sábado, 31 de agosto de 2013

Agraciado fui com a visita das sublimes irmãs Monalisa e Mônica Sosnoski, hoje. Iluminaram a tarde com sua alegria e rimos, falamos mal da vida alheia e planejamos delitos para o futuro. Mônica faz parte, em Caxias, como voluntária, na ONG Doutorzinhos, que segue os fundamentos do Patch Adams, médico norte-americano que entende que o médico tem que cuidar, a cura é consequência. Desapego da parte dela, coisa rara hoje em dia. E me trouxeram cuca e grostoli, delícia! Pena que a cuca não é a Beludo. Adoro essa marca, mas só em Linha Nona tem cuca Beludo. 
Mas uma coisa que sinto falta, agora, é de ir ao supermercado, sabe? Verdade, supermercado! Naqueles horários tipo meio-dia ou nove da noite. Adoro passear empurrando o carrinho e descobrindo porcarias pra comer e beber. Uísque, massas de todas as cores, molhos e temperos diferentes e carnes. Ah, as carnes! Uma ripa que te acena, alegremente, no balcão refrigerado, de mãos dadas com um pernil de cordeiro fresquinho. Em Caxias, eu costumava encomendar, num açougue ao lado do jornal, pernil de cordeiro desossado, recheado com coração de peru, queijo, pentelho verde e linguicinha. Era só chegar em casa, enfiar no forno e degustar um cabernet honesto enquanto aguardava o abraço final. Uma loucura! 
Mas ir ao supermercado com a patroa é um martírio, amigos. Se estás sozinho é uma maravilha, não precisa comparar a diferença dos centavos das latas de ervilha, e nem ficar enchendo o saco do pessoal de padaria porque o cacetinho está muito tostado ou meio branquelo. Tem coisas que compro que jamais usarei. Colher de pau é uma dessas coisas. Tenho coleções, acho que impulso de alguma frustração de infância, minha mãe não me deu todas as colheres de pau que pedi, sei lá.
O supermercado da Getúlio Vargas tem uma peculiaridade: das 09 às 12h é o horário das velhinhas e dos velhinhos, uma beleza! Tu passeia, escolhe, os caixas liberados, eventualmente alguma delas derruba as moedinhas, mas é o máximo de stress que veremos ali. Às seis da tarde já é mais trovejante, com casais com crianças sendo arrastadas aos berros, gente com três ou quatro carrinhos, um holocausto! Até pra ir às compras tem hora, meus amigos!
Bos noites e até amanhã, se Deus quiser e eu me comportar.

Hoje acordei ouvindo os comentários das técnicas de enfermagem que chegavam, sobre a dificuldade em pegar o trem, depois ônibus, depois fazer um longo trajeto à pé pra chegar no trabalho. Se queixando da falta de transporte para trabalhar para os capitalistas! Será que não entendem que milhares de cidadãos deixam suas famílias, correndo riscos e expondo a própria vida à sanha da polícia truculenta, para defender os interesses desses mesmos trabalhadores que resmungam? Pessoas que, movidas pelo patriotismo e visando somente o bem estar público, livres de quaisquer ideologias, se alevantam contra esse sistema espúrio que aí está! São uns incompreendidos esses cidadãos, desprendidos de interesses pecuniários ou políticos que saem às ruas lutar por nós.
Agora falando sério: muita gente me pergunta como consigo manter meu bom humor nessa situação, estacionado numa clínica, me locomovendo com mulatas e cadeira de rodas - digo, muletas - aguardando uma cirurgia de quadril pra dia 23 de setembro, com uma bolsa de colostomia que ainda será avaliada se será possível reversão. Olha, com sinceridade acho que há um pouco de exagero, afinal de contas não é todo mundo que escapa com vida da Gangrena de Furnier, como eu escapei. Só isso já vale um aplauso pro Grande Arquiteto do Universo, Deus. E bom humor é resultado da inconsequência e uma pitada de irresponsabilidade que sempre me acompanharam. Não faça isso em casa, deixe longe do alcance das crianças. Falei dia desses que isso está sendo um belo aprendizado, uma reconstrução, a descoberta do mundo virtual que desconhecia. Esse montão de amigos que acompanho, leio e releio e abraço tanto quanto sou abraçado e nem imaginava que isso pudesse me apoiar tanto, vocês podem ter uma idéia.
Mais tarde irei à Alcova Minestra, em Quiprocó, abraçar meu amigo Plinio Nunes, que está de aniversário, hoje. Durante a recepção, organizada pelo Chef Mano Pereira e Gilnei Lima no suporte de som out e indoor. Buffet de frutos do mar à esquerda do salão principal, carnes e veganos ao centro-direita, carnes e licores, a direita. Plínio aproveita o evento para o lançamento de seu livro Avolices Outonais, com sessão de autógrafos após a recepção-show do grupo aminiótico Ratos Ranhentos. 
Clara Frantz cantará, na abertura dos shows, La Malagueña, em sublime vestido doirado-ômega3, imperdível. E eu preciso chegar cedo pra pegar um bom lugar e dar um abração no amigo Plínio, e desejar-lhe um montão de coisas boas pra ele e toda a turminha dele! Feliz Aniversário, garoto!

Me teletransportarei ao início dos anos 80, quando conheci as duas figuras que me acompanharão pro resto da vida: Antonio Carlos Costa Machado, o Kau, e o alemão Eber Borba. Alemão porque é amarelo, mas é italiano, devorador de formaggio e polenta brustolada. Nos conhecemos trabalhando nas primeiras edições de Classificados - a primeira edição circulou dia 13 de maio de 1979 - com doze páginas. Nossa equipe, sob o comando do Kau e do Eber, operava nos porões do prédio, no subsolo, lá no fundo à direita. Era uma caverna onde todos fumavam e corriam pra fechar a edição, uma divertida e tensa esculhambação que nos absorvia e fazia daquele bando uma família de dementes. Quase sempre aparecia do nada uma garrafa de cachaça, preparada com cachaça e cachaça e, talvez, algum pão roubado do refeitório, na madrugada. A gente nunca sabia se conseguiria fechar a edição, mas fechava, só Deus sabe como! Nos intervalos, nos reuníamos pra ouvir as histórias dos dois chefes insanos e nos divertíamos descobrindo o mundo do jornal. Tudo isso me fascinava! Não eram pessoas convencionais, eram diferentes do que estávamos habituados. Acordar pela manhã, ir ao trabalho, almoçar ao meio-dia, voltar pra casa no final do expediente, jantar com a família e, depois da novela, dormir. Não, isso não funcionava pra nós, nos sentíamos como uma sociedade secreta, com códigos e procedimentos próprios, ocultos e restritos. Sair do jornal às duas da manhã e ir pro Tide, na José Bonifácio com a Venâncio tomar sopa era rotina. Ou o Porta Larga, se estivesse aberto. Mas hoje o Eber está de cumpleaños, por isso quero cumprimentá-lo lembrando a trajetória doida e inesquecível que percorremos, com a insanidade que ainda nos é peculiar. Parabéns, meu amigo, que a vida nos seja longa! Abração!
O Eliziário Goulart Rocha fez um artigo ótimo sobre o que as secretárias, em geral, perguntam pra gente. Lembrei de uma que aconteceu quando, anos atrás, liguei pro Zanini, diretor do jornal Pioneiro, em Caxias, o diálogo foi mais ou menos assim:
- Quero falar com o Zanini...
- Quem gostaria?
- Gostaria de falar com o Zanini...
- Quem fala?
- Bem, pode ser ele primeiro, eu depois, o importante é falarmos!
- O senhor não entendeu: quem é?
- Ah, é o diretor do jornal!
Aí ela já estava muito puta da vida.
- Quem é o senhor, meu senhorrrr!!
- Ah, claro, sou o Paulo Motta!
- De onde?
- Bem, agora estou na minha sala, sentado com o telefone no ouvido!
Eu já estava ficando constrangido de atormentar a coitada da guria, mas dei corda.
- Qual empresa o senhor representa, meu senhor!!
- Sim, claro, da Zero Hora...
- O senhor Zanini não se encontra, senhor!
- Então ele está no manicômio? Quem não se encontra, no meu entender, é maluco!
E desliguei. Pra quê, minutos depois o Zanini me ligou:
- Porra, cagalhão, eu cheio de coisa aqui pra resolver e tu azucrinando a minha secretária!
Meu bom amigo Zanini, boas lembranças!

Hoje estava um dia maravilhoso pra prevaricar. Ensolarado, morno, agradável, ideal para uma bela prevaricação com uma parceria à altura desse dia. Dias atrás, com aquela chuva enjoada, era ideal para uma boa tramitação; eu costumava tramitar ao som da Tocatta e Fuga, do querido amado idolatrado salve salve Bach. Mas sempre com uma bela retaguarda no apoio, claro. Ah, bons tempos em que a prevaricação era um privilégio de poucos! Hoje todos prevaricam, uns menos, outros mais, mas a prevaricação, sem dúvidas, está mais popular, amigos. 
Já que estamos embalados no FEBEAPÁ (Festival de Besteiras que Assola o País) - título do livro do brilhante cronista Stanislaw Ponte Preta, alter-ego do Sérgio Porto - o Brasil vai dar por aberta a temporada de Cassa aos Representantes Populares Safados, os RPS. Grupelhos de cassadores já preparam armadilhas e equipamentos para iniciar cassa a uma presa realmente difícil de abater e, pior ainda, capturar.
Muitos que são aprisionados conseguem escapar e sumir de vista, talvez voem para o paraíso fiscal das Cucuias, embora se cogite que a maior parte dos RPS permaneça aqui mesmo, camuflados em seus ninhos, desfrutando do que amealharam com seu labor. São incansáveis em seu trabalho, não podem ver dinheiro público que levam, no bico, para o ninho. Aliás, eles levam no bico tudo e todos, por isso os cassadores são treinados para não serem levados no bico. As armadilhas são preparadas com uma espécie de remédio natural encontrado nas florestas brasileiras, a propina. Prepara o alçapão, joga dentro um punhado de propina e os RPS aparecem, mas são muito desconfiados, é preciso cautela. 
Aguardemos, enquanto me jogo num prato de torvelinhos ao molho de melatonina sueca, seguido de um cálice de marafona e supimpas torradinhas. Ah, e alvíssaras ao natural, gentilmente enviadas pelo meu amigo Henrique Arnholdt!
Até logo.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Com esse frio todo procurei o cachecol que me tocou de herança do tio Toríbio, falecido devido a vários buracos de ferro branco, feitos por um castelhano maleva que lhe devia uns mil-réis, num bochincho em Nhu-Porã, depois do Seu Balbino, à direita quem vai. Voltando ao cachecol - ou manta, como queiram - achei-o, mas não me serviu, comprarei outro. Mais tarde minha mãe, a Norma, me falou que ela tinha lavado e era tão bagaceiro que encolheu! Que susto, achei que meu pescoço tivesse crescido, efeito colateral de algum medicamento. 
Ontem falei sobre a algazarra que é esse mundo jurídico brasileiro e nem quis falar no deputado que deveria se cassado e não foi. Mas o presidente da Câmara, Henrique Alves, deu uma de galo e manteve a cassação, talvez por ser uma bela oportunidade de apagar a má impressão que ficou de seus alegres passeios com a família, na Nave Estelar da FAB, se é que algum bocó contribuinte lembra. Mas é somente uma encenação, afinal, continuar deputado, representante do povo, dentro da cadeia não é pra qualquer um. A sacanagem está tão banalizada que a gente se escandaliza e esquece em seguida: onde é que vamos parar? Essa cambada de safados! Meu voto daqui pra frente será nulo! E vamos pra rua fazer uma bela esculhambação e exigir transporte gratuito para o proletariado! O gigante acordou mas parece meio apatetado com o que vê, resmunga: "Bá, vou dormir de novo! Me passa o Rivotril, por favor?". E a Ideli Salvatti leva o Rivotril e um cafezinho.
Com essa do Henrique Alves dar uma de Chuck Norris me lembra a história do fanho gozando o gago. Definitivamente não há como levar a sério esses caras. Mas, vejam só, o Denadon, que era ateu, como ficou bem de cristão, não é? Quase fui às lágrimas quando ele se ajoelhou e orou. Mais um pra nossa galeria de fenômenos bizarros junto com o Farco Meliciano, Renan Canalheiros, deusa Marta Súplicas e outros. O Tiririca e o Romário são uns dos poucos que se salvam nesse circo, quem diria, hein? 
Nem vou falar na gauchada - quatorze, ao todo - que sumiram. Parece que treze apresentaram atestado, o outro estava com a avó no hospital e teve que levar as crianças pra casa da irmã. E lá vamos nós, lavamos o que aparecer. Vou almoçar, minhas recomendações à esposa: recomende-lhe meu cabeleireiro, minha costureira e minha cartomante, que nesses tempos bicudos nunca se sabe! Beijinhos para todos e todas!

