sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Ontem fui agraciado com a bela visita da Cátia Cunha em minhas humildes instalações. Trouxe-me uma coleção de delicadezas em forma de fotos de filhotes, uma coisa linda! De novo, Catia, obrigado pela atenção, essas coisas ficam aconchegadas num cantinho colorido do nosso coração.
Acordei e fui dar uma volta na minha cadeira vermelho-Ferrari, pegar um sol e conversar com quem puder me ouvir. Dos cinco amiguinhos aqui no pátio, dois conseguem me entender, os outros três me olham e sorriem como se eu fosse Francisco I. É um exercício de serenidade e paciência, um mundo que eu desconhecia. A Dona Vilma procura apartamento no Classificados pra uma mudança que não virá, ela não pode morar sozinha, os filhos preferem que permaneça aqui, na clínica. Seu Hermínio espicha os olhos pra rua, esperando um irmão falecido que virá buscá-lo pra pescarem em Tramandaí. Em alguns retalhos de lucidez, conta histórias de caçadas e bravatas em bares e bebedeiras. Chegaremos lá, na velhice. Mas minha preocupação, agora, é levantar a bunda da minha vermelho-Ferrari, me recuperar e seguir adiante, pois é. Eu tinha um sonho de infância que realizei quando morava sozinho num quarto-e-sala na Duque de Caxias com a Jerônimo Coelho, oitavo andar, de frente, uia! Foi aí que lancei meu primeiro livro e fui processado. Eram quatro da tarde de um domingo de junho, muito frio, meus amiguinhos e eu jogávamos Pac-Man e Pitfall, no Atari, tomando Velho Barreiro e comendo linguiça frita. Lá pelas tantas me irritei pois só perdia no joguinho, com os reflexos nublados e com visíveis sinais de embriaguez, lancei Gabriel Garcia Marquez, O Outono do Patriarca, pela janela. Que atingiu o cachorro pequinês da Dona Adália, mãe da Marlize, loura gostosa mas galinha. Tão galinha que se tomasse banho muito quente viraria canja. O arremedo de cachorro sobreviveu, mas eu ouvi desaforos que nem sabia que existiam. E bêbado, ainda por cima! Mas o meu sonho de infância era um autorama, que conto depois da sesta pra vocês. Bom almocinho, mocinhas e mocinhos.

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