segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O Eduardo Martinez falou que sou doido de Atari em árvore! É verdade, meu velho amigo Dadinho, melhor coisa do mundo é estar perto dos malucos, que fogem das convenções e regras. Não seguir regra nenhuma desde que isso te faça feliz, ou seguir apenas as que te satisfazem, sem prejuízo a ninguém. Afinal, aqui se faz, aqui se paga, como diria o Prepúcio - não o Confúcio, atenção - apresentando a conta, que incluía a limpeza do corredor do banheiro, onde vomitei levemente. E, às vezes, paga, beija na boca e ainda rola uma Fanta Uva, com um mal-encarado pastel de frango, que chega a estar barbudo de tão velho, e te observa do balcão da birosca.
Lembrei que devo-lhes a verdadeira história de Ivoneide, a mulher atrás do mito. E o mito corre muito mas ela vai atrás. Posso contar em partes, como diria Jack, montando Lego. 
Num final de tarde, morto de fome, antes de entrar na sala de aulas, em 1977, entrei numa lanchonete na Otávio Rocha, pertinho do meu colégio, o Mauá. Sentado naquele banquinho giratório, vejo surgir do ambiente fumacento um pequeno vulto, que me pergunta: " E pra ti?". Ah, pode ser um prensado com ovo e uma Cyrillinha. "Cyrillinha não tem, pode ser Mountain Dew?". Então, prestei a atenção no vulto que me servia: talvez um metro e sessenta, revoltos cabelos negros represados por uma ltouca transparente, nariz de luluzinha e pele morena. Alguma coisa nela lembrava a Rose Di Primo, talvez o conjunto do rosto, não sei. 
Engoli o prensado, quando a pequena princesa apache veio trazer o troco, perguntei-lhe o nome: "Neide, Ivoneide!". Adormeci pensando naquele rosto, naquelas perninhas curtas e bem feitas, que consegui pescar por sobre o balcão. Engendrei um plano - bolar um plano seria pouco - para o futuro. Comecei a anotar brincos e bijuterias que ela usava, e a roupa debaixo do avental. 
É um trabalho de paciência, mas que dá bons resultados. Numa daquelas horas em que estava devorando o prensado, falei, como se estivesse observando o tempo: Aquele brinco dourado com pedrinhas azuis, que tu estavas ontem, combinaria com essa blusa verde-água! O impacto que esse tipo de observação causa no ser humano mulher é devastador, os senhores não imaginam! Lá pelo quinto lanche - sim, vamos contar o tempo em lanches - convidei-a pra ir ao cinema ver Caminhos Perigosos, do Scorsese. Morava com a mãe e dois irmãos menores, lá pela Assis Brasil. E ela topou!
Sábado a noite, estaremos na fila do Sala 1 - Vogue, pra ver o DeNiro do Scorsese, uau! Já havia estabelecido uma cumplicidade entre nós, tanto que ela me confessara que adorava Frnak Sinatra, principalmente aquela música Lassie Me Traz Alguém. Depois entendi que era Let Me Try Again!
Vou parar pois chegou o pelotão de choque da clínica pra me dar remédios e ração! E lanche! De novo lambujas cristalizadas, assim não pode, assim não dá!
Volto depois do repasto! 

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