Pois olha, me impressiona cada vez mais, o alegre carnaval jurídico em que vivemos. Sempre digo, convicto, que alguém para ser preso no nosso país tem que ser muito pobre ou ter um advogado muito burro. Ou ambos. Vejo traficantes soltos sob liminares, habeas-corpus, semi-abertos, cumprindo medidas sócio-educativas, como alimentar os ratões-do-banhado desamparados e polindo as unhas das peruas em cativeiro. E tudo dentro da mais perfeita lisura jurídica. 
Até eu tenho pensado em assaltar um banco de olhos e trocar tiros de bala de borracha com a truculenta polícia, só pra ver no que pode dar. Acho que em nada, considerando residência fixa, sem antecedentes - salvo uma ou duas canas por embriaguez e arruaça - e quase aposentado. 
E aquela pirotecnia de cidadãos ministros vetustos, esvoaçando suas negras capas num coliseu de vaidades, trocando farpas em um dialeto que muitos fazem de conta que entendem, esvoaçando em filigranas jurídicas sem nenhum proveito. Um espetáculo suntuoso pra nos convencer de que estamos num país sério. Até o Pinto Molina veio de mala e cuia - era pra ter vindo antes mas perdeu a carona dos corintianos - nos alegrar e se juntar a esse samba do crioulo doido.
Parece que esses nobres políticos que legislam, o fazem em causa própria, criando leis que os favorecem, me fazendo acreditar que comandam grandes e profícuas quadrilhas de bandidos. E o populacho se borrando de medo de ser assaltado na parada de ônibus por alguma vítima da sociedade armada com um trezoitão, exercendo a sua cidadania. Agora, experimenta não pagar pensão alimentícia ou dar um bodocaço numa caturrita, pra ver o que te acontece, seu marginal burguês! 
Podia-se iniciar uma campanha para os pagadores de pensão alimentícia - e aí vale qualquer ideologia ou religião - "Não à prisão de quem não paga pensão!". Gostei do bordão! Rimou, ficou quase poético! Pelo sim, pelo não, vou guardar esse bordão para esbordoar quem me contrariar! Boas noites queridos amiguinhos e amiguinhas, abracem-se aos seus cônjuges e entreguem-se aos braços de Morfeu. Esquece, acho que vai ficar muito braço nessa cama, deixa pra lá!

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Pra quem curte gibis, HQs e coisas afins, acessem HQmaps no feice que tem muita coisa boa. Inclusive Homem de Ferro Extremis, da Editora Panini, em três edições, ilustrado por Adi Granov, claramente inspirado em Tom Cruise pra desenhar Tony Stark. A armadura criada por ele, Adi Granov, serviu de modelo para os filme do Iron Man. Iron Man, a música tocada pelo Black Sabbath, feita pro Homem de Ferros na década de 70 e executada ao final do primeiro filme, eu acho, é de matar a pau. Não lembro se com Ozzy Osbourne ou o Ronnie James Dio. 
Sempre tomo cuidado com o que escrevo pois temo, sem querer, ser indelicado ou inoportuno ou chato ou grosso ou apenas abobado. O que pode ser natural pra mim pode ser ofensivo a outro. Principalmente no que se refere a religião, política e futebol. Não posso e não devo julgar a reação das pessoas pelas minha reações. Não dá pra obrigar quem quer que seja a pensar como eu penso, senão vira fanatismo. Pensa diferente de mim? Morra! Já aconteceu de eu descobrir que magoei alguém anos depois do fato, e me senti com aquele sentimento de culpa que invade a gente nesses casos, embora tenha sido um mal-entendido, mas foi um mal-entendido que a pessoa carregou por anos até me falar. Quantas pisadinhas no tomate já não dei por aí, não é? 
Assim como tomo cuidado com armadilhas ortográficas, que estão sempre à espreita. Eu mandei dia desses um cumprimento a uma amiga e falei alguma coisa tipo: "É bom conhecer uma pessoa como você!". Ela me respondeu, às gargalhadas, que era meio tarde pra acontecer alguma coisa entre a gente, aí entendi o "como você" que não tinha saltado aos meus olhos. Talvez outra pessoa se sentisse constrangida e se afastasse, calada, imaginando que eu estivesse naquela fase de tarado em fim de carreira, sei lá. Tem gente que entra nessa fase e fica insuportável, metido a galã de rodoviária. Chega na casa dos amigos e trancafiam a vovó, as crianças e a cachorrinha Mila no porão, longe do predador xaropão. Não é o meu caso, fiquem tranquilos.
Vou dar uma saída - do feice, bem entendido - e volto depois com novidades e coisas alvissareiras. Adoro essa palavra "Alvissareira!", lembra uma plantação de alvísseras alumiadas e nunca dantes vistas em todo a história do nosso país. Tiau pra ti!

Não há dia que surja que eu não tenha um ou muitos recuerdos de São Borja, minha querida e longínqua cidade. Hoje foi uma marchinha de carnaval que o Mário Barbará Dornelles e seu irmão Fonso Barbará Dornelles fizeram, em priscas eras, quando fundadores do bloco Namorados da Orgia. Fiquem à vontade e me corrijam se eu disser alguma mentira nessa reminiscência. Olhem só que simples e divertida letra:
"Se falar da vida alheia
Desse fama ou projeção social
A nossa querida cidade seria
Do Brasil a Capital
Falam daqui
Falam dali
Só não se lembram de falar de si
Metem o bedelho onde o diabo sempre quis
Só não sabem onde tem o nariz!"
Viram que legal? Gostei tanto que nunca mais esqueci e essa música habita as gavetinhas das coisas boas da minha memória. Mariozinho Barbará, depois ganhador de várias Calhandras de Ouro, prêmio máximo do pai de todos os festivais nativistas, a Califórnia da Canção Nativa, em Uruguaiana. Desgarrados, letra do Sérgio Napp foi uma das premiadas.
Mas hoje precisamos comemorar a volta do sol aos siberianos pagos do nosso Rio Grande do Sul, amiguinhos! Já dá pra guardar os edredons, o Fogãozinho Jacaré e a espiriteira do banheiro. E pega a patroa, a piazada e vamos pra praia nos preparar para o Natal, que já está aí, chê lôco, que ano que passou rápido, tu viu? Já estamos em setembro!
Do jeito em que me encontro acho que passarei as férias em Beleléu. Quando perguntarem por mim, alguém responderá: "O Motta foi pro Beleléu!". Beleléu fica entre Cucuias e Deusdará. Quem vai pras Cucuias faz conexão em Deusdará, se quiser pode ficar em Deusdará, ninguém te achará tão cedo. 
Fui chamado para o almoço, fome, comer, sestear e sonhar com minha cirurgia do quadril, que foi transferida pra dia 23 de setembro, senhores e senhoras ouvintes. Depois dessa fico só com a colostomia, que será outra etapa. Os caras estão me consertando mesmo! Bom almoço pra vocês!

Hoje é um dia chuvoso, nebuloso, frio, úmido, enfim, uma delícia de dia. Pra quem pode, como eu, pequenos gafanhotos. Roam-se inveja, estou tomando um chocolate quente ao lado de Dona Vilma, vendo Sessão da Tarde, quase rolando um clima, se surda ela não fosse. Engraçado, se eu escrevesse Cessão da Tarde seria ceder algo à tarde. Seção da Tarde um departamento que só abriria à tarde; uma ala do Senado, por exemplo. Eita linguinha complicada essa nossa! Só cuidado pra não perder o segundo cê, da palavra colchões. 
Já viram que nada além de asneiras tenho para oferecer-lhes nessa plúmbea tarde de invernal agosto. Como sempre, aliás. A palavra plúmbea tem tudo a ver com chumbo, mesmo. Tem a cara de chumbo. Eu poderia ter dito "Que bosta de tarde!", mas essa minha mania de enfeitar tudo, transformou a simples frase em uma pequena novela. E, por favor, parem de postar comida nesse maldito FB senão terei uma convulsão cerebral ou serei devorado pelas minhas próprias lombrigas, piedade, clemência! Posso delatá-los à Sociedade Protetora dos Pesos Alheios, a SPPA. E não duvidem, já delatei muita gente, inclusive minhas pupilas foram delatadas quando apanhadas observando a retaguarda de Ermengarda, a mulher do guarda. Pupilas danadinhas! Mas foram absolvidas pelo sistema como a chuva é absolvida pela terra. Desculpem: como a chuva é absorvida pela terra. 
Acho que o que dilata, mesmo é meu fígado, após um litro de Renatu Nobilis. Ou Odete, Old Eigth. Agora não mais; apenas iogurte de amora e Chocomilk, deixei meu alter-ego bêbado pra trás; mas sabe que, às vezes, me dá uma saudade dele? Como diria Gilnei Lima: Doutor Jeckill e Mister Hyde! 
Mas o Molina fugiu com o Patriota e veio dar com os costados no nosso amado país socialista. Imagina a cara do Zacarias Morales quando sussurraram no ouvidinho dele que o Molina fugiu com o Patriota, mas que ele ficasse tranquilo que o Patriota já deixou o Molina e o cargo. Foi apenas uma aventura, uma busca de emoções. Essa idade, essa idade! Molina já convocou a imprensa, deu entrevistas, vai aparecer na Fátima Bernardes, segundo o Rick Jardim e o André Stella, já está programado no Faustão, e sua agenda de palestras está cheia. Será assessorado por Cesare Peremptorius Battisti, à disposição do partido já repartido. Até já, amiguinhos e amiguinhas.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Acordei com La Malagueña ecoando no meu cérebro entorpecido: "Que bonitos ojos tienes, debajo de esas ocejas, que bonitos ojos tienes...", Trio Los Panchos, maravilhoso, amigos. Tomar banho com esse frio na minha situação, é mais ou menos sentar num pufe vestindo smoking e te entregarem uma terrina de caldo fervendo e uma taça de champagne. E colher e guardanapos. Não é colher guardanapos, que ninguém planta guardanapos, é colher talher, entendido? Não, não ficou claro: é colher de comer, sacou? Bom, deixa pra lá. 
Mas vamos fazer uma pequena fofoca - e não interpretem meu comentário que não puro sarcasmo, mesmo - e eu gosto de fofoca, babaleia, cacamarão, leleão-marinho. Bá, hoje tá difícil engrenar, me perdoem. Vamos de novo: quero fazer uma fofoca e serei sardônico - parece que estou cheio de sardas - que ouvi por aí que um jogador do Corínthians deu um selinho noutro cara e o mundo desportivo caiu sobre sua cabeça oca. Aí penso o seguinte: ninguém dos movimentos sociais homoafetivos o defendeu dos raivosos ataques da torcida. O Emerson, Lake and Palmer, não, esses são outros. 
O Emerson Xeique é o jogador beijoqueiro, que agora é hostilizado pelos corintianos. Mas porquê não fazem um beijaço na próxima partida pois, se essas manifestações da torcida não são pura homofobia, não sei o que será. Sinceramente, acho que o fato dar um beijo noutro homem não o desmerece em nada, muito pelo contrário. 
Talvez em outro cenário espoucassem manifestações por todo o país. Se fossem os seguranças de um xópingui que pedissem a duas pessoas do mesmo sexo não se beijarem ali, por exemplo. E essas diferenças comportamentais dos grupos acontecem dentro do mesmo país. Talvez esse fato não contenha as conveniências que se fazem necessárias para a gritaria. Agora o Emerson Xeique ficou sem mel nem porongo. Não tem apoio dos sensatos corintianos e nem dos homomovimentos. 
Sonhei com Os Skrotinhos, versão hard-core dos Sobrinhos do Capitão, do Angeli. Eles dinamitaram minha cama hospitalar, aí eu acordei bem na hora que a lânguida Henriqueta Brieba ia me beijar, que pena! Ou, como diria o Mussum: "Que penis!". Bom almoço, senhores e senhoras ouvintes, volto mais tarde sob a chancela de Mortadela Penedo, a preferida do Figueiredo. Tiau.

Há pouco falávamos sobre personagens de histórias em quadrinhos, lembrando O Fantasma, Os Sobrinhos do Capitão, Superman, Brucutu e o Mandrake, entre tantos outros. Mas a minha cabeça pérfida, maldosa e impura, não sossega com o Mandrake, O Mágico, vivendo em Shannadu com a princesa Narda e seu amigo Lothar, um afrodescendentão musculoso, que traja pele de leopardo e uma sunga vermelha. Talvez seja só minha putrefata tendência a interpretar as coisas como elas parecem ser e não como realmente são. Pois bem, o Mandrake não trabalha e passa o maior tempo prendendo bandidos com o Lothar a tiracolo - talvez por medo de deixar Narda a sós com seu assistente e ela terceirizar os serviços de quarto - ou por pura possessividade, quem sabe?
O Fantasma, embora cheio de mistérios e cercado de pigmeus da tribo Bandar, enfiado num colant roxo duvidoso, casou com a Diana, e não se preocupa com grana pois ambos são roxos de ricos. E a Diana não vai encontrar um xópingui no meio da selva de Bangala e mudar o guarda-roupa para alguma coisa mais meia-estação. Mas o Mandrake parece envolvido num triângulo amoroso ou algo assim. Quem sabe seu criador, Lee Falk, quisesse deixar alguma mensagem subliminar, não sei. Vou parar por aqui, senão, em seguida, começo a falar mal do Pato Donald e da Margarida! Foi só uma viajadinha, me perdoem.
Hoje, num dos meus devaneios, pensava em quanta coisa maravilhosa nos cerca e a gente não dá bola. O avião, por exemplo, como é que aquele negócio de trezentas toneladas consegue voar? Nem entremos na questão tecnológica da coisa mas, se pensar bem, tu não entra naquela nave laminada. Ah, não entra. Tinha um avião lá pelos anos 60, que o apelido era O Tijolo Voador, vejam só! Acho que era o DC3, subiam quarenta e desciam três! Um adjetivo animador!
E o telefone, então? Teu filho te liga dos Montes Cárpatos pra te pedir dinheiro como se estivesse na sala ao lado! A infidelidade ficou mais fácil, tu pode ter uma namorada no Rio de Janeiro, liga pro celular, pega um vôo de manhã e à tarde estás de volta ao seio da família e da recepcionista do banco. Uma maravilha! Trinta anos atrás era na base do bilhete escondido e do telefone fixo, e olhe lá. Chega de calhordices, vou me acomodar e sonhar com a Vovó Mafalda. Boas noites, meus queridos amigos e amigas. Como dizem os borrachos quando saem da tua casa: desculpa qualquer coisa aí, tá?

Eu falei, ontem, que seria uma segunda chuvosa, com aquele entrevero de guarda-chuvas e velhinhas à solta com sombrinhas coloridas, de braços dados, olhando vitrines e atrapalhando essa gente maluca que só pensa em não perder o horário e trabalhar e pagar contas e atropelar velhinhas que param pra olhar vitrines em plena Borges de Medeiros. 
Sempre quis saber o que é bisteca, que me lembra biscate, que pode ser menina de fácil acesso, com total acessibilidade, ou lombo fatiado tipo carpaccio, pelo que me falaram. Bisteca quem adorava comer era o Capitão, tio do Hans e do Fritz, lembram? Isso é só para os maiores de quarenta. Os Sobrinhos do Capitão, Hans e Fritz, que confusão! O Capitão sofria de gota, comia bistecas e costeletas de porco, e urdia, com o Coronel - um baixinho de barbas brancas - um fim para os dois moleques endemoninhados, que viviam a infernizá-los, protegidos pela Mamãe, a matrona dona do hotel onde as diabruras dos garotos acontecem. 
Rosbife também é uma coisa que eu nunca soube muito bem, mas é um contrafilé metido a besta, só isso. Hoje vou traçar uma bisteca e uma maminha, quem sabe aquela chuleta apetitosa e uma rabada, delícia! Num primeiro momento parece convite para uma sóbria orgia entre amigas, mas é apenas uma passada na churrascaria, que coisa! Eu falei amigas para não haver nenhum tipo de insinuação preconceituosa, mas sei que, apesar do meu cuidado, haverá. 
Vou dar uma adormecidinha e sonhar que estou a passeio na terra lilás de Ziquizira, aldeia próxima a Quiprocó, onde serei recebido à bala pelos nativos ziquizirenses. As balas de hortelã, morango, mel e salsaparrilha ricocheteiam no meu flatohippus Amargor (Flatohippus, um genérico equino que emite gases letais) que adentra a praça de Ziquizira garboso, e apeio na taverna de Gaiato, O Chato. De cinco em cinco minutos ele chega na tua mesa: "Já foi atendido? Já foi atendido? Já foi atendido?", é um chato, o Gaiato.
Aboleto-me em uma mesa num canto escuro, e escuto a música frenética que sai do vendrúsculo tocado por Enéias, o marciano, do planeta Márcio, que está em intercâmbio universal por alguns anos-estelares, e já deu entrada no plano Amor à Minha Casa Minha Vida. E é um ótimo tocador de vendrúsculo! Mas vou me recolher antes que cheguem as dançarinas sirigaitas e as escravas peremptórias, que são muito devassas e sorrateiras. Melhor adormecer. Ou despertar, agora não sei bem! Tiau.

Amanhã, segunda, provavelmente clássica segunda-feira chuvosa, aquela cutucação de guarda-chuvas nas paradas de ônibus e mais o gotejar geral dentro dos elevadores. Tem gente que se sacode como se fosse cachorro, de sacanagem, só pra molhar os certinhos, que conseguem driblar os pingos do estacionamento até a entrada da empresa, ou da firma ou da repartição. Será que tem algum chato que ainda usa galochas? Melhor: será que ainda existem galochas? Devem existir, sim, bem como quem as compra. Aí, quando tu pensa que conseguiu sobreviver a essa heróica luta, esgrimindo, intrépido, teu poderoso guarda-chuva, um corno passa o carro numa poça de lama e te deixa parecido com um churros tamanho família, um amor!
Finalmente, dentro do teu ambiente de trabalho, todos com aquela cara de vitrine de farmácia, começam a descontrair e comentar os gols da rodada, aquela matéria do Fantástico e, claro, a chuva. E essa chuva, hein? Pois é, diz que vai até amanhã, depois esquenta, de novo. O colega ao lado furunga nas gavetas e reclama do sumiço de seu grampeador e um caixa de clips. Pelo sim, pelo não, tu dá uma espiada na caneca de lápis na mesa, mas só tinha lápis, mesmo, e um recibo velho do estacionamento. A lourinha espevitada estagiária entra, molhada como um pinto, e grita um alegre bom-dia, respondido por meio de rosnados e resmungos da platéia gentil e cordial. Ela conta que foi convidada a uma festa e terminou não indo, aí falou: "Ainda bem que não fui nessa festa, porque se eu isse...". Não, tu não ouviu isso! Pede pra repetir, e ela, naturalmente, repete: "Se eu isse...". Deus do céu, se ela fosse ficaria melhor. 
Mas à tarde abrirá sol e tudo ficará melhor, até chegar em casa depois do expediente e lembrar que esqueceu o guarda-chuva não sabe onde! Essa semaninha promete! Boa semana, amiguinhos!

Agora vamos ver o lado quase bom das coisas: vieram os médicos cubanos e parece que oitenta por cento são mulheres, o que é bom. Quinhentos e poucos milhões de reais e não vir nenhuma cubana para um possível intercâmbio racial seria uma bosta. Aproveita-se e mata-se duas cajadadas com um coelhaço só! 
Embora as cubanas tenham fama de notáveis barangas, aguardemos, então. Ainda é muito cedo para julgamentos, não nos precipitemos queridos paroquianos.

E põe domingo preguiçolento, hoje. Dormi além do que devia, voltei tarde da festa de aniversário do meu filho, o Lobo, que estava bombando, lá revi muita gente que nem lembrava. Reconhecendo naquelas caras adultas alguma coisa infantil, que era o que eu tinha arquivado na memória, algumas carinhas da escola, outras da vizinhança, que começam a tomar nova forma nas minhas lembranças. Vamos atualizar a galeria dos rostos. Um dos rapazes lembrou quando fomos até o São Miguel e Almas - ele, o Lobinho e eu - eles tinham uns oito anos e queriam saber como era um velório. Aí fomos lá, entramos em algumas capelas e cumprimentamos os entes queridos, olhamos os cadáveres, aquela choradeira e tal, depois fomos embora, eles encantados com aquela novidade: a morte de perto! Comi bolo de abacaxi com velinhas e tudo. Comi muito bolo de abacaxi e glacê com nata, uau! Ficou estranho eu dizer ali "comi bolo de abacaxi com velinhas e tudo", não, não, as velinhas, não. Tudo muito bom, né Cristina Barreira? Falar nisso, lembrei do velório do pai dos Irmãos Metralha, dois elementos de espécie desconfiável, aprendizes de delinquentes que moravam com a mãe, uma senhora decente e sofrida, que já havia desistido de recuperá-los. Quem morou ou mora ali pela General Caldwel com a Nunes Machado ou Érico Veríssimo deve tê-los conhecido, um deles morreu esfaqueado a tiros por traficantes, há pouco. Acontece que o pai deles usava perna mecânica e durante o velório houve atrito entre a mãe e os dois filhos, que achavam um absurdo enterrar o velho com a perna mecânica se ela poderia render uma boa grana no mercado negro! No final, prevaleceu a vontade da viúva e o cidadão levou a perna mecânica para a cidade dos pés-juntos, é mole? Bom, vou carregar a bateria do meu tamagóchi e voltarei depois. Hoje não vou sestear senão não durmo à noite. Sempre tenho um estoque de sono guardado numa gavetinha pra alguma eventualidade. Sou um preguiçoso prevenido! Tiau Zinho!
E, no princípio, tudo era trevas! Então, Deus Todo-Poderoso resolveu criar o Mundo, e descansou. Em seguida, criou coisas que interagissem com esse Mundo, quebrando paradigmas pontuais, contextualizados em metáforas celestiais e criou, então, o executivo MBA (Master of Business Administration), aí ninguém mais descansou. Nem Juarez Fonseca, O Fulcro, pôde mais nos brindar com elegantes nus artísticos, que o patrulhamento da LDD (Liga de Decência Diocesana) o coloca de castigo ajoelhado nos grãos de sagu. Por três dias, senhores ouvintes, três dias!
Se ainda fosse o Bob Fosse de sunga de tricô pistache, vá lá, mas a Maria Schneider, amigos, tenha dó! Ou a Gretchen, em pose ginecológica agarrada num pigmeu de Bandar, aí sim, seria pra debandar! Hoje, em seu retorno, Juarez nos brinda com uma foto da Deborah Kerr vestida de freira, sóror, em um hábito branco, com vistoso crucifixo metálico pendente entre os fartos seios e, sob o casto manto alvo - sem ser alvo de quaisquer pensamentos indecorosos - finas meias sete oitavos pretas, sustentadas por exígua cinta-liga maché francesa, que lhe ornamenta a cintura. 
Os sapatos salto dez lhe deixam mais imponente, quase um detalhe profano de Botticelli, O Nascimento de Vênus! Acho que a Maria Schneider ficou devendo para a deusa de hoje! Sê bem-vindo, Irmão Juarez, nós, teus humildes seguidores e admiradores da tua sensibilidade sempre à espera de novas divas virtuais. E aos Torquemadas de plantão, lembro-lhes de uma célebre frase que os aguarda: "Ó vós que aqui entrais, perdeis todas as esperanças!". Boa noite a todos vocês, queridos meliantes! Um carinhoso beijo na pleura de vocês!

Hoje, 24 de agosto, aniversário do meu filho, o Lobo, e data da morte do maior - ou um dos maiores - estadistas da história do Brasil. Nessa data, Getúlio Dornelles Vargas cometeu suicídio em seu quarto, no Palácio do Catete, Rio de Janeiro, sede do Governo Federal em 1954, aos 72 anos. Pressionado pela oposição e com o atentado da Rua Toneleros, que visava atingir Carlos Lacerda e vitimou o Major Vaz, Getúlio tirou a própria vida e, como afirmou em sua carta-testamento, saiu da vida para entrar na história.
Dormi a tarde toda e acordei meio atônito, não sabia se era dia, noite, onde estou? Quem sou? Ouço vozes! Houve um tempo em que eu viajava muito e acordava em lugares diferentes e demorava a cair a ficha de onde estava. Muitas vezes com quem estava, também. Olhar para aquela massa rósea de carne ao teu lado, às sete da manhã, e não ter idéia de onde veio, é uma coisa quase macabra, vocês não tem noção! Pior quando a massa rósea acorda e fala: "Minha mãe vai adorar te conhecer hoje, quando a gente for no casamento do meu irmão!". Meu Deus, o que foi que eu fiz? Ou o que foi que eu não fiz! Melhor deixar pra lá esse tipo de recordação, melhor. 
Sonhei com a Xuxa, acho que porque o Santiago Neltair Abreu falava nela esses dias e eu disse que se a encontrava na ponte aérea Rio de Janeiro-Bossoroca, conexão Mato Castelhano-Amaral Ferrador. Sonhei com meu velocípede vermelho, acho que tem a ver com minha cadeira de rodas vermelho-Ferrari, que ganhei quando tinha quatro anos, logo depois troquei com meu vizinho Marimbondo, por um revólver feito de taquara que disparava bolinhas de cinamomo aí, então, comecei minha carreira de crimes! 
Amigos, voltarei mais tarde pois em seguida o Lobo vem me pegar para comer uma moranga com guisadinho com ele. Sobremesa? Geléia de mocotó e ambrosia feita do mais puro suco de vaca Friboy e ovos de avestruz! Valeu a tua sugestão, José Luiz Prévidi, não ficou aquele texto tijolaço. Aí lembrei que li um romance do Gabriel García Marques que não tinha parágrafo, O Outono do Patriarca, e fica muito massudo, mesmo! Como diria Ibrahim Sued: ademã que vou em frente! abracinhos aos meus amiguinhos e amiguinhas, depois conto pra vocês do rango e da festa! Eu e minha cadeira vermelho-Ferrari ao som de Runaway, Del Shannon, yeah!

sábado, 24 de agosto de 2013

Pra vocês, foto dos meus amados afilhados bebês-canibais, que estão sendo carinhosamente cuidados pelo Daniel de Andrade em sua casa, acomodados em alojamentos especiais que essas criaturas exigem. Daniel, quando esteve em Bornéo, ao sul de Fijy Yatamba, encontrou uma tribo aborígene que cultuava um deus pagão - deus que costuma pagar a conta do boteco e os carnês da Renner da namorada - ressuscitador de bebês. Mas os bebês ressuscitavam com o estigma do canibalismo, mas com algumas peculiaridades: só se alimentavam de sogras chatas, cunhados bêbados e flanelinhas. Por isso, os aldeões não davam muita bola para os eventuais lanches dos bebês canibais, que eram muito carinhosos e dóceis até o entardecer da quarta lua minguante. Com visão empreendedora, Daniel ousou trazer alguns espécimes para procriação in vitro e iniciar uma bela criação dos pequenos diabretes. Quando cheguei - chê, gay! - e Daniel: "Fala, Motta!". Aí me apresentou os bichinhos aos quais me apeguei e me tornei padrinho. Agora habituaram à carne de escalopinhos mouros, em alguma fuga eventual comem algum flanelinha, senão, carne humana só sob encomenda de terceiros. Se alguém quiser que comam a sogra, cunhado bêbado ou aquele flanelinha do show do sábado, contate conosco, é missão dada, missão cumprida! Amanhã vou visitá-los e levar vísceras putrefatas de mandrilhos ranhentos de Salmoura. Boa noite a todos!
Meu amigo Paulo Getulio Caxambu manda essa foto dos maus-elementos do meu prédio, numa noite de cachaçada em 1996, por aí. Da esquerda pra direita Itamar, Paulo Motta, Paulo Caxambu e Luiz Madeira! Naquela época tínhamos aulas de pintura em porcelana e depois a gente se reunia para chá com bolachinhas Piraquê e Grapette.

