sexta-feira, 29 de novembro de 2013

BOM DIA 
Minha vida nunca mais será a mesma! Preciso consultar um psicopata, meu Deus! O Menino Dourado era Menina Dourada! Brincaram com meus sentimentos, fizeram muqueca dos meus sonhos e infringiram meus embargos delinquentes!
Quando eu sair pra buscar víveres passarei no médico para ver o que é essa dor nuclear - na nuca - que me incomoda desde que Júpiter entrou em conjunção carnal com Afrodite, a diarista do vizinho.
Deu pra ver que acordei com meu grau de demência um pouco alterado devido às tramitações na câmara de suplícios da Marta, mas relaxa e goza da cara dos mequetrefes, já que a moda agora é pó no ventilador, aliás, helicóptero. Antigamente se dizia que botar coliformes fecais no ventilador - viram como sou politicamente correto? - era fazer uma fofoca daquelas bem cabeludas, tipo botar fogo no palhaço pra provocar a alegria do circo, sabem?
Mas a invasão da insanidade aos porões da minha razão se deve, hoje, ao fato de ser 29 de novembro, dia em que o Coronel Demêncio Ventana atravessou, vitorioso, com suas tropas, o Rio Takeuspa, na heróica batalha de Los Cagones, quando três peleavam e dez fugiam.
Herói da revolução bulhufense, Coronel Demêncio atravessou para a Província de Patavina, com suas tropas de gado, lá o peso do boi vivo estava o dobro do que em Bulhufas. Tio Demêncio é descendente direto do Coronel, que já está comendo capim pela raiz há séculos. 
Tio Demêncio cultua a tradição de seus ancestrais - os maiores e mais distintos abigeatários do nordeste do planeta - golpeando um trago de canha, oitavado no balcão do bolicho do finado Sarnoso, ali perto dos trilhos, flor de borracho.
Vou dar uma passadinha no meu jardim, espiar as pecúnias que plantei ao lado das minúcias; com este sol vão brotar em lindas bolotinhas púrpuras, um amor! Preciso arrancar os escrotos que já nasceram ao lado delas. Mas eles não sabem o que os espera: comprei escroticida, ontem, e vou pulverizar com uma máquina de Flit, me aguardem!
Até já.
SUKITA
Me perdoem, às vezes tenho uma recaída e meu lado escatológico vem à tona com força total. Todas as coisas que conto e as pessoas que cito nos causos e croniquetas, são fruto de vivência, da minha passagem em alguns níveis da vida que nem sempre são os melhores. 
Tento não ser hipócrita, fazer de conta que não fiz ou fingir que não estive mergulhado em alguns lamaçais sinistros onde, realmente, já estive. De alguns caldeirões infernais consegui pular ileso, de outros, nem tanto. Todas essas passagens foram assimiladas, digeridas e transformadas em alicerce para a minha personalidade, pro caráter, que não é nenhuma maravilha do mundo antigo, mas é o que toda essa jornada por mundos e submundos me deu, fazer o quê, né?
Poderia ter transformado as minhas lembranças e experiências em totens de autopiedade e dourados lamentos, pranteadas ao sabor de uma cítara celestial, mas aprendi a rir da minha própria desdita, das minhas mazelas, o que me pareceu mais divertido do que ficar enchendo o saco do mundo com a minha insignificância.
Meu filho, o Lobo, me conhece como eu realmente sou, e sabe de todas as barbaridades que cometi contra mim e contra quem me cercava, em tempos insanos, levado pela irresistível maré da sacanagem. E assim procuro ser com todos que me rodeiam: transparente, franco, coisa que, às vezes, pode parecer deboche. E muitas vezes, é.
Quando acordei de um coma de quatro dias, em outubro de 2012, no CTI do Clínicas, com Ana Maria Madeira e Maria Cristina Fripp Beck ao meu lado - contando que eu escapara do desembarque eterno por um descuido do motorneiro - pensei que isso fosse me transformar em um monge ou num pregador, arrependido de tantos negros pecados, peregrinaria mundo afora resgatando almas quase perdidas como a minha.
Não, nada disso. Aconteceu uma coisa mais grandiosa, no meu entender - no meu entender, por favor, não se ofendam - que foi a introspecção. Me descobri meu melhor amigo e, nisso, deu-se um processo de desconstrução e reconstrução de mim, de algumas verdades e outras permanentes mentiras. Foi só isso, apenas isso, mas está sendo ótimo esse reaprendizado. 
Por isso pedi-lhes desculpas lá no início, pela minha irreverência excessiva e aquele sarcasmo eventual que, sem eles, não consigo viver, sacaram? Não consigo levar a sério ideologias - sejam quais forem - muito menos energúmenos que te odeiam se gostares de Led Zeppelin, por exemplo. Ou Deep Purple.
Já imaginaram se Sócrates fosse fazer seu último pedido e se saísse com essa: "Uma Sukita bem gelada, por favor? Sikuta é pros fracos, yeah!".
Depois venho aí contar a minha dura vida de hipertenso, cleptomaníaco, maníaco depressivo e, nas horas vagas, psicopata, é uma choradeira só, verão. Bye.
Vamos começando o dia às dez horas da manhã com muito Genoíno, hotel, Zé Dirceu, Dilma e Florianópolis. Ah, e devem pipocar mais algumas fraudes e roubos, coisas de sempre que ninguém liga mais. Em Bulhufas essas coisas só dão Ibope por um tempo, mas quando se trata de assunto sério como a separação do Naldo Sincronizaldo da Pitanguinha e o novo assédio do Nelson Ned no papagaio da Ana Maria Cracatua Braga. 
Deixo-lhes cartaz de famoso e inesquecível filme que fazia as cocotas dos anos 80 se mictarem perna abaixo. Cocotas eram as mina daquela época! E vocês sabem que as mina pira!

Adelante, vamos conspurcar os mirantes dos faraós embalsamados! Austregésilo de Athayde que se cuide! Paulo Motta vive! E rouba que nem os capitalistas que nem nós! Olhem os nós, olhem os nós! Marcus Valério vai trabalhar na biblioteca da cadeia da Linguaruda, em dois meses estará reabilitado e pronto para ser reintegrado à sociedade, será submetido à leitura do Deus Negro, do Neimar de Barros, 24h até fevereiro, quando receberá a chave da sua tornozeleira e estará entre nós, com nós!
Absalão, Absalão, aleluia, eles voltarão! Todos nós voltaremos. Não sei em quem voltar, a confusão entre os bons ladrões está crespa, mas aquele que nos orienta voltará para nós! Está repousando em berço de infringentes, sem embargos, com sua guarda pessoal, os temidos escrutínios, ó céus! A chefe das lambisgóias, que protegem e cuidam do repouso do Inigualável, Rosemary Noronha, traz consigo pétalas de lascívias e libidinosas para jogar pela cabeça do Inominável, Aquele Que Não Devo Pronunciar O Nome. Agora, falando sério, que besteira!
ABS
Muitos abs pra vocês, meus queridos amigos e amigas, muitos! Agora que descobri que abs, ao final de um texto, são abraços enviados abreviados pelo remetente da cartinha, proporcionarei farta distribuição deles, ótimo! E eu achando que seriam freios abs, como sou estúpido, gente!
Mas é a nossa preguiça mental virtual de cada dia. Beijo virou bj; também agora é tbm, e por aí vai. E eu me incluo dentre - amanhã vou ao dentrista - esses preguiçosos. É a má vontade de pressionar mais uma ou duas teclas, que nos tomarão um tempo bárbaro. Imaginem se tivéssemos que escrever aqui, nesse momento, em uma máquina de escrever ou com caneta Bic em alfarrábios não tão distantes de nós, hein? Que merdança seria! E o meu teclado fica gago, às vezes. Eu aperto uma letra e não sai. Ou verborrágico, taquilálico: eu rio rararara e saltam érres demais: rraarrararrarrrrr, um desastre!
Esses dias uma amiga me falou que estava na mesma vibe que eu. Opa, o que será vibe? Ela me explicou que é estar na mesma sintonia, vibração e tal. Ah, mas é perguntando que se aprende, eu acho.
Essa cara-de-pau que nem todos tem, de perguntar o que não sabem, é uma espécie de virtude que me acompanha desde a mais tenra idade. Tenra idade, gostei. Parece que, nesse período, estaríamos prontos para sermos consumidos al dente.
Voltando à cara-de-pau, mesmo na escola, sempre perguntava o que não entendia e me lixava pros bandalhos. Quase sempre, todos queriam fazer a mesma pergunta e tinham vergonha! Nunca tive vergonha de aprender. Não sabe? Pergunte, rapaiz!
Lembro de uma reunião com os caras do RH, lá no Pioneiro, que iriam falar sobre o ponto biométrico. O ponto eletrônico deixaria de existir e chegava o tal ponto biométrico, que eu imaginava medir o incauto em vida.
Claro que não era nada disso. Mas eu esperei até a metade da reunião e, já que ninguém explicava o que era, eu perguntei, sem medo de ser espinafrado pela ignorância. Aprendi, naquele instante, que é bater o ponto só colocando teu dedo no aparelho e pronto, viram? Agora vamos votar biometricamente, também. Mas já inventaram o dedo de silicone, ô Bulhufas velha de guerra! Mal inventaram o negócio, já veio a trampa junto.
Mas sempre fui um burro corajoso, nunca me calei por medo do constrangimento, o que me ajudou demais nessa minha escassez de intelecto. Em aulas ou reuniões, não perdia meu tempo em devaneios, elaborando perguntas difíceis pra fazer e impressionar os colegas. Prestava a atenção no que o estava sendo dito que eu ganhava mais, de fato.
Acho que sempre fui um beócio humilde. Pior coisa do mundo é o bronco arrogante. Esse não sabe, não quer aprender e pensa que é o dono da verdade; impossível conversar com ele sem pensar em assassinato. E onde esconder o corpo.
Gente, um abraço pra vocês de todo o meu coração. À tarde, depois da fisiotorturapia volto entupido de boas novas! Abs e bjs, sem deboches, por favor!
IPVA
Descobri quanto um abonado em São Paulo vai pagar de IPVA de sua Ferrari: R$ 101.000,00! Não é a minha ex-cadeira de rodas vermelho-Ferrari, é a caliente, mesmo!
Nem o Zé Dirceu com o novo emprego consegue pagar uma baba dessas, acho que não! Esse cara não deve fazer aquelas contas que nós, pobres chinelões, fazemos, do tipo quanto faz por litro ou fica chorando por horas quando descobre um arranhão na lataria. Aliás, nem é lataria: é ourivesaria! Deve ter uma bomba de gasolina em casa pra não ter que pagar o mico de ouvir do frentista: "Vai pagar em quantas vezes?".
Dinheiro é para os fracos, a onda agora é Ferrari, Lamborghini e Tobata!
No salão, as mulheres com a cabeça enfiada num secador, parecendo astronautas da Bolívia, fofoqueiam: "Meu marido tem duas Ferrari. Uma pra viajar até o Mar Morto e outra pra Baía Caliente, em Cubanakan, ao norte de Bulhufas!".
E o Zé Dirceu saindo da fila do SINE (Sistema Nacional de Empregos) abraçado num singelo porém honesto emprego em um hotel, com um humilde salário de vinte mil reais. A única exigência feita pelo empregador é a de que ele, quando terminar o expediente, saia batendo palmas e assoviando, sinceramente não entendi, mas peão deve ser tratado como peão, senão tomam conta. Esse assunto vai ser a encheção de saco dos próximos quinze ou vinte dias.
O Saint Peter, hotel que o contratou, não poderia ter um garoto-propaganda melhor, um achado! Longe da gritaria das direitas e esquerdas volver, os patrões do Tony Ramos da hotelaria devem estar esfregando, raposamente, as patinhas dianteiras considerando os resultados imediatos de sua grande sacada.
Meus cumprimentos a eles que, por sinal, prestam um ótimo serviço em seus hotéis. 
Lembrei do Johnny Weissmuller, o Tarzan dos anos 40, que terminou sua carreira como atração turística em um hotel. 
Imaginem o menino puxar a mão do pai na beira da piscina e gritar: "Pai, pai, olha lá o Zé Dirceu erguendo o punho fechado no trampolim da piscina! O que é aquilo no pé dele?", e o pai, didático: "É uma tornozeleira, meu filho!".
Escoteiros farão bivaques no hotel para conhecer a lenda do Mensalão e fotografá-lo quando imita o Genoíno rindo, uma aventura!
Essa República de Bulhufas se não chegarmos ao poder, ninguém tomará Bulhufas! Masbá!
Boas noites a todos e até amanhã, se Deus quiser.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

