velhacos e tantas matizes de trapaceiros. Sim, sei que no Forte Apache tem índios, mas não citei porque estão cheios de cauim, na aldeia, e não estão nem aí. Se tu não sabe o que é cauim, volta pro terceiro ano primário que a profe te diz o que é. E presta mais atenção na aula, menino!
Achei que a Dilma fosse herdeira do Lula, que seria valete do rei de copas Dirceu, portanto, todos irmanados em alegre turma, não é? Não, não é. Eram. Agora o ódio passou a habitar seus coraçõezinhos, tudo porque um mais do que o outro, quer o direito de lutar por nós, o proletariado, tão sofrido e explorado pelos capitalistas espúrios imundos. Acho que vou torcer pelos bandidos, se descobrir quem são.
Rezemos por dias melhores, que virão, sim. Senão vamos ficar que nem a finadinha Galdina, com cento e poucos anos - só de carne já tinha comido umas duas tropas de gado vida afora - e naquele morre-não-morre, piorando a cada dia, quando perguntavam pra ela como estava, respondia: ""Ah, meu fio, hoje tô mais miozinha que amanhã!".
Vou limpar o facão e escarvar no jardim, arrancar uns escrotos e proxenetas que cresceram entre as lambisgóias e sirigaitas, antes que terminem com elas. Até logo, amiguinhos e amiguinhas! Comportem-se e não mexam em nada até eu voltar.

Uma amiga contou uma piada, um chiste, uma blague, que achei muito bonitinha, deliciosinha, enfim, comportadinha mas engraçadinha, sem precisar ser ordinariazinha, vejamos, queridos amiguinhos:
A freirinha estava na roca, a fiar, ou simplesmente serzindo, ou costurando, enfim, espeta o dedo na agulha e grita: "Merda!" e, na sequência: "Putaquiopariu, falei merda!", pra encerrar: "Ah, foda-se, não queria ser freira, mesmo!".
Ontem Fernando Albrecht e eu trocávamos idéias sobre semântica, ortografia e as armadilhas da língua portuguesa, em profunda concentração sobre tão sisudo tema. Entre tantas conclusões, uma das mais proveitosas foi a de que, assim como não existem freiras anãs, também não existem padres anões. Se, porventura existissem, seriam chamados padrinhos, donde se conclui que, após sua ordenação, estariam aptos a apadrinhar qualquer pessoa, desde que católica. 
A batina dos padrinhos poderia ser feita do vestidinho do liquidificador ou do liquinho, dependendo do modelito.
Esse tipo de idiotice que estou falando, tentando ser engraçadinho, é silogismo, um raciocínio insano que, num primeiro momento pode ter lógica, logo adiante não terá sentido. Querem ver? A mentira tem pernas curtas, ok? O diabo é o pai da mentira; Nelson Ned tem pernas curtas, logo, Nelson Ned é filho do capeta, correto? Claro que não, né? 
No caso específico acima, é silogismo hipotético com proposições claramente compostas, ainda nesse caso, copulativa ou conjuntiva. Desculpa e extensa ladainha, mas é bom deixar esmiuçado o negócio, que sempre tem alguém pra me corrigir, o que é muito bom. E não é gozação, não! É proposição copulativa, mesmo!
Bom, vou dar uma paradinha pra comer um pastelão de zinabre e volto.
Ao entardecer, as lascívias e as libertinas ornamentavam, esplendorosas, meu jardim.
Tiau!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Meu sono tem sido invadido com frequência por ruídos, notícias, músicas, às vezes até Rachmaninoff. Devo estar captando alguma frequência pirata. E bem sintonizada. Mas, nessas eventuais interferências estáticas, ouvi algo que fiquei embasbacado - cheio de basbacas - que , no Brasil, temos trinta e dois partidos políticos! Por Deus do céu, nunca vi tanto patriotismo num mesmo lugar, caros e baratos amigos! Esse país deveria ser exemplo de desapego, tanta gente querendo construir uma nação maior e mais forte, com um povo digno, tendo suas básicas necessidades atendidas, exemplo para o resto do mundo. Trinta e dois partidos, entupidos de políticos fazendo conchavos e vendendo espaços para quem chegar primeiro. Alguns já nascem atrelados a outros. E recebendo verba partidária (não sei se o nome é esse, mas a farra é) que vem adivinha de onde, hein, hein? Do teu, do meu, do nosso, do vosso bolso, amado e endividado contribuinte!
Quanta dedicação assim nunca pensei existir nesse mundo podre capitalista, juro!
Até a Marina Silva foi passada pra trás e ainda não conseguiu homologar ou inscrever seu partido no STE, enquanto um obscuro vereador lá do Pará, eu acho, já tem seu próprio partido, que é tão grande que, se chover, eles fazem a reunião embaixo do orelhão da esquina.
A REDE, da Marina Silva, o logotipo poderia ser uma rede pendurada entre dois coqueiros, hein? Quanto ao meu rádio sintonizado em fantasmagórica frequência até pensei ser efeito da pilula lilás, mas não, senão já teria aparecido. Pode ser o pólen das perfídias, que se sobressaem das lascívias e voluptuosas, em cores berrantes - berram a manhã inteira, depois se acalmam - é, acho que é o excesso de pólen, mesmo. E hoje fui cedo ao jardim pra arrancar umas carraspanas, que nasceram com essa chuva. Mas eu costumo guardá-las, quando alguém se torna muito saliente - como diria minha avó - passa uma carraspana e pronto, tá resolvido! Vou ficar longe do jardim, hoje. Ou não. Gostei desses contatos telepáticos aquáticos dramáticos mas simpáticos - olhaí, Luciana Caron - sem serem catedráticos.
Valeu, vou almoçar e comer uma cabeça de ovelha ensopada e um mulita assado na casca, ademã que vou em frente!

A Malu Karam postou o que já prevíamos: os elementos dos politicamente corretos estão atacando os desenhos animados. Já estão chegando no Pica-Pau, aí também não! Falei, esses dias, que nem o Heitor Villa-Lobos e nem o Monteiro Lobato escaparam! Isso está começando lá nos EUA, deve ser porque está motivando jovens a se armarem até os dentes e passearem alegremente matando os amiguinhos a balaços, só pode! O Pica-Pau e o Tom&Jerry estão produzindo uma geração de psicopatas armados no mundo inteiro. Se fosse por isso eu seria um refinado assassino, com requintes de crueldade, assisti minha vida inteira esses desenhos e mais: Os Três Patetas! Violência pura Los Três Chiflados! Dedo nos olhos, facas no pescoço, bordoadas em geral. Meu Deus, talvez eu seja um carniceiro em potencial! Estou com medo de ficar a sós comigo mesmo ou com alguma pessoa frágil e desprotegida, que nem a Ideli Salvatti, por exemplo! Vou me converter para pi radiano. É isso mesmo: me converter de pi radiano para grau, numa cerimônia simples, com a presença dos padrinhos - senos, cossenos e tangentes - e alguns ângulos convidados. Vamos pendurar o retrato do velho na parede, de novo. Os velhos tempos estão voltando. O problema vai ser achar um retrato do Pol Pot que dê pra pendurar na parede!
Vou almoçar e depois dar uma olhada no pé de libertinas que começou a florescer com a chuva. Tão lindas libertinas!

Piadinha para adormecer. Ruinzinha, mas é o que tenho, agora, azar! É assim:
Um cara vai prum motel com uma dama pela primeira vez. No outro dia acorda, e ela lhe diz:
- Amor, preciso te confessar uma coisa: eu sofro de asma!
E ele:
- Ainda bem, achei que tu tivesse me vaiado a noite inteira!
Eu disse que era fraquinha, mas dessa perna de grilo fiz um mocotó.
Duas loiras conversando:
- Que blusão liiindo esse teu, Marineiva! É de lã?
- Lã pura, Cátia Cilene! Foi preciso três ovelhas pra fazê-lo!
- Nossa! E eu que nem sabia que ovelha tricotava!
Uma velhinha carcomida entra, trêmula, num sex-shop e pergunta pro balconista:
- Moço, vo-vo-oocês te-em o vii-braaa-doorr (ela está toda tremelique, não esqueça) XPTO?
- Sim, senhora, temos sim!
- Coo-omo dee-slii-iiga essa boos-taaa?

Viram quanta gente estão desenterrando? A comissão da verdade, eu acho! Daqui a pouco vai sobrar pra todo mundo! A não ser quem foi cremado. Aí, só de brabos, os justiceiros morais temperarão o churrasco com as cinzas do vivente. Quero ver eles desenterrarem o finadinho Ulysses Guimarães, essa eu quero ver! 
Me lembra o Incidente em Antares, os mortos passeando pela cidade, oigalê porquêra!

Lembro a todos que a fanpage Confraria do Cachorro Quente está efervescente, nossas recepcionistas lideradas pela ravissant Ideli Salvatti, sorriem 24h para deixar-lhes à vontade e passear pelos amplos, iluminados e aromatizados corredores da Confraria! Serão bem vindas as criancinhas, criadinhas - desde que bem criadinhas - e todos que curtam cachorro-quente, podem deixar receitas de molhos e levarem as que gostarem. Não me apareçam com batata-palha nem com maçã picadinha pra botar nos petiscos, ok? 
Tem acessibilidade total, garantida pelos engenheiros cibernéticos Rick Jardim, Paulo Pruss e Gilnei Lima. Em teleconferência, o Master of Administration Business, José Luiz Prévidi estará à disposição para o debate Cachorro-Quente, O Início da Libertação! 
Estava programada a presença do Fernando Albrecht, mas ele virou troféu do Prêmio Press Colunista e o encanto só se quebrará após esse evento. Bom proveito!

Bom dia, meus asseclas e assemelhados, bom dia sol, bom dia passarinhos, bom dia queridos credores, os quais nunca pagarei. Saltitante qual um pequeno sapo sem embreagem, vou ao jardim ver meus pés de voluptuosas, as lascívias, e plantar umas sementes de lisonjas que ganhei do Fernando Albrecht. Preciso limpar esse jardim, com a chuva crescem muitos proxenetas, nocivos às flores, que desabrocham nesse período primaveril. Com uma bomba de Flit, improviso um pulverizador de proxeneticida e começo a trabalhar. É impressão minha ou começou a chover? É chuva, mesmo! Vou botar minhas botas para homem de borracha ou um chinelo para senhoras de dedo, veremos.
No meu exercício de ócio diário, descobri mais um conterrâneo ilustre: Ernesto Dornelles (1897/1964)! Eu, pelo menos, não sabia que ele era samborjense - samborjense vai ficar assim, são-borjense fica muito cool - que grata surpresa.
Ernesto Dornelles, primo de Getúlio Dornelles Vargas, teve uma carreira brilhante como militar, senador da República, ministro da agricultura e, numa dobradinha com Getúlio, elegeu-se governador do Rio Grande do Sul e o primo, presidente da República, em 1950. 
Corre à boca pequena, que o Papa Francisco é nascido no Hospital São francisco de Borja, em São Borja, mas num acordo entre o Itamarati e a Casa Rosácea, ficou o dito pelo não dito, e os castelhanos levaram essa! O Itamarati, aquele carrão preto, da Willys, antes de falecer doou o motor pro Maverick, deixou saudades.
Ontem falei sobre as patrulhas que nos cercam e condenam, até por peidar perto de um rinoceronte. Preciso reiterar - parece cortar, né? Vou te reiterar todinha! - que Heitor Villa-Lobos, aquele degenerado, depravado, doente, é o autor dessas músicas nojentas que nós, crianças, cantávamos sem saber o mal que fazíamos para a humanidade! Atirei o Pau no Gato, O Cravo Brigou Com a Rosa, Nesta Rua, Nesta Rua, Cai Cai Balão, Fui no Tororó e Sambalelê, e tantas outras menos famosas.
Se não fossem essas pessoas de boa índole e sacripantas intervirem e proibirem a execução nas escolas e lugares públicos, nossos filhos e netos estariam fadados à ruína moral, cantarolando essas coisas nojentas, não é?
Vou me mexer um pouco e depois volto para assistir com vocês a Zora Yonara e o comentário do Roberto Gigante, tá? Tiau!
*Ah, ficou engraçado "à boca pequena", hein, hein?

A Gilmara Gil - desculpa usar teu santo nome não tão em vão, Gilzinha - pode exigir inclusão nas cotas raciais, considerando ela ter o mesmo sobrenome do nosso ilustre ministro Gilberto Gil. Mas a Gilmara tem olhos verdes e pele clara, e daí? Não sei detalhes, mas há o caso de um rapaz de aparência européia, que está se beneficiando da lei dessas cotas, suscitando dúvidas quanto à veracidade de sua afrodescendência.
Será que, para comprovar isso, parte-se para análises genealógicas e sanguíneas, talvez? Aí começamos a entrar num processo meio nazista, me parece. 
Longe de mim questionar as cotas em si, sendo eu apenas um mero palpiteiro, com horizonte mental restrito, mas exercendo meu direito de dar pitacos e aprender trocando ideias.
Por quê não cotas para o coloninho, lá de Linha Nona, que frequenta o colégio de manhã e ajuda os pais na roça, à tarde? Quem sabe lhe falte representatividade naquele Congresso, onde acontecem milagres corporativistas e todos podem tudo, desde que seja socialmente justo e juridicamente perfeito. Por favor, sem essas risadinhas debochadas, senhores ouvintes!
Não quero mais falar sério por hoje. Lembrei de um chiste sobre um ex-presidente, que precisava dar um presente de aniversário para um amigo pessoal, e não sabia o quê. Chamou seu assessor e pediu-lhe uma sugestão, ao que o cara respondeu:
- Quem sabe o senhor dá pra ele um livro?
O presidente respondeu:
- Não, não, livro ele já tem! Aliás, vi uma prateleira na casa dele cheia de livros!
A propósito, como tem se achado excrementos dentro de embalagens, não é? A última porcaria - ou rataria - foi um rato numa garrafa de Coca-Cola. Não vi nenhuma foto da nojeira, mas me pergunto como é que o bicho entrou na maldita garrafa! Deve ser um camundongo diminuto ou um feto de rato, um rato-bomba, não sei. Ainda não acharam nada dentro do Jack Daniel's ou mesmo da Vodka Walesa. Ainda. 
E, se acharem, vão beber junto, ninguém vai perceber!
Uma excelente noite pra todos, queridos amigos e uma semana ainda melhor!

Amigos, amigas, não é piada, juro que não! Cancelaram minha internação e, consequentemente, a cirurgia! Não entendi muito bem, mas houve algum mal-entendido, não sei. Sabe aquela musiquinha "Tão alegre que fui e tão triste que voltei...", pois é, sou eu.
Mas valeu, passeei, com Ana Maria Madeira e minha mãe, a Norma Motta, e vi algumas retaguardas encapotadas, mas belas retaguardas. Rendeu um xis-salada que devorarei à noite, antes das minhas orações adjetivas subordinadas compostas. 
Amanhã me inscreverei na Bienal de São Paulo, cento e cinquenta reais a inscrição. Preciso expor o meu trabalho "A História Revés de Paulo Motta e a Plenitude do Ócio". A exposição prevê, em uma área vertical de 10m2, no Parque Ibirapuera, radiografias do meu quadril e fêmur, enquanto parte de um universo implícito, porquanto paradigmáticas, em conflito com o ser absoluto. 
Ainda nesse espaço, afixadas com tachinhas, receitas e comprovantes de marcação de consultas e registros; logo abaixo, cápsulas roxas e verde-amarelas integradas aos exames metacíclicos, transaminases e antiestreptolisínicos, que chama o animal enquanto ser pensante, à finitude da carne e eternização da perspectiva pétrea irreversível.
Resumo da ópera: aguardemos, de novo! Na próxima ficarei que nem pato quando bota ovo: quieto! Por isso o ovo da galinha é mais famoso do que ovo de pato: a galinha tem um marketing melhor, bota o ovo e sai aos gritos; a pata é discretíssima.
Eu voltei, agora pra ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar até a bendita cirurgia!
Tudo bem, vamos de novo, rarara!

Via, hoje à tarde, uma série de desenhos antigos do Pica-Pau, meu ídolo. Debochado, sarcástico, malvado, enfim, politicamente incorreto. Nem sei como as patrulhas dos bons costumes da aldeia ainda não apontaram seus canhões para a querida ave. Canhões porque só tem baranga nesses grupelhos - grupos de pentelhos - de objetivos duvidosos, salvo a clara intenção de complicar a vida de quem está quieto no seu canto. Dia desses quase processaram o Monteiro Lobato por racismo, acho que nem sabiam que o homem já estava morto. Nem vamos falar no atirei o pau no gato e no Sambalalá que estava com a cabeça quebrada, que o Villa-Lobos deve estar muito indignado por mexerem no gato e no Sambalalá, mas va lá!
Mas o Pica-Pau foi parar num galinheiro, travestido de galinha, com uma luva de borracha enfiada na cabeça. A dona do galinheiro, uma velhota cruel, que obrigava as penosas a botarem ovos freneticamente, e depois as mandava pro abate. Só que elas não sabiam dessa última parte. Pica-Pau descobre e liberta as galinhas, que passam a trabalhar pra ele com muito prazer, por terem sido libertadas pelo alegre meliante. A última cena é ele e sua gargalhada característica, debaixo de um monte de dinheiro. Fim.
Aí está uma historinha burguês-capitalista imperialista muito legal: os galináceos em uma mansão confortável, obrando ovos, felizes e contentes, e o patrão Pica-Pau colhendo o lucro honesto, em dia com os encargos sociais e pagando seus impostos direitinho. Aliás, muitos impostos. O importante é que elas - as galinhas - estão inseridas no mercado de trabalho e potenciais consumidoras, alavancando a economia, ora estagnada. Viram, que lindo? E tudo graças ao Pica-Pau!
Não sei se conseguirei entrar no feice, amanhã, se não, pra terem notícias, minha assessoria estará emitindo boletins de quatro em quatro horas nas rádios e tevês. Mentira minha. Contatem com Ana Maria Madeira, aqui no feice, e ela lhes informará, amiguinhos. Novamente, obrigado pelo carinho, pela atenção e por me valorizarem muito mais do que mereço. 
Beijão pra todos. Até quinta, no máximo, tô de volta, se Deus quiser, yeah!

Muito obrigado a todos vocês que me querem bem que me desejam tanta coisa boa e, talvez, nem saibam o quanto me deixam sem palavras, emocionado. Gostaria de agradecer um a um mas não dá, senão vai ficar que nem o boa noite dos Waltons: Boa noite John Boy, boa noite Mary Helen, boa noite Jason, boa noite Jim Bob, bom dia Erin, já amanheceu!
Ouvi hoje, na rádio, o que as mulheres odeiam. Lidera o ranking do nariz torcido feminino o marmanjo que, após o coito, vira-se pro lado e dorme. Coitado, perdeu a moça ali, naquele momento! Bem, isso eu já sabia, por isso sempre procurei ligar a tevê, fumar um cigarro ou ligar pro escritório, saber como estão as coisas. Nunca virar pro lado e dormir. Algumas mulheres gostam de conversar com os maridos. Já houve quem ligasse, na minha frente, pro marido para bater papo, creiam-me, ó infiéis!
Mas são detalhes que precisa-se cuidar muito, até pra não ficar aquele silêncio, na volta, dentro do carro, tipo: "Fiz uma cagada, mas não sei onde!". Deixa pra lá, estou ensinando o padre a rezar missa.
Estou recebendo visita da Ana Maria Madeira, é quem me conduzirá ao Clínicas amanhã, e vou receber instruções para a desova. Ela me conduzirá aceso ou assemelhado. Mas dá pra contar uma piadinha engraçadinha que me deu um branco, mas a autora que se revele, não lembro. Só lembro que foi uma dama. Deus me perdoe, mas é uma piada religiosa, não quero ofender ninguém, seja evangélico, católico, calvinista - adora o Calvin - protestante ou umbandista. É assim:
Jesus pregando em um daqueles montes da Galiléia falou, com sua voz firme e forte:
- Quem, dentre vocês que nunca errou, que atire a primeira pedra!
Ao virar-se, Jesus foi atingido por uma pedra bem nas costas! Indignado, perguntou ao autor da pedrada:
- Nunca erraste, irmão?
- A essa distância, nunca, Senhor!
Tiau!

Estou ficando em estado de alerta, todos me perguntam se estou tranquilo, amanhã internarei no Clínicas e segunda, 23, me operam do quadril, e me despeço da minha cadeira de rodas vermelho-Ferrari, se Deus quiser. "Mas tu está tranquilo, mesmo?", me perguntam como se eu devesse ficar ansioso, nervoso, sei lá. Estou tranquilo, é simples, não sou eu quem vai me operar. Se eu tivesse que operar alguém, segunda-feira, aí sim, nem teria dormido na última semana. Mas o problema é do cara que me vai me operar, sacaram? Ele sim, tem que estar tranquilo pro meu próprio bem.
Gracinhas à parte, eu não sou ateu, talvez tenha dito algo que levasse a crer que sou, mas não sou. Claro que longe de ser um religioso fervoroso, nem fiz a primeira comunhão - conforme meu sincero relato num texto anterior - mas como não acreditar em Deus vendo uma criança nascer, que é um milagre banalizado, e a vizinha do quinto andar estendendo roupas só de calcinhas? E observando a burrice admirável da qual algumas pessoas são dotadas, só Deus, mesmo! O Grande Arquiteto do Universo, Oxalá, ou seja qual o nome ou a embalagem que colocarem Nele.
E se fosse ateu não teria nenhum problema. E até acredito que algumas pessoas não se declarem ateus por receio da discriminação, essas coisas. Acho, absolutamente natural pensar diferente. Se não crês em Deus não és boa criatura! Seria ir de encontro ao que o Deus que acredito me diz. 
E tenho bons amigos ateus, comunistas, antiimperialistas que pensam radicalmente diferente, e nem por isso deixam de ser meus amigos, embora eu seja um capitalista imundo burguês e colorado. Não devemos levar a vida muito a sério, não vamos sair vivos dela, mesmo!
Hoje é aquele dia pra ficar com uma mão na pipoca e outra no Bom-Bril, hein, hein?
Vou sestear, depois eu venho pra encher os canecos de vocês!

Estou à beira de uma overdose de infringências embargólicas, roque no rio, canto alegretense, ninguém me representa, médicos e espertinhos ensinando como morrer com saúde e taxas de desemprego que caem 0,2% (provavelmente anões que foram absorvidos pelo mercado), enquanto somos soterrados por toneladas de informações, absolutamente inúteis e dispensáveis, como se fôssemos um amontoado de imbecis.
Lembro de um cara gordão, que vendia tralhas paraguaias na ZH, um mascate. Um dia ele me ofereceu um relógio bonito, cromado, digital, e falou: "Tu pode mergulhar até 200m com ele!". Mas eu nem banho tomo de relógio, quem dirá mergulhar tudo isso, rapaiz! Só quero que ele me diga as horas quando perguntado, só isso, o resto é perfumaria!
Assim funcionam as informações: chega num ponto que tua cabeça está cheia de entulho que rádio, jornal, tevê, outdoor e o dono do bar, te enfiam goela abaixo e tu não percebe, percebeu? É como quando alguém desliga um alarme que soava, ao longe, e te dá um alivio, mas que só te deu conta quando parou. Vejo gente perder um tempão operando um aparelho de celular, regulando a sintonia fina e o agudo/grave do tom da chamada e o foco da câmera. Às vezes duas ou três pessoas formam uma junta científica demonstrando seus conhecimentos das engenhocas tablets, iPods e Wi-Fi - que achei que fosse vodka com suco de laranja e gelo - e me encolho na minha rudeza tecnológica, que alcança um rádio de pilhas e olhe lá!
Desculpem, foi apenas um desabafinho! Podia ser um desabafão, mas não.
E vou dormir antes que Hildegard, a plantonista, surja das trevas com seus coturnos brancos e me dê uma dose maciça de Teacalmopril 20mg.
Durmam bem senhores e senhoras ouvintes, daqui a pouco estarei no ar, me aguardem! Acho que amanhã é o Dia da Tia. Tia Carmen receberá meu abraço, extensivo às primas!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Estava vendo o clip da Thais Gulin, namoradinha do Chico Buarque, Cinema Americano, uma beleza a música e a plasticidade do vídeo. O Carlinhos Santos me passou e tenho escutado sempre. A menina é linda e talentosa. Tomei meus remédios que a técnica do plantão trouxe, furou meu dedo pra medir o HGT, índice de glicose. Está no padrão. Brabo é que furam meus dedos das mãos - são dez - e pareço um paliteiro, todo furado, mas não tem outro jeito. Lembro quando espetava meus dedos colocando iscas em anzóis, tentando me familiarizar com o esporte que meus colegas adoravam: pescaria. Pescaria e futebol foram duas coisas que bani de minha vida esportiva por pura incompetência. Tentei, assim como tentei fazer aqueles serviços que todo o homem faz em casa: pega a furadeira e esburaca as paredes pra colocar prateleiras, lava o carro no domingo, assiste o futebol depois dorme até começar o Fantástico. Mas cheguei a ir numa pescaria com meus amiguinhos, lá em São Borja. Conseguimos uma cabana dum amigo do pai do Pilly, arrumamos linhas, iscas, anzóis e um monte de tralhas pra pescaria, tudo emprestado. Ah, e dois garrafões de cachaça. Fomos na picape Chevrolet do Saquinho, que era lastimável, a direção amarrada com arame e os freios funcionavam na base do acaso. Lá fomos nós, em alegre e saltitante bando, uns sete doidos amontoados na picape infernal. Chegamos na cabana, na beira do Rio Uruguai, perto do anoitecer, e tínhamos que estacionar a camionete num barranco de frente pra parede lateral da cabana, pois a bosta não tinha arranque. A casa era super organizadinha, camas, três peças, banheiro na rua. Os garrafões de canha foram abertos e lá pelas oito da noite todos já falavam russo. Não tinha luz elétrica, só Liquinho e velas. O Léo fez um arroz com linguiça, comemos a gororoba e os caras acharam uma canoa num galpão e resolveram se lançar ao rio pra pescar. Acho que eu era o mais sóbrio da horda de bárbaros, quando vi uns quatro dentro daquela casquinha que eles chamavam de canoa, me deu um calafrio, juro! E sumiram na escuridão do rio aos gritos, como se fossem invadir a Noruega! Em seguida ouvi tiros vindos do mato. O Saquinho achou duas armas de caça, de cartuchos, ele e o Rogério Krigger estavam no mato caçando. Naquele breu iriam se matar, os desgraçados! E caçar o quê? Me enfiei na cabana e cochilei até acordar com a gritaria dos canoeiros, chegaram molhados como patos, a canoa emborcou com todos, quase morreram, perderam linhas, espinhéis, iscas artificiais, tudo emprestado. Mas Deus proteje os borrachos! Eram umas 4 da manhã, entraram todos numa algazarra e vá canha! O Pilly e o Saquinho estavam alucinados com as armas nas mãos, tanto que deram uns três tiros pro alto. Dentro da cabana. Abriu cada buraco no teto de se prestar a atenção! Pra encurtar o relato, pela manhã todos em pé, com cara de cataplasma fazendo o levantamento da esculhambação. Os buracos no teto não tinham conserto, as armas dava pra limpar, a canoa guardamos, então vamos embora. Aí vem a parte de empurrar a camionete no barranco pra dar arranque. Empurramos, a camionete desceu e pegou no tranco e se foi em direção à cabana do homem. Os freios nem tchuns. Pronto, derrubamos metade da parede da cabana! Azar, vambora! Chegamos em São Borja e somente dois dias depois começamos a dar explicações pra quem tinha nos emprestado alguma tralha! A cabana do cara tivemos que pagar o conserto e a minha tímida carreira de pescador terminou ali. Prefiro pescaria de quermesse. Tiaw!
Houve um impasse despercebido, dias antes do desfile de vinte de setembro, entre a ACE (Associação da Cola Erguida) e a SEBC (Sociedade dos Ecologicamente Bonitos e Corretos). A SEBC exigia, através de moção representando os cidadãos e cidadãs de pijama e camisola, que as esporas fossem cobertas de pelúcia e os cavalos estivessem vestindo fraldões, evitando o emporcalhamento das ruas da capital. 
Em resposta, a ACE impetrou uma mocinha, que foi aceita, na câmara fria do parlamento que, na falta do que fazer, resolveu complicar. Rejeitou a moção da SEBC e deferiu anulação do infringente 451.02, inciso 89, incluindo os dentes do inciso.
Até o Fernando Henrique está usando o fraldão da Academia de Letras, por quê não os cavalinhos? 
É claro que estou brincando, mas não duvide que isso possa acontecer. Hoje, grassa em nossas plagas, a perigosíssima doença merdocefalia. É quando a caixa craniana de indivíduos medíocres, serve de depósito para coliformes fecais e similares. Mas há uma mobilização do Ministério da Saúde, em parceria com o Circo Vostok, para a inclusão social dessa minoria discriminada. E o resultado está sendo tão positivo, que já encontramos portadores de merdocefalia em importantes cargos, em empresas públicas e privadas. Empresas privadas, bem entendido!
Vou tomar um café com alfajores castelhanos e enfermeiras alemãs, muito bonitas, por sinal. Os alfajores eu como, as enfermeiras eu olho, certo, jaguarada?

Uma amiga ficou brava, ontem, cortou relações de qualquer tipo, comigo. Inclusive relação de amor e ódio que pudesse haver entre nós, e a relação dos senadores que se omitiram, para facilitar a permanência do Renan Calheiros na presidência do Senado. 
Pergunte-me por quê ela ficou tão furiosamente feroz? Responder-lhes-ei, amiguinhos e amiguinhos: quando ela me contou o nome fake que estava usando no feice, que é uma coisa parecida com Tabata Marysol, eu falei que parecia nome de travesti evangélico e ela me tapou de desaforos. Foi só por isso. Mas saiu assim, sabe, ao natural, sei lá, entende? Por favor, não me processem nem me amaldiçoem, poderia ter sido um travesti protestante ou católico e nem ser travesti, ser uma sereia, que me odeia. Tá, chega de explicações.
Falava com a Sandra Mello Thebich e o Carlos Alberto Alves da Silva que duvidavam que eu tivesse feito a primeira comunhão. De fato, não fiz, e já digo os porquês de não tê-la feito: durante o cursilho, apresentei muita dificuldade e assimilar o conteúdo, então minha mãe, a Norma, contratou uma professora particular de catequese. Mas Marlize, a professora - uma lourinha de sobrancelhas pretas, que me faziam pensar coisas medonhas - me desconcentrava naqueles dias de calor samborjense, com seus vestidos diáfanos transparentes e anáguas de cetim. 
Resultado: fui reprovado na catequese e não pude fazer primeira comunhão, ponto. Suprema vergonha para a família Motta! Talvez o único ser humano, na história da humanidade, que foi reprovado em catequese. E eu já carregava o peso de muitos pecados, acumulados ao longo dos meus doze anos. Depois passou esse sentimento de culpa, e virei este ser de caráter duvidoso e pouco confiável, que vos fala. E me apaixonei pela Marlize e ela nem desconfiou!
Meu compadre e vizinho Paulo Getulio Caxambu - pai do genial Paulinho - me lembrou quando estava de mudança, há uns vinte anos atrás, e algumas coisas deixou no meu apartamento. Alguns objetos e - o maior erro que ele poderia ter cometido - doze garrafas de uísque. Meu Deus do céu! Tudo de bom, Logan, Dimple, White Horse só nesse naipe! Quase me ajoelhei e, de mãos postas, agradeci ao Senhor, em lágrimas, mas me contive. 
Mês e pouco depois o Paulo Caxambu ressurgiu na minha porta e perguntou: "Motta, e os meus uísques, não vejo as garrafas por aqui?". Me senti o Marighella (ALN) quando o Lamarca (VPR) perguntou pra ele onde estavam os fuzis entregues pra guardar, quando ele, Lamarca, desertou.
Uísque? Mas que uísque? Bá, ele ficou muito puto comigo! Era uma linda coleção de uísque do melhor nível e eu bebi, sem dó nem piedade. Todos. O vampiro cuidando do banco de sangue! Mesmo assim continuamos bons amigos e, anos depois, compadres.
Um dia conto pra vocês do meu namoro com Konga, A Mulher Gorila, do Parque de Diversões Mimoso, em Santa Maria. Depois da saga de Neide, Ivoneide.
Até mais tarde, queridos bandalhos!