Minha mãe, a Norma, me visitou hoje, direto de São Borja. Trouxe miolos de ovelha assados, carreteiro de charque de capincho e pastel de batata ao alho, uma delícia! Trouxe, também, óleo de mocotó pra passar no cabelo, que ajuda a não deixar as pontas quebradiças e ressequidas, dando volume e maciez ao tecido capilar, e o cheiro não é tão ruim, assim. Cuidados de mãe. Pra elas a gente nunca cresce. Uma amiga muito preocupada com o filho de dezessete anos, que é um bandalho e, dia desses, três da manhã, ligou pro celular dela: "Mãe, dá uma carona pra mim e pro Maneco?", e ela, assustada: "Claro, meu filho, onde vocês estão?", "Não sei, mãe! Espera o camburão parar que já te digo!". Mães e filhos à parte, notei que o Arlindo Cruz está em todo o lugar, já viram? É ligar a tevê e o cara salta no teu colo! Na novela, na Ana Maria Braga, no Jornal do Almoço, no Sílvio Santos, até na TV Senado acho que vi esse cara fazendo um pronunciamento. Não entendi o porquê de tanta exposição, talvez a Globo queira impor um novo tipo de galã, sei lá. E a nossa presidente que fugiu da segurança e foi dar um rolê de moto, hein? Não sei qual o calibre da moto, mas não imagino nada abaixo de mil cilindradas. E se ela é parada numa barreira policial, sem documentos nem nada? "E aí, dona? Sem os documentos do veículo, sem a CNH adequada, em alta velocidade, tu tás fugindo do quê, veterana? E esse papo redondo que é a Dilma, qualé, pensa que eu sou otário? A Dilma tá em casa de camisolão listrado dormindo com o primeiro-damo, coroa abusada!". Essa eu queria ver, juro! Os deuses descem do Olimpo Brasilônico e vem espiar como estão se comportando seus desobedientes súditos, que honra a nossa! Podia botar o Renan Calheiros na garupa e esquecê-lo numa curva, seria muita bondade! Comecei a tomar um novo medicamento desenvolvido aqui no Brasil, chamado propina. Esse remédio quando usado, deixa o paciente mais disposto, muito mais rápido, inteligente e sagaz. Muitas repartições e locais burocráticos liberaram o uso da propina aos seus funcionários, o que acelerou muito todo o tipo de processo exigido no nosso dia-a-dia. Eu mesmo sinto-me incentivado com a propina. Se antes seria meio preguiçoso para executar alguma tarefa, é só me dar uma propina e pronto! Já saio executando e desembaraçando os possíveis problemas, uma maravilha! Amigos, amigas, vou me recostar e beber um turíbulo de alfazema, que é servida pelas escravas moribundas, da Moribúndia, em charlatões de três litros. Que elas toquem, suavemente, o meu órgão de teclados de marfim e me façam adormecer nos braços de Marta, A Supliciante, deusa dos estilistas e costureiros, que costuram e costuram, e a velha a fiar. Não, não, melhor não! Correrei o risco de acordar nos braços de Walter Mercado, gritando no meu ouvido: "Ligue djáá!". Aliás, eu acho que a deusa Marta está cada vez mais parecida com Walter Mercado, estamos bem arrumados! Tiau pra ti!
Ontem falei sobre os deuses do Olimpo Brasilônico e seus desígnios, depois lembrei que já foi pior. A diferença é que ninguém sabia muito bem o que acontecia e as coisas iam mais ou menos tranquilas, até alguém ser contrariado em seus princípios ou ideologia e juntar a peonada e fazer uma guerra. Aí lembrei do causo ocorrido lá por 1892, pouco antes da peleia entre os gasparistas e os castilhistas, aqui no nosso Rio Grande. Os lenços brancos contra os lenços colorados, maragatos contra chimangos. Mas havia, nessa época, o voto à cabresto. Os patrões juntavam a gauderiada e se tocavam pra cidade votar, a maior parte, analfabetos. Numa dessas situações o xiruzito chegou na frente do mesário, que lhe estendeu um papel onde ele colocou seu xiz de analfabeto. O mesário pegou de volta o papel e falou: "Pronto, já votou!", e o xirú: "Mas em quem eu votei, seu moço?", o mesário: "Como é que vou te dizer? Não sabe que o voto é secreto, animal?". Pois a coisa era assim! Talvez, numa análise mais profunda, não haja diferenças muito grandes, considerando o aparato tecnológico de hoje. Ontem perdi a entrevista do José Luiz Prévidi no Ponto de Vista. Entrevistado pelo Milton Cardoso, vou ver se recupero a entrevista com a ajuda do meu filho, que vem aqui, hoje, deixar o dízimo pra mim! Falando nisso, descobri que o pastor Farco Meliciano tem três filhas: a Kathleen, a Katherine e a Karoline - venha para a luz, Karoline! Venha para a luz! Lembram do Poltergeist? - e moram em Ohio, orráio que o parta, nos EUA. Nomes lindos todos com a mesma inicial, parece aquela pegadinha da mãe de Maria tem cinco filhas: a Pata, a Peta, a Pita, a Pota e a...? Maria, é claro! Mas sempre tem um bagaceiro que atropela.
Quando eu era guri, minha mãe, a Norma - por isso sou um filho normal - já de saquinho cheio de responder minhas perguntas atormentativas, respondia: "Porque sim!", e a conversa acabava ali. Anos depois, Marcelo Tass, no seu programa na TVE criou o bordão: "Porque sim não é resposta!", e respondia às questões do momento. Li num post do Mauricio Alves, uma nota sobre a liberação de R$ 2,8 milhões para um estilista, costureiro ou alfaiate, que fará dois desfiles em Paris. Numa primeira instância, um comitê vetou essa liberação mas a minarta Mistra Suplicy achou que deveriam dar a grana para o costureiro e pronto, deu. Mas porquê, pergunto-lhe eu, insignificante e inoportuno contribuinte? Porque sim! Esses dois milhões e poucos reais serão um investimento para mostrar ao mercado da moda mundial que estamos fazendo vestidos e roupas ma-ra-vi-lho-sos e poderemos atrair a atenção para as nossas indústrias têxteis, fábricas de botões chinfrados, e agulhas de croché auto-sustentáveis. Devo ser muito burro ou muito ingênuo. Ou ambos. Não consigo compartilhar com a ministra a mesma visão. Mas quem sou eu pra contrariar a deusa Afrodite do Olimpo Brasílico? Nunca contrarie uma sexóloga, ainda mais depois de certa idade. Pior ainda: deusa sexóloga, dona de raios, trovões e com um filho bardo, resultado de um relacionamento com um mortal gente boa, mas muito chato, numa de suas passagens pelo mundo dos mortais. Enfim, a grana vai pro cidadão saltitar de borzeguins em Paris porque sim. E pronto! Eu já estava arranhando num inglês pra Copa, acho que vou ter que mudar para o francês. You can! Você, cão! Viu? Quase falando fluentemente a língua ianque! My vacations I go to Marylight Beach, mabe Mouse River! Nas minhas férias vou pra praia de Mariluz, talvez Arroio dos Ratos. Não é lindo falar outra língua? Sou troglodita, falo mais de uma língua, te mete! Acho que vou ter que contratar a Val Saab pra me aprimorar no inglês. Sei xingar, também: Put keep are you! Bom, com essa vou me recolher aos meus aposentos, onde ardentes lambisgóias me aguardam tocando suaves melodias em sirigaitas porteñas. Ah, lembrem-se de cuidar da saúde: só saiam com mulheres de fibra! Boa noite a todos!
No que você está pensando? Estava pensando que nesse setembro, Geraldo Vandré, o compositor proscrito que se tornou autor - quase sem querer - do hino da resistência contra a ditadura militar nos anos 60, completa 76 anos. Interessante que essa molecada conhecesse alguma coisa do Vandré e o contexto em que ele estava inserido naquela época. A inesquecível Disparada, em 66, interpretada pelo Jair Rodrigues, e outras não tão populares, que talvez Juarez Fonseca, O Fulcro, possa nos ajudar! Beijinhus!
Bom dia só se for pra ti! Parece mentira, mas conheço gente assim! Gente que abre os olhinhos quando desperta e diz: "Putaquiopariu, tô vivo!. Que droga, mais um dia pela frente!". Fazer sexo nem pensar, suja todo o lençol e depois tem que tomar banho, é um saco, melhor tentar dormir. Essa espécie quase humana, catalogada pelos insuportólogos - especialistas em seres insuportáveis - como Incomodatus Tirandolex Patientia Mea, costuma estar atrás de guichês ou nas recepções de repartições públicas e, apesar de seu difícil acasalamento, tem procriado e encontramos muitos deles em call-centers e na área da saúde, também. São muito dependentes do cafezinho, que é seu principal complemento alimentar, melhor se servido pela Ideli Salvatti. Ao final do ano migram para o litoral, onde deverá se dar um penoso processo de conjunção carnal - a procriação - se a manguaça não for maior. Se isso acontecer, azar é o teu, pois ele vai passar bêbado as férias inteiras e te contando a mesma piada! O Poti Silveira Campos postou, há pouco, uma notícia de ZH, em que um cara foi à polícia reclamar que comprou cocaína e o traficante entregou-lhe farinha. Parece gozação, não parece? Mas não é gozação, é verdade. Sempre digo que não sou um modelo de decência ou exemplo pra qualquer coisa mas, como diria minha bisavó Etelvina - aquela que morreu da próstata - "A que ponto chegamos!". Hoje, se eu entrar num supermercado encher os bolsos e for flagrado na saída, pelos seguranças, é bem provável que os seguranças sejam indiciados por truculência e aquela ladainha toda que vocês já sabem. Furto não é crime. E droga parece que também não está sendo mais. Em seguida teremos traficantes protestando diante do Palácio Guanabara ou dando palestras sobre uma nova visão mercadológica, não duvidem. E o ministro do Ministério da Inducação e Cultura, o MINC, Carlos Minc, defende a maconha, a cocaína, a cocada preta, a cueca samba-canção cavadona e vai pra rua defender seu ponto de vista. Legal, sem hipocrisias, sou do tempo em que a gente tinha vergonha de comprar Colomy nos botecos pra fechar os boa-noites. Imagina três guris entram no bar e pedem um Colomy - pra quem não sabe é aquele papel pra fazer cigarros - vão fazer o que, hein? Até que alguém achou um Evangelho Novo Testamento da avó de alguém, com as folhinhas finíssimas, foi uma alegria pra garotada! A velhinha morreu sem dar falta do livro sagrado. Mas esses crimes estão tão banalizados que o que deveria ser piada, agora é real! Aliás, será que ainda existe o Colomy? Se existe, deve ter uns cento e poucos anos. Já estamos em véspera de semana farroupilha, acho que foi o Fernando Albrecht que falou, não tenho certeza, de que agora será Chama Afro-Descendente e não mais Chama Crioula! Bom almoço para todos vocês!
Conversava, hoje, com a Maria Verônica Marchiori Ahrends, um pouco sobre como é trabalhar a cabeça na minha situação. Lembrei de algo que escrevi sobre o aprendizado que está sendo pra mim essa série de restrições físicas que, temporariamente, atravesso. Estou aprendendo a desconstruir e reconstruir. Desconstruir não é destruir o que quer que seja. É mais ou menos como desmontar, delicadamente, muitas coisas e remontá-las de acordo com esse novo momento. Se não fizer isso, não conseguirei ir adiante, seja como eu estiver, fisicamente. Minha saúde física dependerá, diretamente, de minha saúde mental. E essa desconstrução, digamos assim, envolve limites e convicção de que eu não poderei mais ser o que fui; é simples, mas eu preciso me reconquistar: continuar sendo meu amigo como sempre fui sem me importar se estou mais ou menos gordo, mais ou menos careca, mais ou menos ágil, com ou sem bolsa de colostomia. Isso não é resignação, não senhor! É aceitação a partir do que é real e ponto. É uma reconstrução, um recomeço. Quando essa chapeação terminar, vamos ver o que ficou melhor e, depois, damos uma boa olhada no que não deu pra consertar. Me parece razoável, hein? Aí vou fazer pilates! Quando ouvi essa palavra achei que fosse o Pontes Pilates, aquele carinha que lavou as mãos na água benta da Capela Cistina e mandou crucificar Barrabás! Deixa pra lá o Pôncio Pilatos, ó herege! A plantonista Chun-Li carinha de desenho mangá me traz alguns comprimidos e um, esquisitinho, parecia uma pequenina ogiva nuclear, achei que fosse um supositório, mas não era, ufa! Era via oral e não anal, para entrar nos anais da minha trepidante tramitante vida médico-hospitalar. Acho que estão fazendo testes comigo, tive certeza quando passei na frente do espelho, no escuro, e estava com um alarmante brilho verde-kryptonita! A Chun-Li se retirou sorrindo como se levada, suavemente, pela brisa da noite. Isso aqui está ficando meio sobrenatural, só falta o Edison Lobão com seus caninos pontiagudos e a capa negra a cobrir-lhe o corpo esquálido e a Ideli Salvatti oferecendo cafezinho! Tiau pra vocês, gurizada medonha!