ÀS GANHAS!
Estive, ontem à noite, no Tapa's Bar, na República, no evento de lançamento do livro do José Luiz Prévidi, 10 Anos às Ganhas, o qual recebi autografado pelo próprio Prévidi, uma honra!
Mais honrado ainda, fiquei ao conhecer, pessoalmente, a Rosana Tabasnik, o Fernando Pamplona, o João Carlos Machado Filho, Marco Poli e reencontrar o Clovis Heberle, Leo Iolovitch, Paulo Pruss e o Daniel Baloni, mais uma alegre e animadíssima galera.
Esses encontros fraternos só são possíveis a partir dessa tecnologia divinamente infernal que é o facebook. Há discussões de como o FB é nocivo e longos depoimentos de pessoas amarguradas, que se sentem frustradas, indignadas e coisas assim. 
Talvez pela minha facilidade em levar as coisas com pouca seriedade, só tenho elogios a esse canal de comunicação que permitiu ampliar meu horizonte de amigos, gente legal que troca ideias sobre qualquer assunto sem perder o sono por coisas menores. Nada a ver com pinto de japonês, certo?
O Helio, do Tapa's, nos serviu um delicioso quibe e bolinhos de mandioca - aipim para os povoeiros - e cheguei em casa com a alma lavada de risadas e tiradas genias dos espirituosos bandidos.
Segundo o Fernando Pamplona, daqui a dez anos o Prévidi lançará o 10 Anos Às Brincas, oxalá concretize-se!
Agora falei no Helio e lembrei do meu amigo Helio Oliveira que, ao fazer check-in reparou que a recepcionista escrevera Elio no documento, aí reclamou: "Por favor, meu nome é com agá!". Ela refez o papel e escreveu "Elho"!
Ele contava e ria: "Nunca teria pensado numa asneira dessas! Coisas que só a burrice faz por você!".
Bom almoço e até mais tarde, correligionários e correligionárias! E Thi Kord lança sua campanha para o senado de Bulhufas, aguardem!


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

COISAS QUE ME IRRITAM (I)
Uma das tantas coisas que me emputecem, é eu estar falando com alguém ao telefone e um desesperado na minha frente, gesticulando e mexendo com a boca pra me ensinar o que dizer pro outro tresloucado com quem estou falando.
Não sei se presto atenção no cara à minha frente ou ao ente querido que me fala no ouvido. Já fiz que nem quando um cachorro corre, latindo, junto ao meu carro em movimento: parei e fiquei olhando.
"Olha só, tem que avisar ele de que a peça precisa chegar amanhã de manhã senão o cliente vai desistir, é isso que quero te falar pra tu falar pra ele, viu?". 
Ô idiota, eu liguei pra dizer exatamente isso ao cara aqui do telefone, se tu me deixar, é claro!
Tem mais, estou colecionando coisas irritáveis pra desopilar! Ando implicante, me aguentem! Não tem Os Replicantes, banda do Gerbase, que se derivou do Blade Runner? Pois então, eu sou um Implicante!
Tiau pra ti.

CASTIGO II
Fui castigado, de novo, pelos meninos do feicebúqui. Duas semanas sem recreio por fazer convites a pessoas que não me deram a mínima, e ainda por cima disseram que eu sou um grande mala! E digo meninos do FB porque só pode ser coisa de marmanjo isso, essa perseguição. 
Então, não poderei convidar ou adicionar ninguém durante cartorze* dias, pelo motivo supra citado - aprendi com meu Tio Demêncio, que era adevogado e adorava falar supra - de convidar gente que não deveria, e aí os convidados fizeram uma comissão com um acima-assinado de três mil assinaturas, que foi apresentado à Comissão de Frente da Tribo dos Apaches do Império Inca, presidido pela nossa guardiã e salvadora dos bons e justos Maria do Terço, que deferiu a solicitação e pediu três vias com cópia em Carbono 14 para ser desenterrada daqui oitenta anos, quando se fará exames nas assinaturas e se descobrirá que eram assassinaturas, um horror essa maldita herança, que lambança!
A partir dessa antipática determinação do pessoal do telex do Bill Gates, resolvi o problema da caspa com a decapitação: não convido mais ninguém! Verdade! Tem um amigo meu de juventude bêbada, que convidei há mais de ano e ele nem tchuns, paciência.
Sei lá porque cargas d'água, lembrei de um feita em que meu amigo Capincho e eu conseguimos umas namoradas grã-finas, que nos arrastaram prum restaurante japonês, vejam só o perigo que correram!
Lá chegando, tiramos os sapatos e nos acocoramos numas esteiras e começaram a nos servir. O Capincho observou: "Mas deve ser uma bóia lôca de boa pra comer ajoelhado, hein?". Eu só rezava pra pra nossa estupidez não rasgar nosso cartaz com as meninas, tão requintadas. Minhas orações vieram por terra quando veio um prato de sushi e o Capincho, do alto de sua elegância, exclamou: "Mas eu é que não vou comer esse negócio enrolado com fita isolante!". Me restou a bebedeira de saquê, sacou?
E aquele namoro não deu em nada, elas pensavam que éramos podres de ricos. Claro que éramos podres, sim, além de refinados mentirosos. E não comemos ninguém, nossa praia era o boteco, o chinaredo varzeano e a cachaça com ovo cozido do vidro sobre o balcão.
Vou almoçar que daqui a pouco chega minha torturapeuta pra me esticar feito aqueles interrogatórios da Santa Inquisição. 
Depois eu volto pra conversar mais um pouco com vocês e lhes contar do meu cachorro, o Nique, que ganhou casa nova, beijinhos e abracinhos pra vocês!

MORMENTE
Sou um ser humano com uma boa dose de irresponsabilidade e, consequentemente, inconsequente, um belo exemplar de desmiolamento sob controle de mim mesmo, o que dá pra imaginar a bagunça que é a minha cabeça. Mas é uma esculhambação organizada, dominada, como diz a geração XY. Eu acho, pelo menos.
Nessa desordem, viajo em algumas situações que não sei como me comportaria, diante do mundo tão autoritariamente democrático em que estou inserido, onde vivo e tento ser feliz.
Essa democracia tão linda em que estamos mergulhados, me desenvolveu uma autocensura que, quando acendo um cigarro, procuro fazê-lo longe de olhares indiscretos, temendo que surjam defensores da lei e da ordem e me joguem num calabouço escuro para apodrecer ali, por emporcalhar o ar da Humanidade.
Ouvi que em São Paulo ou Rio de Janeiro, em três meses, já houve quinze mil multas emitidas contra pessoas que jogam tocos de cigarro no chão ou que não limpam os cocôs - eu sei que não tem acento - de cachorro da calçada. Muito bom, é isso mesmo! Quem não fica puto quando vê alguém jogar latas pela janela do carro ou assoar o nariz no pano de pratos?
Fiquei mais cauteloso ao cumprimentar alguém do outro lado da rua e ser mal interpretado por algum transeunte, que pode me processar por discriminação racial, sexual ou religiosa. Ou se for uma dama, por assédio e constrangimento sexual.
Mas assim é a democracia. Governo do povo e para o povo, livre pensar é só pensar, parafraseando Millôr.
Não sei como me sentiria morando nos EUA, o Grande Satã, sabendo que na esquina onde moro, tem reuniões da Ku Klux Klan às quartas-feiras, por exemplo. Certamente me sentiria incomodado, mas isso é democracia e pronto, ponto. Com ela vem a liberdade de expressão e o respeito que devemos ter com quem pensa diferente de nós.
Quando trabalhava no Pioneiro, em Caxias, costumava comer aspargos, palmitos ou pepinos em conserva, no lanche. Todos me olhavam meio surpresos, alguns torciam o nariz, mas eu gostava de comer picles à tarde. Um dia uma menina me perguntou porque comer aquilo naquele horário. Eu olhei e olhei pro vidro de pepinos e respondi que ali não havia nenhuma orientação quanto aos horários da comilança. Ela não gostou muito e nunca mais me cumprimentou. Eu estava exercendo a minha democracia, ué. Tenho direito à democracia e à cidadania, certo? Mesmo que haja quem faça cara feia pros meus paladares, tenham paciência!
Boas noites cinderelos e cinderelas, até amanhã. Antes conto-lhes uma piadinha muito, mas muito ruim. É a do portuga - não me processem, portuguinhas - no primeiro dia como manobrista, num estacionamento, chega um cara pra ele e diz:
- O Celta preto!
E o portuga responde, olhando pro céu:
- Ô pá! Está mesmo, acho que vai chuveire!
Eu falei que era ruinzinha.
Ah, mormente, quase esqueço do título. Acontece que sonhei com alguém sussurrando na minha orelha: "Mormente, valente, esquente, mesmo que não aguente a serpente mormente, mormente!". Sei lá que sortilégio será isso, acho que vou jogar no lixo ver que lixo que dá. 
Buenas.

Se você está de saquinho cheio do Genoíno e suas peripécias hospitalares, trago-lhes a sensação do momento: a ovelha inflamável, ou melhor dizendo, inflável!
Para aquele momento de solidão, quando os amigos se afastam e a namorada te deu um solene pé-na-bunda, nem tudo está tão perdido quanto parece, ei-la que surge das ruínas do seu coração, Dolly, A Ovelha Erótica, sua nova parceira de folguedos ao anoitecer!
Esse lançamento faz parte do Kit Atola, que será distribuído pelo nosso Ministério do Supremo Prazer, que ainda não tem titular, estamos à procura.
Além da Dolly, o perfume afrodisíaco Suor de Caveira acompanha o kit. Onde ele for o perfume vai.
Isso é o PCQ (Partido do Cachorro Quente) fazendo tudo pelo social - inclusive os do Tony Ramos - transformando em potência emergente Bulhufas! Masbá!

CARTILHA
Eu não sei vocês, mas eu fui alfabetizado com a Cartilha do Guri, 1966, por aí. O vovô viu a vulva da vovó, Olavo viu a Élida e nós soletrando bo-la, pa-pai e aprendemos a ler, escrever e ser gente. Naqueles tempos aluno era aluno e não cliente. 
Ninguém ficou com graves sequelas porque a professora chamou a atenção e botou de castigo. Acho que éramos mais fortes emocionalmente. Os namoros aconteciam naturalmente e não na velocidade Miojo como agora. Hoje a meninada quer tudo em três minutos: namoram, concluem a universidade e, se não chegarem ao cargo de presidente da empresa em um ano, sentem-se fracassados.
As relações humanas adquiriram uma velocidade tão incrível que, do namoro ao divórcio, dá pra aproveitar as mesmas testemunhas. Às vezes me parece que o ser humano muda conforme muda a tecnologia. A pureza da minha geração perdeu-se nas câmeras digitais e nos iPod, iPed, MPs e noutras tranqueiras interplanetárias. Ficamos com o coração ultrapassado, dinossauros passeando de mãos dadas e beijando a menina no escurinho do cinema da Rita Lee. 
Alguma coisa daquela época conseguimos impregnar no espírito dos nossos filhos: um pouco de cautela, procurar ver além do que é; o que será ali adiante e, principalmente, gozar de mais credibilidade junto aos filhos do que a tevê, esse é um grande desafio que não superaremos levando os pequenos ao xópingui pra comer Big Mac, acredite.
Vou descer e exercitar minhas pernas de rã, já estou quase caminhando. À tarde tenho aulas de tuba, transferi o horário das 23:30h pras 11h da manhã a pedido dos vizinhos. São uns chatos, meu Deus!
Um carinhoso beijo no pleonasmo de vocês e, no infringir dos embargos, à tarde estarei aqui para atormentá-los. Tiamanhã.

REDESIGNAÇÃO 
Vão se habituando a pronunciar essa palavrinha aí de cima, pois ela já faz parte do nosso dicionário. O SUS está fazendo cirurgia de redesignação sexual, queridos paroquianos e paroquianas. É parte do tratamento da Desordem do Transtorno de Identidade para transsexuais e transgêneros. Confesso-lhes que não sei a diferença entre um e outro e quase me embananei - sem trocadilhos, por favor - só pra pronunciar resdegni, redenisga, r-e-d-e-s-i-g-n-a-ç-ã-o, ufa!
Por favor, longe deste peão contribuinte questionar os nobres motivos que levam nossas autoridades legisladoras a custearem esse tipo de procedimento médico-hospitalar, que imagino caríssimo. Pergunto se não há prioridades, coisas mais relevantes, que contemplem idosos, crianças ou adultos com doenças que exigem remédios importados, por exemplo?
Não sei se o SUS custeia operação plástica; não plástica corretiva; mas aquela plástica ornamental: a redução de um nariz de tucano, ajeitar aquele queixo de bruxa igual ao da minha sogra. Se não custeia é porque ninguém pressionou e exigiu que os contribuintes paguem pras pessoas ficarem mais bonitas, afinal de contas, pobre e feio é ruim, hein? Acho que esses caras que cobram impostos são uns grandes impostores, isso sim! Mas deixa pra lá, Al Capone resolveu não pagar imposto e foi preso. Talvez eu seja um pequeno estúpido que não vê o alcance social que esse tipo de cirurgia abrange, quem sabe?
O Marco Poli contou-nos como aprendeu a fumar quando, aos dez anos, viajava nos aviões Electra, na classe infantil, e afanava os Minister, que vinham em caixinhas de três cigarros, dados aos passageiros. Inacreditável!
Imaginem as crianças reclamando que aquele guri lá da frente roubou meus cigarros, mãe! Pai, quero meus cigarros de volta! E o Poli, menor infrator, com os bolsos cheios de Minister, valha-me Deus! E eu pensando que já vi quase tudo. Ledo e ivo engano, rapaziada! Parte da biografia marcopoliana não autorizada, olha o processo!
Vou até a cozinha - já consigo ir até a cozinha e abrir a geladeira - depois eu volto, não mexam em nada até lá, ok?

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

BRIZOLA
Vi, hoje no Blog do Prévidi, uma foto do Brizola com uma de suas promessas de campanha: na primeira hora do primeiro dia de seu governo, tiraria a concessão da Rede Globo. E acredito que ele o fizesse, pois não era um homem de meias palavras. Era um sujeito de princípios rígidos esse governador gaúcho que parou o Brasil como nunca ninguém fez, obrigando os militares a recuarem aos quartéis, respaldado pelo comandante do III Exército, Machado Lopes, em agosto de 1961. Mas imagino que todos conheçam a história da Rede da Legalidade e a resistência dos gaúchos comandados pelo Brizola, entrincheirado no Piratini, guarnecido pela Brigada Militar, aguardando a posse do Jango. Se não conhecem, deveriam, para ter um pouco mais de conhecimento da história do Rio Grande.
Me pergunto porquê o presidente Lula - que sempre detonou a Globo e qualquer um que criticasse ele e o partido - quando teve a oportunidade de questionar o poderio midiático global não o fez? Hoje não há um correligionário de Lula que não brade contra o que chamam linchamento político dos cidadãos presos na Papuda que, segundo eles, orquestrado pela mídia golpista e aquela coisa toda.
Mas até onde a minha ingenuidade permite, essa mídia serviu e serve aos propósitos lulistas e dilmistas até esse presente momento. Mas é apenas uma opinião de um cara meio esquizofrênico, que sou eu. 
Enquanto esquizofrênico, devo ser perdoado por dizer besteiras, assim como o cara que mata gente e deve ser desculpado pela sociedade por ser apenas um psicopata, em conflito com tudo isso que está aí.
Digo sempre aos meus zíperes e velcros - botões são coisa do passado - que somos um país comandado por uma presidente socialista-marxista guerrilheira trotskista com um Congresso e uma Câmara infestada da mais fina flor da burguesia capitalista, cultivada no pântano da delinquência e da contravenção. Não dá pra levar a sério um filme assim, hein?
Vou almoçar guisado de charque com mandioca, minha mãe, a Norma caprichou, uebaaa!

DÉCIMO
Isso mesmo, décimo livro do José Luiz Prévidi, 10 Anos Às Ganhas, que será lançado dia 25 de novembro agora, segunda. Vamos até o Tapa's Bar, na República número 30, quase com João Pessoa. O evento será abrilhantado pelo famoso ventríloquo Nicolás Maduro e seu boneco Pajarito e a banda Paralelos do Ritmo, nunca se encontram! Não esqueçam: dia 25 a partir das 19h. E ainda, com sorte, poderão tocar, conversar e interagir com o autor, galera! Se a segurança deixar, é claro!
Abracinhos!

PIVÔ
"Eu sou aquele pivô, que te abraçô, e te beijô meu amorrrr...", mas a Rosemary Noronha - lembram dela, seus desmemoriados, agora só querem saber do Genoíno, esqueceram os larápios velhos, né? - mesmo não tendo sido um pivô nas bocas, agitou Bulhufas quando descobriram o que ela fazia com o Lula nos voos presidenciais. E enchia a boca, a danadinha! 
Mas a Thereza Collor enquanto pivô é imbatível, combinemos irmãos e irmãs! Concluo que a direita capitalista burguesa fiadaputa tem gosto mais apurado do que a esquerda proletária socialista, não acham? É o que penso enquanto mero observador da Grande Encrenca!

FRIBOI
Eu ouvi que os concorrentes da Friboi estão indignados, pois eles cresceram 20% desde a campanha com o Tony Tapetão Ramos. Chegaram a processar os caras por alguma coisa que não entendi muito bem, talvez por serem mais criativos, quem sabe?
Vamos pensar em cotas publicitárias para os desprovidos de boas idéias por não poderem exercitar sua imaginação e aquela coisa toda que já conhecemos!
Aliás, não lembro qual amigo aqui do FB que sugeriu cotas para os colonos. Nada mais justo. Embora tenham olhos azuis e sejam loiros, merecem um cuidado maior, considerando estudarem de manhã, e trabalharem na roça à tarde, lá em Linha Nona ou Picada Café. Pois é, representantes não lhes faltam, considerando políticos do nível do Bon Gass, Pavan, Marcon e o Zülke. É só criar uma ONG pros gringos - melhor, ítalo e germanodescendentes - e pressionar; isso seria muito justo, considerando que seus antepassados foram jogados dentro de uma serra inóspita, onde tiveram que fabricar seus veículos, carroças, talheres, plantar e tantas outras coisas que se descobre quando se lê sobre a colonização alemã e italiana, no nosso Rio Grande. Ou vocês acham que Tramontina, Marcopolo, Guerra, Randon, Eberle e outras tantas, surgiram do nada, por obra do acaso? Tem muito trabalho atrás disso.
Por aí pode-se pensar em cotas para os coloninhos que ralam, acordando na madrugada, pra pegar um ônibus ou um cavalo que os levará até a escola, onde ampliarão seu horizonte mental e as alternativas profissionais do futuro. Mas é só uma ideia maluca, só isso.
O calor, hoje, está bagual demais! Acho que vem chuva por aí, vou tomar banho de chuva com o cachorro Nique e minhas mulatas, aliás, muletas.
Vou comer um mocotó com pão de quarto de quilo e ver a novela do Félix, o gato!
Até mais tarde.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

ABSURDO, ABMUDO
Sim, estou embasbacado, senhores e senhoras ouvintes! Me caíram os basbaques do bolso e já lhes digo porquê; ajeitem-se na poltrona, sirvam um copo de Grapette e uma tigelinha de Mandiopã, e ouçam o que ouvi agora há pouco - e não estou autorizado a falar sobre isso, mas meu instinto sacanístico me obriga a tal - da boca, ou melhor, das teclas da nossa amiga Bianca Volpatto: "Estou frustrada pois não consigo engordar cinco quilos!".
Pela capa do Genoíno, nunca pensei ouvir isso de uma mulher, juro! E acho que nenhum homem em pleno uso de suas escassas faculdades mentais feitas na PUC, imaginaria isso, também.
Mesmo correndo o risco de ser processado pela bela Bianca, me faço o portador dessa boa nova para todos os povos da Terra! As mulheres querem engordar! Abrir-se-ão os céus, soarão as trombetas de Gedeão e os anjos Gabriel, Rafael, Gargamel e Anatel descerão entre nós para receber a boa nova e levá-la aos quatro cantos do Universo!
Os palácios dourados da Valhala se regozijarão com as valquírias opulentas - criadas à base de polentas - brindando em seus cálices transbordantes de cerveja com álcool e transgênica. Viva o javali assado e o colesterol, que venham frívolas fritas e mal-passadas e escambau ao molho de lambisgóia!
As mulheres querem engordar! Uma nova era se inicia a partir de agora! Nossas parceiras não mais tentarão botar, às escondidas, aquela calça jeans de dez anos atrás e, se conseguissem, passariam o tempo todo gemendo, apertadas, e tu achando que era enxaqueca.
Chega de fingir que a folha de alface e um brócolis são um banquete, chega de miséria e viva a fartura, vivam as bem fornidas, tratadas a pão-de-ló e cuca serrana, viva a celulite e a bochecha fofinha! Abaixo a magreza compulsiva!
Hoje é um dia para marcar no calendário: 19 de novembro, o dia em que as mulheres se libertaram do estereótipo da modelo seca feito pavio! O dia em que a líder do movimento Engorde Sem Culpa, a Bianca, queimou em praça pública milhares de receitas para emagrecer, que lhes foram entregues por suas seguidoras. 
Comemoremos, irmãos! Só os irmãos, as irmãs que fiquem na lancheria comendo uma bem-servida torta de limão com cerveja preta. Com álcool, pois sem tonturinha não dá!
Bem, após esse momento de desvario e júbilo, vou almoçar sem culpas nem desculpas, bom almoço a todos e todas, alegres paroquianos, depois da sesta estarei aqui para atormentá-los com palhaçadas sem graça, tiau.

PRA ONDE IR?
Não, não é a bela música interpretada pelo Victor Hugo, não. É a sensação que tenho ao ver a situação que envolve os cidadãos recolhidos aos braços da Papuda, enquanto acusados pelo STF e por um monte de gente que quer vê-los presos. Enquanto cidadão mais ou menos informado, começo a duvidar do que leio, ouço e vejo, enquanto leitor e telespectador e enquanto bobo, também. Por enquanto.
Não me considero medíocre - minha autocrítica é generosa - procuro ler Veja, IstoÉ, Anal Sex e Carta Capital - esta última pendendo pra Playboy, com pererecas na capa - e daí formar opinião sobre algumas coisas. Vozes se alevantam contra a prisão dos rapazes, acusando a mídia golpista de manipular a opinião pública contra homens bem intencionados, que contrariaram os interesses burgueses-capitalistas e, por isso, defenestrados, temporariamente, da vida pública.
Se os nossos meios de comunicação me fazem pensar que eles são culpados, devo ler outras coisas. Quem sabe o Pravda ou o Le Figaro, mas não sei falar russo, muito menos francês, e agora?
Como já estou me achando mais banana do que pensava, ao ponto de ser conduzido pela mídia espúria, devo começar a repensar meus conceitos. O Maduro, por exemplo, é um sensitivo que tem o dom de interagir com aves e mortos, desde que sejam do Partido. Nós somos um amontoado de ingênuos que acreditam em tudo que a tevê mostra, meu Deus! Creio que sou um dos poucos que escuta a Voz do Brasil, pois é um programa que tem mais crítica, embora não seja opinativo, do que muito jornalista de direita ou esquerda por aí.
Continuo com essa sensação de que fui enrolado pelos meios de comunicação ao acreditar na culpa dos mensaleiros. Será que são patriotas entupidos de boas intenções, sem nenhuma mácula, apenas com a vontade e o desprendimento de tornar nossa vida mais feliz e alegre? Não sei, não. Nem o pobre do Pizzaiolato escapou das garras midiáticas, sendo tão enxovalhado que precisou se refugiar na Itália, vejam só!
Mas vou almoçar e sossegar a cola, que já passa da uma da tarde e eu aqui, falando mal dos guris da Papuda, bom papo!
Tiau, senhores e senhoras ouvintes.

domingo, 17 de novembro de 2013

AUTOBIOGRAFIA NÃO-AUTORIZADA
Isso mesmo! Vou começar a postar em doses homeopáticas, minha singela autobiografia, que meu eu bandalho não autorizou. Vou aproveitar enquanto estou sóbrio. Não sei se vocês vão gostar, eu achei um porre! Chama-se Pândegas & Galhofas, e conto um pedaço da minha vida sem graça no inicio dos anos 80. Depois conheci a Graça e tudo ficou muito mais bagunçado e alegre! A esculhambação é um estado de espírito que poucos conhecem. 
Aquela panela com arroz mofado dentro do guarda-roupas, o balde com cuecas e meias que estão descansando desde o mês passado, a conta no bar do gringo, só Velho Arteiro e ovo, por aí vai.
A Graça era uma menina pequena, cor de jambo quando nasce, parecida com o Frankenstein, só que sem os parafusos. Mas o que lhe faltava em beleza, sobrava em iniciativa e determinação. Foi ela quem me ensinou a tomar cachaça com Olina e a gostar de Kraftwerk. Descobriu roupas que eu julgava perdidas e até dinheiro atrás da pia da cozinha.
Pena que nosso romance terminou quando ela começou a falar em trazer os pais dela do interior, pra eu conhecê-los, e deixou uma escova de dentes no banheiro.
Mas ficamos amigos. Muito legal! 
Agora lembrei do Seu Pedro, segurança lá do jornal, subindo a escada e a guria da limpeza passou por ele gritando: "Com licença, Seu Pedro, senão vou perder o ônibus!", e o velhote: "Mas como é que vai perder uma coisa daquele tamanho!". 
Vou sestear, depois retornarei. Beijo carinhoso na clavícula de todos e todas.

