sábado, 24 de agosto de 2013

Conversava, hoje, com a Maria Verônica Marchiori Ahrends, um pouco sobre como é trabalhar a cabeça na minha situação. Lembrei de algo que escrevi sobre o aprendizado que está sendo pra mim essa série de restrições físicas que, temporariamente, atravesso. Estou aprendendo a desconstruir e reconstruir. Desconstruir não é destruir o que quer que seja. É mais ou menos como desmontar, delicadamente, muitas coisas e remontá-las de acordo com esse novo momento. Se não fizer isso, não conseguirei ir adiante, seja como eu estiver, fisicamente. Minha saúde física dependerá, diretamente, de minha saúde mental. E essa desconstrução, digamos assim, envolve limites e convicção de que eu não poderei mais ser o que fui; é simples, mas eu preciso me reconquistar: continuar sendo meu amigo como sempre fui sem me importar se estou mais ou menos gordo, mais ou menos careca, mais ou menos ágil, com ou sem bolsa de colostomia. Isso não é resignação, não senhor! É aceitação a partir do que é real e ponto. É uma reconstrução, um recomeço. Quando essa chapeação terminar, vamos ver o que ficou melhor e, depois, damos uma boa olhada no que não deu pra consertar. Me parece razoável, hein? Aí vou fazer pilates! Quando ouvi essa palavra achei que fosse o Pontes Pilates, aquele carinha que lavou as mãos na água benta da Capela Cistina e mandou crucificar Barrabás! Deixa pra lá o Pôncio Pilatos, ó herege! A plantonista Chun-Li carinha de desenho mangá me traz alguns comprimidos e um, esquisitinho, parecia uma pequenina ogiva nuclear, achei que fosse um supositório, mas não era, ufa! Era via oral e não anal, para entrar nos anais da minha trepidante tramitante vida médico-hospitalar. Acho que estão fazendo testes comigo, tive certeza quando passei na frente do espelho, no escuro, e estava com um alarmante brilho verde-kryptonita! A Chun-Li se retirou sorrindo como se levada, suavemente, pela brisa da noite. Isso aqui está ficando meio sobrenatural, só falta o Edison Lobão com seus caninos pontiagudos e a capa negra a cobrir-lhe o corpo esquálido e a Ideli Salvatti oferecendo cafezinho! Tiau pra vocês, gurizada medonha!

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