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Muitas emoções para este pobre guri que vos escreve! Meus padrinhos Antonio Carlos Costa Machado, Clara Frantz e Gilnei Lima devem estar orgulhosos da criatura gerada e urdida por suas mentes satanicamente celestiais, que me tiraram o xucrismo - ou boa parte - do tal de feicebúque. Grato aos amigos que me acompanham e prestigiam; o José Luiz Prévidi hoje, e o Rodrigo Machado, ontem, me disseram que eu deveria fazer um livro e tal. Muitos de vocês já me falaram e sempre incentivaram, e eu nem sabia que sabia escrever como dizem que escrevo. Me perdoem, não consigo colocar todos vocês que me fazem sentir a última vela do pacote em Dia de Finados! Hoje recebi a visita da minha amiga Maria Verônica Marchiori Ahrends, que me trouxe um compêndio da Mafalda, Quino, maravilha, e demos boas risadas, pra variar. Nos conhecemos desde São Borja e fomos colegas no Mauá, em 77. Falando na Mafalda, falo, de novo, das capas internas do Causos do Santiago Neltair Abreu, que agora descobri uns bonecos do Fontanarrosa, cartunista argentino, e até um Asterix perdido no entrevero dum baile de campanha! No embalo das cacofonias, cacófatos e cacógrafos, lembrei uma brincadeira que fiz com o Eugenio Bortolon, anos atrás; falei pra ele: "Tu, gênio!" e ele, na bucha: "Eu, gênio, tu, sábio!". Esse Bortolon! Não gosto de usar aspas. Prefiro texto sem nada "entre aspas" mas, às vezes, não dá pra escapar das aspas, quando é uma contingência usamos as aspas e nos conformamos com elas. Alguns são capazes de matar se precisarem colocar aspas, mas são casos extremos. Essas coisas terminam em morte ou em bebedeira. Acho que, por uma coisa dessas envolvendo aspas, comecei a beber e nunca reencontrei a maldita mulher, pra agradecer. Eu bebia com Frequência, que era uma amiga que trabalhava à noite numa farmácia e usava meia arrastão, não sei porquê. Saudades da Frequência, deve ter casado e tido uma ninhada de filhos, todos frequentes! Vou jantar, meus amigos e amigas. De novo: tê-los por perto não tem preço! Obrigado!
Hoje acordei mais cedo, joguei shoyu no trigo e fiz uma agradável refeição com meus coleguinhas da clínica. O Ovolmatine do Seu Hermínio estava delicioso, pelo ruído e Dona Vilma continua surda, ouvidos moucos. Os roucos tem ouvidos moucos e, aos poucos, vão se tornando loucos. Ontem ouvi uma coisa na rádio - vocês não se importam de eu falar "na rádio", né? - que fiquei entorpecido, embasbacado, abismado: o Forlan, jogador do Internacional ganha oitocentos mil por mês! Acompanho futebol meio de longe, mas não ao ponto de achar natural um cara ganhar esse dinheiro todo pra chutar uma bola e tentar fazer gols, que é enfiar, com o pé, a bola pra dentro daquele retângulo lá no fundo. Claro, é uma empresa privada que ganha alguma grana federal, estadual ou municipal, talvez. Aí um médico reclama que ganha pouco e chamam o cara de mercenário, explorador e coisas menos nobres. E são os mesmos que pagam pra ver esses garotos de ouro, no estádio. Sim, sei que a coisa não é tão simples assim. Mas a coisa poderia ser mais justa com o proletariado, não é mesmo? Que coisa! Já imaginou uma manchete "Professor de Geografia Hemis Pherio, contratado por U$ 20 mi pela Escola Fundamental São Borja" ou "Alunos esperam o recém-contratado professor de História, Esphinge Nublo, no aeroporto!". Ou ainda "MEC reavalia possibilidade de mais uma rodada de provas no ensino médio. Colégio Maria Aparecida continua líder absoluto". É um chiste, uma pândega, mas até o telefone e o computador já foram motivos de riso, quem sabe, hein, quem sabe? Sempre ouço dizerem "a esmagadora maioria" e nunca "a minúscula minoria" ou "requintes de crueldade" e não "requintes de delicadeza!", e a gente é propenso à desgraça, quer ver? Um amigo meu, o Antono Carlos Niederauer, figuraça, me encontra no Porta Larga tomando uma guampa de canha e, com uma cara triste me fala: "Visitei, há pouco, o filho de uma amigo, no hospital. Careca, sem os dentes, se urinando, nem consegue falar!" perguntei-lhe: "É câncer?" e ele: "Não, nasceu ontem, bobalhão, rararara!". Tive que rir junto, é claro! Bom almoço, meninos e meninas!
Hoje o Jô Soares não pôde fazer o programa por problemas pessoais e o Roberto Gurgel está substituindo-o. Em compensação, amanhã, o Jô vai cumprir expediente na Procuradoria Geral. Aposto que ninguém notará diferença alguma!

terça-feira, 20 de agosto de 2013

De vez em quando aparece alguma gozação sobre ortografia, formas engraçadas de escrever coisas sérias, que falando a gente não percebe, mas escrevendo dá nos tímpanos. Na vez passada, por exemplo, se falada essa frase parecerá vespa assada, ora, estou assando uma vespa, que deveria estar no seu vespeiro em horário vesperal, das 13 às 18h. E nós, pobres escravos da língua, no nosso caso, portuguesa, também não ajudamos muito mas conseguimos, no final das contas, nos entender uns aos outros como eu os entendi. Nosso vocabulário fica tão restrito e a gente não usa as palavras que conhecemos, nem as novas que aparecem, jogadas dentro do nosso cérebro pelas boas leituras. Ficamos com nosso vocabulário cada vez mais pequeno, pois não exercitamos; não temos o hábito de transformar aquele montão de letrinhas que estão estocadas na nossa mente em palavras, falando, descrevendo melhor o que sentimos e o que queremos, facilitando a nossa vida. E a desculpa pra não abrir um livro é sempre a mesma: "...tô muito cansado, trabalhei feito um escravo emprestado, meu chefe tava um porre, o cara do estacionamento me cobrou uma taxa...", aí, pluft! aperta o botão da tevê e vai ver o Ratinho! Nem precisa ser um livro, pode ser um gibi da Mônica ou do Zé Carioca - aquelas histórias desenhadas e roteirizadas pelo Canini - mas não, tem que ser tevê! Então ficamos sem exercitar nosso raciocínio, nosso cérebro, que é como um músculo: não usando, atrofia! E daí a gente vê barbaridades do tipo "conserteza". Todo mundo fala "com certeza". Quantos "com certeza" tu ouviu hoje, hein? Mas escrever é outra coisa. Achei que a pessoa quisesse dizer conserteza do carro, conserteza do verbo consertar, mas não, era "conserteza" de estar absolutamente "serto" de algo! Agora nem sei se vão aspas em todos os conserteza, me ajuda aí, Carlos Alberto Alves da Silva! Sou do tempo em que o feminino de elefante era aliá. Aliás, ficou mais legal elefanta, mesmo. Boa janta, queridos colegas e companheiros. Vou tomar um suco de lambisgóia - deu pra notar que adoro uma lambisgóia - com pãezinhos de mequetrefe, feitos pelas mãos de Madre Pérola. Depois eu volto, se minhas carcereiras me liberarem!
Sustentabilidade. A humanidade incorporou essa palavra emblemática e todos nós começamos a buscar sustentabilidade. Muitos disparados como mísseis desgovernados, outros no rumo errado, mas o que vale é a intenção, não é? Mas é a palavra da moda, do momento, assim como paradigma. Eu mesmo, sempre buscava alguma oportunidade de usá-la: "Mas isso não serve como paradigma...!", fica bonito, rapaiz! Minha prima de vinte e três anos interpretou sustentabilidade à sua maneira, casando com um abastado - não abostado, certo? - empresário. É um conceito, também, não podemos desprezá-lo. Mas a gente vê em reuniões o pessoal usando a palavra sem ter muita noção do que significa; eles pensam que o fato de estar trajando um terno da Wolens, se transformam em eruditos. Mas aqui é o fanha gozando o gago. Eu também não tinha muita certeza e fui buscar no Aurelião. Como não sei onde socaram o Aurelião, o Google serve. Só quem nasceu antes de 2000 sabe o que é o Aurelião. Sustentabilidade tem significado muito amplo mas, resumindo a ópera, é usufruirmos do meio ambiente e do que ele nos oferece, sem comprometer esse mesmo meio para as gerações futuras. Viu só, que legal? E a auto-sustentabilidade o que é? Bueno, aí a coisa encrespa um pouco e eu vou almoçar. Depois descubro o que é auto-sustentabilidade. Saída por trás da churrasqueira e tiau pra ti!
Às vezes falo muito sobre o que pouco sei. Mas arrisco, que nem esses dias falando sobre tribos nórdicas, os godos, visigodos, ostrogodos e os engodos. Os últimos, uma dissidência banida por falsidade ideológica e venda de títulos falsos do Country Club. Por Odin! Achei que tivessem sido varridos da Terra, mas os engodos são os campeões da dissimulação e, mesmo proscritos, sobreviveram e, quando menos se espera, ressurgem em grande estilo. Como agora, sombrios, sem brios, jogam das tristes cinzas da boate Kiss ao clamor popular, um rebanho de bodes-expiatórios. Não que esses não tenham sua parcela de responsabilidade, mas cadê os outros? Devem estar espiando por entre as persianas de seus excrementórios aveludados, quem sabe? Seja como for, os engodos voltaram, ou melhor, reapareceram, haja vista nunca terem saído! A menina lourinha plantonista me traz um chá de maçã e uns comprimidos do tamanho de um Cebion, espero que mastigáveis. Lembram balas Soft de uva e tangerina. Parece um desenho de mangá - a lourinha, não as balas - enormes olhos azuis e traços delicados. Acho que é de porcelana, tomara que não caia senão vai ser um problema varrer os caquinhos da Chun Li dos pampas. Bom, vou dormir mas antes ouço o Mantega falando sobre câmbio flexível. Meu carro tem câmbio flexível, e daí? Deve ser aquelas coisas que jamais conseguiremos entender como o banco te cobrar manutenção de conta, já viu isso? Deve ser um cara que passa um pano e dá um lustro na tua conta com alguma periodicidade, calibra os teus negativos e dá uma ligada nela pra não morrer a máquina eletrônica. É, deve ser isso, sim. Mas levarei a dúvida do que é manutenção de conta para a eternidade. Beijinho carinhoso no pulmão esquerdo de vocês, caríssimos irmãos.
Se tem uma história que me traduz determinação, autoconfiança e fé, é a da menininha, na aula de desenho, perguntada pela professora sobre o que estava rabiscando, ela respondeu, convicta: "Estou desenhando Deus!" e a professora: "Desenhando Deus? Mas ninguém sabe como Ele é!", a menina: "Em dois minutos, saberão!". E não lembro quem, exatamente, definiu fé de uma forma muito objetiva: "Fé é tu pisar no freio do carro sem questionar se ele vai funcionar ou não!". Gostei da definição, e é bem assim. Embora haja coisas em que pouca ou nenhuma fé faça alguma diferença, como o ministro da fazenda e a Ideli Salvatti. E a mulher do Sérgio Cabral, hein? Advogada e podre de rica junto com o marido, parece que levantava algo em torno de cento e oitenta mil reais/mês em obscuras ligações de sua banca com o Governo do Estado do Rio de Janeiro. Mas banca não é de jogo de bicho? Ou é bancada, não sei, enfim, o covil de advogados que ela administra, ponto. E o Sérgio Cabral pai, um cara lutador, brilhante jornalista, um dos fundadores do O Pasquim e o filho metido nesse cocozal. Mas acredito que quase todos, os políticos tem seus esqueletos nos armários. Quando há alguém contrariando alguém, abrem-se as portas e de lá saem os mais horrendos pactos e demônios contando tudo o que sabem. Assim se elimina a concorrência nesse ramo. Posso estar enganado. Vou ter que desligar correndo pois lá vem a enfermeira Godzilla com seus remédios e poções. Até daqui a pouco, amiguinhos e amiguinhas!
Acordei com uma música na cabeça, mas com a letra deformada, que nem minha cabeça: "Bulimia, aqui me tens de regresso, e suplicando te peço...". Deve ser a melô da menina esquelética, hein? Agora é moda a mulherada seca feito pau de virar tripas, uma coisa até perigosa, imagina um cara do meu tamanho rola sobre uma mocinha dessas, tem que raspá-la da cama com uma espátula, pobrezinha! Curto mais as taludinhas. Gosto de perguntar pros meus amiguinhos tarados em fim de carreira, se eles sabiam que abriu um cabaré só de japonesas. Imediatamente perguntam: "Onde, onde, onde?", respondo: "Em Tokyo, cuá-cuará-cuácuá!". Eles ficam indignados. Agora, falando sério, eu não queria a juventude assim perdida, peraí, isso é uma música do Roberto Carlos, rapaiz. Vamos de novo. Ouvi, ontem, que o médico legista Sanguinetti, não concorda com o laudo da polícia, no caso do menino que matou um monte de gente em São Paulo e suicidou-se. Esse médico esteve nos casos Nardoni e do goleiro Bruno. Mas o que chama a minha atenção é o nome do médico: George Sanguinetti. Tudo a ver com assassinatos e outras coisas escabrosas do gênero! Coincidências ou não, o Ministro das Relações Exteriores é o Antonio Patriota; em Porto Alegre o presidente da AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural) é o Urbano Schimitt, também, tudo a ver nome e função. Conheci um proctologista de sobrenome Rabollini, impossível sentar na frente dele sem começar a rir. Pelo menos eu. E o Cimenti, que foi presidente do Sindicato da Construção Civil! E o Gay da Fonseca, hein? Bom, melhor parar por aqui antes que me processem por ser heterofóbico! Odeio homem, não sei porque, mas tenho pavor de barba, voz grossa e guampa. Vou almoçar, hoje a sobremesa é sagu. É a época da colheita de sagu, então temos sagus viçosos e fresquinhos para doces e compotas. Pode-se preparar mandioca com sagu e linguicinha calabresa, também. Em outubro, em Linha Nona, terá a Fenagu, Feira Nacional do Sagu. Ali teremos receitas de pratos e sucos, apresentadas pela Rainha do Sagu e suas Princesas. Tô indo lá senão perco o lugar na mesa. Lembrei do avô de um amigo que tinha dez filhos, e alguém perguntou-lhe se era difícil reunir aquela turma pro almoço. Ele respondeu que não, pois só colocava nove lugares à mesa! Até mais, tigrada!

