domingo, 18 de agosto de 2013

Dos filhos de meus pais, sou o único vivo, os outros trabalham! Tá, tá, é velhinha essa aí, mas eu acho engraçadinha e, sempre que posso, repito, azar de vocês. Mas recordava de um perfume chamado Lancaster, que vinha da Argentina e, de tão bom, chegava a juntar moscas. Mas era o top do momento, uma brasa, mora? Coisa do tempo da minha bisavó, que morreu de problema na próstata - nos tempos da minha bisavó, as mulheres nasciam com próstata - a pobrezinha. Foi sepultada com seu inseparável bacamarte e as boleadeiras, que usava pra não precisar correr atrás dos quinze filhos. Era um tiro e um pealo, um tiro e um pealo, oigaletê pontaria da finadinha Etelvina! Acho que depois que casou nunca mais menstruou, de tanto filho que fez. Mas quero contar a história que comecei no texto anterior, quando a Mônica Sosnoski e eu passeávamos, sossegados, no xópingui, em Caxias. Naquele dia eu estava vestido sobriamente. Não que eu não me vestisse assim rotineiramente, mas eu tenho um grande problema ao me trajar, pois vou entrando nas camisas, calças, meias e sapatos que encontro pela frente. O resultado é um alegre carnaval de matizes e meias de cores diferentes. Enfim, naquele dia eu estava um ser humano convencional. Resolvemos, então, passarmos por casal titio podre de rico metido a galã e menininha linda inocente tirando grana do bobalhão. Entramos de mãos dadas numa joalheria - daquelas que a gente evita passar perto com medo de pagar o ar que respirou - chão forrado com pele de alpaca alpina e a vendedora empertigada, linda, sorridente, parecia um efeito especial, amigos. "Boa tarde, já sei! Procuram presente pra formatura dessa menina linda!", Pronto, já veio com chumbo de matar patos! Falei: Moça, que fique bem claro: essa garota não e minha filha, sua estúpida! O "sua estúpida" eu só pensei, né? Ela nos acomodou em sua mesa de trabalho, toda envidraçada, era vidro por todo o lado e eu me cagando de medo de quebrar alguma coisa, estabado que sou. Aí Charlene, a vendedora, foi até um cofre e voltou com uma pequena pilha de caixinhas retangulares, cobertas com pele de mangriões da Patagônia, eu acho. Começou uma demonstração das coisas mais intangíveis que eu já tinha visto! "Olha aqui, esse par de brincos em ouro branco salpicado com diamantes, combina com os olhos verdes dela, o senhor não acha?". Claro, perfeito, quanto é à vista? "Ah, estamos numa promoção. Esse brinco é doze mil reais, com um desconto de cinco por cento fica em...". Put keep are you! Doze mil! Aguentei no osso do peito, imaginando se eu puxasse minha carteira de matéria plástica que ganhei do Nestor, O Despachante, ela nos botaria a correr dali! Pra resumir a ópera, quando ela nos apresentou um colar salpicado com não-sei-o-quê, de vinte e oito mil, suspirei fundo, peguei a Mônica e sumimos da vista da Charlene, que nos encheu de cartões e descontos. Voltamos à vida de pobre e fomos ao cinema. A sensação de ser um nababo por alguns longos minutos valeu, valeu mesmo! Sonhar é tudo, meus amigos! Uma boa noite e bom café da manhã. Lembrei de uma tirinha que postei outro dia, um casalzinho, no ônibus, o cara fala: "Vontade de tomar uma ceva com torresmo!", e a guria do lado: "Mas são sete e meia da manhã!", e ele: "Vontade de tomar uma ceva com sucrilhos!". Beijinhos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário