sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Agora há pouco eu estava na frente da clínica, onde há cadeiras e guarda-sóis, curtindo o movimento do pessoal saindo do trabalho, e passam me olhando, me olhando, me analisando na minha cadeira de rodas vermelho-Ferrari, como se eu fosse o último espécime de Paulinossaurus Mottex, um ser híbrido que habitava as etílicas cavernas de Bares Juanus e Barum Lola's, no início do Período Oswaldoaranhóico. Aí comecei a cumprimentar as pessoas: "Boa noite, boa noite, boa noite", sorrindo, todos respondem educados, surpreendidos talvez por me imaginarem mudo ou empalhado na cadeira, naqueles instantes em que me enxergam. Um cidadão grisalho pára e pergunta: "O que houve, amigo?", respondo-lhe: "Artrose ocasionada por disfunção eréctil no esterno mastóide!". "Ahh! E vai operar?", aí virou um papo de bêbado pra delegado, em seguida ele se despediu, me desejando boa sorte na cirurgia do hipocéfalo lombar, no que fiquei muito grato. Não é muito cristão abusar da ingenuidade das pessoas simples. Acho que não sou muito cristão. Mas minha torturapeuta Aline Longaray me ensinou esse nome hoje e já usei: Esterno Cleido Mastoideu! Imagina uma criança com esse nome: "Cleido Mastoide-eeu! Vem tomar banho que amanhã tem aula, menino!", ou a mãe braba: "Esterno Cleido Mastoideu! Quantas vezes já te disse pra não cuspir no chão, relaxado!". Não sei porque, mãe braba te chama pelo nome inteiro. Se tu estás quieta no teu canto a genitora bradar, feroz, "Cíntia Priscila da Rosa Amaranto, que horas tu chegou nessa manhã?", te prepara que lá vem uma garoa com vento pelas costas! E tu cheia de culpa no cartório! Pois bem, já conversei com vocês, meus amigos queridos e queridas. Vou comer uma coisinha leve agora à noite, talvez umas bolinhas de isopor ou algodão, ou a Mary Help - Maria do Socorro - 36 kg, pequenina e tal. Que grosseria da minha parte, boa janta a todos!

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