sábado, 31 de agosto de 2013

Me teletransportarei ao início dos anos 80, quando conheci as duas figuras que me acompanharão pro resto da vida: Antonio Carlos Costa Machado, o Kau, e o alemão Eber Borba. Alemão porque é amarelo, mas é italiano, devorador de formaggio e polenta brustolada. Nos conhecemos trabalhando nas primeiras edições de Classificados - a primeira edição circulou dia 13 de maio de 1979 - com doze páginas. Nossa equipe, sob o comando do Kau e do Eber, operava nos porões do prédio, no subsolo, lá no fundo à direita. Era uma caverna onde todos fumavam e corriam pra fechar a edição, uma divertida e tensa esculhambação que nos absorvia e fazia daquele bando uma família de dementes. Quase sempre aparecia do nada uma garrafa de cachaça, preparada com cachaça e cachaça e, talvez, algum pão roubado do refeitório, na madrugada. A gente nunca sabia se conseguiria fechar a edição, mas fechava, só Deus sabe como! Nos intervalos, nos reuníamos pra ouvir as histórias dos dois chefes insanos e nos divertíamos descobrindo o mundo do jornal. Tudo isso me fascinava! Não eram pessoas convencionais, eram diferentes do que estávamos habituados. Acordar pela manhã, ir ao trabalho, almoçar ao meio-dia, voltar pra casa no final do expediente, jantar com a família e, depois da novela, dormir. Não, isso não funcionava pra nós, nos sentíamos como uma sociedade secreta, com códigos e procedimentos próprios, ocultos e restritos. Sair do jornal às duas da manhã e ir pro Tide, na José Bonifácio com a Venâncio tomar sopa era rotina. Ou o Porta Larga, se estivesse aberto. Mas hoje o Eber está de cumpleaños, por isso quero cumprimentá-lo lembrando a trajetória doida e inesquecível que percorremos, com a insanidade que ainda nos é peculiar. Parabéns, meu amigo, que a vida nos seja longa! Abração!

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