sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Errar é humano, mas tem gente humana demais solta pro aí, principalmente na mídia. Faço minhas as palavras de Neimar de Barros:
"E eu, que acreditei nos teus pequenos erros e deles veio meu sofrimento maior, a desilusão de descobrir-te muito burra, meu amor...".

FADAS & FADOS
Leia devagarzinho o título aí em cima, senão sai porcaria. 
Quando recebi alta do hospital, sexta passada, alojei-me no espaço gentilmente cedido por meu filho, o Lobo, ou seja, seu quarto, sua toca. Minha toca, minha vida, na casa de Ana Maria, sua mãe e minha cuidadora improvisada. Como tudo foi meio no imprevisto, saí da clínica sem me despedir dos meus amiguinhos.
Agora, pela manhã, recebi uma iluminada ligação: a Dona Vilma, minha amiga surdinha e a Tetê.
A Tetê, uma pequena fada de vibrantes olhinhos azuis, esperta e pequenina como a fadinha Primavera, da Bela Adormecida. Com seus dourados oitenta anos, me fazia companhia nas sessões da tarde, no refeitório, vendo e comentando comigo os filmes de cachorro e criança, no refeitório, enquanto Dona Vilma lia a Bíblia, alheia aos nossos barulhos e gargalhadas. Um dia a moça do plantão falou que Seu Carlos, meu vizinho, estava enfiado no quarto e eu falei: "Se Carlos entrou em trabalho de parto?", me fazendo de surdo. A Tetê dá risada até hoje da bobagem!
Atendi o telefone e, imediatamente, reconheci a voz da Dona Vilma, feliz por estar de aparelho novo e ouvindo bem. Em seguida, a Tetê assumiu o controle do aparelho telefônico e me disse que estavam com saudades das minhas galhofas e risadas que, às vezes, irritavam algum desavisado.
Amigos, este bagaceiro, debochado escrachado que vos fala se desmanchou. Me senti gostado tanto quanto entro no feice e reencontro vocês, que estão sempre rindo das minhas doidices e pirações. E se sentir gostado não tem e nunca terá preço! Terá um valor espiritual inalcançável pela lógica humana e inexplicável pela razão. Será algo que a gente aprende a degustar depois de aprender a abrir mão de algumas coisas tão imediatamente terrenas às quais estamos habituados.
É claro que não sou nenhum modelo de decência, meu passado me condena, mas só o fato de aprender a não guardar rancores e ressentimentos já me fez um pouquinho melhor. Guardar rancores e ressentimentos é como tomar veneno e esperar que o outro morra.
Que bom Tetê e Dona Vilma, que me ligaram, nem sabem como me fizeram bem, me abraçaram, me beijaram e me iluminaram, tenham certeza, bem que nem vocês tem feito comigo nesse tempão todo, gente. Obrigado por me fazerem melhor, todos vocês, obrigado.
Depois venho pra contar uma história daquelas pra esta tigrada, beijão!

BULLYNG
O Fernando Albrecht, o Rick Jardim e mais uma galera estão me enlouquecendo com as pernas da Sandra Bullyng no filme Gravidade, dirigido e produzido por Isaac Newton, agora num cinema perto de você. Estou a ponto de comer vidro temperado com salsinha e shoyu, unindo o inútil ao desagradável, creiam-me, desdenhosos amiguinhos! 
A imagem dessa lasciva dama, tão inculta e bela, me leva a desejos indômitos, de procrastinar em longos trâmites nas suas pernas deliciosas, perniciosas. Ó, satânica diva, prova-me que essas pernas são tuas, nuas, parecem gruas a ganharem espaço nos ares de Hollywood! Prevaricarei contigo ao som de Nat King Cole entoando o mantrico Quiçá, Quiçá, Quiçá. 
Talvez pernas surrupiadas da Cyd Charisse, quando delas desceu pra tomar um brandy, quem sabe?
Melhor me recolher ao meu dossel de linho branco, ao encontro das lambisgóias e sirigaitas, que me esperam para a massagem vespertina na piscina de ópio. Vespeiros noturnos arrancados das calpúrnias em fúria, como se fosse O Último Tang em Paris. De Laranja, claro.
Chega de asneiras, centro no foco. Ou foco no centro? Minha cabeça está cheia de borboletas e uns rouxinóis escarlates, um negócio muito doido, bá!
Volto mais tarde entupido de novidades, sereios e sereias desse meu Brasil varonil, e a Ideli Salvatti entra, trazendo um cafezinho, vestindo um lindo escafandro lilás em púrpura debruada de pérolas coliformes. Já deu, chega, bye!

AMARGOR
Hoje, contarei uma história politicamente incorreta, o que não é do meu feitio, mas contá-la-ei! O José Francisco Rodrigues Rangel deverá lembrar do que lhes falo.
Muitos e muitos anos atrás, em Conde de Porto Alegre, interior de São Borja, pouco antes de chegar na Encruzilhada, ao lado de um grande capão de eucaliptos, num agrupado de ranchinhos, moravam os paraguaios. Agregados, viviam de changas* e de alguma qualquer coisa que ganhassem pelas fazendas ao redor.
O João Grosso e a Chiquinha eram os patrões daquela indiada serena que só mateava e assava, de vez em quando, um chibo* ganhado de alguém. E tomavam canha, isso não podia faltar.
João Grosso, um xirú taludo, feições indiáticas de raízes orientais, sempre de chapéu tapeado, em mangas de camisa e uma bombacha enroscada até o joelho, bem disposto, se precisassem dele. A Chiquinha parecia sua irmã, embora casados. Aliás, todos tinham as mesmas feições, se tentassem aprofundar as árvores genealógicas não teriam terminado até hoje, tamanha a confusão de parentescos entre os bugrinhos.
Meu padrasto, o Cyro, era muito amigo deles e, volta e meia, passávamos na aldeia paraguaia pra prosear e levar algum pedaço de rês pra piazada se lambuzar.
Numa feita, eu estava mateando ao lado do Astério, um bugre velho que mal e mal se fazia entender. Era um emaranhado de guarani, castelhano e português que o resultado final era uma coisa estranha, mas eu entendia. Todos bebiam, incrível, desde a mais tenra idade bebiam. Vi, um dia, um bebê no colo da Francelina, irmã do Astério, estender as mãozinhas, desesperado, quando alguém passou na frente deles com uma garrafa de cachaça, gritando: "Catata, catata, catata!".
Voltando ao mate com o Astério, ali estávamos e ele amanunciando* um cachorro zaino* meio lanudo ao seu lado. Volta e meia meia volta, despacito, o Astério enfiava dois dedos numa caneca de lata e dava pro cachorro lamber. E o cusco muito animado, lambia e ficava no aguardo de mais dedos embebidos não sei em quê. 
Dali a pouco, se veio do rancho um piá agarrado numa chuspa*, e derrubou a caneca do Astério, que bradou: "Mas oigalê piá maleva, derrubou a canha do Amargor, esse ventana!". 
Naquele momento descobri duas coisas: O nome do cachorro e o conteúdo da caneca de lata. 
Mas o paraguaio estava ensinando o cachorro a beber cachaça, senhores ouvintes! E até sairmos, o Amargor estava troteando de lado de tão bêbado, o animalzinho. E parecia se divertir com isso, dava uns ganidos estranhos entre um tombo e outro!
Até onde eu saiba, o Astério e seu cachorro bebum Amargor, morreram de velhos ali mesmo, naquele pontal de eucaliptos do que hoje, só resta a lembrança.
Mas que tal? Bueno, vamos nos aprochegar pro lado da bóia que hoje é cabeça de ovelha ensopada com sucrilhos!
Até diacapouco, indiada feroz mas alegre.
*Changa - Tarefa eventual com alguma recompensa
Chibo - Ovelha
Amanunciando - Domar o animal passando a mão no lombo e conversando
Zaino - Marrom-escuro
Chuspa - Balão feito de bexigo de ovelha, porco ou gado 