Volto a citar o velho e bom Millôr Fernandes, que dizia que não se pode levar a sério um país que tem um Conselho de Ética do Senado. Pior ainda se tiver uma Ângela Guadagnin como integrante desse Conselho. Pra quem não lembra, a Dona Ângela foi aquela que fez a dança do ventre globoso, quando um colega dela foi absolvido de uma vigarice, que não lembro qual era, são tantas que é impossível lembrar todas. Mas vamos adiante, guerreando em paz, com ou sem oxímoros.
O Flavio Dauphine, ou melhor, Flávio Difini, embora tenha comparecido ao coquetel de lançamento da Confraria do Cachorro Quente, ainda não entrou na fan page para compartilhar seu cabedal - putz, cabedal, de onde tirei isso! - de conhecimentos culinários que inclui as formas de se preparar Miojo, e trinta e seis maneiras de agradar sua sogra com Sopa Knorr ou Maggi. Sem radicais livres. Também esbanja maestria nessa delicada arte de cozinhar ovos. Cozinhar, não infingir.
Foi o primeiro gourmet a introduzir os ovos de pato e peru no cardápio cotidiano. Um expert, mas eu não queria ser o cardápio cotidiano.
Bom, vou me acomodar, amanhã será um dia - já é - de comemorações farroupilhas e eventuais borracheiras, verei os desfiles pela televisão e beberei sidra Espuma de Prata, que ganhei de primeira comunhão do meu tio Demêncio, que Deus o tenha chimarreando nas pradarias de Manitu. Não, não, isso é dos apaches, o sono tá pegando, tô confundindo tudo, carai!
Um carinhoso beijo no rim direito de vocês e tenham bons sonhos, meus queridos bandidinhos e bandidinhas.
*Sidra é assim mesmo, viu? Te poupei de uma ida ao Aurelião!

Contei, aqui, tempos atrás, que adoro ir a supermercado. Quando voltar a caminhar, pretendo dar uma passeada pelos corredores de algum super, tipo meio-dia, que está tudo calmo, mas me imaginei, candidamente, escolhendo porcarias pra botar no carrinho, e o Tony Ramos saltar, dentre vidros de pepino em conserva, e gritar na minha cara: "É Friboi?", e eu, naquele cagaço, infartar e voltar pro hospital! E parece que mataram o dono da Friboi, amigos! Que coisa! Agora se encontra com o cara da Yoki e vão inventar alguma coisa, certamente. Que humor mais macabro, aliás, nem é humor. Às vezes sou muito grosseiro, mas é uma coisa irresistível, maior do que minha razão.
Mas as atenções midiáticas, hoje, voltam-se para o grande evento que aconteceu à tarde, no Salão Ébano do Sheraton Hotel, que foi o brilhante lançamento da fan page Confraria do Cachorro Quente, cerimônia iniciada a partir do discurso do idealizador José Luiz Prévidi. Rick Jardim, Paulo Pruss, Fernando Albrecht, Julio Ribeiro e outros renomados (me perdoem, impossível colocar todos que lá estiveram, nos prestigiando) jornalistas que se fizeram presentes - parece que os caras se enrolaram em papel celofane com um laço cor-de-rosa e viraram um presente - Gilnei Lima coordenou a chegada das emissoras de rádio e tevê, genéricas e transgênicas, porém isentas de radicais livres. 
Ainda em pauta, questiúnculas como tempero do molho, acompanhamentos e outras
firulas, que serão definidas pelo Conselho Deliberativo, em momento oportuno. A ervilha e o milho, por exemplo, estão quase banidos do cardápio, mas há uma corrente ervilhomilhística fervorosa, que se opõe, mas nada que cavalheiros não resolvam, elegantemente, à tiros. Batata palha, sim, está out, fora, longe da nossa CCQ - que não é do Marcelo Tass, ok? - mas são arestas a serem aparadas.
Visite a nossa, a vossa Confraria do Cachorro Quente, se não puder ajudar, atrapalhe, o importante é participar!
Vou ali tomar um Atucanol 20mg e volto logo. Abracinhos.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

No trigésimo terceiro aniversário da chegada dos Escolhidos, também estava dito, em sortilégios de Zaratustra, que estes seriam imolados, sacrificados em patíbulo popular, jogados à sanha do populacho sedento de vítimas e sangue! Emblemáticos, enigmáticos trinta e três anos, mesma idade de outro Salvador, que também foi sacrificado injustamente!! Ó vós que entrais, deixais todas as esperanças!
Nos resta incluí-los nas nossas orações subordinadas adverbiais, para que sejam absolvidos e partam em paz para o paraíso fiscal da Suíça e Calpúrnia.
Mais vale quem Deus ajuda com uma pomba dura na mão, do que quem cedo madruga com elas moles de tanto dar na pedra que só sai água e não fura!
Retomando Ivoneide, A Mulher, O Mito: sábado, onze e meia da noite, saíamos do Sala Vogue - Cinema 1, na Independência e fomos comer alguma coisa no Birinaite, Santo Antônio com Cristóvão, na frente do Palacinho. Ela não entendeu muito bem Caminhos Perigosos, do Scorsese, e eu tentei explicar o DeNiro, Harvey Keitel, a máfia, mas terminei desistindo, ela era dotada de uma burrice incrível, quase admirável. Mas tinha todos os dentes e era gostosinha e tinha dezenove anos, dois anos mais velha que eu. E me ajudava a pagar o conta do lanche e da cerveja. Posteriormente, do hotelzinho da Comendador Coruja. 
Domingo, saí do banho e ela estava estendendo a cama. Expliquei que estávamos num hotel e que ela não precisaria se preocupar em arrumar a cama e tal. Fomos caminhando até a Spaghettilândia, na Salgado, de frente para a CRT, comemos presunto com ovos e queijo e um spaghetti à bolonhesa. E cervejas, claro. Pasmem, aquele cheiro de fritura que ela tinha, desapareceu! Achei que ela tivesse nascido assim, rapaiz! Estava começando um pequeno romance, sem muito futuro, uma coisa para aprendizes, como nós, Neide e eu.
Decidi que iria enfiar alguma coisa naquela cabeça que, por enquanto, serve apenas para carregar os olhos, nariz, boca, orelhas e ornamentar aquele pescocinho lindo, com cabelinhos em forma de espinha de peixe na nuca, que se eriçavam quando eu mordia sua orelha.
Tenho de parar, minha torturapeuta chegou e preciso ir lá. Aline Longaray me torce o pescoço se me atraso!
Continuarei a saga da Neide, Ivoneide! Até já!

Piadinha cretina porém religiosa. Sou um herege. Não por contá-la, mas por contá-la duas vezes. Estou aprendendo aqui na clínica, que só preciso conhecer uma piada, tu conta a mesma de manhã e de tarde e eles sempre riem. Bem, vamos repetir a piadinha cretininha.
Jesus caminhava entre nuvens cor-de-rosa e pequenos querubins, lembrando de seu pai, o carpinteiro José, que há muito não via. Continuando sua divina peregrinação avistou, ao longe, a figura de um velhinho, sentado em um algodão doce, que lhe pareceu vagamente familiar. Curioso, Jesus aproxima-se do simpático ancião e puxa um papo.
-Bom homem, o que fazias quando estavas na Terra, meu amigo?
-Eu era carpinteiro, senhor...
Jesus, emocionado, pergunta-lhe:
-Não tiveste filhos, meu bom amigo?
-Sim, tive um único filho que ficou famoso no mundo inteiro, e inesquecível para a humanidade!
Jesus, às lágrimas, abraçou-se ao velho e disse:
-Papai!
E o velhinho:
-Pinóóquio!
Tá legal, não é uma grande piada, mas tá bom pra uma tarde de quinta feira, não é? 
Agora começou a tocar um celular aqui perto. Como tem gente com um gosto horroroso pra escolher os gritos do telefone É o lado ruim dessa tecnologia, que te obriga a aguentar os papos xaropes dentro de um ônibus, numa viagem de oito horas daqui a São Borja. Os toques de chamadas são verdadeiras pérolas fecais. Tem sertanejo, Nelson Ned, Banda Bagaceira, Precipício e Zé Perau e por aí vai. Tem até o hino do Grêmio, acreditem!
Meu filho, o Lobo, quando o telefone dele chamava era uma gritaria tipo: "Atende essa bosta desse telefone seu surdo desgraçado!", bem legal.
Uma noite voltava de Caxias e uma menina baranga falou o tempo inteiro com o namorado. O cara devia ser um faraó, pois ele ligou e falaram por duas horas. Fiquei sabendo, inclusive, que o cara andava brochando pra ela, o que não era de se admirar, considerando o estado de lástima da moça. Nascida e criada feia, mas o faraó estava apaixonado. Quando o ônibus chegou e as luzes acenderam, todos queriam ver a donzela casadoira e foi uma surpresa terrível para todos. Muito, mas muito feia a garota! Nem por vingança!
Bom, vou cuidar das minha vidas depois volto pra ver se vocês se comportaram. Vou dar uma saidinha, não mexam em nada até eu voltar, ok? Até já!

Piadinha cretina porém religiosa. Sou um herege. Não por contá-la, mas por contá-la duas vezes. Estou aprendendo aqui na clínica, que só preciso conhecer uma piada, tu conta a mesma de manhã e de tarde e eles sempre riem. Bem, vamos repetir a piadinha cretininha.
Jesus caminhava entre nuvens cor-de-rosa e pequenos querubins, lembrando de seu pai, o carpinteiro José, que há muito não via. Continuando sua divina peregrinação avistou, ao longe, a figura de um velhinho, sentado em um algodão doce, que lhe pareceu vagamente familiar. Curioso, Jesus aproxima-se do simpático ancião e puxa um papo.
-Bom homem, o que fazias quando estavas na Terra, meu amigo?
-Eu era carpinteiro, senhor...
Jesus, emocionado, pergunta-lhe:
-Não tiveste filhos, meu bom amigo?
-Sim, tive um único filho que ficou famoso no mundo inteiro, e inesquecível para a humanidade!
Jesus, às lágrimas, abraçou-se ao velho e disse:
-Papai!
E o velhinho:
-Pinóóquio!
Tá legal, não é uma grande piada, mas tá bom pra uma tarde de quinta feira, não é? 
Agora começou a tocar um celular aqui perto. Como tem gente com um gosto horroroso pra escolher os gritos do telefone É o lado ruim dessa tecnologia, que te obriga a aguentar os papos xaropes dentro de um ônibus, numa viagem de oito horas daqui a São Borja. Os toques de chamadas são verdadeiras pérolas fecais. Tem sertanejo, Nelson Ned, Banda Bagaceira, Precipício e Zé Perau e por aí vai. Tem até o hino do Grêmio, acreditem!
Meu filho, o Lobo, quando o telefone dele chamava era uma gritaria tipo: "Atende essa bosta desse telefone seu surdo desgraçado!", bem legal.
Uma noite voltava de Caxias e uma menina baranga falou o tempo inteiro com o namorado. O cara devia ser um faraó, pois ele ligou e falaram por duas horas. Fiquei sabendo, inclusive, que o cara andava brochando pra ela, o que não era de se admirar, considerando o estado de lástima da moça. Nascida e criada feia, mas o faraó estava apaixonado. Quando o ônibus chegou e as luzes acenderam, todos queriam ver a donzela casadoira e foi uma surpresa terrível para todos. Muito, mas muito feia a garota! Nem por vingança!
Bom, vou cuidar das minha vidas depois volto pra ver se vocês se comportaram. Vou dar uma saidinha, não mexam em nada até eu voltar, ok? Até já!

No século VII a.C., na Pérsia, o profeta Zaratustra, Zoroastro ou Zartosht previu, em sortilégios que, no quarto decanato de Júpiter em ascendência com Urano - século passado - na terra que ainda não está em pé, sem gigantes de fogo nem o sopro tenebroso de Vishtaspa, deusa da água, surgirão os Escolhidos por Lullaesho, O Eterno, para conduzir os ímpios ao caminho da salvação.
E disse, também, em sinais interpretados, que esses Escolhidos sofreriam a incompreensão e a perseguição da plebe ignara, que hostilizará qualquer um que tenha a pretensão de enfrentar seus deuses pagãos - deuses que pagam para você adorá-los - afrontando-os.
No terceiro decanato sob a regência de Júpiter - hoje - os deuses pagãos em conluio com Ormuzd, O Mau, levarão ao patíbulo a cúpula dos Escolhidos para um golpe derradeiro, incriminando-lhes perjuriosa e falsamente. 
Diz, ainda, simbolicamente, que ante tamanha injustiça, erguer-se-ão forças adormecidas em defesa dos Escolhidos. São os Onze Sinistros da Justiça Quase Cega, que os cobrirão com seus negros mantos, brandindo recursos cabíveis e infringentes, devolvendo-lhes a liberdade e o poder. Assim falou Zaratustra.
Depois dessa vou dormir. Vem aí, O Purgante Maldito, de Costa Gavras. Gavrem bem!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O Exmo. Ministro Celso de Mello, e o Ilmo. Desembargador Florete d'Ans Tramois demorou duas horas e pouco pra dizer uma coisa que, estourando a fita, duraria dez minutos. Mas tem que dar sequência ao espetáculo, que não pode terminar em dez minutos. Imagina uma luta de box terminando aos dois minutos do primeiro assalto! E os patrocinadores, como ficam? Ou meus ingênuos amigos acreditam que todo o aparato montado não tem um custo, que deverá ser coberto e dar lucro. Talvez eu seja um selenita ou mais idiota do que realmente sou, e esteja procurando chifres em cabeça de égua. Ou não, como diria Tatoo, da Ilha da Fantasia! 
Vou recolher minhas opiniões asininas das mesas, e guardá-las num lugar fresco e seco, pois quem guarda o que não precisa, tem o que precisa. Se alguém precisar de opiniões fora de época, tenho aqui pra vender. No inverno é bom comer opiniões de preferência já descascadas. Pega as opiniões e põe numa panela pra ferver, com sal, depois de uma meia hora, é só servir! Com um vinho, então!
Vou comer alguma coisa depois passo aqui para desejar-lhes uma ótima noite pra vocês, queridos e queridas amigas!

Um colega tinha certo reflexo condicionado, conhecido por todos, quando pesava a barra pro seu lado, sentava, entrelaçava as mãozinhas sobre as pernas cruzadas e iniciava a catilinária em sua defesa: "Veja bem, meu querido, veja bem...", podia saber que vinha enrolação! Aquele era um brilhante enganador, enrolador, muito simpático, ninguém conseguia ficar brabo com ele. Aliás, alguém conhece estelionatário antipático? Claro que não existe. Se for gordinho melhor ainda. Lembram do Bolão do ICM? Pros mais jovens, foi um grande e gordo golpista lá pelos anos 80, quando houve uma campanha do Bolão do ICM e ele, na crista da onda, pegou o apelido. O Bolão do ICM não sei que fim levou, mas com aquela lábia, deve estar rico em alguma ilha de edição. 
Mas esse colega era enrolador, não enganador ou embromador. Enrolador. Enrolar é uma arte, é quando te põe contra el paredón e te deixam falar. Olhaí, pessoal, não é nada disso que parece, vejam bem! Pronto, dali a vinte minutos estão todos pedindo desculpas para o réu que, nesses vinte minutos, virou vítima! 
Já o embromador trabalha com fermento, o bromato, que visa levar a situação até um ponto que ele possa esvair-se ou botar a culpa em alguém, muito comum no ambiente profissional. E aquele pedido de antecipação do décimo terceiro, chefe? Dá um tempo que o gerente não me atende, mas amanhã de manhã vou despachar com ele e resolvemos isso! Mentira, não tem despacho nenhum e teu pedido ele nem lembrava mais. E dê-lhe embromar. O embromador costuma ter em seu encalço uma pequena multidão, normalmente furiosa!
Mas, falando em enrolação e embromação, quero lembrá-los queridos amigos, de que a crônica de uma morte anunciada - roubei-te Gabriel García Márquez - que previ dias atrás, concretizou-se. Preciso exercitar mais meus dons de premonição e começar a ganhar dinheiro com isso. Há quem se revolte com o voto do ministro Celso de Mello, iludidos com a nova onda de seriedade que parecia tomar conta do nosso amado Brasil. 
Odeio dizer a horrenda frase: "Eu avisei!" como se eu estivesse torcendo pra dar no que deu. Que ingenuidade, pequenos gafanhotos, imaginar que o futuro presidente da república seria condenado. Vamos enrolar as bandeiras e voltar pra arrumar a casa que a pia da cozinha tá cheia de louça suja, e ninguém deu comida pro cachorro. E esse jogo perdemos, mas o que vale é o espetáculo, a torcida, a vibração, o xingamento aos juízes, mesmo que termine nessa frustração.
Vamos lá, que tenho o gringo da fruteira pra pagar e o carnê da Renner que alguém mulher me deu e eu não sei qual, e ninguém desses cidadãos em conflito com a lei pagará por mim!
Boa janta, queridos patriotas, brasileiros unidos jamais serão vencidos. Atá mais tarde!

Li, no blog do José Luiz Prévidi, ótimo artigo do Clovis Heberle, comentando sobre a grande salada que se faz, hoje, durante as comemorações farroupilhas. Aposto um Chokomilk e um pacote de caramelos que, numa rápida enquete, alguém responda, corretamente, o que se comemora no dia 20 de setembro. Prepare-se para um show de bom humor e gargalhadas. Vemos as churrascadas, rodas de chimarrão e shows dos tchês e barbaridades fandangueiras, enquanto os idealizadores e mentores de todo o folclore gaúcho, estão esquecidos num galpãozinho, lá no fundo do campo, atrás dum capão de espinilhos. 
Sinceramente, não sei se Paixão Côrtes e Barbosa Lessa são, pelo menos, citados nas escolas. Se não são, deveriam. Temos uma história riquíssima e muito pouco conhecida, no entanto ficamos na superfície, resumindo nossa cultura a churrasco, cancha reta, bombachas e truco. Nós somos muito mais do que isso!
Enfim, já falei sério demais. Vou recolher meus pelegos e soltar as ovelhas pro pasto, e ver se aquele guaraxaim desgraçado não tá batendo nas galinhas, no arvoredo. A jaguarada tava acuando de já hoje, vai ver era tatu. Bueno, de veredinha vou me recolhendo, paisanada! Buenas, tiamanhã!

Olhem só, estava eu a cuidar do meu jardim, aparando os pés das voluptuosas, que brotaram ontem à noite das sementes de volúpia, que estavam guardadas no meu bolso há algum tempo. Ontem à noite já havia rameiras ornamentadas com voluptuosas, o que me deixou muito feliz. Não mais feliz do que receber a visita do Leo Iolovitch, que me trouxe boas energias e um papo maravilhoso sobre o seu livro nas nuvens www.olivronasnuvens.com.br. Uma coisa maravilhosamente diferente, confira.
E deixou uma dúvida sobre a loção de heliotrópio, que está no sublime texto enviado por ele, e que compartilhei com vocês. Pois bem, conferi no Almanaque do Biotônico Fontoura e descobri que heliotrópio é uma flor perfumadíssima, cultivada na Espanha, e presta-se à confecção de perfumes e afins. Aí está o mistério desfeito, queridos facínoras, viram?
Preciso conseguir uma muda de heliotrópio para o meu jardim. Se não, podem ser mudinhas de caleidoscópio ou microscópio, essa ultima posso perder nos bolsos, muito pequena.
Estou me controlando para não fazer piadinha cretina com as mudas, está difícil! Preciso procurar ajuda de um médico palhaçólogo para conter esse ímpeto de falar bobagens. Amigos já indicaram alguns bons profissionais nessa área, médicos que já transformaram em pessoas sérias políticos, dois ministros da fazenda e até alguns renomados jornalistas e presidentes da República. Temo por passar da teoria à ação, o que seria um crime hediondo. 
Ainda não fui para o meu leito, com lençóis de cetim e escravas de Jó, que me aguardam jogando caximbó e aspergindo melífluas em meus borzeguins de pelo de vôngoles almiscarados. Mas com esse frio acho que abrirei mão dos lençóis de cetim e apelarei pro velho edredom com cheiro de baralho velho. Eu disse baralho!
Boas noite a todos e todas vocês! Abracinhos!

"Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver, e a primeira estrela que vier, para enfeitar a noite de meu bem...", Dolores Duran, pra começarmos bem a terça-feira e em homenagem ao aniversariante de ontem. Hoje me certifiquei de que onomatopeia é a forma de expressar, graficamente, beijo (smack), riso (ah! ah! ah!) estouro (bum!). Cheguei a pensar que fosse uma centopeia com soluço, que burrice a minha!
Queridos colegas de trabalho, ontem foi um dia emblemático, alvissareiro e significativo para o nosso país e para nós, eméritos bobalhões: José Renan Vasconcelos Calheiros - mais conhecido sob a alcunha de Renan Calheiros - estava aniversariando, completando 58 anos muito bem vividos às nossas custas, com a Mônica Veloso. 
E, convenhamos, ele pode ser um rufião velhaco e presidente do Congresso - e talvez, hoje, só por isso o seja - mas tem bom gosto! A moça com a qual ele mantém eventuais relações carnais, que nós pagamos, é muito bonita! Saiu até na Playboy! Já que é com nosso dinheiro que ele paga a conta da concubina, e a dita concubina ganhou uma grana coxuda pra sair na revista, ela poderia nos dar parte do cachê, o que acham? Ou doar para uma instituição de caridade, como a Câmara dos Deputados, por exemplo. Mas não repartem nada, puro egoísmo! Eu também, vou deixar de ser egoísta e pensar mais em mim! 
E ele ganhou de presente de aniversário uma pura e profunda demonstração de amor e desapego, quando José Sarney, no melhor estilo de A Volta dos Mortos-Vivos, adentra o Senado para um longo abraço em seu efeito Orloff, com direito a sussurro no ouvido "Eu sou você amanhã!". Criador e criatura.
E há multidões nas ruas em explosivas manifestações, que ele e mais uma meia dúzia de espertalhões controlam, num espetáculo nunca dantes presenciado e aplaudido por tantos coiós nesse país. 
A parte do sussurro no ouvido foi por minha conta, mas o Sarney está vivo e foi ao Congresso, sim, por increça que parível!
Bem, meus amiguinhos e amiguinhas, estou sendo chamado ao almoço. Hoje é boiola embargada em óleo de pústula, uma delícia! O Fernando Albrecht esteve em Brasília trouxe óleo de pústula de lá, que é o mais puro, embora tenhamos muito aqui na nossa região. Bom, mesmo, é infringir um pusilânime em óleo de pústula e servir al dente! Delícia!
Bom almoço a todos e, se a dose da pilula lilás não for paquidérmica, à tarde Voltaren 75g!