O Fernando Albrecht falou que o gaúcho é um ser de extremos. E é. Ou melhor dizendo: somos! Se gosta de eucalipto, é de direita; de maricá, esquerda. Semana passada um integrante do comitê de organização ou coisa que o valha, disse que o acampamento gaudério é um favelão! Pra quê! Foi e está sendo um tal de riscar o facão e dar de mão no trançado de oito; onde já se viu tanto atrevimento desse correntino! Mas só pode ser correntino pra dizer uma barbaridade dessas! Eu até acho que o cara falou sem a intenção de ofender a essência gaudéria do evento, que é uma manifestação espontânea e bonita da nossa cultura. Foi um excesso de zelo aos cuidados quanto a disposições de extintores e segurança em geral. O Lula, num descuido de câmera aberta, falou que Pelotas era o maior exportador de viados e todos acharam engraçadinho. Ah, mas foi noutro contexto, etecétera e tal. Vamos contextualizar - adoro essa palavra e estou tentando usá-la, percebem? - e vai dar na mesma. E o Lula é o Lula, ponto final, não ideologizemos a conversa. Também acho que a palavra favelão foi infeliz, mas daí a palanquear o homem é exagero. Década de 70, por aí, Paixão Cortes fez um comercial de café solúvel para a tevê que era mais ou menos assim: "Chega de café de chaleira, Café Solúvel Dínamo, o café dos gaúchos!". Mas bá! Houve manifestações, queriam o fígado do Paixão! E ele, impávido como um urutau, respondeu aos detratores: "Mas então que continuem tomando café de chaleira e parem de me amolar!". E a história do favelão está mais ou menos assim. Vou tomar choques e um cálice de juízo, vindo das canículas de Takeuspa, província de Keopariu. Aperitivarei uns estribilhos caramelados servidos por belas lambisgóias cantarolando, baixinho, Nelson Ned. Buenas meus queridos colegas de trabalho!
Sabe o filme Amargo Pesadelo, com Burt Reynolds e o pai da Angelina Jolie - outrora Jon Voight - onde tem um inesquecível duelo de banjos? Pois é, deixei o Plinio Nunes e o Carlos Alberto Alves da Silva num duelo de trocadilhos, na outra sala. Eu pinto paredes, o Jânio Quadros, o carneiro não fez, o Cordeiro Faria, o Daniel de Andrade lê livros, o Oswaldo Lia Pires e por aí evolui o insano duelo. Se puderem, assistam, está em canal aberto e é acessível às crianças, por increça que parível! Almocei, hoje, com Ana Maria e meu filho, o Lobo, depois sesta, cama, sonhar - isso já faço sem dormir - e acordar feliz, que é a parte mais legal. Comemos e rimos, meu filho é muito parecido comigo, distraído, alegre, espírito leve, pelo menos assim me sinto. Não consigo ficar puto da vida com alguém por muito tempo e deixo pra lá coisas que não me acrescentam, como água de melissa e xingamento no trânsito. E sempre digo, quem nunca levou um desaforo pra casa? Leva, deixa trancado no freezer, depois joga no meio da rua que está tomando o espaço dum quarto de ovelha que ganhei do Veraldo. Ele conta como é a vida de paraquedista, cocô de avião, preferia que ele fosse um competente decorador de bolos, um confeiteiro ou qualquer coisa que o deixasse com as patinhas traseira no chão. Mas a escolha é sempre deles, paciência! E ele pagou a conta do restaurante, amigos. Fiquei faceiro que nem gordo de camiseta! Com licença, vou tomar meu Toddy que vem soldadinho dentro, aí quando preparo, boto um pouco no lixo, pra terminar logo esse vidro e eu ganhar outro bonequinho, yes! Até já meus queridos amiguinhos e amiguinhas.

domingo, 18 de agosto de 2013

Meu cérebro, definitivamente, é uma usina de besteirol. O Pateta usa teclado, o Mickey Mouse. Eu gosto de chá frio, o Clark Kent. Fiz aniversário ano passado, a Marjorie Estiano. Todo mundo morre uma vez, Alanis Morissette. Boa noite e chega de asneiras. Por hoje.
Estava, há pouco, pensando. Sim, confinado em meu leito, envolto em forros acetinados e travesseiros de penas de ganso com bilros, eu penso. Vejam o lado bom: enquanto estou guardado aqui, sob severa vigilância de enfermeiras russas e caucasianas, as ruas estão mais seguras. As velhinhas podem perder as moedinhas no caixa do supermercado e os donos de boteco estão livres de eventuais calotes. Aproveito, pois não se sabe quando inventarão uma geringonça que leia pensamentos. Tenho medo de fazer xixi na pia e saltarem na minha jugular uns dez agentes da CIA, me jogando numa cápsula hermética e desovando no quintal da minha primeira professora de matemática, pra plantar batatas e raízes quadradas. É a globalização. Me sinto vigiado, reprimido, monitorado por outros seres humanos que sabem mais da minha vida do que eu. Acho que isso é paranóia, só pode. Quem, mais ou menos estúpido, perderia tempo e equipamentos sofisticados pra descobrir que eu consigo roer as unhas dos pés e que roubo os chocolates suíços da Dona Vilma, minha vizinha surda. E que jogo cubos de gelo na cabeça do cachorrinho histérico da Eva Porosa, a cabeleireira da casa ao lado. Cubo de gelo não deixa pistas do crime! Eles sabem que sou um criminoso em contenção, controlado mas perigosíssimo! Ontem, Seu Hermínio recebeu visita de um parente e consegui colocar no bolso do cara um bilhete: "Tirem-me daqui, estou sendo cobaia de experiências terríveis. Ligue para Tio Demêncio!". Mas esqueci de escrever o número do Tio Demêncio, caraca! Não importa, outras oportunidades surgirão! Acho melhor parar de pensar, aproxima-se a plantonista, sinto seus passos como Godzilla entrando em Nova Iorque. Com punhados de pílulas lilases e um pacote de mandiopã. Vou ter que desligar, é perigoso. Não esqueçam a senha: "O morcego é o anjo do rato", não esqueçam, adeus!
"Quando você se ferir com algum objeto contundente, lave o ferimento em água corrente. Se você escorregar num lamaçal de intrigas e tráfico de influências, lave em moeda corrente!".

Tio Demêncio, oitavado num canto do balcão do bolicho do Seu Tileca, em Maçambará. Golpeando um trago de canha, claro.