CORINTHO
Nessas reminiscências caxienses, não poderia deixar de citar As Aventuras de Paulo Motta & Corintho Lucena, meu grande amigo e parceiro de apartamento. Me convidou para rachar o aluguel com ele e lá me fui. Corintho, nos seus sacudidos 70 anos, trabalhava como agente autônomo do Pioneiro, com uma saúde melhor que a minha. 
Nosso apartamento térreo tinha um belo terraço, onde sentávamos à tardinha pra conversar fiado e tomar chimarrão. A vizinha ao lado - uma velhota enjoada que enchia o nosso saco por causa da fumaça de cigarro - nos odiava de todo o coração, admirável. Um pouco porque eu falo aos gritos e dou muita risada, e outra por causa dos dejetos que eu jogava pela janela do meu quarto e caíam no quintal dela. Eu não fazia de propósito, quero que um raio caia sobre a cabeça dela se eu estiver mentindo!
Num belo dia, Corintho entrou, feliz, dizendo que havia puxado, clandestinamente, um ramo de chuchu da plantação da nossa vizinha. Eba, agora era só esperar pra comer chuchu de grátis! Corinthinho, o larápio dos chuchus.
Quanto quarto de ovelha com vinho branco fizemos em nosso potente fogón, amigos! Nossa habilidade culinária desenvolveu-se de forma demoníaca. E ele é um curioso, com raro dom em manuseio de eletrolas, máquinas de lavar, liquidificadores, essas coisas.
Quando nossa máquina de lavar estragou, eu ia chamar o conserto mas ele assumiu a responsabilidade de arrumar o eletrodoméstico, crucial para dois solteirões.
À noite, cheguei em casa e ele estava com os óculos dependurados na ponta do nariz, analisando um zilhão de fios brancos destripados, extirpados das entranhas da máquina. Todos idênticos. Bom, lá pelas duas da manhã desistimos, e no outro dia chamamos o técnico, que arrumou em meia hora. 
No final do mês ele entrou na cozinha, meio decepcionado, com algo parecido com chuchus, nas mãos, dizendo: "Motta, não era chuchu, isso aqui é esponja!". Deu pra nossa profícua plantação de chuchus, que viraram esponjas. Até hoje tenho esponjas, na cozinha, da safra de 2009.
Adorável pessoa, daquelas com aura dourada, que te encantam pela simplicidade e caráter. Precisamos nos ajuntar pra relembrar os tempos de cozinha, meu amigo!
Abração pra ti, guri, tiamanhã e buenas noches!

A MÃE DO NORMAN
Em Caxias, a meninada do jornal tinha uma banda: A Mãe do Norman. Maurício Roloff, Felipe Boff, Fabiano Finco, Stefan Ligocki - epa, peraí que o Stephan não estava no time, é como eu, só toca flauta em alguém, de vez em quando - ia acrescentar, também o Andre Paulo Costamilan, mas acho que não participava. O nome da banda é de uma criatividade bárbara, e o logotipo idem. Fui a vários shows deles na Ferroviária, que é uma aldeia montada ao redor do antigo prédio da RFFSA - revitalizada pela Prefeitura - com muitos bares de excelente qualidade. Seria a nossa Lima e Silva, distante do centro da cidade. Hiperiluminado o lugar, e seguríssimo. 
Aliás, Caxias do Sul está sempre à frente da capital em algumas coisas. Quando cheguei lá, em 2003, já havia cartões de transporte, logo em seguida vieram os containers de lixo; um verde, orgânico e o amarelo, seco. Tenho que me acostumar com o politicamente correto. Não é lixo e sim resíduo, tá legal?
E a cidade passou pelos mesmos problemas qual Porto Alegre: vandalismo, mendigos surpreendidos dormindo nos containers em noites gélidas e outros percalços.
Eu fazia, semanalmente, a ponte aérea Caxias-Porto Alegre. Numa dessas viagens sentou ao meu lado um suboficial da Aeronáutica do RJ, e contou que estava vindo a Caxias para fazer um curso de mecânica diesel na Agrale. Ué, porquê aqui? Porque a Agrale é melhor escola de motores diesel da América Latina, é mole?
Meu filho, o Lobo, quando se formou na AMAN precisou adquirir um sabre. Sabrem onde fabricam os sabres? Caxias do Sul.
Amalcaburio fabrica carros-fortes em Caxias pra todo o Brasil. Sem contar os queijos, vinhos e torresmos! E as belas italianas, claro. Pra quem gosta é de olhar ajoelhado.
Lá, aprendi o que é grostolli, carnelessa* e conheci o queijo Randon, trazido diretamente da Itália pelo próprio Raul Randon. Reza a lenda - me corrijam, por favor - que ele trouxe, também, as vacas, o pasto, tudo adaptável ao nosso clima. Esse queijo tu encontra com o nome de Gran Formaggio, o preço do quilo era por volta de R$ 55,00. E tu ainda corre o risco de encontrar o Radicci Iotti no supermercado, comprando caramelos.
O Alexandre Froemming me contou uma: o DKW era apelidado de gringo: econômico mas muito barulhento!
Tudo isso porque me deu saudades dos almoços com o Elizeu Evangelista, o Elizeu Moreira, Edvalso, Marcos Ribeiro Martins, Paulo Roberto Avrela, meu inesquecível amigo Zanini e outros amigos doidos que se perpetuaram no meu coração.
E o pernil de ovelha desossado e recheado com coraçõezinhos, queijos e pentelhos verdes, que o Chuquin, do açougue da esquina, preparava pra eu trazer pra Porto no final de semana. O nome do gringo é Joaquim, mas quem diz que ele pronuncia direitinho, o Chuquin.
Vou elevar meu espírito comendo uma linguicinha frita em banha de ofídio, de ano e meio, que faz bem para as traquitanas gringólicas.
Até já, bagacerada amiga, amiga da gente!
* Grostolli e carnelessa são, respectivamente, cueca virada e a carne da galinha depois de ferver pra fazer capelletti.

MEU FILHO, O LOBO
Parabéns a ti, guri medonho, Tenente do Esquadrão de Cavalaria Paraquedista do Exército Brasileiro. Hoje é o teu dia, o Dia do Paraquedista, comemorada em 22 de outubro por ser o dia em que Andrews Jacques Garverin saltou, em 1797, num protótipo baseado em desenho do Leonardo Da Vinci.
Sucesso, lasquiado, que Deus te proteja nesses céus maravilhosos e sempre te dê sabedoria! Beijão! 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

ANCIÃO
Emocionado ao ler os posts de vocês, meu amigos, querendo responder um por um, e quase conseguindo. O Gilnei Lima bateu essa chapa quando eu ainda estava aguardando a cirurgia de troca de sexo, que foi um sucesso bagual, acreditem. Fora a reclamação dos anestesistas de que eu não parava de falar, o resto foi bem. Ainda saí da sala cirúrgica com dois aparelhinhos que fazem bip-bip-bip, que não sei para o que servem, mas devem dar uma boa grana no mercado negro de Marylight. Estavam na mesinha ao lado da maca, dando sopa, sabe como é, cleptomaníano é assim. Adoro Eric Clapton!
A data da cirurgia foi marcada e desmarcada várias vezes pois eu não encontrava doador de pênis adequado, eram todos muito discretos, pintinhos sociais, de baile de debutantes. Doador japonês, nem pensar! Ah, vocês pensaram que eu fiz do masculino pro feminino? Nãnãnina! Entrei Paula e saí Paulo, sacaram?
Até que surgiu um elemento de apelido Torneirão, que gostaria muuuuito de se transformar em Tabata Rouge. Aí me interessou! O instrumento perfurador do cidadão, o Torneirão - embora com pouco uso - impressionava pelo garbo, pela imponência, então decidi que seria aquele - ou aquilo - e pronto, resolvido. Exames, tudo certo, na ida ao bloco cirúrgico a minha maca cruzou com a de Torneirão, que me olhou, lânguido e disse: "Faz bom uso dele, meu anjo!". Yeah!
Tudo correu muitíssimo bem, ainda tenho certa dificuldade pra urinar, pois o obscuro objeto de desejo escapa das minhas mãos e mija nas paredes, no chão e na roupa estendida da vizinha gostosa, que merda!
Na primeira tentativa de ereção, desmaiei! Liguei e o médico disse que é assim, por enquanto, até o organismo entender que não precisa enviar todo o sangue do corpo para intumescê-lo! Óbvio, não tinha percebido isso, agora é só ter paciência.
Agora sou ancinho, não ancião.
Até já, depois da novela, falaremos!

De Gilnei Lima
Estivemos reunidos em conferência com o corpo e o clínico sobre a transformação de Paulo Motta em Paolla Mocreia. De tão entusiasmado que estava, desnudo e contarolando "Show das Poderosas" no toillete machulino, eu do lado de fora do gabinete de banho recitava passagens das Aventuras de Christian e Ralf, livro biográfico de uma dupla de bambinos que saliva alegremente nas selvas controladas por Mogly - o menino lobo. Ana Maria trouxe Rob Rosa, ex menudo, para as vestes pós cirúrgicas do rapagão Sanborjense, o qual será caricaturado porSantiago Neltair Abreu sob a singela denominação de Paollete da Costa do Uruguai. Vejam só a imagem da felicidade. Repórter Gilnei Lima - diretamente do Hospício de Clínicas.
 — com Paulo Motta em Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

JOCOSO
Hoje levantei muito tarde, como cabe a um convalescente enjoado que nem eu. Experiências com animais e pré-sal, pré-sal e experiências com animais são os assuntos predominantes. Lembrei de uma matéria que vi, anos atrás - no Globonews, acho - que falava sobre tráfico de gordura humana para vender a empresas de cosméticos, na Colômbia. Não sei no que deu, mas imaginei o processo desse negócio macabro, horrível. Esse mundão me surpreenderá até o fim da vida.
Também lembrei de uma causo jocoso - gostei dessa palavra velha - de uma família que vivia na beira de um imenso rio: a viúva, dois filhos, 25 e 14 anos, e a vaquinha Mondonga, que era o sustento da casa com fornecimento de seu leite bovino, sem soda nem gordura trans.
Numa bela manhã, a viúva acordou e encontrou a vaquinha Mondonga morta, na beira do rio! Ó céus, o que será de nós, pensou ela, enquanto morria de uma síncope.
Em seguida corre o filho mais velho, se depara com a vaquinha Mondonga morta, a mãe morta e emerge, então, das profundezas do rio, uma sereia encantada: meio peixe, meio mulher, cabelo kanekalon, perfume Cashmére Bouquet, fumando um Du Maurier e falou: "Se tu fizer amor - é, fazer amor, o que que eu posso fazer? - comigo por vinte vezes seguidas, faço todos ressuscitarem. Mãe, a Mondonga, todas!".
O rapaz encarou, afastou as escamas da peixa e atracou-se. Lá pela décima sexta ele broxou e a sereia matou ele. Ponto.
Surge o guri. Vê aquela mortandade, na beira do rio, e aparece a sereia: "Se fizeres amor comigo por trinta vezes - aí ela já pegou pesado - trago todos vivos, de novo: mãe, irmão, a vaquinha Mondonga, enfim, todos eles".
Ele pensou, pensou, olhou pra sereia e disse: "Mas tu não vai morrer que nem a Mondonga, né?".
E não me venham com a história de sereia pedófila que é só uma piada, tá legal?
Preciso caminhar um pouquinho pra esticar minha perna de rã. Acho que já contei essa: o cara senta à mesa, no restaurante especializado em rãs, e o garçom chega, mancando, para atendê-lo, e o cara pergunta: "O senhor tem perna de rã?", e o garçom: "Não, senhor! É reumatismo, mesmo!".
Vou andar, um pouquinho. Me aguardem.

TROLLAGEM
Podem rir, seus insensatos, mas graças ao Mauricio Alves e à Isabel Toledano, aprendi o que é trolagem, sério mesmo, não sabia!
É o cara que entra numa conversa só pra esculhambar, o famoso Zé do Garfinho! Dá um pitaco maldoso e cai fora! Vejo um monte de bagaceiros assim, até quando me olho no espelho. Troll é o cara que passa por dois cegos se xingando e grita: "Olha a faca!". Pensei que fosse uma fábrica de brinquedos, rapaiz!

"Arrogância atrai arrogância na razão direta de sua mediocridade e na razão inversa do quadrado de sua insignificância!".
Isaac Motta Newton, ao ser ignorado pelo chefe quando apresentou uma ideia que o cara mandou ele botar no papel, sem tirar os olhos do computador, que agora não tinha tempo!
O Isaac Motta Newton foi demitido, é claro! Sem direito a levar a foto do chefe pra casa.

VACINAS
Eu falei vacinas, não troquem o C pelo G, ok? Ontem dei uma passada em algumas páginas que odeiam. É, odeiam tudo que for de encontro aos seus princípios divinos, contra sua caminhada gloriosa de limpar o mundo dos impuros que nem eu. É quase ridículo, se não fosse insano. Então tive uma visão - pilula lilás - que mostrava uma vacina contra o ódio: haveria uma temporada em que estaríamos mais vulneráveis ao ódio - vésperas de eleições e campeonatos regionais de cinco marias e futebol - aí espeta vacina na peonada!
Não tem vacina contra a raiva? Então! Vacina contra o ódio, contra o rancor e o ressentimento seria um complemento.
Os manifestantes estão se manifestando e a polícia truculenta está truculeando no leilão do Campo de Libra. Já pensaram se fosse o José Serra que estivesse no lugar da presidenta, agora? Ele deve estar começando a sorrir, agora. Ô menino lento, aquele!
Muito prudentemente, foi convocado o Exército truculento para controlar os manifestantes democráticos, o que nos poupará de ver soldados da PM sendo linchados, moralmente, diante dos holofotes, por dispararem balas de hortelã e de ameixa, nos rapazes ativistas manifestantes.
O Exército tem que dar explicação para a presidente da república, quem o convocou para a tarefa, e não para qualquer governador que reza pela cartilha do não-bate-que-eu-grito, sempre acompanhado pela mídia odiosa capitalista, que mostra jovens sendo covardemente agredidos pelos truculentos policiais. Os milicos gorilas, se houver algum excesso, não jogam a rapaziada no meio do circo pra galera esquartejar. Se fecham em casa - melhor, caserna - resolvem lá dentro e pronto.
Tenho um novo afilhado, que logo postarei fotos: é o cachorro Nick, um border collie de 40 dias, um diabrete, o garoto. Penso em tirar uma cria dele com a Gabriela, do José Luiz Prévidi, é só esperar ele crescer um pouquinho, yeah! 
Bom almoço, tigrada! Adoro vocês todos!

LOUCO, EU?
Os caras do Clínicas, como bem disse o Juarez Fonseca, nunca foram tão azucrinados por um impaciente que nem eu, duvido! E sentirão a minha falta, eu acho. A Ana Maria Madeira estava aguardando, numa sala de espera com outros familiares de pacientes - esperando na sala de espera já é uma rebundância - quando surgiu uma moça de jaleco azul, entupida de novidades, e a Ana perguntou por mim, olha o que a abusada respondeu: "Ah, é o cabeça branca que não cala a boca, mesmo anestesiado? Tá tudo bem, mas ele não pára de falar!".
Só faltou me internarem num manicômio, coisa de louco! Taquilálico eu sou. O Altemar Dutra não era sentimental demais? Pois eu sou falador demais.
Um dia depois da cirurgia eu conseguia me movimentar e já prevaricava normalmente, apesar dos trâmites, então convidei o José Nazareno e Seu Olavo - ou não lavo - meus amiguinhos de quarto (ia falar amiguinhos de leito, mas sempre tem um bagaceiro que entra na sacanagem) pra fazer uma sessão do copo. Não tinham ideia do que fosse, aí expliquei e montei a mesa, copo, papel com alguns rabiscos, tudo direitinho.
Aí comecei a inventar, sussurrando, concentradíssimo: Olaaavo Scheidt, tem alguém aqui que me parece do mesmo sangue teu, é um jovem com uma ferramenta, parece. E o Seu Olavo pulou: "É meu sobrinho que faleceu de desastre ano retrasado! É ele!".
Comecei a me sentir meio canalha de levar aquele abuso à ingenuidade dos dois adiante. Parei alegando que isso é muito perigoso e tal. O Olavo já tinha contado a história do sobrinho colono, de Estrela, que morreu acidentado, pra uma das técnicas de enfermagem, só que não sabia que eu tinha escutado. Melhor parar de brincar com coisa séria!
Pensava, agora, se a biografia no meio dessa lambança, fosse a do Delfim Netto, por exemplo. Duvido que algum artista fosse se manifestar contra liberar biografia não-autorizada do gordo. Como diria Tio Demêncio: Duvido e faço pouco!
Boa noite a vocês, meninos e meninas. Ah, lá em cima é rebundância, mesmo, tá legal? Beijinhos!

domingo, 20 de outubro de 2013

No que você está pensando? Olha, eu pensava em começar a tratar a mudança de horário como um evento. Imaginem, no sábado à noite, todos reunidos no salão de festas do edifício da vovó; cunhados, sobrinhos endemoninhados, tias desesperadas por um membro em pé, cunhadas roçando suas cartilagens na tua quase protuberância e tu, bêbado, claro, grudado num copo de Cockland falsificado. 
Em seguida chega a hora de adiantarem os relógios: "Adeus hora velha, feliz hora nova, que tudo se realize, na hora que vai nascer!". Estoura a Espuma de Prata que o vizinho te deu, dez anos atrás agora, porém, gelada.
Tilintam as taças, os talheres e a dentadura da vovó. Bocas que se abraçam, braços que murmuram palavras de amor, e o cunhado xarope conta que a cruza de papagaio com girafa dá um alto-falante, aí o bicho começa a pegar!
A festa virou uma borracharia - todos borrachos - encantador! A ideia inicial me pareceu boa, mas não sei se pode ser um evento familiar ou familhar. Se for a segunda alternativa, a data deve ser comemorada em ambiente familhar, com bilhar, num lupanar, cercado de amigos bandalhos a se encharcar e lambisgóias no teu colo, a sentar. Tudo pra rimar. Mas é só uma ideia na minha cabeça a pulsar. Esqueçam!
Ideia boa mesmo foi a do Xópin Praia de Belas, que vai doar um dia de faturamento do estacionamento para o Asilo Padre Cacique, que perdeu muito em doações nessa mexida para as obras da Copa. Ficou muito difícil o acesso ao asilo e as doações caíram muito por isso.
Ah, mas com o que esses caras ganham poderiam sustentar o asilo pro resto da vida, capitalistas imundos. Tem muita gente salvando o mundo, os pólipos meriássicos e as baleias azuis Às vezes é bom descobrir que dá pra ajudar esse mundo a ser um pouco melhor a poucos metros da nossa casa. Ou dentro dela.
Vou caminhar e exercitar a minha prótese nova. Um amigo meu se chamava Protógenes, ele usaria uma protesógene. Bá, foi muito ruim, mas fica assim, azar.