Dentre tantas propostas da nossa plataforma marítima, uma delas já está concretizada: Meu Veículo, Meu Tormento, que já contempla milhares de bulhufenses que não tem o que comer, mas já tem o seu gastomóvel que lhe comerá por uma perna no IPTU e IPVA. Para fazer parte de vitorioso projeto, vá até om posto grudado perto de você e apresente seu Cadastro Único, o seu tão conhecido CU! Vá conferir mais essa do PCQ, Uma Bulhufas Só Pra Você!

A NATUREZA E NÓS
Nesse domingo bonito, recordava de um show do Bon Jovi, no Parque da Bela Vista, em Lisboa, em que o Jon Bon Jovi parou, de repente, no meio do palco e começou a bater palmas, pausadamente. Em seguida falou: "Cada vez que bato palmas, morre uma criança de fome no mundo!". Aí um portuga gritou, lá no fundo: "Então pára de bater palmas, ó pá!".
Muitas vezes, a nossa maneira de entender algumas coisas nos obriga a calar, para não atrairmos a ira de gente séria, que está aí para salvar a humanidade.
Dia desses levei uma ralhada de uma moça que não gostou de eu ter falado sobre a Ana Paula, a menina que está presa na Russia por se dependurar no mastro de um navio, no Ártico, num protesto contra a exploração de petróleo não-sei-onde.
Mas eu só falei que ela poderia fazer rapel em algum barco aqui em Tramandaí, que nunca seria presa e ainda teria fotos nas capas dos jornais da aldeia, só isso. Fui chamado de insensível às causas humanitárias e porco capitalista desalmado, e que a mocinha está lutando por um mundo melhor para os nossos filhos. Eu acho que sou da época em que as coisas eram feitas por convicção, sem a necessidade da pirotecnia e dos holofotes. Não lembro de ter visto ou ouvido o bom e velho Lutzemberger - Prêmio Nobel Alternativo, sabiam? - se amarrar no alto da chaminé do Gasômetro para salvar a natureza, não lembro mesmo! Acredito que faço mais por um mundo melhor e para os nossos filhos se ajudar, de alguma forma, o Asilo Padre Cacique ou uma das APAEs que estão em ruínas por esse país afora. Não precisa ir ao Ártico para contribuir com o planeta, eu penso. Talvez eu esteja apenas ficando velho e implicante, quem sabe? 
Mas também, que raio de mania que as criaturas tem de te envolverem nas escolhas delas! De uma hora pra outra todo o mundo resolveu me representar. Agora experimenta pedir pra alguém me representar no batizado do filho do vizinho da minha tia ou no velório do finadinho Adamastor - tão bom que era - vê se algum voluntário se apresenta, claro que não, né?
Mas curto muito produtos naturais, livres de Gamexame e agrotóxicos, como a Rosana Jatobá e a Camila Pitanga. A Claudia Leite nem pensar, deve ter soda cáustica, água oxigenada e sabe Deus o que mais!
Bom domingo pra vocês, pequenos e pequenas facínoras. Cuida pra não te passar na cachaça e queimar o churrasco, aí a velha caninana vai te encher o saco e te chamar de borracho até amanhã!
Tiau pra vocês!

OVELHA
Que sábado maravilhoso glorioso salve salve! Sol, espetos ao vento, barrigas com areia e coxas resplandescentes! A primeira cerveja beeeem gelada se faz presente na mão do vizinho que se avizinha pra ajudar no churrasco, a patroa amordaça os sobrinhos do capitão para começar a fazer a maionese com as parceiras de sempre, e a sogra jararaca enche a casa de defeitos e chama o genro de vagabundo.
Em seguida as buzinadas ecoam pela eternidade, anunciando a chegada do cunhado que conta a piada da ovelha e morre de rir. Você sorri amarelo pois além de contar a mesma piada sempre, fila o teu J&B 16 anos e nunca compareceu nem com um King's Command, um encostado! Mas cunhado e sogra sempre vem no pacote. Ainda mais quando tu estás apaixonado, não há muito o que fazer. 
A paixão imbeciliza ao ponto de te fazer botar apelidinhos idiotinhas na futura cônjuge tipo: Pupuquinha, Micuinzinha, Popolina, Migostosinha e outros impublicáveis mas que sabemos como são. Depois de alguns anos de casados o parceiro vira 'esse aqui'. "Tava eu e esse aqui no centro, daí encontramos a...", não é assim? Claro que é.
Mas passei só pra contar a piada da ovelha, ok? O cara entra com uma ovelha, no quarto onde está deitada a esposa, e diz:
- Amor, essa é a vaca com quem eu transo quando tu estás com dor de cabeça!
E a mulher:
- Idiota, não tá vendo que isso é uma ovelha e não uma vaca!
O cara retrucou:
- Idiota é tu! Não vê que estou falando com a ovelha?
Volto logo, farei minhas orações dominicais e Voltarem 75mg.

UMBANDA
Pra quem não sabia, hoje é o Dia Nacional da Umbanda. Em 15 de novembro de 1908, o médium Zélio Fernandino de Moraes recebeu, na Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, em Niterói, a missão de fundar uma nova religião a partir do pedido da entidade Caboclo das Sete Encruzilhadas. A religião dos ancestrais dos velhos africanos apregoa o trabalho em benefício de todos, independente de cor, raça, credo e condição social, pela prática da caridade e da literatura do Evangelho de Jesus.
Interessante como ninguém divulga coisas importantes assim, não é? Eu, pelo menos acho. Embora não seja um umbandista praticante, admiro o pouco que conheço da Umbanda, assim como de outras religiões que nos cercam. E o pouco saber, a ignorância sobre muitas coisas, costumam revesti-las de lendas infantis que povoam a imaginação desses menos informados.
A Maçonaria - embora seja uma entidade filosófica-filantrópica e não religião ou seita - é o alvo preferido das fantasias populares, pelo sua própria e peculiar discrição durante séculos. Hoje, nem tanto, mas ainda fechada. Não, não sou maçom, mas admiro muito pelos maçons que conheço e o que li sobre ela.
Em pleno século 21, ainda encontramos pessoas com mentes que são como terrenos baldios: volta e meia alguém passa e joga lixo lá dentro. Deveriam ler mais sobre coisas que desconhecem, antes de sair por aí falando muito sobre o que sabem pouco.
Mas mudando de assunto - normal, né? - estou me preparando pra ver Harold & Maude (Ensina-me A Viver), um filme dos anos 70, com trilha de Cat Stevens, uma loucura. Um dos melhores filmes que já vi. Por isso vou vê-lo pela tricentésima quadragésima vez, com a expectativa da primeira vez, ducaraleo! 
Vou comer alguma coisa, volto luego, hasta la vista, beibiii! 

Achei uma foto da Maude com o Harold na garupa da moto, olha só!


ET
Quando estava na clínica, comecei um pequeno jardim com sementes e mudas que eu ganhava de amigos ou furtava de inimigos. Agora estou homiziado num confortável apartamento ao sul de Cafundó, antigo distrito de Bulhufas, agora emancipado.
Anteontem comecei a cultivar um novo jardim, numa área maior de terra, que me permitirá ter uma horta, também. Tenho algumas sementes de bugalhos e supimpas, - que são ótimos temperos - contrabandeadas de Ziquizira, que o traficante de lesmas Oriundo, O Imundo, me traz sob o casaco.
Mas a horta, depois. Agora o jardim, onde plantei uma mudinha de empáfia, que ganhei da simpática ministra Maria do Terço. Do alto de sua soberba humildade lembrou de mim e enviou esse mimo, estou exultante e feliz!
A empáfia deve ficar junto com as aleivosias e picuinhas, mas longe das lascívias e frívolas, que podem contaminá-las com o pólen devasso, aí estarão perdidas, muito cuidado!
As perfídias começarão a brotar em dezembro, no auge da minha campanha eleitoral - que vai de vento em polpa, diga-se de passagem - e já arranquei alguns pés de escroto daninho que nasceram junto aos brotos de minúcias, quase pegando as lascívias, um nojo esses escrotos! Amanhã vou comprar uma máquina de Flit pra pulverizar inseticida neles.
Mas olhem só, ontem vi a foto dos peritos da começão de verdade, enfileirados como cientistas da NASA sob uma lona preta, diante do túmulo do Jango, em mármore negro, réplica da Pietá. 
Se eu não soubesse que a cena era em São Borja, diria que se passava no filme ET, do Spielberg, quando cercam a casa da Drew Barrymore com lona preta, e os caras do FBI e NASA, em macacões brancos, invadem, pegam o ET e dão o fora. Muito parecido, mesmo. Mas não, foi só um dejavú, apenas.
Me perdoem se às vezes brinco com coisas tão fúnebres, mas não dá pra levar a sério algumas situações hilariantes que nos brindam. E levar a vida de forma muito carrancuda não vale a pena, não vamos sair vivos dela, mesmo, não é?
Bom almoço a todos, à tarde voltarei, me aguardem.

OS FILHOS DE CÉSAR
Penso que o cara que escreve novelas deve se sentir um deus, de alguma forma. Vai dando rumo aos acontecimentos de acordo com a aceitação do público, da crítica, que eu não sei como fazem, exatamente, para aferir se o folhetim está agradando ou não.
Amor à Minha Casa, Minha Vida parece uma orgia de cegos: todos excitados, enlouquecidos, mas não encontram orifícios que lhes satisfaçam. Acho que depende muito do que o autor se alimenta e, principalmente, do que fuma ou bebe no decorrer da história.
Talvez recline-se na poltrona, assistindo ao Datena, encharcado de ópio, e pensa: "Hoje estou um bagaço, vou engravidar a Suzana Vieira e descabelar o Palhaço. Ou descabelo a Valdirene e afogo o Palhaço, ainda não sei...".
E nós aqui, torcendo pro Bruno achar uma ninhada de koalas, no lixo, a Elisabeth Savalla chantagear o Alípio Atílio e se transformar numa cafetina tipo delivery, fast-food ou faz-te-fode, para os bagaceiros que nem eu.
Numa dessas ele deve ter acordado com síndrome de coelho e o Antonio Fagundes, apesar da idade, fez filho no elenco inteiro. Se não bastasse, engravidou a Ana Maria Braga e a Banda Calypso. O Bozo escapou porque estava de folga.
Esse cara quer nos enlouquecer! Misturou motivo torpe com bom alvitre e a coisa descambou prum negócio maluco. O César, do jeito que vai, acabará na Expointer, ano que vem. Daqui a pouco vão exumar os restos do pai do César e descobrir que ele foi envenenado pela amante, que ficou grávida do César e não queria que ninguém descobrisse. Aí sim, vai ficar bom!
No capítulo de hoje, o Félix vai matar o cachorro do Lutero e a Nathália Timberg descobre que ele, Félix, queria uma cadela, ora vejam!
Agora chega de conversar sério e vamos nos organizar para o showmício na Esquina Democrática em prol de nossa campanha, entre os convidados Nalva Aguiar e Seu Repertório. Seu Repertório foi o melhor sanfoneiro no último Planeta Lami.
Bom almoço, hoje teremos cabeça de ovelha ensopada e rabada, tudo light. Invenções da nova cozinheira, recém-chegada dos Montes Cárpatos, Romênia. Dizem que ela é ótima em rabada, vamos ver.
Depois da sesta estarei aqui, meus queridos amigos e amigas.