Acordei, agora, com as gargalhadas do Fernando Albrecht, Plinio Nunes, José Luiz Prévidi e mais uma galera! Eu convalescendo e eles estourando em gargalhadas, ó impuros, hereges, ímpios, coríntios e palmeiros! Burgueses imperialistas capitalistas ( só os que moram na capital) insensíveis! Viva Plínio Salgado, integralista, adorava biscoito integral, ainda bem que não era um cereal killer! Fora Geisel!
Mas, voltando às gargalhadas, as meninas são mais discretas, riem kkkkk, e dá menos trabalho, aperta só uma tecla, se for gaitada de galpão - do Santiago Neltair - cuá-cuará-cuá-cuá, já serão cinco teclas, é mais trabalhoso. Muita gente é tradicionalista, ri gaudério, rio grande do sul, rio grande do sul, rio grande do sul, rs,rs,rs,rs. Engraçado, não vejo onomatopéia (é isso?) pra choro. Deve ser snif, buá, bué, se correr ranho slurp, slurp, slurp, opa, ficou nojento, isso! 
Eu me sinto que nem o cara que gravou um elepê: no lado A cantava, no lado B pedia desculpas. Eu falei em texto anterior que o telefone automático chegava no final da década de 60. Isso em São Borja, pois em Porto Alegre já havia muito antes, bem na época do Odone Grecco. Desculpem. 
Vou comer alguma coisa leve, pra essa hora da noite, umas bolinhas de isopor e chumaços de algodão embebidos em caldo de estrupício, um delício! É assim mesmo: delício, pra rimar com estrupício! Beijinhos.

Depois que passei, ontem, a receita de lambujas, fiquei com vontade de comer uma lambisgóia ao molho de sirigaita, sabem? E o acento da lambisgóia vai ficar, mesmo que o errorex aqui me diga que o burro sou eu, azar! Lambisgaitas e sirigóias, bombatas e bochas, devagor com o andar que o sarro é de banto, tá, chega dessa asneira, ok? Mas lambisgóia tem, na verdade, assento, não é? Tá, tá, tá, tá, como diria Professales Girafor.
Quedei-me, hoje cedo, a pensar em como nossas instituições estão esfarrapadas - sem duplo sentido - e desacreditadas. Sem nenhum revestimento ideológico, na minha pequenez, coisas em que deveríamos ter absoluta confiança e respeito se autodesmoralizaram, trabalho que vem sendo feito por décadas e décadas e somente agora, por tudo estar tão banalizado, vêm à tona. Ninguém mais liga se pegaram o Zé ou o Juca metendo a mão no nosso bolso, dá aquela primeira gritaria, indignação e, depois da costumeira briga de bugios, cai no esquecimento.
O Congresso, o STF, a Câmara dos Deputados, que deveriam servir de norte para a plebe e totens de ética e probidade, virou num negócio corporativista que ninguém mais sabe o que é intriga ou verdade. Essas Casas deveriam ser entidades sem fins lucrativos, mas não é bem isso que acontece, infelizmente. Me parece motorista de carro emprestado: dá um pau, gasta pneus e esmerilha - como se dizia na minha época - e depois devolve. Só que, ao invés de carro, emprestamos mandato pra esses motoristas. 
Às vezes, quando atendo celular, lembro de quando as ligações eram feitas por telefonistas. Pra quem não sabe, era assim: tu girava a manivela do teu telefone a magneto, de parede, e a telefonista da CRT (não tenho certeza se o nome já era esse) atendia e aí tu pedia pra ligar pro 1717, que seria o número do Omar Motta, digamos. 
Dependendo de quem pedia pra quem a ligação, a telefonista ficava na escuta, pois tinha acesso liberado. Ela era a pessoa mais bem informada da cidade. 
Quando surgiram os telefones automáticos - como se chamou no final dos anos 60 - a febre, coqueluche, bronquite do momento foram os trotes! Claro, ninguém sabia de onde ligavam a não ser se tu dissesse. Aqui em Porto Alegre, o campeão foi o Odone Grecco, que o Carlos Alberto Alves da Silva e Porto Alegre Personagens Lotado podem nos contar coisas sobre essa figura ímpar. Um dos trotes famosos que ele passou e se deu mal, foi com o portuga de uma elegante confeitaria - imaginem década de 50 - que o Odone escolheu o horário dominical em que a confeitaria fervia, logo, o portuga não podia falar impropérios diante de tantos clientes. Ligou e o Manuel atende e ele pergunta: "O senhor tem caralhos cristalizados?" e o Manuel, numa rápida sacada respondeu: "Eu tinha, mas a senhora sua mãe passou aqui e levou todos!".
Bom almoço pra todos!

Se você acha que cachorro não sabe contar, mostre a ele que colocou três biscoitos no bolso e lhe dê apenas dois!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A ouvinte Maria Paulina Arias Tarasiuk Tarasiuk me pede a receita para preparar aleivosias, pretende servi-las em lauto jantar, semana que vem. Aleivosias não são difíceis de encontrar, só precisamos ir ao local apropriado, como conglomerados políticos, algumas associações públicas ou privadas com hidra - as de caixa d'água não são recomendáveis - e outros lugares menos cotados, que não vêm ao caso. E muito cuidado: por serem altamente perecíveis, faz-se necessário mantê-las em ambiente onde haja desídias, que ajudam na sua conservação.
Mas eu ainda prefiro, para a ocasião mencionada pela nossa querida radiouvinte, lambujas ao molho de lambisgóias. Após a nossa página musical detalharemos a receita. Ouçam, agora, na maviosa voz de Nalva Aguiar, Menino dos Zóio Meu!
Voltemos à receita: se você recebeu mais do que precisa de lambuja, guarde o excedente na galhofa arejada da despensa e mãos à obra.
O segredo em servir lambujas suculentas e deliciosas, está na embromação: é preciso paciência, pois para embromar com qualidade é necessário que se leve o prato já temperado a qualquer call-center, que lhe comunicará, horas depois, que o sistema caiu. Aí você estará com tudo embromado, como não manda o figurino.
Para o molho, precisamos de lambisgóias, é claro. Mas onde? Eu, por adorar uma lambisgóia, vou a lupanares credenciados pelo OBAMA, órgão rígido controlador das lambisgóias que a população consome. Há um similar que é a sirigaita, muito comum em boas casas de tolerância, também recomendadas para a gastronomia, acompanhadas de marafonas, mas fazem muita algazarra. Prefiro as lambisgóias.
Precisamos, agora, infringir em petição branda, que você deferirá quando as lambisgóias estiverem ao ponto, isto é, totalmente embargadas. 
Agora é só colocar as lambujas embromadas em um recurso cabível, largando sobre elas o molho de lambisgóias e, bingo! É só servir e correr pro abraço! Viu que facilidade?
Por hoje é só, meus queridos ouvintes, encerramos nosso espaço gastronômico, numa chancela da Casa de Tolerância Tia Corda, onde você encontra as mais frescas sirigaitas e lambisgóias da região!
Boa noite e até amanhã, se Deus quiser. Tiau pra ti.

O Eduardo Martinez falou que sou doido de Atari em árvore! É verdade, meu velho amigo Dadinho, melhor coisa do mundo é estar perto dos malucos, que fogem das convenções e regras. Não seguir regra nenhuma desde que isso te faça feliz, ou seguir apenas as que te satisfazem, sem prejuízo a ninguém. Afinal, aqui se faz, aqui se paga, como diria o Prepúcio - não o Confúcio, atenção - apresentando a conta, que incluía a limpeza do corredor do banheiro, onde vomitei levemente. E, às vezes, paga, beija na boca e ainda rola uma Fanta Uva, com um mal-encarado pastel de frango, que chega a estar barbudo de tão velho, e te observa do balcão da birosca.
Lembrei que devo-lhes a verdadeira história de Ivoneide, a mulher atrás do mito. E o mito corre muito mas ela vai atrás. Posso contar em partes, como diria Jack, montando Lego. 
Num final de tarde, morto de fome, antes de entrar na sala de aulas, em 1977, entrei numa lanchonete na Otávio Rocha, pertinho do meu colégio, o Mauá. Sentado naquele banquinho giratório, vejo surgir do ambiente fumacento um pequeno vulto, que me pergunta: " E pra ti?". Ah, pode ser um prensado com ovo e uma Cyrillinha. "Cyrillinha não tem, pode ser Mountain Dew?". Então, prestei a atenção no vulto que me servia: talvez um metro e sessenta, revoltos cabelos negros represados por uma ltouca transparente, nariz de luluzinha e pele morena. Alguma coisa nela lembrava a Rose Di Primo, talvez o conjunto do rosto, não sei. 
Engoli o prensado, quando a pequena princesa apache veio trazer o troco, perguntei-lhe o nome: "Neide, Ivoneide!". Adormeci pensando naquele rosto, naquelas perninhas curtas e bem feitas, que consegui pescar por sobre o balcão. Engendrei um plano - bolar um plano seria pouco - para o futuro. Comecei a anotar brincos e bijuterias que ela usava, e a roupa debaixo do avental. 
É um trabalho de paciência, mas que dá bons resultados. Numa daquelas horas em que estava devorando o prensado, falei, como se estivesse observando o tempo: Aquele brinco dourado com pedrinhas azuis, que tu estavas ontem, combinaria com essa blusa verde-água! O impacto que esse tipo de observação causa no ser humano mulher é devastador, os senhores não imaginam! Lá pelo quinto lanche - sim, vamos contar o tempo em lanches - convidei-a pra ir ao cinema ver Caminhos Perigosos, do Scorsese. Morava com a mãe e dois irmãos menores, lá pela Assis Brasil. E ela topou!
Sábado a noite, estaremos na fila do Sala 1 - Vogue, pra ver o DeNiro do Scorsese, uau! Já havia estabelecido uma cumplicidade entre nós, tanto que ela me confessara que adorava Frnak Sinatra, principalmente aquela música Lassie Me Traz Alguém. Depois entendi que era Let Me Try Again!
Vou parar pois chegou o pelotão de choque da clínica pra me dar remédios e ração! E lanche! De novo lambujas cristalizadas, assim não pode, assim não dá!
Volto depois do repasto! 