CAPINCHO
Meu grande amigo Hilton Marchiori, o Capincho, parceiro de alguma algazarra em áureas épocas, ali pela Jerônimo Coelho com a Duque, no oitocentos e três. Nos deixou cedo, em agosto passado; deve estar proseando com São Pedro, preparando um mate mais verde e mais topetudo do que mate de barão, como diria Aureliano de Figueiredo Pinto.
Certa feita repartimos a mesma cela, na DP da Demétrio, presos por baderna - naquela época prendiam a gente por baderna, vejam que coisa medieval - pois peleamos a bofetadas, com uns caras na frente do QG da Brigada, na Andradas. 
Nem lembro o porquê do acontecido. Pra mim a briga terminou ao quebrarem os óculos, quando me ergui, estávamos cercados por uns dez brigadianos de metralhadora em punho.
Nos enfiaram dentro de uma viatura da Civil e fomos parar na DP da Demétrio. Tudo estava às mil maravilhas, até o Capincho resolver enfiar a mão na cara do inspetor de plantão e fomos jogados dentro duma cela apertada com mais uns três caras. 
Saiu barato, dois eram traficantes miúdos, conhecidos nossos, o outro um bêbado eventual que se transformava em assaltante quando bebia. Era, também, um assaltante eventual.
Libertados de manhã, felizes pela aventura, e fomos tomar uma cerveja com os antigos desafetos. Se fosse hoje haveria um movimento nas redes sociais pela nossa liberdade, mesmo que tenha sido prisão-relâmpago.
Um forte abraço e muita saudade, meu irmão inesquecível, que já deve estar de mate pronto, dando cascudo em algum filhote de anjo mais renitente, nos campos celestiais.
Obrigado pela bela foto, Maria Verônica Marchiori Ahrends.

"Quando precisar de um advogado ache um ruim, os bonzinhos não ganham coisa nenhuma! Aliás, causa nenhuma!".
Falecido Terêncio, quando se apartou da finadinha Servita, ermã do gordo Leitão, do açougue, quando contratou o neto do Balbino pra tratar do aparte e o guri ventana não perdeu as ceroulas do falecido Terêncio porque ele não usava! Era um ótimo adevogado...pros outros!

DIZQUE
Não, não errei a grafia do título: dizque o governo vai separar o shoyu do tigre e dar pros coelhinhos. Só quero ver! Somos um país capitalista imperialista com uma presidente socialista trotskista-maoista, só aqui, mesmo! Me parece a madre superiora gerenciando um bordel, sei lá!
Nos cartões de crédito deveria constar a seguinte frase: "O Ministério do Bom Senso adverte: encher a cara no La Barca, com esse cartão, ou emprestá-lo para uma moça de suas relações mais íntimas, pode levá-lo à falência. Use com moderação!".
Segue, impressa, uma foto do Bispo Lugo pedindo esmolas no submundo de Porto Stroessner. Naquela época em que o Lugo estava na mídia, surgiu uma piadinha do tipo: Vamos jogar xadrez paraguaio? É um tipo de xadrez onde só o bispo come! Cretininha, mas eu gostei, azar de vocês!
Volto lugo, digo, logo, minha bolsa me exige. E não é a bolsa-família.
Até daqui a pouco.

UMA LINDA LIÇÃO DE VIDA
No mundo politicamente correto, poderíamos reescrever a história bíblica dizendo que tudo começou com Adão e Evo, não poderíamos? Começaria com o Evo picado pela serpente capitalista Rosemary Noronha, bem na hora em que começava a estatizar a Petrobrás e aí aparece o Chávez, dizendo "Foi sem querer querendo...". Deixa pra lá, deixa pra lá...
Mas passei, rapidinho, só pra lembrar de uma grande lição que me foi ensinada pelo Hilton Albano, o Pinguim, quando moramos juntos em Santa Maria. 
Numa suave noite de verão, surge o Pinguim, borracho, falando feito um papagaio - pinguim não fala - e eu, por increça que parível, quase dormindo, tinha prova no outro dia. E o desgraçado não parava de falar - dormíamos num beliche - e eu já estava muito a fim de esgoelar meu querido parceiro, quando me ocorreu de entupi-lo de café. A Ligia Fagundes Riesgo estava em São Borja, mas eu tinha rudimentos de como fazer uma café. 
Enchi o Pinguim de café e foi daí que veio a sábia lição: ele perdeu o sono e continuou bêbado até quase quatro da manhã, hora em que desligou!
Obrigado, meu amigo, pela lição inesquecível: Nunca dê café pra bebum, ele perde o sono e não fica sóbrio!
Abração, eu vou ao mictório, mictar. Beijinhos!

MEUS AMIGUINHOS
Santa Maria, outubro de 1978. Morávamos num apartamento, na Floriano Peixoto, defronte ao Restaurante Universitário - o RU/UFSM - o Hilton Fagundes, sua irmã, a Ligia Fagundes Riesgo e eu, em alegre e saltitante bando. Frequentemente almoçávamos no RU, financiados pelo Geisel - já naquela época o governo subsidiava estudos pra gente que nem eu, pra falar mal dele, governo. Viram como a coisa é antiga? - e discutia-se muito política e a euforia dos que eram escolhidos para o Projeto Rondon.
O Hilton - vulgo Pinguim - e a Ligia, queimavam pestanas estudando para o vestibular, com o apoio do Josemar Riesgo, que, dedicado, coordenava os estudos e brigava, quando eu roubava cigarros Vila Rica, dele.
Eu não levava muito a sério, vivia enfiado na Krakelê, uma boatezinha com frequentadores de reputação duvidosa, que me vendiam fitas cassetes do Led Zeppelin, Deep Purple e Uriah Heep. Pra variar, um indisciplinado pecador. Mas frequentava o cursinho e tudo o mais, para dar um ar de que, alguma coisa boa ainda poderia sair do meu ser bisonho e aloprado. 
Num belo e angelical sábado, recebemos nossos amiguinhos de Porto Alegre para uma disputa futebolística, nas quadras do Colégio Santa Maria, ao lado do nosso prédio. Vieram, de trem, o Capincho, o Rogério Krieger e o Leoni Chateado - por causa dos chatos piolhos - montamos os times e fiquei de goleiro no time dos menos bêbados. O Kiko Burro Branco, de vez em quando, me colocava em pé debaixo da goleira. Incrível, eu não conseguia parar em pé, mas via tudo direitinho na minha frente! Fui amaldiçoado! A Tremapé me amaldiçoou com aquela cachaça desgraçada!
Quando as partidas terminaram, estávamos cansados porém borrachos, ainda.
Na rua o Rogério Krieger gritava: "Fora Geisel, Abaixo a ditadura, viva o proletariado! Viva Fidel!". Putaquiopariu, daqui a pouco vão nos prender por causa desse doido berrando aí! O Itamar Riesgo queria esganar o Rogério mas tinha que entrar na fila.
Naquele tempo falar mal do governo dava cadeia. Hoje só se pode falar mal do governo, viram que avanço? Não dá pra fumar, se der em cima da colega te processam, se chamar homoafetivo de viado te prendem, e por aí vai. Mas podemos 
falar mal do governo que não dá nada.
No domingo à tardinha fomos levar os bandalhos na ferroviária. Uma inofensiva turma de arruaceiros, de cara cheia, xingando o mundo capitalista, até que acordei noite fechada, dentro de um vagão de segunda classe do trem sacolejante, com uma donzela sorrindo pra mim! Parecia um carro de bombeiros, tudo vermelho, ela só tinha gengivas e um único dente, na frente. O nome dele poderia ser Onde Vais, Ó Garboso Infante, juro que podia!
O Capincho roncava num banco de ripas e o Rogério Krieger falava sobre a grande marcha de Mao prum bêbado anônimo, que babava ao fingir ouvi-lo. Quem sou, onde estou, ouço vozes! Eu não deveria estar nesse trem. Acho que vou vomi...não deu tempo! A menina banguela ficou puta da vida e me xingou com palavrões esquisitos e sumiu; o Capincho me explicou que o Leoni deu o dinheiro da passagem pra eu ir a Porto Alegre e ficar na casa do Rogério até juntar dinheiro pra voltar.
Ah, bom, agora sim entendi, tudo meticulosamente planejado pelos meus camaradinhas bebuns, um amor. Vou ficar uns dias em Porto detonando, sem um centavo no bolso, isso vai ser insano, vai mesmo. Mas isso é outra história, depois da fisioterapia eu conto.
Bom sábado pra todos e todas, irmãos paroquianos.