ENFADONHA
Essa palavra me parece alguém cantando um fado maçante enrolado numa fronha, não parece? Que nem 'grandessíssimo'. Quando ouvires essa palavrona, saiba que ela não vem acompanhada de nenhum elogio: aquele grandessíssimo salafrário, aquela grandessíssima vadia, viram como tenho razão? Ninguém diz: aquele grandessíssimo cidadão de bem.
Mas se queres fazer alguém profundamente irritado, ria dele. Se queres fazer alguém descer de sua arrogância petulante primata, gargalhe dele, o efeito é devastador, garanto-lhes. Dependendo do grau de irritabilidade da futura vítima, melhor fazê-lo numa distância segura, para o caso dele querer cobrir-lhe de porrada, o que é muito frequente em tipos assim, que se acham os donos do mundo.
Alguma coisa aprendi na escola, uma delas foi a arte da azucrinação, com mestres no assunto - meus colegas franzinos - que não podiam enfrentar os grandões bonitões. No recreio, faziam um grupinho num canto e ficavam apontando para uma das vítimas e rindo a valer. Rapaiz, o cara se encanzinava e vinha pra cima, mas ai já era tarde, a maldição já estava lançada e o infeliz corria atrás dos azucrinantes mas não conseguia pegar ninguém.
Meu falecido compadre João Telmo era um mestre nisso. Pós graduado no Tibet, com monges azucrinolim, herdeiros dos shaolins.
Numa noite estávamos na frente do CTG Tropilha Crioula, em São Borja, esperando uma brecha para entrar sem pagar no baile, e encostou uma camionete bem na nossa frente e o motorista apontou um 38 pro João Telmo e falou: "Tu te lembra de mim, fiadumaputa?", e o Telmo: "Claro que me lembro, te caguei a pau, semana passada, e ainda te tomei essa bosta desse revólver!". Quase me borrei perna abaixo! Desgraçado! Meu amigo quer morrer e me levar junto, só podia! E o pior, depois da resposta do meu amigo todo mundo desatou a rir e o cara do 38 fez menção de descer e aí formou um bolo e, quando me dei conta estávamos dentro do CTG, bailando. Eu encagaçado, mas bailando ao som de Os Dinâmicos.
Então, a risada é uma arma mortífera, desde que bem manuseada, senão pode se voltar contra ti, é bom treinar antes. Existem boas academias de gargalhadas por aí, todas muito sérias, se é que pode. 
Vou fazer minha logística vespertina - uma vespa libertina - e volto logo pra ouvir o relatório da reunião de hoje, no lançamento da minha candidatura! Masbá, amigos!
Lidiane Azeredo, Andre Viviane Favero, Ivana Azeredo

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Eu, enquanto pessoa humana e candidato à República de Bulhufas, revelo a todos minha carta na manga! Tremei, adversários! E não esqueçam: amanhã no Frank, na Fernandes Vieira, a Confraria do Cachorro Quente reunir-se-á para o lançamento oficial da minha candidatura, dura porém flexível. Infelizmente meu esculápio achou cauteloso não me locomover até lá, ainda estou vulnerável. Mas eu, enquanto convalescente, estarei de coração com vocês, queridos amigos, enquanto correligionários arbitrários.

A LUA
Lá pelo início dos anos 70, Augusto - filho do meu padrasto Cyro Rangel - e eu, sentados no galpão, tagarelávamos, entusiasmados, pro capataz Juca Perez, a ida dos americanos até à Lua. Ele nos ouvia, atento, segurando a cuia com as duas mãos, acocorado num cepo*. 
Nos olhando serenamente, perguntou: "Mas e o que foram fazer esses paisanos na Lua, que mal lhes pergunte? Alguma cousa de serventia?". 
Nos olhamos e saímos de fininho, deixando o Juca Perez com seu sábio chimarrão, ajeitando a chicolatera* preta no fogo de chão.
Até hoje me faço a mesma pergunta e obtenho algumas respostas, derivadas da minha vivência e capacidade de enrolação.
E assim como o Juca Perez, dá vontade de perguntar para muitos políticos o que foram fazer lá em Brasília? Tantas boas intenções e planos que não vemos acontecer. Ah, mas acontece que não encontramos as coisas como deveriam estar. Sinto a minha parca e escassa inteligência insultada quando ouço desculpas desse naipe.
Administrar recebendo tudo pronto e bonitinho é uma fábula de La Fontaine, linda mas não existe. 
Existem profissionais que são especialistas em organizar o caos. O Celso Roth, por exemplo - e eu não entendo nada de futebol, mas manjo um pouco de administração de pessoas - quando a casa cai chamam quem? O amaldiçoado, retranqueiro, burro Celso Roth. Ai ele chega, ajeita os boleiros, acalma a torcida, limpa a casa e manda ele embora, porque em seguida começa a perder e lá se vai o boi com a corda.
Mas agora a meta é Marte! A Lua já era! Vamos encaminhar alguns personagens do nosso dia-a-dia para a viagem de ida para o Planeta Vermelho - sem conotações ideológicas políticas ou futebolísticas - como futuro presidento de Bulhufas, já criei o Bolsa-Marte, que permitirá ao portador não só partir como por lá ficar.
E la nave va tramitando, tramitando, tramitando, torcedor gaúcho!
Bom almoço e desculpa qualquer coisa, não precisava se incomodar, é pouquinho mas é de coração. Ou apenas decoração.

PORTA LARGA
Bisbilhotando umas fotos da Carla Quiroz e da Cristiane Ortiz Bueno, minhas colegas de Zero Hora, em que aparece o Luiz Augusto, o Lulu, bom colega e amigo, lembrei de uma das tantas pataquadas que fizemos, originadas dentro do Porta Larga, The Large Door, segundo o Antono Carlos Niederauer.
Anos atrás, numa das minhas chegadas de Caxias, lá pelas onze da noite, encontro a sempre alegre reunião dos meus amigos bebuns, na área vip do Porta, com o gringo Rodolfo assando umas costelas e linguiças, faceiro que nem gordo de camiseta.
Em seguida, após o fechamento da edição, começa a chegar o resto do pessoal e revejo mais amigos; todos se abraçam - num determinado momento todos ficam mais sensíveis e afetuosos pelo efeito da cachaça - e as aventuras antigas vêm à tona e lembramos que já fomos muito mais doidos. 
Enquanto devorávamos a pobre vaca assada, alguém sugeriu esticarmos até oclube bailão Ipiranguinha, mais conhecido por Jurassic Park, por motivos óbvios. O único motorizado era o Lulu, com seu bólido Chevettão, mais conhecido por cocomóvel, que o Lulu, numa noite distraída, esqueceu uma menina dentro do carro e foi trabalhar. Só quando voltou que lembrou da moça, mas já era tarde: ela se apertou, não conseguiu sair e aí não preciso contar mais nada. Como é que ele trancafiou a vítima ninguém sabe, ninguém viu. Para tirar o cheiro teve que contratar uma benzedeira, eu acho.
Fomos todos, então, para o Jurassic Park no cocomóvel do Lulu, as bolsas e bagagens todas no porta-malas. Mascote, Airton, o Nelsinho e eu no banco de trás, no da frente uns quatro, que não lembro quem eram, todos elegantemente socados no veículo. Peidar, naquela situação, seria um crime hediondo.
Dentro da alegre casa de bailes e saraus noturnos, enquanto eu conversava com uma moçoila jurássica, o Nelsinho vivia momentos de Don Juan De Marco com a mãe da minha parceira, um amor!
De repente todos resolveram ir embora e foram. Inclusive eu, todos no cocomóvel. Quando descemos pra pegar minha bolsa no porta-malas, o Lulu exclamou, ao ver a pasta do Nelson: "Esquecemos do Nelsinho!". E esquecemos, mesmo, do Nelsinho!
Entrei no meu prédio rindo, imaginando o Nelsinho, com visíveis sinais de embriaguez, na frente do Ipiranguinha, tentando entender o que estava rolando, onde foram parar os parceiros?
Depois soube que o regaste fora exitoso, e o jovem bebum extraviado foi recuperado quase sem nenhum arranhão.
Saudades dessas aventuras coloridas e de vocês, meus doidos prediletos.
Depois eu volto para desejar-lhes uma boa noite. Tiau pra ti.

CHUVA
Paixões amortecidas brotam, espreguiçando-se, nesse dia chuvoso e lento. O manto líquido cobre a cidade e bailam aquelas lembranças, que não querem ficar quietas em seu baú escondido, nos quartos empoeirados da nossa alma. Estou a um passo de me deprimir e mergulhar num pranto silencioso, acariciando as minhas tristezas guardadas, despertadas nessa tarde sonolenta. 
Quando ponho o pé dentro da sala, onde me esperam tristezas e cântaros de lágrimas, a filha do velhote chato do sétimo andar me puxa pelo braço! Não lembrava da Cátia Cilene, tão linda, no auge de seus vinte anos, me convida para entrar enquanto ela procurava o Camilo Mortágua que eu pedira emprestado, no saguão do Edifício Portal. 
Por que ela estava somente com aquele beibidól amarelinho não sei e nem quero saber, mas não seiondevouenfiarasminhasmãos, cruzes, vade retro, sou um rapaz sério. Já imaginou se meto a mão naquele quitute lourinho, com cabelo de massa cabelo-de-anjo, uma tentação, é isso! O demônio me tentando no Monte das Sacaninhas! E que demônia, ela. Meu cérebro disparou e perdi o controle sobre ele! Está tentando me fazer de idiota. Ou não? Acho que sim, mas talvez não, e a eternidade que a Cátia Cilene demorou para trazer o livro foram três minutos e ela voltou, rebolativa e provocante, tenra tentadora aterradora e ali, bem na minha frente, entregando o livro e eu nem lembro o que vim fazer aqui. 
Talvez eu seja um louco, mas vou beijar essa obra prima que saiu das mãos do Senhor, seria um descaso com o trabalho Dele nem ao menos tentar tocar com as minhas duas patinhas dianteiras; e ela continua me olhando, com a mão estendida e o Morte e Água do Camilo sorrindo. Consegui me desvencilhar e correr pro meu apartamento, com sofrimento, nunca mais terei outra oportunidade, sou um bobalhão, medroso. 
E chovia naquela segunda-feira modorrenta, sodomenta, gosmenta e a campainha toca. Era ela, singela donzela vestida com um jeans mais comportado, me trazer uma ficha de leitura que estava dentro do livro e caiu, poderia me ajudar no trabalho do Irmão Mainar Longhi e o Camilo Mortágua. 
Entendi tudo como uma segunda chance que a Cátia Cilene me dava, é isso! Entra, Cátia, Catinha, Catita, bonita, tenho café, Mountain Dew e bolachinhas Maria.
Nem chegamos às bolachinhas Maria, Cátia linda, delicada, amada ficou tão pouco tempo na minha vida, desceu do carrossel e foi embora com seu pai, do Banco do Brasil, pro Rio de Janeiro.
Bueno, vou almoçar depois volto para o convívio com meus amigos maravilhosos. Adoro vocês, tigrada!

PAPAGAIOS
Piadinha infame, pra lá de conhecida, mas vamos a ela:
Uma senhora recebeu, aos seus cuidados, duas papagaias que habitavam um cabaré. Não me perguntem o porquê, é um dogma da piada e pronto.
As papagaias umas gracinhas, mas só sabiam dizer: "Olá, nós somos putas, vamos transar?". E assim, a senhora tão recatada, passava as maiores vergonhas quando recebia as amigas para o chá das cinco ou algum parente aparecia.
Num domingo, depois da missa, conversou com o padre e expôs o seu problemas com as papagaias. O padre, um italiano sereno e compreensivo, disse-lhe que tinha um caso parecido: dois papagaios que oravam, rezavam o terço dia e noite. Quem sabe se juntassem os quatro, eles não conseguiriam recuperar as duas papagaias na base de persistentes orações?
A velhinha topou e, no outro dia, apareceu na igreja com as aves desbocadas e juntou com os papagaios carolas, do padre. Ao verem os bichinhos elas falaram, em uníssono:
- Olá, nós somos putas, vamos transar?
Os papagaios se olharam e um falou pro outro:
- Zenóbio, bota fora esse terço, nossas preces foram atendidas!
Tá, não é grande coisa, mas pra domingo à noite é boazinha.