Meu filho, o Lobo, veio a Porto Alegre! Oba, vou poder apresentar a ele as duas malas de notas fiscais que guardo com muito carinho. São notas fiscais da escola, roupas, natação, brinquedos, alimentação e só não considerei remédios, que é uma questão humanitária. Podemos negociar prazos para o pagamento, desde que depósito em dinheiro moeda corrente, na minha conta. Não vale cheque do Sulbrasileiro e nem do Banco da Província. Ele é um jovem compreensivo, compreenderá, compreende? Ouvi no noticioso da rádio, que o governo federal dispôs ou doou ou entregou sob consignação, oito milhões de reais para uma escola de samba que vai homenagear o Boni, da Globo. Tudo lícito e transparente, sob os severos olhos da Lei Rouanet - parem de rir, por favor - realiza-se mais um belo incentivo para a cultura no nosso país. Além do vale-cultura, claro. Esse dinheiro é importante para alavancar o interesse das classes menos favorecidas, que terão acesso a Piaget e Jean-Paul Sartre, por exemplo. Como é dinheiro dado à escola de samba sob consignação, o que não for usado, será devolvido aos cofres públicos! Por favor, pessoal, sem essas gargalhadas, senão não consigo terminar meu raciocínio, ok? Obrigado. Como eu falava o...bem, deixa pra lá. Já me atrapalharam, mesmo. Vou tomar uma batida de guardiola com flor de lambisgóia e volto depois. Tiau pra ti.
O Carlos Alberto Alves da Silva, vulgo Carlinhos ou Carlucho, dependendo do momento, me contou uma que repasso a vocês: numa enquete de rua, a repórter pergunta prum cidadão já além dos 50: "O senhor preferiria ter Alzheimer ou Parkinson?", o cara responde: "Parkinson, né? Prefiro derramar meu vinho a esquecer onde botei a garrafa!". E não duvidem que não possa existir esse tipo de enquete. Tenho visto cada uma, por aí, que vou te contar! Essa noite sonhei com o Barrabas tocando Womam! Yeah! Em São Borja, nos bailes, os conjuntos Os Dinâmicos e Sheiks nos colocavam em contato com o rock daquela época. Através deles, conheci Barrabas, Photograh do Ringo Starr, Grand Funk, Santana e mais um monte de gente boa que eles nos traziam. E o Guto na guitarra era the best! Obrigado, rapaziada louca e cabeluda, que hoje deve estar curtindo seus netos, no sossego do lar. Acho que vou até o pátio, onde tem um solzinho, na minha vermelho-Ferrari! Seu Hermínio está lá, ele ouve mas não fala, a Dona Vilma também está prostrada ao sol, ela fala, mas não ouve. Vou tentar fazer um de dois, veremos. Depois eu volto para atazaná-los, pequenos indígenas!
Dos filhos de meus pais, sou o único vivo, os outros trabalham! Tá, tá, é velhinha essa aí, mas eu acho engraçadinha e, sempre que posso, repito, azar de vocês. Mas recordava de um perfume chamado Lancaster, que vinha da Argentina e, de tão bom, chegava a juntar moscas. Mas era o top do momento, uma brasa, mora? Coisa do tempo da minha bisavó, que morreu de problema na próstata - nos tempos da minha bisavó, as mulheres nasciam com próstata - a pobrezinha. Foi sepultada com seu inseparável bacamarte e as boleadeiras, que usava pra não precisar correr atrás dos quinze filhos. Era um tiro e um pealo, um tiro e um pealo, oigaletê pontaria da finadinha Etelvina! Acho que depois que casou nunca mais menstruou, de tanto filho que fez. Mas quero contar a história que comecei no texto anterior, quando a Mônica Sosnoski e eu passeávamos, sossegados, no xópingui, em Caxias. Naquele dia eu estava vestido sobriamente. Não que eu não me vestisse assim rotineiramente, mas eu tenho um grande problema ao me trajar, pois vou entrando nas camisas, calças, meias e sapatos que encontro pela frente. O resultado é um alegre carnaval de matizes e meias de cores diferentes. Enfim, naquele dia eu estava um ser humano convencional. Resolvemos, então, passarmos por casal titio podre de rico metido a galã e menininha linda inocente tirando grana do bobalhão. Entramos de mãos dadas numa joalheria - daquelas que a gente evita passar perto com medo de pagar o ar que respirou - chão forrado com pele de alpaca alpina e a vendedora empertigada, linda, sorridente, parecia um efeito especial, amigos. "Boa tarde, já sei! Procuram presente pra formatura dessa menina linda!", Pronto, já veio com chumbo de matar patos! Falei: Moça, que fique bem claro: essa garota não e minha filha, sua estúpida! O "sua estúpida" eu só pensei, né? Ela nos acomodou em sua mesa de trabalho, toda envidraçada, era vidro por todo o lado e eu me cagando de medo de quebrar alguma coisa, estabado que sou. Aí Charlene, a vendedora, foi até um cofre e voltou com uma pequena pilha de caixinhas retangulares, cobertas com pele de mangriões da Patagônia, eu acho. Começou uma demonstração das coisas mais intangíveis que eu já tinha visto! "Olha aqui, esse par de brincos em ouro branco salpicado com diamantes, combina com os olhos verdes dela, o senhor não acha?". Claro, perfeito, quanto é à vista? "Ah, estamos numa promoção. Esse brinco é doze mil reais, com um desconto de cinco por cento fica em...". Put keep are you! Doze mil! Aguentei no osso do peito, imaginando se eu puxasse minha carteira de matéria plástica que ganhei do Nestor, O Despachante, ela nos botaria a correr dali! Pra resumir a ópera, quando ela nos apresentou um colar salpicado com não-sei-o-quê, de vinte e oito mil, suspirei fundo, peguei a Mônica e sumimos da vista da Charlene, que nos encheu de cartões e descontos. Voltamos à vida de pobre e fomos ao cinema. A sensação de ser um nababo por alguns longos minutos valeu, valeu mesmo! Sonhar é tudo, meus amigos! Uma boa noite e bom café da manhã. Lembrei de uma tirinha que postei outro dia, um casalzinho, no ônibus, o cara fala: "Vontade de tomar uma ceva com torresmo!", e a guria do lado: "Mas são sete e meia da manhã!", e ele: "Vontade de tomar uma ceva com sucrilhos!". Beijinhos.
Engraçado como a gente insiste em perpetuar ou reviver coisas que estão enterradas, em baús lacrados, dentro dos labirintos da nossa alma. Volta e meia abrimos alguma das portas emperradas desses corredores, com tênues fios de luz ricochetando no chão, e nos deparamos com achados dolorosamente preciosos. Outros, deliciosamente sorridentes e coloridos, oferecidos em cálices de vida petrificada pelo tempo. Ali ficamos saboreando, nostálgicos, cada toque, cada voz, cada frase emocionada proferida em momentos mágicos, que tornam a nos envolver. Então somos tragados pelo torvelinho do passado, flutuando longe da realidade e querendo trazer de volta o que já foi. Precisamos nos convencer que já foi, acabou, ficaram os resquícios, que devem ser guardados e vigiados para que não retornem e façam mal pro nosso coração. Nunca soterrados na tentativa do esquecimento, não. Devem existir para que aprendamos com eles e nos tornemos menos exigentes, mais tolerantes conosco e com os que nos cercam. Sempre mexemos nessas bugigangas afetivas e emocionais, e sempre encontraremos motivos pra refletir. Mas, cuidado, deixe essas coisinhas saírem da caixa bem devagar, senão, pulam pra dentro do nosso coração e ficam nos azucrinando. Bom, vou fechar essa porta aqui, que já me empoeirei todo, foi bom visitar minhas reminiscências de paixões que foram e deixaram belas poesias, impregnadas no teto, com cheiro de lavanda. Pronto, agora vou abrir aquela outra porta, ali, parece meio pesadinha. Ah, minhas reminiscências etílicas e insanidades eventuais! Bem, mas isso é outra história, que contarei aos poucos, pra vocês, queridos coleguinhas. Uma delas foi quando minha amiga Mônica Sosnoski entramos numa joalheria chiquésima, no xópingui, em Caxias, e compramos um ar de brincos de doze mil reais, lembra, Mokina? E eu com uma carteira de matéria plástica do Despachante Nestor, ao seu dispor! Buenas Noches xiruzada
E se a vida da gente tivesse trilha sonora, hein? Seria muito legal, cada momento um ritmo! Restrita apenas ao nosso cérebro, senão o mundo se transformaria numa hecatombe auditiva de Arlindo Cruz, Gustavo Lima, Schubert, Ramones, Domenico Modugno e Rachmaninoff. Chamado na sala do chefe, começa um trombone pausado, com solo de violino húngaro e uma voz de soprano lamentosa, ao fundo. Tímpanos e oboés ao convidar a caixa do banco pra jantar. Banda de circo quando ela te manda pentear macacos; um solo de tuba quando se dirigir ao banheiro do restaurante, e por aí vai. Sem dúvidas seríamos mais animadinhos, eu acho. Falando em restaurante, dias atrás, falei da minha idéia em abrir um restaurante especializado em carne de morcegos. Claro que seria supervisionado pelo IBAMA e entidades protetoras de morcegos. Teríamos morcegário e abatedouro próprios, com todos os cuidados necessários para dar conta da demanda. El Murciélago abriria somente à noite, cardápio exótisíssimo como asas de morcego fritas crocantes, uma delícia com um cabernet clássico. E o ensopado de quirópteros com linguicinhas de hematófagos, que podem vir separadas, grelhadas, uma delícia! Garçons a rigor, envoltos em capas negras e caninos salientes. Mas chega de idéias malucas, daqui a pouco, num desses delírios, direi que Renan Calheiros é o presidente do Congresso! Estou ouvindo Sonata ao Luar, acho que é a hora de um convalescente como eu, dormir. Boa noite, durmam bem, sonos profundos e bucólicos. Ou equestres...
Continuando as comemorações do Dia do Solteiro - e da Solteira - começou, hoje, a Oficina da Solteirice, que lhes ensinará como degustar momentos deliciosos como acordar às duas da manhã e passar naquele boteco que serve um bife mal-passado, com dois ovos de pato, também mal-passados, e uma cerveja Pérola inigualável, sem ter que passar por uma inquisição do tipo: "Onde tu vai a essa hora? Quem é a lambisgóia que tu vai atrás? Vou contigo! Ah, tá, vai comer bife às duas da manhã! Me conta que eu gosto!". Haverá aulas de administração doméstica, orientando sobre faxina e como se desfazer de lençóis imundos sem ter que lavá-los. Para quais instituições doá-los e onde comprar mais barato outros novos. Descobrirás os milagres operados pelos detergentes poderosos, no seu banheiro com limo, e como fazer um documentário com os moluscos exóticos do seu banheiro, e vendê-lo pro National Geographic. Às 23h, um monólogo balzeado em Balzac, será interpretado pela Henriqueta Brieba. A entrada é franca para casais. Um dos pontos altos da Oficina será fazer a bainha da calça com grampeador e transformar cuecas usadas em delicados porta-sabonetes e recipientes para experiências escolares com feijão. Beber água direto na jarra da geladeira requer prática e habilidade, que lhes será ensinado, também. E a conscientização dos benefícios da solteirice - ou solteirismo, como chamam alguns ornitólogos - e um deles é não se preocupar em deixar o celular sempre à vista, sob severa vigilãncia, pois não terá ninguém pra furungar nele e perguntar: "Quem é essa Gaby Kiss?". Nem ninguém pra controlar o tempo de duração das garrafas de goró, no barzinho da sala. Novidades no blog do www.gilneilima.com, cheio de estilo e conteúdo! Beijão pra todos.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Esses dias me perguntaram qual meu plano de saúde, respondi: "Meu plano de saúde é não adoecer!".
Hoje é o Dia do Solteiro, vejam só, pequenos aborígenes! Acho que não deve agitar muito o comércio, imagina entrar numa loja que tem promoção para o Dia do Solteiro! Aqui, freguês, paga dez e leva doze pacotes de Miojo! E olha o desconto nos pratos de papelão, é só usar e jogar fora, olhaí! E outra: quem vai sair de casa pra comprar presente pra solteiro? Ainda se fosse mãe, avó, pai, namoradas, vá lá, mas solteiro? Talvez você tenha um cunhado solteiro, aí sim, pode ser. Mas não aquele cunhado que bebe e vomita no teu sofá. Tem que ser aquele cunhado que tem um carrão que empresta, de vez em quando. Mas sabem por quê o Dia do Solteiro? Pois bem, vou contar-lhes como tudo começou: No princípio, quando tudo era trevas, na remota ilha de Byll Bokê reinava viúvo, Kamun Dongo, O Tongo. Byll Bokê, maior plantadora de sagu do planeta e era, também, uma ilha berinjelante, sempre com arsenais atualizados, perigosíssima exportadora de berinjelas! O poderoso Kamun Dongo tinha uma única filha, que pretendia desposá-la o quanto antes, considerando a já avançada idade da princesa Hedy Onda, em seguida começam a aparecer as cáries e os poucos pretendentes somem. Hedy ocupava seu tempo com esportes femininos tipo caça à cascavel e captura de rinocerontes com coelhos treinados. Numa tarde chuvosa, os coelhos descuidaram e um rinoceronte atacou a mula que a princesa montava, deixando-a à mercê da fera. Como surgido do nada, um cavaleiro montado num camelo - aliás, um cameleiro - com seu abridor de latas que vem de pai para filho desde 1810, abriu o rinoceronte todinho deixado o tenebroso animal, pelado. Cleito Mastoideu era o seu nome. Do cameleiro, não do rinoceronte. Foi recebido pelo Rei Kamun e celebrado como herói, em lauto banquete que durou três dia, três noites e quarenta minutos. Hedy cortejava Cleito de maneira discreta, até seu pai ordenar que saísse do colo do rapaz e vestisse a saia de organza. O casamento foi marcado para dali a dez minutos e Cleito Mastoideu pensou, refletiu e não achou uma boa idéia ter que acordar, pela manhã, e beijar a princesa antes de ela fazer a barba e colocar a peruca. Num átimo, jogou-se pela sacada do castelo e foi alvejado por uma flecha da aljava da própria Hedy Onda! Foi empalhado e colocado ao lado dos outros vinte três pretendentes fujões, no Hall dos Noivos. E foi assim que nasceu a lenta lenda do cameleiro destemido que preferiu a morte ao casamento com uma princesa podre de rica. Convicção é isso! Não gostei muito do final, mas paciência! Agora vou lá no www.clarafrantzsimplesassim.blogspot.com, cumprimentar a Clarinha pelos excessos de acessos no seu maravilhoso blógue! Beijuuusss!
Agora apertei um botão no controle da tevê e ficou tudo azul. Depois de algum tempo me declarei incompetente e chamei a menina plantonista pra ver se conseguia botar no ar a novela ou o campeonato ucraniano de xadrez que estou perdendo. Ela também não conseguiu. Um padre exorcista é difícil achar a essa hora, talvez uma corrente de fé e orações aqui no quarto, quem sabe? Lembrei do Groucho Marx interpretando um general, atarantado diante de um mapa, não entendendo nada. Aí seu assistente fala: "Mas, general, esse mapa até uma criança de dez anos entende!", e ele: "Então traga-me uma criança de dez anos!". Numa atitude de desespero, desliguei tudo da tomada e liguei de novo. Bingo! Deu certo! Apareceu o Antonio Fagundes correndo atrás do chinaredo pelos corredores de seu sóbrio e austero hospital. Minha tevê sofreu um choque anafilático, pra aprender quem manda aqui, caraca! O Atílio foi descoberto! A Elisabeth Savalla vai casar com o Atílio e viverão felizes pra sempre. Hoje tomei uma bela porção de pílulas - inclusive a lilás - e dormirei cedo. Então, ao sentir os melífluos efeitos da poção, começo a tocar uma antiga canção do sul da Balbúrdia, no meu ventrículo de sete cordas, evocando lindas escravas calpúrnias dançando, frenéticas, no tapete de fogo-fátuo. Me recosto sobre estribeiras que alguém perdeu, admirando o bailado. A taberna fervilha com os mais variados tipos de caçadores de recompensa e vendedores de enciclopédia Barsa. Um pequeno grupo de lacônicos bebe cimitarra, bebida característica da Lacônia, a ilha do silêncio. Amontoados num canto, são uns chatos. A cimitarra é servida em recipientes de charlatão, o único metal que não corrói ao contato com esse líquido. Acho que vou subir aos meus aposentos, onde Ninfo, A Maníaca, me aguarda numa banheira morna e uma travessa de verbas públicas para degustarmos. Essa é a época da maturação e colheita de verbas públicas, uma delícia! Você precisa provar, é inigualáve! Em excesso, se descuidar, pode causar prisão das vias inferiores. Muito cuidado ao consumi-las. Boa noite Cinderela, boa noite Johnny Boy, boa noite Galvão Bueno, boa noite meus e minhas amigas.
No que você está pensando? Olha, eu estava pensando num monte de abaixo assinados que rolam por aí, pedindo a prisão de uma manada de bacanas que estão por toda a parte na política do país, disseminados como uma peste negra, roubando feito uns desesperados. Acho de bom alvitre que se lute contra esses rapazes, que tem o péssimo e alegre hábito de enfiar a mão no dinheiro alheio, ou seja, no nosso bolso já tão saqueado que a gente quase não se importa mais. Porém, todavia, contudo, imaginemos que, por uma obra divina - pra Deus tudo é possível - o José Dirceu vá parar na cadeia junto com outros da mesma espécie, para procriarem no cativeiro. Não, não, brincadeirinha! Sem procriação! Enfim, o Zé Dirceu preso, aquela gritaria de sempre e tal. Imaginem quanto tempo esse menino ficará enjaulado se nem um reles traficante fica preso mais do que 24h. É sério! No nosso país o sujeito pra ser preso e cumprir, integralmente, a pena que lhe for imputada, deve ter um advogado muito, mas muito burro! Todos sabem que o marginal, na concepção da ideologia vigente, é um cidadão em conflito com a lei, uma vítima da sociedade, logo, deveremos ter complacência ao julgá-lo e condená-lo, se isso acontecer, é claro. Furto, por exemplo, nem é considerado crime. Um amigo tem um sítio e seus vizinhos roubam dele descaradamente. Ele vai na polícia, recupera alguns objetos mas os rapazes que roubam não podem ser presos. Dia desses falei pra Clara Frantz que me comporto como um liquidificador endiabrado, que muda de assunto a todo o momento. Me sinto assim, é o meu jeitinho meigo de ser, ui. Alguns amigos dados como sequestrados pelo temíveis canibais Aquidauânus, do norte da península esférica, esotérica romana, retornaram sãos e salvos que nem o Eloi Celente. Falta o Gilnei Lima, que deve estar em período de orações, contrito, no templo de Bornay, O Delicado. Aguardemos, e bom almoço queridinhos e queridinhas amigos.
Maria Cristina que me perdoe, mas dormirei até mais tarde, amanhã; agora estou imerso no The Walking Dead, zumbis alucinados comendo gente, literalmente. Deveria estar dormindo, mas fiz isso a tarde inteira! Cheguei a ficar com os olhos grudados de tanto dormir. Estou aceso como o Farol de Alexandria, uia! Zumbis me fascinam por serem absolutamente amorais, instintivos, não hesitam em atacar e devorar, devorar e mutilar, uns amores! E matar zumbis não deixa nenhum resquício de remorso ou qualquer arrependimento. São maus, restos de seres humanos sem nenhum objetivo altruísta que lhes justifique viver e fazer parte de nosso alegre mundo imperfeito; não conseguem levar o cachorrinho pra passear no parque, sem trucidá-lo. Repugnantes! Só existem para a maldade que, sob a nebulosa ótica deles, é sobrevivência, e só. Conheço gente viva que é assim, sem gozação! Só não devoram o cachorrinho antes do passeio. Mas como sabem - ou acho que sabem - que adoro gibis, colecionava gibis mas depois me desfiz de minha coleção por causa das traças. Elas fundaram uma ONG em minha casa e começaram a roer minhas revistas com uma voracidade fenomenal! Fiquei feliz quando elas estacionaram um kombi no pátio, carregaram toda minha coleção e se foram, lépidas e fagueiras. Mas tudo isso pra dizer que curto os filmes de super-heróis, mesmo os ruins antigos e tal. Apesar de toda a tecnologia do Thor, Homem de Ferro, Superman e Homem-Aranha, o que me encanta, mesmo, é o Zorro! Sorrateiro, ardiloso, sombrio atrás da capa negra, espadachim imbatível, seja como Tyrone Power ou Guy Williams. A fascinante caverna secreta e a vida dupla. Um playboy afetado durante o dia e um justiceiro mascarado à noite. E quando ele revelava sua identidade secreta pra mocinha, hein? O bundão desprezível era, na verdade, o herói. Quem não se identificaria com isso? Teve um filme do Zorro com Frank Langella e o Ricardo Montalban que foi um dos melhores que vi. Na matiné, claro. Mas é isso, queridos amigos, vou chamar minha governanta para preparar meu banho de sais e um lanche com aspargos e escalopinhos turcos ao molho de salamandras etíopes, yeah! Beijinhos carinhosos no ilíaco de vocês!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O Paulo Ricardo Louzada de Almeida me conta que começou a caminhar com cinco meses pois ninguém queria pegá-lo no colo! E o Calisto Inácio Hanauer disse que em casa de bêbado, álcool gel é patê! Perguntaram pro português se ele preferia sexo oral ou anal, ele falou que oral, pois é de hora em hora, anal é de ano em ano! Velhinho fazendo sexo oral sobre a grama, a moça fala: "Amor, tira o óculos, tá me machucando a coxa!". Minutos depois ela fala: "Amor, bota o óculos que agora tu tá comendo capim!". Um cara comprou um papagaio e descobriu, no dia seguinte, que o papagaio era um desbocado de última categoria. Falava palavrão o tempo inteiro, dizia coisas que ele nem sabia que existia. Bateu no papagaio, prendeu o papagaio num quarto escuro e nada adiantou! Num desespero, puto da vida, enfiou o papagaio no freezer e saiu. Horas depois lembrou do bichinho e retirou-o do freezer e, surpreso, ouviu da trêmula ave: "Meu senhor, perdoe-me pelo meu mau comportamento diante do senhor e sua família, aceite minhas desculpas, meu senhor. A partir de agora serei um novo papagaio, me perdoe. Mas, diga-me, o que o frango fez?". Bom almoço pra todos os meus e minhas camaradinhas!
Acordei, ou melhor, fui acordado às 06h com uma horda de Umpa-Lumpas berrando ao redor de meu leito hospitalar - leito hospitalar dá uma idéia triste de minha condição, pobrezinho - anunciando que hoje o pessoal do Congresso volta das férias. Mas eu nem sabia que eles tinham saído, rapaiz! Agora, então, a coisa vai, a coisa anda! A coisa, que não sei bem o que é, mas é a coisa! A esperança de um povo heróico, o brado retumbante, nas mãos do Congresso. O herói cobrado retumbante está bem arrumado! Foi amarrar seu cavalinho bem no Congresso! Que se continuasse em férias acho que nós, crédulos e esfarrapados contribuintes, sairíamos ganhando. Mas o ilibado, impoluto e filaucioso presidente Renan Calheiros prometeu que, cada falso representante popular irá, peremptoriamente, para o cadafalso! Sem apelar para filigranas jurídicas - se for granas pode-se considerar - direto ao patíbulo, como Danton, Lavoisier e o Freddy Krugger. Mas, enfim, além dessas notícias alvissareiras, resta-nos um bom dia e um almoço com bife de fígado acebolado e arroz branco, hein? Sobremesa pode ser geléia de mocotó, pequenos gafanhotos! Beijinhos e beijinhas pra todos vocês, queridos meliantes!
Na condição de convalescente, tenho viajado muito em pequenas coisas mundanas, admirando criações que nos passam despercebidas numa rotina diária normal. Umas das maiores invenções da humanidade, depois do clipe, da esferográfica e do absorvente íntimo, é o abridor de sachê. Já explico: sabem aqueles malditos sachezinhos de katchup, maionese e mostarda que acompanham os lanches? Não sei vocês, mas eu não consigo abrir uma bostinha daquelas sem me transformar num comanche pintado pra guerra! Me dá um desses pra abrir e senta para apreciar um show de bom humor e gargalhadas! Pois não é que agora tem à mão nas lanchonetes e lancherias - acho que o correto é lancheria, senão, ao invés de padaria, seria padarete - um dispositivo em que tu passa o dito sachê e ele corta a pontinha, que permite usar a quantidade necessária sem te transformar num cidadão indignado e lambuzado, parecendo uma peça fugida da Bienal. Mas já tem uma corrente protestando contra o aparelhinho, argumentando que isso inibe o desenvolvimento da pré-cognição das crianças, tornando-as dependentes de ferramentas desnecessárias, impostas pela sociedade capitalista-consumista que aí está. O próprio abridor de latas e o desentupidor de pias, são objetos que deixarão de ser vendidos aleatoriamente, pela sua periculosidade e eventuais danos causados aos consumidores. Houve casos de crianças que abriram lindos buracos no carro do papai, empunhando apenas um abridor de latas. E um cidadão, com visíveis sinais de embriaguez, que tentou sanar sua prisão de ventre com um desentupidor de pias, foi parar na enfermaria do hospício! Então, doravante, essas ferramentas só poderão ser operadas por profissionais treinados. Um novo mercado está se abrindo aí, gente! Chega de invenções, vamos dormir que a chuvinha tá ótima! Beijinhus e boanoitinhas! PS: Doravante tá bom, hein?