APARVALHADO!
Me perdoem, senhores e senhoras ouvintes, estou lendo e visitando todos e isso me deixa meio perdido nesse teclado. Caminhar e mascar chiclete, ao mesmo tempo, é uma dificuldade medonha pra mim, imagina acessar um montão de mensagens e carinho, enviados por vocês, que faço questão de ler todas, então? 
E isso que o negócio aqui tem censor de mensagens, quando tem alguma coisa ele apita e censura, dependendo do conteúdo. Mandei botar um censor de estacionamento no meu carro. Se tu estacionar em lugar reservado a idosos ou gestantes - quem faz muito gesto - ele te censura. É muito senso na minha vida! Tenho vida sensual, ebaaa! Me falta senso de direção e ridículo, mas depois eu compro um pouco de cada, no Porta Larga, que tem promoção.
Acho que efeito da anestesia e da morfina da minha cirurgia do fêmur, me deu um abostamento no cérebro e comecei a fantasiar, lendo e ouvindo notícias redigidas por Esopo e La Fontaine, me parecem.
Vejam só: a presidente do país é uma das mais legítimas representantes da luta armada socialista contra o golpe espúrio de 64, quando os gorilas tomaram conta do Brasil. Marcou presença na VAR-Palmares e COLINA, entre tantos grupos guerrilheiros que pipocavam na época. Torturada durante a prisão, pelos agentes do imperialismo capitalista, uma lutadora, uma digna pessoa, sem dúvidas, a nossa presidente ou presidenta, como preferirem.
Hoje, cercada por muitos companheiros de luta, governa um país onde o presidente do Congresso teve seu rancho de noventa e oito mil mensais, temporariamente, cancelado. Por quê não sei e nem me interessa. Mas o que permite ao presidente do Congresso, ou de qualquer repartição pública, ganhar um rancho nesse valor é o que me deixa mais abobado do que já sou, juro!
Meu conhecimento político é muito curtinho e não costumo me fazer de sabidinho citando Ho Chi Minh ou Gramsci só pra impressionar o chinaredo. Mentira, cansei de fazer isso sem nem ter idéia se Ho Chi Minh era malaio ou sueco.
Mas meu conhecimento politico é pequeno, sim. Sei que ela, Dilma, não governa sozinha; os conchavos, os acordos, as más companhias, aquele coleguinha que te convida pra conhecer o pré-sal dele, essas coisas, sabem como é!
Ah, tem as conquistas sociais, a casa vida própria, os bolsões e a Copa do Mundo.
Quando tudo parece calmo, as manifestações não se manifestando, os rebeldes não se rebelando, aparece um diplomata maluco e sequestra um deputado que o Evo Morales não vai com a cara! Sempre tem um macaco solto na loja de louças, carai! É como costurar minhas meias com luvas de box! Desculpem a viajada, mas quando não sei, pergunto.
Por quê o Renan Calheiros recebe um rancho de 98 contos de réis? Mais um dogma pra nossa coleção. Dog man.
Vou dormir, não tenho nenhuma enfermeira com cara do Ernest Borgnine pra me dar comprimidos goela abaixo! Eu mesmo me engulo meus próprios comprimidos, galera!
Buenas noches! Tava com saudades de vocês, meus amigos, que me aturam, beijão pra todos e, saibam, são importantes demais pra mim!

OBAMA
Rapaziada, o Obama , me adicionou no feice! Me disse: "I enjoy you, brother! I love book cat!". Não entendi muito bem, mas me pareceu que ele me acha enjoado e gosta de sexo oral, livro gato, xiiii, mas fiquei na minha, não quero parecer indelicado com o meu novo amigo! E sexo oral é de hora em hora. Anal de ano em ano.
Georgia Fernandes encarregou-se de leiloar minha cadeira de rodas vermelho-Ferrari, o leilão será no hall's vermelho do Centurion Splash Hotel California, Eagles, no dia quatro de abril, em Cucuias. Quem for pra Cucuias nesse final de semana deve aproveitar e comprar quinquilharias como flâmulas - não, eu não como flâmulas, é só uma expressão - do Sport Regatas Cucuias , onde todos jogam de camiseta regata, e uma bela camiseta Fui Pra Cucuias e Lembrei de Você! Passe por Bulhufas, também, é caminho!
Meus amigos gêmeos obstetras, Colostro e Mecônio, foram e voltaram encantados com a hospitalidade cucuiense! Se forem esticar até Bulhufas, então, será inesquecível. Quando se der conta estará sem seu relógio, sem iPad, iPod, Wi-Fi - bebida alcoólica típica, para se beber com as sirigaitas bulhufenses - e nem se preocupe em reclamar que ninguém vai lhe dar Bulhufas, que é maior do que um simples assalto.
Vou fazer exercício na bicicleta ergonométrica e parecer um rãmister pedalando naquela rodelinha, na gaiola.
Beijinhus, volto depois da socoterapia!

GRACIAS A LA VIDA
Que me ha dado tanto
Me dio dos luceros
que cuando los abro
perfecto distingo
lo negro del blanco
y en el alto cielo
su fondo estrellado..."
Violeta Parra.
Graças à vida, que me deu tanto! Tantos amigos, tantos abraços, tantos afagos, tanta paparicação, tanta energia boa, vinda de todos vocês que que estiveram sempre perto, de uma forma ou de outra, na minha peregrinação nosocomial - azar, vai procurar no Aurélio Guglélio - que, graças a Deus, resultou na perna nova com prótese de titânio (Adamantium em falta, Logan Wolverine levou tudo). 
Acabei de entrar no FB, com muita coisa pra ler dos meus amigos e amigas, das pessoas que deixam aquele carinho que me derrete e emociona! Tenho planos de abraçar um por um, beijar uma por uma, não me levem a mal, com todo o respeito - o cara quando fala isso é por que está mal-intencionado, sim, não vem com essa - ainda dependo das muletas, mas logo estarei saltitante e pimpão pelas esquinas da vida! Gilnei Lima entrou na sala de cirurgia pela janela, disfarçado de limpador de vidraças e subornou o Frank Einstein, que me bloqueou o anel inferior e liberou o anel superior.
Fiz um amiguinho no hospital, o Sufrágio. O Sufrágio é uma luva de borracha cheia de vento que desenhei uma cara com uma esferográfica. O nome dele lembra navio afundando, mas é isso mesmo! Ele tem uma carinha de sáufrago, o pobrezinho!
Ontem à noite, eu andava perdido pelos corredores do hospital, vestindo aquele sensual jaleco aberto atrás, aparecendo minha cueca de cambraia verde-pistache - eu tenho outra, de vigela, que minha professora de madureza ginasial fez - , aí uma mocinha, delicadamente, passou e fechou com esparadrado, ora, vejam! Me senti ofendido! Mas diante dos aplausos, calei-me, entendendo que aquele não foi meu melhor momento!
Eu volto depois, minha vida virtual tá uma bagunça! Agora, despertando para o mundo descobri que quero ser ativista! Isso mesmo! Ativista! Mas isso é pra depois!
Fiquem com a foto do Paulo Motta e seu amiguinho Sufrágio:

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

INTERNADO, FINALMENTE!
Não no manicômio, não senhor! Que nem um camaradinha que a família internou no hospital de doente da cabeça, pois o mau elemento se possuiu atrás do pó amardiçoado e cheirou as cinzas do finadinha Almira, sua avó, que estavam numa urna de vidro, na cristaleira da sala de jantar!
Estou internado no Hospital de Clínicas, em uma bela cama toda transistorizada, aperto um botão e eleva a cabeceira, aperto outro ela levanta as pernas, outro ela chama a Ideli Salvatti, que serve cafezinho. Um show! 
Já fui avaliado pelos médicos, mas acho que vou em outro lugar, ofereceram muito pouco no estado em que estou! A cirurgia do fêmur será amanhã, segunda, logo estarei caminhando. É sério, queridos amigos e amigas! Finalmente a cirurgia! Não quis falar nada antes de estar certo de tudo. Agora vai!
Esse hospital é coisa de louco! Coisa de burguês capitalista imundo, mas é pelo SUS! Creiam-me, infiéis, pelo SUS!
Bueno, desejem-me suerte. Não esqueci das orações que fizeram por mim, anteriormente, estão todas guardadinhas comigo, aqui, no coração. Meus coleguinhas de quarto são legais e um deles repete, me olhando: "Matei mamãe, matei mamãe!".
Chegou o rapaz pra fazer o eletro, pararei! Ana Maria que me conduziu até aqui aceso e assemelhado está ao meu lado, quando o rapaz perguntou pra ela se era minha ex-mulher ela respondeu que ex-mulher é homem. É verdade! O Mário faz transplante e vira Maria! Beijão, darei notícias!