ASPIRAR
Sim, aspirar. Aspiro o posto do mais alto dignatário de Bulhufas. O Plinio Nunes pronuncia Bolhufas, e eu acho que ele está, gramaticamente, correto. Mas no nosso caso é Bulhufas, haja vista a origem do nome de nossa amada República, que origina-se no ano de 1578, quando a nua - aliás, nau - patavinense Migucha, atracou-se com Porto Bobo, na baía de Escambau. 
Comandada por Cala Bouço, O Capitão Abobrão, a nau pantagruélica Migucha, trouxe para a Nova Terra cavalos, cachorros, mudas de sagu, surdas de tamanco e mais oito deputados federais. Todos com prazo de validade vencido.
Cala Bouço, O Capitão Abobrão, ao ser recebido pelas mocinhas francesas, jovens polacas e por batalhões de mulatas disse: "Não estou entendendo bulhufas, grumetes! Glória aos piratas, às mulatas e às baleias".
Por isso ficou o nome Bulhufas, que foi a pronúncia do Capitão, sacaram? Mesmo porque bolhufas parece peido n'água ou música do Fagner - não o Fagner Piasson - Bolhufas de Amor.
Preciso interromper nosso alegre decálogo - quase me decaloguei todo, agora - pois recebo ligação urgente de Beleléu, deve ser pra confirmar a chegada do carregamento de balelas, que nos enviaram para ajudar na campanha.
Vamos adiante, destemidos e abusados, fortalecendo a cada dia, a nossa chegada iminente ao trono de Bulhufas!
Não esqueçam: quarta próxima será o lançamento definitivo da minha candidatura, no Frank, na Fernandes Vieira. Reservem sua credencial com nosso Departamento de Eventos com Paulo Pruss ou Rick Jardim, na Confraria do Cachorro Quente.
Bom almoço pra todos e todas, amiguinhos encanzinadinhos.

"Eu bebo pra afogar as mágoas, mas aí elas aprenderam a nadar, então mergulhei. Ou marguiei...".
Rolando Caio da Rocha, oitavado no balcão da Dona Maria, pedindo uma losna fiado.

sábado, 9 de novembro de 2013

ASNEIRABILIDADES
Acabei de ouvir um treinador de futebol falar que o jogador Zé está com treinabilidade. Treinabilidade, queridos paroquianos! Temos a acessibilidade, a mobilidade urbana, a fofoafetividade - quem gosta de gordinhas - sustentabilidade e outras 'dades' que não recordo. Como é bonito ser ecologicamente correto, tem eco, eco, eco, eco, eco na mídia. Posso me esbaldar na imbecilidade e começar a inventar, também, querem ver? Começarei tachando - é com 'ch' mesmo, vai lá conferir - as meninas mais ou menos fáceis. Serão as com mais e as com menos chance de penetrabilidade, por exemplo. 
Ou a minha capacidade de aguentar gente burra e chata, que chamarei de aguentabilidade. A Ideli Salvatti seria um exemplo de barangabilidade, já que não tem eligibilidade, considerando o resultado das eleições passadas, em SC.
Se partirmos pro nosso Congresso e Câmara é uma covardiabilidade de tanta impunidade e cafajestibilidade, um mimo! 
Vou almoçar, só passei pra dar um alô e fazer fofoca dos incautos ao nosso alcance. Eu tenho que desfrutar da minha sestiabilidade, que é a arte da sesta pós-almoço, sacaram, meninos e meninas? 
Até já, divirtam-se mas escolham bem.

CHEIDI
Engraçado como estamos sempre preparados para o insulto mas nunca para elogios, já perceberam? Dias atrás postei uma auto-observação que me dizia bem gordo, bem lasquiado, bem bagacera e recebi inúmeras manifestações de carinho de vocês, meus amigos. Foram tantas que cheguei a ficar sem jeito, meio tímido, coisa que não é do meu feitio; maravilhoso isso, obrigado!
Não lembro se foi o Pedro Chaves que contou a história do cara, no sinal fechado, que ouve o sujeito do carro ao lado gritar pra ele: "Boca aberta!". Imediatamente ele abriu o vidro e respondeu: "É a tua mãe, fiadaputa!". Aí o cara explicou que estava alertando de que a porta dele estava aberta, era porta aberta. Mas estamos sempre esperando que alguém nos diga alguma coisa para revidarmos. É o mundo que nos deixa como uma faca sempre saltando da bainha. 
Quem não teve aquela frustração de ouvir um desaforo e, horas depois, ocorre a resposta ideal, mas já é tarde. Aí tu leva o desaforo pra casa e transforma ele num cabide na porta da sala. Nos condicionamos a uma defesa virtual, saímos armados até os dentes se encontrarmos aquele vizinho xarope, que põe a ponta daquela bicheira do carro dele no nosso box. Ou do cara que está atrás de ti, na fila do supermercado, e a caixa se atrapalha e o cara começa a resmungar na tua nuca, aí tu puxa um Colt 44 e exibe pro cidadão, que só estava assoando o nariz, só isso!
Descobri a verdadeira raça do meu cachorro, o Nique: é cheidi! Cheidi pulgas, cheidi carrapatos, cheidi sarna, o pobrezinho! Mentira, é bem limpinho, o Nique, um cidadão canino exemplar, tanto na vida pessoal quanto na profissional, como diria o Faustão.
O Rick Jardim foi ver o Thor e algumas coisas lhe pareceram sem explicação. Acontece que os caras costuraram os filmes: Thor I, Hulk, Homem de Ferro, Capitão América e Os Vingadores, estão entrelaçados. Dá pra vê-los em separado sem muito prejuízo no entendimento, mas se assistir a todos, as coisas ficam mais claras. 
Um bom sábado, minhas amiguinhas e amiguinhos! Depois volto para azucriná-los.

"Procuras uma mão amiga para ajudá-lo? Olha na ponta do teu braço que tem uma!"
Sir Bilu Tetéia, após dois goles de leite com urânio.

PATAVINA
Cheguei indagorinha de Patavina, republiqueta aliada de Bulhufas. Fomos muito bem recebidos pelo patavinenses, que nos presentearam com vaginas recém colhidas dos campos róseos que brotam, túmidas, em alegre sinfonia matinal. Patavina é a maior exportadora de vaginas ao sul do Equador, sendo a Fenagina um evento de porte mundial. 
A Rainha da Fenagina, a bela Narina, com seu vestido repolhudo, nos acompanhou em alegre visita aos pavilhões da Feira, onde encontramos vaginas cristalizadas, o delicioso suco desse herbáceo e outras tantas formas de prepará-las. Seja em conserva ou compota são, inigualavelmente, deglutíveis e palatáveis. 
Nossa reunião com Prepúcio II, O Glande, reafirmou sua adesão à minha campanha para presidento de Bulhufas, nas próximas eleições. Trouxemos, ainda, um belo carregamento de safanões, muito comuns nos campos de Patavina. São ótimos calmantes, se alguém está lhe aporrinhando, dê-lhe alguns safanões e a pessoa acalmar-se-á, é tiro dado e bugio deitado!
Nesse final de semana retomaremos nossa campanha. Sem restrições, haja vista o apoio de Patavina e Beleléu, nos fortalecemos a cada dia que passa. A Causa, e o Partido do Cachorro Quente (PCQ) já deixam os adversários inquietos, pois a mediocridade deles é a nossa maior munição, masbá!
Lembrei de uma senhora patavinense que estava se sentindo muito só, as filhas na escola, o marido trabalhando, ela resolveu, então, comprar um bichinho de estimação pra lhe fazer companhia.
Passou numa loja de animais e encantou-se com um papagaio. Vou levá-lo, disse ao vendedor. O vendedor fez uma ressalva: "Olha, dona, esse papagaio é muito queridinho, mas preciso alertar-lhe que ele veio de uma casa de tolerância, um bordel e a senhora sabe que nesses lugares saem muitos palavrões e tal".
"Sem problemas, vou levá-lo assim mesmo!", e lá se foi com o bichinho.
Chegando em casa, improvisou um poleiro e ali acomodou o papagaio, que surpreendeu-lhe, dizendo: "Casa nova, cafetina nova, gostei!". Ela achou engraçadinho e foi preparar o almoço. Em seguida chegam as meninas da escola, e o bicho falou: "Casa nova, cafetina nova, putas novas, ótimo!". Todas riram muito com a tagarelice da ave e foram cuidar das suas vidas domésticas.
Ao final da tarde, chega o marido do trabalho e o papagaio: "Casa nova, cafetina nova, putas novas, ô Jorge, mudaste de puteiro?".
Bom almoço pra todos e todas. Vou dar uns safanões no meu cachorro, o Nique, que está impossível, hoje. Acho que é a sexta-feira!

"Temos o melhor Congresso e Justiça que o dinheiro pode comprar!"
De um bônimo abêbado num boteco qualquer.

Sou um homem do bem. Bem bêbado, bem debochado, bem gordo, bem malinducado - é assim mesmo - bem feio e bem amigo dos amigos!

DISPARATES
Quando estive na gerência da pré-impressão de Zero Hora, um dos chefes de departamento era um cereal killer da língua portuguesa - cereal pra entrar no clima, sacaram? - e um campeão em falar asneiras. Ele ouvia alguma coisa diferente e saía formando frases, inserindo a expressão ou a palavra em coisas que nada tinham a ver uma com a outra.
Indiscontência sequencial foi uma das coisas que ele falou e eu, curioso, perguntei o que significava: "Ora, Motta, é quando o funcionário fica descontente em sequência, não sabia?". Não, nem imaginava uma coisa dessas. O Carlos Alberto Alves, Mauro DeVit e outros bandidos se davam ao trabalho de anotar as asneiras que ele proferia em voz alta, sem medo de ser surrado pelos cristãos ao redor.
Noutra vez passou, correndo, cheio de anúncios fúnebres nas mãos, dizendo que ia até a fotomecânica fazer uma demagogia ecológica com o Grego, responsável pelo setor. Nem me dei ao trabalho de perguntar o que poderia ser demagogia ecológica.
Num fechamento de edição, ele me chamou no departamento e reclamou: "Motta, estamos desmaterializados, precisa nos ajudar senão não vai dar!". Peraí, como tu estás desmaterializado se estou te enxergando bem na minha frente? "Motta, tá faltando material, é isso, estilete, cola Pritt, espelhos de montagem, estoamos sem material, é isso!". Ah, tá, entendi.
Outra dele foi quando entrei na sala e ele reclamou: "Assim não consigo trabalhar! Tô ocioso desde que cheguei. Não pude nem ir ao banheiro, acredita? Me exalto da sala de dez em dez minutos pra resolver poblema que nem é da minha arcada!".
Demorei pra entender a mensagem cifrada, depois de rir por cinco minutos, escondido na minha sala. Ele estava atarefado, se ausentando da sala pra resolver problemas que não eram de sua alçada, acreditem.
Outra: nosso burraldo conversava com um colega e, lá pelas tantas, perguntou pro cara: "...aí tem um sujeito olhando pra tua mulher, qual é tua procedência?" e o outro: "Bem, eu sou de Montenegro. Ah, qual o meu procedimento? Saquei!".
Deve estar vivo até hoje, embora ninguém acreditasse que ele sobreviveria à própria estupidez, mas Deus protege os beócios e bêbados. E ele era ambos, vejam só.
Boa noite, volto depois da minha oração subordinada composta, beijo carinhoso no artelho da Brooke Adams.