Esqueci de avisar, ao fazer o comercialzinho do meu blog, que quem visitá-lo, será recepcionado por belas meninas de colant lilás, distribuindo pílulas fake da mesma cor, coquetel de cânulas javanesas, wi-fi de margueritas e selibim al dente. Elas entregarão, também, senhas virtuais que permitirão ao portador concorrer a um Atari novinho em folha, com dez cartuchos, entre eles River Raid, Montezuma, Pitfall e Pac-Man. É mole ou quer mais?
Não lembro quando, mas estava na ponte aérea Porto Alegre-Itaqui e, na conexão Amaral Ferrador-Mato Castelhano, encontrei o Claudinho Pereira e tentei convencê-lo de um projeto meu, alicerçado na inclusão social, que é o Praneta Lami. O Praneta Lami é um Planeta Atlântida para as classes bolsa e vale - bolsa-família, bolsa-carro, vale-gás, vale-cultura, enfim - seriam três dias de shows ininterruptos na praia do Lami, apoiado pela prefeitura, que liberará passe livre nesses dias, garantindo o direito de ir e vir do cidadão. Serão doze bandas, entre elas Ratos Ranhentos, Lesmas Lésbicas e Jacaré Não Entrou No Céu. 
O DMLU disponibilizará quinze caminhões para a coleta de lixo orgânico - incluindo borrachos eventuais - e reciclável. A Brigada promete não interferir com truculência, salvo briga de arma branca ou tentativa de ocultação de algum cadáver.
Pois bem, o Claudinho ficou de analisar a proposta para viabilizarmos o portentoso evento, nos aguardem. Novidades serão avisados.
Agora vou dormir pois ainda cultivo esse hábito milenar. Boa noite a todos. 

Eu devo estar mais doido, mas te juro que ouvi o Neto Fagundes fazendo um comercial de xampú anticaspa de nome complicado, de já hoje! Será? Absolutamente natural e politicamente correto - o Neto Fagundes, não o xampú - mas lembrei daquele comercial do Café Solúvel Dínamo, que o Paixão Côrtes fez, lá pelos anos 70 e quase foi corrido do Rio Grande; o Fernando Albrecht é quem sabe detalhes. O Paixão dizia: "Chega de café de chaleira! Café Solúvel Dínamo, o café do gaúcho!", era mais ou menos isso. 
Acho que o comercial ficaria mais autêntico com o Neto, no galpão - não o crioulo - secando o cabelo, na beira do fogo de chão e um guaipeca lobuno por ali, retoçando. Então ele aproxima o xampú da câmera e diz: "Chega de sabão de corunilha, use xampú Golden Flower, o xampú da gauderiada!". Viu como ficou mais dentro do espírito farroupilha? Se não foi ele quem pensei ter ouvido, fica a idéia!
Sempre esqueço de fazer propaganda do meu blog, tão carinhosamente construído pelos meus padrinhos Clara Frantz e Gilnei Lima. Conto as minhas aventuras em viagens pela Borda de Catupirí, longínquas terras de Oyo Doku's e adjacências e o diário da clínica geriátrica, tipo Um Estranho no Ninho macanudo, sacaram?
Até já!

" Prepara que agora é hora
Do show das poderosas
Que descem e rebolam
Afrontam as fogosas
Expulsas as invejosas..."

Bom, isso aí em cima, que parece uma sessão de desencapetamento, e sua intérprete, Anitta, são a coqueluche - coqueluche é tosse de criança, pra quem não sabia - do momento. Foi até trilha sonora, quando a presidenta imprudenta embarcou no Rolls-Royce que a levaria até o palanque oficial, seguida por um grito de "Gostosa!", de uma voz feminina. Leia o livro, veja o vídeo. Percebe-se que a letra tem a profundidade de um pires, melhor para ser ávidamente consumida pela galerinha sedenta de conhecimento e cultura. Mas, quanto ao grito de elogio para a presidenta carenta, tem um ditado que diz: "Quem ama o feio bonito lhe parece!", ou é míope ou é amor mesmo. Não estou dizendo que a presidenta é bagulhenta, nada disso!
Um dia falei, aqui, que o maior exemplo de amor que conheço é o caso da Condessa da Cornualha, Camila Parker-Bowles e o príncipe Charles. Affair e, logo em seguida, segunda esposa do Charles. A Condessa da Cornualha lembra em muito o próprio título nobiliárquico: pomposo e feio! É a cara do Alemão Schneider, da serralheria ali da esquina. E a Lady Di era uma menina bonita, não chegava a ser uma deusa, mas era encarável, digamos assim. Já a Camila não dá pra encarar nem por vingança! Eu diria que o Charles é macho, pois acordar todas as manhãs com o Alemão Schneider ao lado é só para os fortes!
Isso é amor! Ou tu vais me dizer que ela está com ele por dinheiro, ou vice-versa, se ambos são asquerosos de tão ricos? Ele, na condição que tem, poderia escolher quem quisesse, mas não, escolheu aquele zagueirão intimidador. O amor é assim, não escolhe cara, vai pelo coração, que muitas vezes teimamos em contrariar e ficamos com a mais gostosinha e, quase sempre, a mais complicadinha; que pode, inclusive te dar um título nobiliárquico: Conde da Cornualha!
Gostei da suntuosidade da palavra nobiliárquico! Vou usá-la mais vezes, me aguardem!
Boa janta, meus caríssimos e baratíssimos amigos e amigas. Agora tem churrascada do brócolis com couve-flor e lambujas à dorê, depois torta de aleivosias coberta de desidia, sobremesa muito comum em tribunais e aglomerados de políticos.
Beijo carinhoso no esôfago de vocês!

Quando estava em Caxias, eu costumava dirigir, escutando em volume acima do normal, Nazareth, Deep Purple, Uriah Heep e outras coisa eternas, de vez em quando um Noel Guarany ou um Serranos, mas gostava mesmo de escutar o Hino Farroupilha! Um dia um cara, parado na sinaleira ao meu lado me gritou: "Me deste uma boa idéia! Não tinha me dado conta de como é bonito nosso hino, vou botar no meu sei-lá-o-quê Três!". Talvez que MP3. Acho que só aqui alguém escuta o hino da sua querência, no carro! Ou só aqui tem um demente que nem eu!
Mas, em primeiro lugar, está meio tarde pra bom dia, mas booom dia! Levantei tarde, como diria a Carol Borne, parece que minha cama tem ventosas, mas mesmo assim, levantei e fui ao jardim! Aparei as begônias e os gladíolos lilases que desabrocham - que perigo! - e afloram com primaveril encanto. As gardênias recusam-se a aflorar enquanto os cravos não pararem de se cravar nelas, de forma muito deselegante. Passei um pito neles e se acalmaram, que coisa, os cravos não podem ver uma gardênia que já querem cravar! Cravo é tudo igual, só muda o endereço. Ainda no jardim, percebo um pé de escroto nascendo entre as petúnias e trato de arrancá-lo. É só tu descuidar e já aparecem essas pragas. Escrotos estão em toda a parte, e isso que já botei escroticida no jardim e de nada adiantou, paciência!
Mas me diga uma coisa, agora falando sério, bem sério, ok? Quem já não ouviu, como filho ou marido, a seguinte frase: "Em casa a gente conversa, tá?". Eu, pelo menos, se ganhasse um euro por frase ouvida, seria bilionário que nem o Carlinhos Cachoeira, só que com grana lícita.
Normalmente essa frase é dita entredentes por uma furiosa mãe ou namorada ou companheira, numa festa. Fiquemos com as esposas, ou namoradas, como queiram. Aquela frase é o prenúncio de uma tempestade que se avizinha, e o sexto uísque impede de ver o que te aguarda em casa, apesar dos olhares fulminantes da dona da frase. Quando entram no táxi é que a ficha cai. E agora, o que foi que eu fiz? Sim, porque a gente nunca sabe o que fez, mas se perguntar pra ela ouvirá outra célebre frase: "Se tu não sabe não sou eu quem vai te contar!", aí piora o que já estava ruim, melhor calar o boca! Até porque o bafo de uísque não recomenda, e tu pode ouvir a terceira frase conhecidíssima: "Não tem limites pra beber?", aí tu vira o homem sem limites, que nem o do Fantástico, aquele que doma sogras e coelhos xucros.
Mas pra lhes encurtar o relato, normalmente, foi uma olhada para alguma retaguarda que tu não lembra ou um palavrão que escapuliu na frente da esposa do presidente do Lyons, ou qualquer outra bobagem que tu não lembra mas vai ouvir de qualquer jeito! E Assim Caminha a Humanidade, com Rock Hudson, Elizabeth Taylor e James Dean.
Com licença, senhores ouvintes, vou almoçar, mas antes vou comer umas lambujas frescas com aleivosias, que a Neca, minha prima de Pitibiriba, mandou. Uma delícia as lambujas com aleivosias brustoladas. Beijo pra Neca de Pitibiriba e bom almoço pra vocês!

Sou colorado, portanto, posso zoar com meu time, azar de vocês! Daqui a pouco vamos escutar: "E o Inter empaaaata! De viraaaada!".
Recebi, hoje, a visita da Clara Frantz, linda alemoa, minha colega de Zero Hora na década de 80, que nem a Virginia Pascual Andrade e a Sandra Mello Thebich. E eu fiquei meio enraivecido com a Dona Luzia, uma nova paciente da clínica, que perguntou se ela era minha filha, dá pra acreditar? Mas A Frantz está ótima, merece ser elogiada, amigos! Trouxe-me um monte de coisas zero calorias e, adivinhem: um almanaque do Mandrake de 1935, No País dos Faquires e No País dos Pequeninos, Lee Falk & Phil Davis, fac-similado em 1980, com capa dura e colorizado. Grato, Maria Clara e Liana!
Acho que foi o Henrique Arnholdt, que comentou dia desses sobre a nave que vai para Marte, numa viagem sem volta, que seria uma coisa tipo BBB, A Fazenda e outras coisas parecidas. Concordo com ele, acho que o espírito será o mesmo: um amontoado de pessoas nada a ver entre si, enfiadas numa nave que vai pra outro planeta. Eu me inscrevi e já vendi os direitos pra me monitorarem até Marte, que mimo! Será que tem martianos em Marte? Ou seriam marcianos? Marcianos se fossem do planeta Marcio, não é?
Que emoção! Tudo novidade, sem IPTU, nem precisaremos votar pois os comandantes já saem escolhidos, o grupo capitalista fica da metade pra trás da nave, e a turma socialista fica na frente, depois do poster do Leonid Brejnev. A tripulação, composta 30% de cotas raciais, 20% homoafetivos, 20% geriafetivos - cuidarão da germinação dos feijõezinhos no algodão molhado - e 30% pessoal do MST, já que ninguém do bolsa-família encarou.
Só falta a nave aterrissar e aparecerem uns homúnculos - cruza de homem e furúnculo, conheço alguns - com pistolas de raios que nos parta ao meio, e acabem com a alegria geral daquela alegre turminha. Aí tem que chegar lá e montar acampamento, primeiro a cozinha, claro, depois os banheiros, senão os cocôs ficam boiando no ar, que coisa! Chegou a enfermeira baixa combustão, me trazendo milagrosas Pílulas de Lussen e outros comprimidinhos coloridinhos! Volto depois!
Ah, baixa combustão porque a moça é baixinha com busto grande, muito grande!