JO Moreira, ufóloga, sócio-fundadora da ACSA (Associação dos Caçadores de Seres Asquerosos) conseguiu um flagrante de um filhote de barbalho, saindo de sua - dele - nave cósmica. São primos próximos dos carpanos, muito parecidos com os pênis, só que maiores e mais intumescidos. Essa é uma espécie rara chamada Caralhoptero (ptero: pés, em latim) que desenvolveu meios de locomoção para buscar seu prato preferido: vulvas! As vulvas migraram para o leste, nos países baixos, onde, agora, concentram-se esses predadores naturais das válvulas, digo, vulvas.

FADA DOS DENTES
Em 1923, o Brasil sediou o III Congresso Sul-Americano da Criança, no Rio de Janeiro. Em novembro de 1924, aproveitando esse evento, a partir de um decreto do deputado federal Galdino do Valle Filho, foi instituído o 12 de outubro como o Dia da Criança no Brasil.
Mas ficou uma data meio que pra holandês ver. Somente em 1955 é que a Estrela, fabricante de brinquedos, para alavancar as vendas, redescobriu o Dia da Criança e trabalhou fortemente numa campanha que resultou em ótimos resultados, consolidando a data. Em 1959 eu cheguei ao mundo daquele jeito que já contei pra vocês, feio que nem bater na mãe, mas achando tudo engraçado. Um pouco frustrado, quem sabe. 
Não aguentava mais leite, leite, leite, já me me convenceram de que sou um mamífero, agora chega de leite, pelo amor de Deus! Me dêem uma dentadura postiça pra eu poder mastigar uma linguiça campeira, um naco de charque ou uma mandioca frita! O pior era não poder falar, não saía nada, daí eu chorava, todos corriam e me embalavam e eu vomitava. Leite, é claro!
Com meia dúzia de fiapos de cabelo, desdentado, não conseguindo falar, me mijando e me borrando de quinze em quinze minutos, o que será de mim nesse mundo doido, pensei com minhas fraldas de pano encharcadas. E vá leite goela baixo.
Minha esperança era aquele grandão, de boina e bigode preto que a mãe chama de Demêncio. Tio Demêncio tinha me oferecido uma rapadura que tirou do bolso, meio roída, eu sorri e estendi as patinhas dianteiras pra pegar, mas minha mãe deu uma ralhada nele: "Onde já se viu, Demêncio, dar rapadura pra criança nessa idade, seu abostado!".
Resumo do causo: só fui comer comida de gente quando já estava em casa, mas foi um processo lento, gradual e irrestrito. Primeiro uma papa branca sem gosto, depois uns pedacinhos morcilha preta, aí Tio Demêncio botava embaixo do meu travesseiro rapadura quebradinha, era tudo de bom.
Mas teve um momento mágico - eu ainda enxergava tudo azulado, a visão desenvolvendo - em que alguém, sem cheiro nenhum, sussurrou no meu ouvido: "Não esquece que tu veio pra cá pra te divertir!". E pluft, sumiu. Jamais esquecerei disso. E só não esqueci como levei e levo a sério o conselho, recebido não sei de quem.
Acho que, por isso, inconscientemente, continuo criança, meio irresponsável, incapaz de conversar adultamente por muito tempo. Um bobo alegre. Um feliz bobo alegre!
Feliz Dia da Criança pra vocês, aconselhei Seu Hortêncio, meu vizinho de quarto, a colocar a dentadura debaixo do travesseiro, pode ser que a fada dos dentes esteja pagando em dólar, hein, hein?

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

SUS, PENSÕES
No rastro do Plinio Nunes, falaremos hoje sobre as pensões homologadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), detalharemos, também, o novo projeto recém implantado, o CU (Cadastro Único) que abrange todos os documentos em apenas um, facilitando, assim, a vida de todos nós, contribuintes bananas e revoltados.
Nossos convidados para esse debate são os professores Demis Roussos, da UEB (Universidade Estadual da Bossoroca) e Maria da Conceição Tavares, da FICS (Faculdade Indígena do Cachorro Sentado).
Claro que todos já ouviram falar no Cadastro Único, o CU, mas agora é oficial: ontem à noite, no Salão Marrom do Palácio Itália, na João Pessoa, ao lado do viaduto, foi apresentado o CU, numa cerimônia coordenada pela ministra da Relações Inferiores, Ideli Salvatti, que chegou de Floripa no helicóptero do SAMU, para mostrar o CU aos convidados. 
A professora Maria da Conceição entende que o CU, apesar de benefícios e facilidades, pode ser constrangedor em algumas circunstâncias, como exibir o CU ao gerente da loja, no crediário, por exemplo. Alguns cidadãos não se sentem à vontade sabendo que alguém está com toda a sua vida na mão, através do Cadastro Único. Ou seja, está com o seu CU na mão dele.
Já o professor Demis Roussos cita Delacroix e Sevarignon: "Je sais que c'est que ma vie bouffe j'ai plus grande choise à t'apporter". Quando sair não dê gorjeta ao porteiro.
O presidente imprudente do congresso dessa gente, Renan Calheiros, pediu desculpas através de sua janela-voz - feminino de porta-voz - e reafirmou, peremptoriamente, que seu Cadastro Único já está sendo usado e aconselhou aos cidadãos que também o façam.
Enfim, mais uma conquista do governo popular que faz a todos felizes como perdizes. Ah, perdizes eu como! E já que temos essa facildade que o CU nos dá, vamos usá-lo sem moderação, como preferirem! 
Melhor parar por aqui senão os caras me achincalham e me jogam aos cães. E não tem CU que me salve!
Até depois, amigos e amigas e muito obrigado pela solidariedade e a atenção com a qual vocês sempre me acolhem.

SUSPENSÃO
Agora fui solicitar uma amizade e o coiso aqui me diz que estou de castigo, sete dias e sete noites, por fazer pedido de amizade a quem não conheço. Ponto. E reclama pros Papas, menino levado, sem modos. Comporte-se! Tá bom, tá bom! É o Obama me observando com seu grande olho ocular que tudo sabe e tudo vê! O Ibama também me controla, mas por motivos não tão mesquinhos. 
Sou o último representante da espécie Miopedes Insanis Semfundamentus, por isso o Ibama implantou um chip na minha clavícula para rastrear época de acasalamento, alimentação e como reajo assistindo, simultaneamente, Faustão e o campeonato de xadrez ucraniano por 72 horas seguidas.
Mas me senti rejeitado com esse castigo do pessoal do FB, deprimido, ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire. No recado que me foi entregue pelos nano robôs, dizia que: "Ilmo Sr., por enviar - meu nome não é Ilmo, mas passa dessa vez - convites a pessoas desconhecidas, está suspenso por sete dias e sete noites, em plena conjunção do quinto quadrante de Júpiter com Plutão, que expirará quando as lua gêmeas de Saturno desviarem sua trajetória rumo às Galáxias de Órion. A partir disso, Ilmo Sr. - de novo, me chamam de Ilmo - quando o Sol s epuser pela oitava e consecutiva vez, poderá retomar seus privilégios. Mas preste a atenção: se isso tornar a acontecer, seu acesso se restringirá ao Bispo Walter Mercado, ligue djáá!".
Chega de abobrinhas, vou dormir com minha sucuri, a Sibila. Hoje ela está geladinha, enroscada nos meus pés, um amor!
Boa sexta-feira pra todos e todas! Sexta é sempre o melhor dia, cachaçadas e afins!