CUBA
Agora lembrei de um filmezinho médio mas interessante; Cuba, de 1979, com Sean Connery e uma gostosa que não recordo o nome. Sir Connery interpreta um mercenário que vai à Cuba tentar endireitar uma situação irreversível, nos estertores de Fulgêncio Batista, e, nesse cenário, desenrola-se um romance dele, Connery, e da morena aleijada de tão boa.
Quando nosso herói se dá conta de que a queda de Batista é iminente, resolve fugir e levar aquela beldade com ele, mas é esnobado e fica sobrando mais do que pão d'água em aniversário. Não lembro como termina, mas comecei a gostar daquela Cuba Libre do filme! Cassinos, uísque e cubanas tentadoras. Aí veio o Fidel de Sierra Maestra e o negócio ficou sério, acabou a borracheira e os russos chegaram pra ensinar como se divertir, cheios daquele bom humor que lhes é tão peculiar.
Acho até que o Connery ficou por lá, mesmo, pois logo começaria a Guerra Fria e 007 já estaria infiltrado.
Aí lembrei quando o Olívio Dutra ganhou a eleição para governador, e foi descerrada um enorme bandeira de Cuba diante do Palácio Piratini. Me senti um legítimo cubano! Um Romeo y Julieta, um Montecristo, quem sabe um Double Corona? Mas logo essa empatia se dissipou e voltei a ser um brasileiro gaúcho, que até hoje não entendeu o porquê da bandeira de Cuba. Talvez o Olívio e o Britto tenham apostado que, quem ganhasse, desfraldaria o lábaro de sua ideologia ou coisa parecida. Se o Britto ganhasse, talvez fosse a bandeira dos EUA, o Grande Satã, ou do Nepal, jamais saberemos, até porque o Britto sumiu mato adentro e nem a faixa passou ao seu oponente, que coisa!
Acho que daqui uns dias já poderei viajar de jatão, pra lugares que o tempo de viagem não exceda duas horas. Bom sinal. O motorista do ônibus entra e grita: "Já tão todos aí? Então vambora!". Esse é o jatão, queridos parceiros e parceiras.
Volto de tarde, para atormentar-lhes e contar alguma peripécia do passado.
Bom almoço e masbá pra vocês!

PONTES
Ontem à tarde recebi, em mãos, o livro O Sapato do Pirata, gentilmente enviado pelo próprio autor, Leo Iolovitch, com dedicatória e tudo. Me foi tomado destas mãos que a terra há de comer pela minha genitora, a Norma, e ainda não devolvido. Obrigado, meu amigo, pelo precioso presente. A Norma também agradece.
Hoje, meu amigo Alexandre Froemming me visitou, e lembramos grandes aventuras em território samborjense e outras, em Porto Alegre. 
Voltava do jornal numa madrugada, cansado, cabisbaixo, quando chego diante da escadaria do Edifício Portal, na Duque com a Jerônimo Coelho, escuto gaitadas e gritos de felicidade! Nas escadas, pulavam de felicidade Nico Patrola e o Pacu, amiguinhos samborjenses que não entendi de onde surgiram. Não demorou muito obtive resposta: desce de um flamante Del Rey - modelo recém-lançado - o Miro Beladona e conta que achou o Pacu na estrada, perto de Santa Maria, e o Nico Patrola trouxe junto de São Borja mesmo, que queria visitar a namorada em Porto Alegre. 
Perguntei: e eu com isso? Mas o Miro não me deu muita conversa e zarpou com a Ana Paula, no Del Rey, pra Santa Catarina. Enquanto o elevador subia até o 803, eu pensava em como fazer pra acalmar os dois dementes, que gritavam de alegria por me encontrarem, pois o plano B seria dormirem na rua, se eu não aparecesse.
O Pacu, grudado num Velho Barreiro, gritava e me abraçava e o Nico raspava uma panela de carreteiro de anteontem, num barulho infernal.
Eis que surge, salvador, como um anjo do Senhor, o Julio Cabeção Sasso, que acompanhou de longe o evento, pois a Mônica, namorada dele, morava no prédio em frente, nossos apês de frente. E foi ele quem pegou os dois e saíram porta afora, para um passeio da carro, voltando horas depois com os meninos estabanados quase dormindo. Um alivio. Te devo essa até hoje, Julio. Nem perguntei o que ele fez pra acalmar os dois.
Pela manhã o Nico se foi à namorada e o Pacu, sem conhecer nada nem ninguém, ficou encerrado no apartamento quando fui trabalhar. Debruçado na janela, via os carros, o movimento, e o Julio, do apartamento da Mônica, gritava: "Pacuuuuu! Pacuuu!", e o Pacu procurava e procurava e não via ninguém. Aí o Julio resolveu se mostrar, senão o cara ia se jogar lá de cima, era um grande risco.
Durante a semana juntamos grana pra devolver o Pacu pra São Borja. Ufa!
Meus amiguinhos malucos inesquecíveis. 
Vou-me aos lençóis de linho egípcio e aos braços da poltrona inglesa que me aguarda.
Até amanhã, facínoras, preciso me movimentar um pouco, nem que seja com os olhos, óleos. 
Abracinhos pra todos, o sono me pegou. Tô sorto de mono. Tiamanhã.
Rafael Sasso

VAMOS KOMBINAR
No que você está pensando? Não pense, aja antes que haja um colapso total no hipotálamo frontal esquerdo, e te transforme num ser abjeto, incapaz de diferenciar um controle remoto de um livro, dizendo coisas do tipo "naum eh? huasuahausuahaush!".
Pois é, descobri que a Kombi sairá de linha, não será mais fabricada, adeus Kombi, tiau pra ti. 
Quem não teve uma Kombi atrevida em sua vida, pelo menos uma vez? Reza uma lenda urbana, de que as Kombis dos gringos das fruteiras, nas madrugadas de finais de semana saem, sorrateiras, de suas garagens e reúnem-se na CEASA pra botar as fofocas em dia e falarem mal dos patrões. Há quem diga que já viu essa reunião surreal mas, por ser elemento muito do bêbado, não foi levado a sério.
A Kombi azulada do Segundo RC de Cavalaria, de São Borja, me pegava cedo em casa, com outros estudantes filhos de militares, e ia desovando as crianças pelos colégios. Eu ficava na Colégio das Irmãs, onde encontrava a Irmã Julia e meus coleguinhas do Jardim de Infância. Cabo Alfredo era o motorista e falava 'dispois' com sotaque carioca. Muitas outras Kombis surgiram, ora divertidas, às vezes sombrias.
As freirinhas do Colégio das Irmãs tinham a Kombi Karmann-Guia. Lotavam o veículo e saíam a passear. Quem olhasse de longe, pareciam garrafas de champanhe enfileiradas nos bancos. A Kombi que-a-irmã-guia.
O corpo do finadinho Ataliba - que Deus o tenha numa guampa de mijo, de tão ruim que era - levado, lentamente, numa Kombi vermelha e branca até o cemitério de Nhu-Porã, num sábado chuvoso, com uma tropa de borrachos atrás, a passos bêbados, entoando alguma coisa do Gildo de Freitas. Voltaram dois dias depois, porque acabou a cachaça.
E a viagem até as ruínas de São Miguel, com uma turma do CESB, pra ver um show de som & luz? Uma coisa maluca! Eram uns vinte dentro da pobre camioneta, quem visse de fora parecia um amontoado de pernas e braços desconjuntados, sem dono, jogados lá dentro, encharcados de Tremapé. Ali, comecei a namorar uma menina que até hoje não sei quem era. O namoro começou na ida e terminou na vinda, dentro da Kombi.
Acordei, numa manhã de domingo, dentro de uma Kombi na beira do Rio Uruguai, agarrado numa lourinha, com o Capincho e mais uma horda gritando como apaches enfurecidos ao redor do automóvel. Até hoje não sei como fomos parar ali. A lourinha veio junto, no pacote, e ficamos amigos. Lembro com certa dificuldade desse piquenique estranho. A única coisa nítida que ficou foi a boa e velha Kombi.
Bueno, vou almoçar e depois sestear e sonhar com kombis.
Bom almoço pra todos, guris e gurias, depois passo aí pra dar um alô. Masbá!

GRAÇAS
Ainda no hospital, outubro passado, recebi a visita da Carla Guimarães e do Fernando Argollo Mendes, e recordamos quando eles me visitaram, no Instituto de Cardiologia, em novembro de 1988, quando infartei. Pura verdade, infartei, mesmo! Mas foi coisa leve, sem maiores consequências, graças à minha idade. Ficou apenas um priapismo constante, mas aprendi a lidar com isso.
Começamos a lembrar os bons e velhos tempos de Zero Hora, as aventuras malucas e o time de insanos do qual fazíamos parte. Outros que me visitaram nas duas ocasiões foram o Antonio Carlos Costa Machado, o Kau, Virginia Pascual Andrade, Clara Frantz, Renilda Mansur de Castro, Oswaldo Mayer e, se esqueci alguém me perdoem. Parece casamento: na saúde e na doença, na miséria e na pobreza, na fazenda ou na casinha de sapé. No infarto e na cirurgia do fêmur. Meus amigos doidos amados, todos vocês são. Todos vocês morarão pra sempre na minha alma.
Estava num quarto com dois cidadãos, quando infartado, no Cardiologia: Seu Arno e Seu Agostinho. Se divertiam com as minhas palhaçadas, em apelidar as enfermeiras e azucrinar os outros pacientes, fazendo serenatas improvisadas nas portas dos quartos, cantando O Ébrio às duas da manhã. E os dois velhotes eram parceiros, os endiabrados! Muita ralhada tomei por causa desses inocentes folguedos.
Num belo dia, Seu Arno recebeu alta e foi embora. Às quartas-feiras, nos visitava a Doutora Isabel, uma equatoriana sisuda e seus aluninhos da UFRGS. Preparei um cadáver com cobertores e cobri com lençol antes de ela chegar com o alegre grupo.
Seu Agostinho auxiliou e não os deixou entrar, alegando que Seu Arno estava morto desde a madrugada e o corpo estava ali, quieto, morto, sinistramente morto, esse tempo todo.
Doutora Isabel galopou, furiosa, até o posto de enfermagem e voltou mais furiosa ainda, com a nossa palhaçada. Ela ficou tão nervosa que nos xingou em guatemalteco ou guarani, não entendi nada! 
Ah, quase esqueço do título! Não o de eleitor, mas o do texto, o do texto, meliantes! Então, vamos a ele:
Tio Demêncio e eu, encostados na Casa Lord, em pleno centro de São Borja, esperando alguma vítima pra atucanar e filar um cigarro, quando ele mostra três barangas vindo em nossa direção, em vestidos rodados: "Olha lá, Paulinho, as três graças: A Sem Graça, a Desgraça e a Nem de Graça!".
Até já, senhores e senhoras ouvintes, membros do Conselho e ilustres integrantes da Confraria do Cachorro Quente, correligionários do PCQ e demais artistas que me ajudaram a gravar os CDs com músicas natalinas, todas inéditas, creiam-me.

ABISMADO
"O humor deve ter a função social de divulgar mensagens politicamente corretas e edificantes, não podendo, portanto, ser instrumento para ridicularizar minorias".
Esse é um trecho da lei sancionada pela atual presidenta de Bulhufas, que bota ordem na palhaçada. É quase o AI-5 da gargalhada, da pândega, um basta nesse time de gozadores, que já estavam passando dos limites, ora vejam!
Em seguida encontraremos cambistas sinistros, em becos escuros, vendendo ingressos para shows proibidos, realizados em teatros de câmara sombrios, por comediantes proscritos, que ousam desafiar a ordem imperial.
"Olha aqui, só hoje, à meia-noite, um ato de desagravo com o Costinha, só piadas de broxa e japonês! Pega logo, trinta caraminguás com cadeira na primeira fila, vai ou tá com medo, burguês imperialista? Amanhã, o Pinguinho faz um show-repúdio, no porão do Araújo Vianna, só com anedotas de velhinhos tarados e judeus". O Pinguinho é da ala radical bocagista, leu tudo do Bocage, o desbocado.
Nas festas, observaremos grupelhos de homens saírem de fininho, rumo ao pátio, sob comentários sussurrados:
"Eles foram contar piadas de cornos e portugueses bichas. Meu marido sabe piada até de políticos, um horror!".
"E aquele de trás tava com uma carteira de cigarros no bolso da camisa, eu vi! Foram fumar, também, meu Deus, onde vamos parar!". 
A DMHS (Delegacia do Mau Humor Social) criada para reprimir piadas sobre minorias, se verá atarefada, com celas abarrotadas de contadores de anedotas, flagrados em plena ação. Os advogados se especializarão nesse tema, com o aval da OAB, supervisionados pelo MSG (Ministério Sem Graça) que tem à sua frente a ministra Luana do Terço e, à sua retaguarda, a Guarda Livrai-nos da Risada.
O grupo Cócegas na Titia reivindicará para si a autoria de atentados, com piadas de louco e formiguinha ninfomaníaca, no softer do Senado de Bulhufas. E, também, piadas de peidorreiro, um nojo!
Estão rindo do quê, hein? Olha que eu chamo a radiopatrulha pra acabar com essa alegria de vocês, ouviram?
Vou dar uma passeadinha, fazer meu exercício de cidadania, digo, exercício diário nas minhas perninhas de rã.
Voltaren 75mg mais tarde, após tergivesar um pouco e, se possível, dar uma prevaricadinha de leve. Comportem-se e não mexam em nada até eu voltar.
Beijinhos e abracinhos.