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Um dos filmes mais marcantes da minha vida foi Mary Poppins, lá pelos meus oito anos, acho. Saí do cinema maravilhado e sonhei durante dias com a imagem da Julie Andrews pousando, com seu guarda-chuva e valise, diante da mansão, e o vento varrendo as outras babás pra longe. Essas coisas marcam nossas vidas e ajudam a formar nosso caráter, nosso coração, nos ensinam sem ter essa pretensão. Pelo menos parecia ser assim na época da Mary Poppins. E o Dumbo, aquele elefante orelhudo que voava abanando as orelhas, lembram? Tem uma cena inesquecível em que os corvos que estão lhe ensinando a voar dão uma pena, dizendo que é uma pena mágica e que todos os corvos aprendem a voar assim. E lá vai o Dumbo, abanando as orelhonas e voando. Eis que ele deixa escapar a pena mágica da tromba e começa a cair! Aí o corvo velho grita no ouvido dele: "Esquece a pena, ela não é mágica nada! Só dissemos isso pra teres coragem pra voar!", aí o Dumbo retoma o vôo, enfim. Mas a mensagem é legal, a autoconfiança precisa ser conquistada, muitas vezes, por algum artifício que nos faça descobrir que somos capazes do que não acreditamos ser. Quantas vezes precisei de pena mágica, inconscientemente. Pois é, hoje pensei em me organizar e fim de semana que vem dar um passeio com o pessoal da liturgia lá no Parque Temático Bebê-Zumbi, do Daniel de Andrade. As visitas sempre ao entardecer, quando os mimosos bebês-zumbis surgem das trevas para buscar comida. Adoram olhos de capivara ao natural e miolos frescos de ovelha. Vou tomar meu remédio e volto para atazaná-los, petizes! Eu falei petizes, creonças como diz Daniel de Andrade. E o Gilnei Lima, hein? Abduzido, de novo?
Ontem li o Santiago Neltair Abreu, que comentou sobre os caras que levam um pé-na-bunda e saem dando tiro em todo mundo. Lamentável, perigosamente perto da gente. E quem de nós não conheceu ou conhece alguém que desaba e não consegue levantar depois de ser abandonado - maior parte homens - pela amada? Eu, pelo menos, conheço um montão. E quem já não levou um fora, um chute, quem não levou uma guampa, uma guampinha, assim, de leve? Eu tenho um baú desses de guardar cobertores, cheinho de pés-na-bunda - já falei sobre isso - de todas as formas possíveis. Pé-na-bunda de tênis, de sapato importado, de havaianas, rasteirinha e até de uma bota uruguaia. Nas primeiras tu fica meio pateta, meio dolorido porque o sentimento de rejeição é terrível! Ela me trocou por outro, eu sou melhor, aí começa aquele conflito interno que parece que estás apagando incêndio com gasolina. Mas, no meu caso, essas coisas duravam, no máximo, duas semanas, numa dieta rigorosa de Velho Barreiro ou Drurys. Depois passava e a vida seguia adiante. Hoje os caras matam. Matam a mulher, a sogra, os vizinhos, o cachorro e depois enfiam uma azeitona no próprio cérebro. E todo mundo horrorizado, pois era um rapaz tão calmo, atencioso, mas quantos desequilibrados desses não estão sentados ao nosso lado, hein? Mulher a gente tem que cuidar, dar atenção e, principalmente, não sufocar, ficar enchendo o saco dela tipo: "Onde tu andava? Quem é aquele cara que tá te olhando? Vou lá contigo!". Alguns beiram a demência, agora com celular é uma barbada pra encher o saco, pegar no pé, então a menina desliga é pior. O cara vai lá na porta do trabalho dela! Ninguém aguenta esse massacre! Se tens uma parceria legal, confia, faz tua parte, esteja perto, dê carinho e afeto e receberás em dobro. Nunca exija que as pessoas gostem de ti com a mesma intensidade que tu gosta delas. Cuide bem da donzela - ou donzelo - senão ela terceiriza o serviço, pode crer! Aí não adianta pegar uma AR-15 que já se foi o boi com a corda! Bom almoço, senhores e senhoras ouvintes.