São Borja, 11 de Janeiro de 1976
MINHAS FÉRIAS
Nas minhas férias em São Borja, fui com o papai e a mamãe para o sitio do vovô que viu a vulva da vovó e brinquei com Olavo e Élida com as galinhas do vovô Mitá. Pura e deslavada mentira! Quando em férias do Colégio Santa Maria, dos irmãos maristas rigorosíssimos, tanto que me pegaram botando bitucas de cigarro nos dedos da estátua do Champagnat e chamaram meu responsável. 
Levei o Gordo Sérgio, que tinha uns 22 anos, mal-encarado e o pai dele tinha um bar. Disse que era meu tio. Aí o irmão Zé Colméia falou um monte de coisas ruins a meu respeito e ele prometeu - me olhando com ódio - chegar em casa e acertar as contas comigo. O irmão ainda pediu pra ele não usar de violência. Saímos dali e fomos pro bar do Gordo Sérgio encher a cara. Que gente sem senso de humor e ingênua, bá!
Numa chuvosa noite de verão - vocês verão - samborjense, nos enfiamos em alegre e bêbado bando, no Corcel 4 portas do Geraldino Ferreira Paz, o Dininho. Getulio Ferreira da Costa, o João Henrique Ferreira Paz mais conhecido por Cascão, o Capincho, o Burro Branco Ramos e eu, rumo à Vila Alegre. 
Bem, aqui se faz necessária uma pausa para contar pra vocês o que era a Vila Alegre. Em breves palavras, o baixíssimo meretrício. Uma aldeia ao lado do cemitério com choupanas cobertas de capim e, algumas mais sofisticadas, de material.
A chuva era de fazer cachorro beber água de focinho pra cima! Naquele atoleiro, entramos no mal-afamado Beco do Resbalo, e adentramos na Boate Chantecler, chão batido, onde tocava o conjunto Os The Bigs, que se resumia numa guitarra, a bateria e uma corneta fanha. Quem tocava bateria era o Bilboquê, que fazia jogo do bicho pro finado Labreia. 
O chinaredo era a fina flor da feminilidade, com batom bem vermelho, um perfume da Coty que, mesclado com outros cheiros, entorpecia os sentidos. 
E, como não poderia faltar, um borracho xaropeando todos, pedindo uma garoa com vento pelas costas. Bêbado, quando resolve encher os tubos é infernal! E esse estava além dos limites que permitem as leis da embriaguez. Encheu tanto, até que um cara de lenço no pescoço, se levantou e deu uns cascudos no chato. 
Mas mamau é mamau, levantou e foi tourear o cara, louco por mais uns cascudos. Só que aí a coisa enfeiou, o homem dos cascudos puxou um facão três listras e largou-lhe uns quatro planchaços no lombo do enjoado e atirou ele lá no meio da rua, no barral. Todos correram pra ver o bêbado, estirado na rua, gritando: "Me mataste, fiadumaputa, me mataste!". 
Com essa resolvemos ir ao bar do Casemiro, que ficava entre a Chantecler e a Boate Zingará. O bar do Casemiro servia o melhor bife com ovos de toda a Grande São Borja! Inigualável. Só não podia entrar na cozinha do Casemiro, senão a fome passava!
Vou até a frente ver a paisagem e voltarei mais tarde, após trofo posto, poste postal, certo? Nem eu entendi essa...

MINHA FOTO
Em busca de uma foto minha quando criança, revirando cofres e baús, minha mãe, a Norma, achou talões do Banco da Província, uma latinha de Pílulas de Lussen contendo meu cordão umbilical cheio de Anaseptil em pó, soldadinhos do Toddy e um Mug* desbotado sem os braços. Foto minha nem tchuns.
Isso foi o que ela me contou. Mas imagino que seja pelo fato de eu ter nascido muito feio, um nenê tão esquisito que a placenta era mais bonita. Virei atração no hospital, todos queriam me ver. Uma argentina conhecida da Norma saiu aos gritos do quarto: "Madre de Diós, madre de Diós!". Meu pai, o Beltrão, se divertia e quase que tio Demêncio convence ele a cobrar entrada pra me verem!
Eu já estava famoso ao nascer, vejam só! Para sair do hospital foi necessário grande aparato policial para conter os curiosos. Mas apenas os curiosos enviadinhos pela Cúria, puderam ter contato direto comigo, para uma análise mais apurada.
Era uma referência, e quando alguma criança se comportava mal, a mãe sussurrava, ameaçadora: "Olha que eu chamo o Paulinho da tia Norma pra te assustar!". Era um santo remédio. 
Mas o tempo foi passando, nas patas do meu cavalo e já que um dia montei, agora sou cavaleiro. Com o passar dos anos, os ossos foram se encontrando com as cartilagens e minha carinha de artefato bélico tomou forma de rosto. Oba, já podia ir a escola sem o risco de ser abatido a tiros, confundido com o Mão-Pelada.
Já conseguia falar e não rosnava mais, tive uma infância feliz, com uma turma maravilhosa, salvo algumas reclamações do tipo: "Mãe, o Paulinho avançou em mim e me mordeu!". E sempre das meninas, não sei porquê!
Voltando à foto: acho que é por isso que a Dona Norma não está encontrando nenhuma minha pequenino. Mas aguardemos, queridos amigos! Hoje em dia o fotoxópi faz milagres, acreditem. 
Uma boa noite a todos e ótima quinta-feira. Ah, já ia esquecendo: o boneco abaixo é o Mug, lançado nos anos 60 pelo Wilson Simonal, foi uma febre no Brasil inteiro.
Tiamanhã!

PEQUENAS INSANIDADES DIÁRIAS
Ontem, lendo uma exclamação do Evaldo Magalhães, que reclama não ter a foto universal sentadinho na escrivaninha - escrivã anã - entre as bandeiras do Estado e da República, segurando uma caneta. Só segurando, pois naqueles anos só podíamos usar lápis, caneta só no Ginásio, para o qual prestávamos o exame de admissão, na quinta série e, se aprovados, começávamos o Ginásio. Era um mini vestibular.
Lembrei, então, que não tenho a clássica foto ajoelhado, de cabelo lambido e gravata borboleta, cercado por anjos com Jesus ao fundo, da primeira comunhão! Sério, não tenho mesmo!
Por um simples motivo: não fiz primeira comunhão. Não porque tenham me impedido ou eu seja ateu ou um ser das trevas, não. Por pura negligência minha, mesmo. Se não fiz a primeira comunhão. logo, não me confessei, bem assim. Cinquenta e quatro anos sem me confessar, pesado de pecados e sem a foto da primeira comunhão. 
Meu caminho será árduo e espinhoso até chegar ao Senhor, eu sei, mas estou preparado. Melhor, estou me preparando para encontrar Manitu, Jeová, Alá, Deus, como queiram. Quando estiver na fila de triagem e chegar a minha vez de ser atendido pela moça ruiva, de olhos fulgurantes com uma bela e inquieta cauda enroscando-se na perna da cadeira, e ela me perguntar: "Capitalista ou socialista?", "Gremista ou colorado?", "Homo ou hetero?", "Fumante ou não-fumante?", aí me sentirei como quando tu estuda muito pra uma prova e cai tudo o que tu não estudou, sabe como é?
E como saber qual a resposta certa se a moça ruiva do rabo impaciente não te dá a mínima, a não ser te olhar quando entrega o questionário, e fura teu dedo pra molhar a pena e tu assinar o papel. Dependendo das respostas poderei arder nas mais negras chamas do Inferno, ouvindo Luan Santana e Annita por toda a eternidade! Talvez a única coisa positiva é que as pecadoras insinuantes, deliciosas estarão lá. Mas talvez estejam todas lacradas, afinal, Inferno é Inferno, e o capeta não iria perder a oportunidade de se divertir, hein?
Bom, amiguinhos e amiguinhas, como diria o cachorro da Duquesa de Windsor, na ópera O Gato de Botas: "Tu és responsável por tudo aquilo que cativas!".
Mais tarde estarei aqui, entupido de novidades, bom almoço pra vocês!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

PENSÃO
Não, não é da pensão da Dona Morena, lá na rua Serafim Vallandro, 643, em Santa Maria, ano de 1975, que falarei agora. O Rick Jardim postou que a Manuela D'Ávila deve mais de R$ 770 mil da eleição anterior. E assim como ela - veja bem, meu querido, não como ela, é apenas um reforço gramatical que não sei o nome - muitos políticos também, é claro.
Me refiro à pensão alimentícia, que é a única coisa que pode enfiar na masmorra qualquer contribuinte neste país, pelo menos em tese. Não conheço as filigranas jurídicas ou as firulas advocatícias, mas tenho certeza de que o Renan Calheiros não iria em cana se ficasse devendo a pensão pro filho da Monica Veloso. Primeiro porque ele tem grana. Ou melhor, ele tem a nossa grana, afinal de contas, estamos num socialismo de direita, se dá prejuízo nós pagamos, se der lucro é deles, já dizia Millôr. 
Segundo, ele é o presidente do senado, o que eleva o beduíno ao patamar dos deuses, inquestionáveis e intocáveis, sendo impossível imputá-lo, logo, ele é inimputável. Ou seria melhor putável?
Resumo da ópera: a lei é pros plebeus e bocós que nem nós, que podem apodrecer no fundo do calabouço, afinal, dura lex, sed lex. Porque não fazem manifestação contra prisão por dever pensão alimentícia? Caloteiros unidos, jamais serão vencidos! O gigante despertou, pois retaguarda de gigante adormecido não tem dono!
Agora olhando a lista de ministérios e secretarias do governo federal, lembrei do tempo da Moral e Cívica, na escola, depois OSPB (Organização Social e Política do Brasil), e a gente sabia os nomes de todos os ministros. Hoje não dá, pois os ministros mudam a toda hora e o número de ministérios quadruplicou. 
Até a Ideli Salvatti está secretaria de Relações Institucionais, que deve ser tomar uma ralhada da Dilmona, de quando em vez, e viajar pra Floripa no helicóptero da SAMU nos finais de semana. 
Vem Hildegard, a fraulein truculenta que me despeja cápsulas lilases goela abaixo, ó céus, ó vida! E está rosnando, melhor não facilitar! 
Depois retornarei, me aguardem!