"Hoje é treze sexta-feira prenda minha
É dia de louvação
Me fugiram os amigos mais antigos
Me deste consolação
Já passaram muitas luas, prenda minha
Muitas luas já passei
Fiz promessas pro negrinho, coitadinho
Por isso que te encontrei...".
Prenda Minha, Telmo de Lima Freitas.

Atenção, pessoal, só um minutinho, por favor, gente! Ô galera aí atrás, com respeito aí, tá legal? Valeu, obrigado. É só um lembrete: hoje é sexta-feira treze, dia da...da? Dia da Mocréia! O senhor careca ali da fila da direita leva o rádio-gravador Admiral, com duas fitas TDK virgens e um elepê do Antonio Carlos & Jocafi! Acertooouuu! Hoje é o Dia da Mocreia! Previnam-se, jovens casadoiros e velhotes safadoiros, ao cair da tarde elas estarão se preparando para decolar do porta-aviões, ou melhor, porta- vassouras e invadir seu final de semana.
Como falei anteriormente, elas costumam atacar mais na madrugada, quando tu já passou do décimo uísque e a penumbra do recinto funciona como elemento hipnótico, mais a tua bebedeira, a mocreia fica uma deusa afroditina ou afrodisíaca ou afrodescendente ou, finalmente, afrontosa. A frase clássica do outro dia pela manhã é: "Meu Deus, o que foi que eu fiz? Onde estava com a cabeça?". Claro que tu sabe por onde andou essa cabecinha cheia de maionese - pra não dizer coisa pior - nas últimas sete horas, tanto que a mocreia ressona ao lado, após o bote fatal, que tu nem sabe se houve.
As mocreias tem uma característica, por serem uma espécie carente, pela manhã adoram beijinhos e juras de amor; mas nem pensar beijar aquele cinzeiro de unhas vermelhas e perfume da Coty! Feche os olhos e imagine jogando ela e todos os seus pertences no corredor, aí volta a dormir, curtindo aquela ressaquinha. Seria fácil demais, ela vai querer ficar pra almoçar contigo e fazer alguma coisa pra comerem, os dois pombinhos. Ainda bem que na geladeira só tem um meia garrafa d'água e um meio saquinho de patê, podre, da época dos quakers, sacerdotes-patos.
Fica a recomendação do Motta, divirtam-se, mas escolham bem! Saiam de casa com dentes de alho no bolso - se possível as gengivas também - e um crucifixo de prata benzido pelo Frei Damião, aquele vinho que nem pra sagu serve!
Bom almoço, alvelho, algazarra pra todos vocês!

"No infringir dos ovos, embargamos, de novo, numa canoa furada!"
Kardume Trazendowski, Procurador de Encrencas, ao engolir dois batráquios barbudos.

De novo, venho me penitenciar por um erro de digitação que cometi quando escrevi que dia 11 de setembro de 1936 foi proclamada a República Rio-Grandense. Foi, na verdade, 11 de setembro de 1836, pelo General Antonio de Sousa Neto, após a vitória da Batalha do Seival. No próximo erro, atearei fogo às vestes, mas aviso antes!
Cheguei há pouco de Julgado, cidadezinha perto de Pitibiriba, onde estive almoçando com alguns amigos. Pensei em dar um pulinho em Pitibiriba, visitar minha prima Neca, mas ficaria muito tarde, outro dia, quem sabe.
Demoramos mais do que o esperado, tramitando até o restaurante Velho Rábula, no centro. Nesse horário o trânsito em Julgado é horrível! Rolou uma boa conversa enquanto pedíamos o prato do momento: embargo infringente, uma delícia! Enquanto garçons togados serviam drinques e precedentes normativos de tira-gosto, um meirinho tocava suaves melodias num acórdão. Somente aqui, no Velho Rábula, servem um embargo infringente com a categoria que esse prato exige; o segredo está no tempo do embargo, tem que estar no ponto ao servi-lo. E vai depender muito do procedimento sumaríssimo do curador, ao desembargar do forno.
Quase três horas depois, tomando um licorzinho de súmulas vinculantes, achamos jurisprudente voltarmos pra casa pra esperar o show que haverá segunda-feira. Após pagarmos, deixando um belo honorário aos togados, retornamos, sem nenhuma medida coercitiva, ao aconchego de nossos lares.
Segunda será o dia de acompanharmos, ansiosos, pelo desfecho da análise das clausulas pétreas, que fazemos de conta que não sabemos, mas sabemos, sim. Enfim, o que vale é o show, a torcida, e a vibrante narração do Galvão Bueno. Brasil-il-il-il!
Tiamanhã, gurizada! Durmam bem! No mais vamos lewandowski, devagarowski...

Então, o UFHC tomou posse na Academia Brasileira de Letras, amigos. Disse, simpático, que o fraldão é meio incômodo mas terminará acostumando. Fernando Henrique foi o parteiro do Real, e o pai foi o cara do topete, Itamar Franco. O Sarney já tinha tentado mudar a moeda para Cruzado, em 85, aquela onda de "sou fiscal do Sarney, teje preso!", lembram? Muito jornalista de hoje nem era nascido. Vivemos um milagre-relâmpago, patrocinado pelo Dilson Funaro, ministro da fazenda, e pelo eterno Sarney, que Deus o tenha numa guampa de mijo.
O que se prendeu de gente não foi mole! Era dono de supermercado, balconista de birosca, cafetina e até pipoqueiro, juro pra vocês. Foi um barulhão medonho, e o comentário geral era: "Quem diria! O Sarney está se saindo melhor do que a encomenda! Agora a coisa vai!". Mas passou o tempo e o pessoal tinha que cuidar da vida, e a coisa não foi.
Aí veio o Collor, com sua empáfia de caçador de marajás, e até tinha uma proposta boa, mas foi defenestrado pela maior manifestação popular pacífica que esse país já viu: os caras-pintadas. Foi corrido do trono com seus comparsas malignos, que perto desse pessoal que rouba, agora, eram aluninhos do maternal. E aqui estamos, realizados com o real e pagando impostos feito gente grande. Resumindo a ópera, veio o operário e, dele, herdamos a delicada presidenta, que é genta que nem a genta a dementa.
O Paulo Pruss postou que 500 mil camisinhas serão distribuídas no Acampamento Farroupilha. Imaginem só: 500 mil camisinhas! e 250 mil sachês de lubrificante automotivo genital, para melhor desempenho do seu pistão e cilindros, é mole? Sem duplo sentido, por favor!
Tem que avisar a indiada que aquilo não é chiclé de mastigar e nem o lubrificante é pra temperar o carreteiro. São para coisas muito mais nobres. Minha mente sempre funcionando pro mal, para a safadeza, fica imaginando o xirú, borracho, abrindo uma camisinha e, depois, com as mãos engorduradas, tentando abrir o sachê de vaselina! Duvido! Aquela porcaria nem sóbrio e com as mãos secas tu consegue abrir, quem dirá todo lambuzado daquela goma-arábica! Mas a latinha de pomada japonesa é bem pior, viu? Eu tive um problema de coluna, tempos atrás, e a menina da ginástica laboral falou que pomada japonesa era o canal. Mas é uma latinha do tamanho de uma aspirina que, pra abrir, tem que chamar os bombeiros, o que não foi necessário. Dizem que a pomada japonesa é usada para outros fins, os quais desconheço.
Até já, caríssimos paroquianos!

Devo-lhes desculpas, meus caros amigos, já explico: me dei conta, ontem, a partir de um texto do Mauricio Alves, que tenho escrito repetidas vezes as palavras mocreia e ideia com acento agudo e, embora o tal de errorex dessa máquina me diga que estou errado, esnobo e me recuso a ser corrigido por uma caixa de chips e parafusos. E a caixa de chips e parafusos tinha razão. Me perdoem, tá?
Hoje acordei com saudades de você, sentei naquele banco da pracinha só porque...peraí, isso é o Ronnie Von! Recomecemos: hoje eu acordei ao som de sirenes e muito movimento, passos apressados e algumas vozes alteradas. A técnica de enfermagem me contou o que estava acontecendo em pormenores. A Dona Vilma e Seu Hermínio, com aparelhos de surdez, montaram uma escuta na sala da administração e, com a ajuda dos pacientes do andar de cima, tomaram o refeitório e a área de convivência. Armados com fraldas geriátricas usadas, fizeram a plantonista de refém, no banheiro, pelo lado de fora. 
Exigem a presença do governador Ildo Meneghetti para as negociações. Não se sabe, ainda, quais as exigências pois a lista perdeu-se e a Dona Servita foi procurar, espera-se que ela não se perca. Pra quem ligou agora o rádio, está havendo uma rebelião na clínica geriátrica onde estou internado. Não houve violência, mas alguns pacientes rebelados já estão impacientes, quase hora do almoço, e eu arriscando minha pele aqui no front, cobrindo mais essa insurreição. A comissão de direitos humanos já se fez presente, embora passado algum tempo sem futuro. 
A situação fica mais tensa quando Seu Libório joga um papagaio cheio, no meio dos enfermeiros e da multidão que está na rua, curiosa pelo desfecho. O helicóptero da polícia paira sobre o prédio e uma voz no megafone pede a rendição dos meliantes. É atingido por supositórios explosivos lançados em cubas-rim, que obrigam a nave a se retirar.
A rendição se dá logo após a primeira chamada para o almoço, sem termos aditivos ou quaisquer outras exigências. Não esqueçam que agora começa a temporada das mocreias, com esse calor elas saem, principalmente à noite pra te pegar meio ébrio na bebida busco esquecer, aquela ingrata...
Chega, vou almoçar, que terminou a rebelião e a fome é grande! Até mais tarde, meus amidos e amidas. Um beijo carinhoso no baço de todos vocês!

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Nessa tragicomédia do STF e mensaleiros, lembrei do velho Millôr, que dizia que nosso país é cheio de oxímoros, que são falsos paradoxos, "em meio à clara escuridão" ou "o silêncio era ensurdecedor", por exemplo. E ele citava como oxímoro mais primoroso a Comissão de Ética do Senado!