O TOQUE
Não, não me refiro ao toque de recolher e nem a algum filme do Godard. Falo sobre o exame de toque, aquele, sabem? 
Aos 47 anos resolvi que era a hora de me submeter ao famigerado exame de toque, prevenção do câncer da próstata. Tenho histórico familiar, por isso mais cuidado ainda. Minha bisavó Etelvina, morreu de câncer na próstata, naqueles tempos algumas mulheres nasciam com próstata e bigode.
Procura daqui, escolhe dali, finalmente achei uma urologista feminina, mulher, uma dama. No dia agendado lá estava eu, na sala de espera do consultório, escutando Paul Mauriat e folheando uma Fatos & Fotos amarelada pelo tempo.
Confesso que estava nervoso como anão em comício, mas tentando fingir naturalidade, apesar de ser o centro das atenções por estar roendo as unhas do velhote que sentava ao meu lado. 
Minha vez, coração batendo mais forte como se fosse o primeiro encontro com a namoradinha adolescente, com a terrível diferença que a minha primeira namorada nem me beijou, imagina uma coisa mais ousada. Sentei-me e a médica conversou calmamente, perguntou-me sobre amenidades, se eu gostava de ornitorrincos, qual a minha bebida predileta e se eu bebia. Quando eu respondi que sim, que bebia, ela perguntou-me desde quando, e respondi: desde que acordo. Ela achou uma gracinha a minha resposta e eu resolvi não dizer que estava falando sério.
Minha atenção prendia-se nos dedos da doutora médica, que iria me invadir com um daqueles dez dedos finos e pontiagudos, em seguidinha. Vesti o avental de bunda de fora e deitei-me de lado para a incômoda invasão. Mas não foi tão horripilante, não. Me vesti, cumprimentei a senhora médica e saí exultante, feliz, convicto! Quase gritei quando cheguei na rua: Fiz e não gostei, ouviram seus bostas! Achei uma coisa muito ruim, só faço de novo por obrigação! E me fui contar a boa nova a todos. Liguei pro meu filho, o Lobo, que o exame estava consumado e eu não tinha nada na próstata além da própria próstata! E que nem passava pela minha cabecinha oca pedir uma segunda ou terceira opinião médica!
E não me venham com essa história de que hoje é possível fazer esse exame por outro método que não é verdade. O mais seguro é o do dedão. Só cuidem pra não pegar um médico com dedos de parafuso de patrola, observem bem, certo?
Bom almoço pra todos, e não esqueçam, álcool gel em casa de bêbado é patê!
Beijinhos e abracinhos pra todos!

BELELÉU
Minha amiga caxiense Carla Perussato, conta que um xópingui em Caxias proibiu as mães de amamentarem seus filhos em público. Não sei detalhes mas, de qualquer forma, acho uma atitude absurda, para não dizer idiota. Isso me lembrou um fato ocorrido num xópingui em São Paulo, se não engano, em que dois gays foram expulsos por estarem se beijando. Voltaram com mais uma centena de gays e todos se beijaram, longamente, num beijaço coletivo.
As mães poderiam combinar e fazer um mamadaço coletivo nesse estabelecimento, com direito à imprensa e toda a pirotecnia que terão direito. 
Repito, sempre, que vivemos entre Torquemada e Calígula. Por um lado, o excesso de zelo pela moral e o bons costumes e do outro, uma grande festa do cabide, com crianças aprendendo coisinhas putrefatas que lhes serão referência de caráter no futuro. E, honestamente, não consigo ver nada em uma mulher amamentando um bebê, além de uma mulher amamentando um bebê. Talvez eu esteja ficando velho e perdendo a noção do que é obsceno, talvez; afinal, o mundo de hoje mudou muitos valores: o fumante virou criminoso e o assaltante, uma vítima da sociedade exercendo sua cidadania, por exemplo.
Hoje não fiz campanha, embora a equipe da Confraria do Cachorro Quente esteja articulada e atuante, descansei para começar a semana viajando ao Principado de Beleléu, onde o Príncipe Zacarias nos aguardará para selar seu apoio à minha candidatura. 
O apoio de Beleléu é importante, pois Zacarias não vai com a cara dos atuais governantes de Bulhufas, que lhe roubaram um magistrado, que estava com voz de prisão de ventre decretada, foi um grande incidente diplomático, até uma força-tarefa foi pro Beleléu aparar arestas mas conseguiu, somente, aparar as pontas da peruca do Príncipe Zacarias.
Vou me recolher e levar meu cachorro, o Nique, que dormirá aos meus pés.
Boa semana a todos e todas, masbá pra vocês!

MALDADE
Tempos atrás, na Zero Hora, incentivado por alguns bandidos que abusaram de minha singela inocência, liguei para um colega imitando voz feminina, e me confessei encantada pelo ilustre rapaz, que ele me causava calafrios quando passava perto, estava enamorada a Graça, que era eu com voz de mulher. E o cara acreditou na minha conversa, acreditem!
Todo o dia eu ligava pro ramal dele e fazia voz melosa, de fêmea lânguida, e o cidadão babava e eu, mais uma galera, nos divertíamos. 
O Anderson Cerva conseguiu uma foto de uma prima, que copiamos e enfiamos na gaveta do príncipe, junto com um bilhete escrito pelo próprio Anderson e, a partir disso, começamos a montar o perfil da Graça. 
Quando a Graça Paulo Motta falava com ele, queixava-se do marido - sim, ela era casada - que era capitão do Exército e muito violento quando bebia. E o capitão sempre bebia, logo, sempre espancava a pobre Graça, uma mártir! Nosso príncipe andava meio molambento; a Graça resolveu, então, dar uma guaribada no nosso herói e sugeriu-lhe fazer a barba, botar um calça nova e outras coisinhas.
Pronto. No outro dia lá estava ele, bonito, barbeado, penteado, de calça jeans novinha, um mimo, um tesouro de galã. E a peonada rindo torrencialmente, os debochados. E eu, um instrumento daqueles facínoras, ó céus!
Numa reunião de segunda-feira, o Nelson Hoffmann, diretor industrial, me chamou e aconselhou a parar com a brincadeira da Graça, pois a direção geral já sabia e não estava achando nenhuma graça. Acabaram com meu brinquedo, esses chatos. Fazer o quê, né? Peão obedece.
Fiz uma reunião com a Eleusa e o Anderson, meus parceiros de maldade, para descobrir como dar um pé-na-bunda do príncipe sem magoá-lo, sem deixar marcas profundas em seu coração. Aí me veio a lembrança de que o Antonio Carlos Costa Machado, o Kau, estava morando em João Pessoa, na Paraíba. Ali estava a nossa saída. A Graça ligou pro apaixonado e contou-lhe que o marido - o capitão bebum violento - fora transferido pra João Pessoa e ela iria junto, lamentava ter que se separar dele, uma grande paixão e a Graça não deu muito papo e desligou, deixando o cidadão quase em lágrimas, com o telefone na mão. 
O Anderson escreveu uma carta derradeira, que envelopamos, enfiamos dentro de outro envelope e mandamos pro Kau, na Paraíba. Ele recebeu lá, botou um cartão postal no envelope endereçado ao desolado colega e enviou para o fulano de tal, Zero Hora, Avenida Ipiranga, 1075, Departamento de Transportes, pronto, encerrado o fatídico romance!
Uma semana depois ele entrou na nossa sala com o envelope na mão, mostrando pra Eleusa, que era sua confidente. A conversa entre os dois era de filmar, juro! Eu saí da sala pra não cair em prantos! 
Foi uma maldade, eu sei, eu sei, mas fizemos uma pessoa muito apaixonada e feliz por uns dois meses, eu acho, e isso é o lado bom da aventura. Ou não é? Eu acho que sim, azar.
Vou fazer meus exercícios e esticar minha perna, pra poder correr, saltar, caminhar e cantar e seguir a canção, somos todos iguais braços dados ou não.
Até mais tarde, queridos e queridas. Bom almoço a todos.

TÍTULO
Me perdoem amigos, amigas, correligionários, bulhufenses em geral, pela minha ausência temporária, que se deve a um probleminha já superado e, concomitantemente, à chegada da minha mãe, a Norma. Foi uma chegada normal. Putz, chegou a me doer o dedo pra digitar concomitan...tá, deixa pra lá.
Bulhufas está em polvorosa pela descoberta de que o Obama espiona nossa Madre Superiora e seu séquito clerical, onde já se viu! E a traquinagem desse menino se estende ao mundo inteiro. 
A Angela Panzer Merkel ligou, lhe disse poucas e boas, vociferou e mandou seis pastores alemães para convertê-lo. Dizem que os vídeos proibidos da Angela - onde ela tira meleca do nariz e gruda debaixo da mesa - estão valendo uma nota preta no mercado negro. 
Gente, só passei pra dar um alô e me recolherei aos meus aposentos com o meu cachorro, o Nique. Amanhã voltarei com todo o gás - ou gases - pra matar a saudade de vocês. Sinto falta dos meus queridos amigos e amigas quando fico muito tempo longe, verdade! 
Hoje ouvi alguma coisa sobre estatística de acidentes de trânsito, dizendo que 30% desses acidentes são causados por motoristas embriagados. Então, nos outros 70% os motoristas estavam sóbrios: olhem o perigo em dirigir sóbrio!
É só um silogismo, uma pândega, não levem a sério, por favor, não me processem.
Boa noite a todos, amanhã, domingo, é o dia de comer um churrasquinho com uma cervejinha e uma mulherzinha, bem bonitinha. 
Um carinhoso beijo no duodeno de vocês!

DIA DOS MORTOS
Primeira coisa que fiz ao acordar com o meu cachorro, o Nique, lambendo minha mão, foi agradecer aos céus por estar vivo. Meio esburacado, mas vivinho da silva. Graças às minhas anjas da guarda Maria Cristina e Ana Maria estou aqui, alegrinho e sorridente. Hoje é o dia para relembrar a turma que já desembarcou na outra dimensão.
E alguns desses amigos é impossível relembrar sem misturá-los em alguma aventura insólita.
Numa bela madrugada, o apartamento 803, da Duque de Caxias com Jerônimo Coelho, estava animadíssimo, Hilton Marchiori, o Capincho, preparava um carreteiro de charque; o Sarico e o Dadinho faziam sala para duas amiguinhas da Libelu, que conseguimos atrair do bar Estudantil para o nosso covil, com promessa de cachaças e comidas exóticas. E o carreteiro do Capincho tornara-se uma comida exótica às duas da manhã, misturado com Velho Arteiro. Mas a surda preocupação de todos é que as ativistas libelunianas eram insuficientes para os quatro dementes, e a cachaça já estava no fim. 
De repente, não mais que de repente, o Dadinho Eduardo Martinez começou a sentir-se mal e vomitou e ficou pálido e achamos que ele iria morrer ali mesmo. O pânico alastrou-se entre os borrachos! E o Dadinho-quase-cadáver deitado com seus 1,90m na minha cama com os pés pra fora delirando, gemendo feito moribundo. Aí começamos a nos preparar pro pior: e se ele morrer, onde vamos esconder o cadáver? Puxa vida, vamos ter que esquartejar o nosso amigo a jogar na lixeira, um pedaço em cada andar. Se fosse o Saquinho, que tem 1,50m, enfiava o defunto numa sacolinha de supermercado e estava resolvido, pronto. Tudo isso passava pela nossa cabeça, juro! As libeluetes saíram de fininho e nos deixaram com o aquele problema gigante.
Lá pelas quatro da manhã o moribundo abriu os olhos: quem sou? Onde estou? Ouço vozes! O Capincho ficou enfurecido pois o Dadinho não morreu e, ainda por cima, estragou nossa festa com as meninas revolucionárias!
Saudades do Capincho. 
Vou almoçar uma bóia esperta que me aguarda, sobre a mesa. Sobremesa, maracujá! Já comeste maracujá? Mara, não!