BOLERO
Bom dia a todos, que o dia de hoje seja tranquilo e ninguém ouse roubar sua caneta ou derrubar café na sua mesa. Se ousar, seja sábio ao esconder os corpos depois do expediente.
Anteontem vi, na tevê, numa rápida aparição, o Bernardo Cabral, amigos! Isso, o Bernardo Cabral, que dançou um tórrido Bésame Mucho com e no aniversário da ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello, numa festa em um dos palácios de Brasília, em 1990! O cara está vivíssimo da silva! Que bom! E a Zélia também! Bons tempos da sacanagem sem malícias, da traição desinteressada, da crocodilagem pura e honesta como não se vê mais hoje em dia!
Escutava, pela manhã, o Fernando Albrecht e a turma da Band entrevistando o Roberto Freire, presidente nacional do PPS. Roberto Freire um comunista histórico, disparou: "O Bolsa-Família penaliza quem trabalha, é uma ação populista criada para angariar votos!". Surpreendi-me pela clarividência do cidadão político! Conheço muito pouco do Roberto Freire, mas concordo com o que ele falou. Logo em seguida o Affonso Ritter, se não me engano, fez uma ótima pergunta: "Alguém sabe quantas famílias já deixaram o Bolsa-Família?". As que estão incluídas já se sabe, mas e as que deixaram por terem encontrado emprego, enfim? Pois é.
E há comoção geral pela menina gaúcha, militante do Greenpeace, presa numa plataforma petrolífera do Ártico e está na Russia, encarcerada. 
Nosso governador já se engajou na luta pela libertação da Ana Paula - o nome da pequena gaucha presa pelos odiosos russos comunistas - e na Esquina Democrática haverá uma ato de repúdio à truculícia da polência, digo, truculência da polícia na sexta à tarde, que aí a gente já emenda no répiaur e o fim de semana começa com militância pura, yeah!
Porque essa menina não veio se dependurar numa plataforma aqui em Tramandaí, seria mais fácil. Não, ela tinha que se enfiar lá nos cornos do Judas e mobilizar um monte de gente pra tirá-la do xilindró! Ainda bem que nosso governador está meio 'de valde' e pode dispender tempo nessa operação libertação, que lindo! Mas ela está lutando por um mundo melhor, dirão muitos. Que bom que tem alguém salvando o mundo, eu agora não posso parar aqui, senão meus credores me matam! E o português da padaria e o gringo da fruteira não perdoam!
Bom almoço pra vocês, caríssimos irmãos e irmãs, vamos curtit o sol da terça-feira, 08 de outubro, nao esqueçam que hoje é o Dia do Anão! À noite a tevê transmitirá o campeonato de basquete de anões, direto de Anápolis! Abrace o seu anão e deseje-lhe um feliz Dia do Anão!

MINHA ADOLESCÊNCIA
Embalado pelos sonhos de grandes realizações, crescer, sair de casa, abater os melhores corpinhos que bailavam na nossa frente, em boates fumegantes e etílicas, me fiz acompanhar dos melhores amiguinhos que um adolescente poderia ter.
Esse grupo de amigos, todos na odiosa faixa dos dezessete anos, cristãos e tementes a Deus, comandados pela força da cachaça, numa lúgubre noite resolvem fazer uma visitinha ao galinheiro do Seu Caroço, lá no Itacherê, em São Borja. 
O João Telmo estava sozinho em casa e tudo preparado para uma galinha com arroz e depois a boate do Comercial, se Ismael, o porteiro, não complicasse para entrarmos.
Todos na Chevrolet picape do Saquinho, aquela sem freios e que precisava empurrar pra pegar, a mesma porcaria da pescaria. Capincho, Léo Castilhos, João Telmo e eu. Saquinho conduzindo a nave em direção ao galinheiro do Seu Caroço, que era separado da rua apenas por uma vulnerável cerca de arame. 
Seu Caroço era nosso conhecido, tinha um bolicho onde vivíamos enchendo a caveira e conhecíamos o terreno. Jamais roubaríamos de um desconhecido, nunca! Era um código de honra que tínhamos, onde já se viu, subtrair alguma coisa de um cara que nunca nos viu na vida?
Estaciona a caranguejola trepidante ao longe, pois não dava pra desligar - senão teria que empurrar a bosta - e fomos, sorrateiros, até o galinheiro. O Saquinho ficou ao volante do bólido, preparado para a fuga. Quando entramos no domicílio galináceo, aquele bicharedo desgraçado começou a gritar e despencar dos poleiros em cima dos quatro borrachos, um desastre, que animalzinho esparrento! Mal deu pra enfiarmos uma penosa dentro do saco de adubo, que levamos para aquela finalidade. 
Só ouvimos o grito do Seu Caroço e dois ou três tiros de 38: "Vão roubar galinha da puta da mãe de vocês, corno fiadasputa!". Foi uma correria, parecia até uma eguada disparando no varzedo!
Quando clareou a mente, estavam todos na camionete, vivos, porém cagados. Com a bendita galinha ensacada, creiam-me infiéis! Achei que o deteriorado veículo fosse se desmanchar antes de chegar na casa do Telmo!
Um de nós parece que balbuciou a seguinte frase, antes de descer da Chevrolet: "Se sangue fede eu tô ferido!".
Lá pela uma da manhã entrávamos no Clube Comercial felizes, com a galinha do Seu Caroço na barriga e mais uma história pra contar para os netos.
Não faça isso em casa, esse crime por nós cometido já prescreveu. Hoje os tempos são outros, as galinhas tem sindicato e estão organizadas.
Uma boa noite a todos e amanhã nos reencontraremos, se Deus quiser!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

MARINA
Quem pensava que a Marina estava sendo marinada deu com os colegas n'água! A Marina, de marinada passou a marinar, viram só? São os milagres burocráticos, tão comuns nos picadeiros políticos do nosso amado país, que concebem um prostático partido PROS, sem contras, e rejeitam a prosposta - digo, proposta - da Marina marinada. 
São dogmas inquestionáveis e inalcançáveis para nós, chinelões! E não que eu morra de amores pela Marininha, não. Só questiono o fato em si. Explicações jurídicas há em profusão, mas pelas barbas do Enéas, me poupem do juridiquês, que todos estão até os canecos de amargos infligentes, causas pétreas e recursos cabíveis.
Já paguei cada mico, mas o pior deles foi quando o FHC e sua turma decidiu que os paspalhos contribuintes deveriam carregar, no porta-luvas de seu veículo automotivo, um delicado e inútil estojo de primeiros-socorros, lembram? 
Foi aquela gritaria de sempre mas todo mundo comprou e em seguida tudo estava bem. Pronto, pronto, já passou, as maletinhas com band-aid e esparadrapo sumiram do mercado, aí revogaram - é assim que se diz? - a maldita lei!
O que fazer com milhões de caixinhas que nem escoteiro usa? Me restou guardar com recortes de jornal sobre o assunto, para que as gerações futuras saibam que os políticos de antanho tinham, além de ganância, bom humor.
Fiz que nem o Plinio Nunes, botei numa cápsula e enterrei na curva do rio. Meus bisnetos a desenterrarão e, ao abrir, dirão, enternecidos: "Nosso bisavô era um idiota desocupado pra enterrar essa coisa cheia de porcarias pra nós!".
Vou almoçar, pessoal, não mexam em nada até eu voltar, tá? Trarei caramelos e Q-Suco pra fazer de tarde!

PARCERIA
Ontem conversava com amigas aqui no FB, contando um pouco dos truques e pequenas fórmulas, que desenvolvi para navegar com certa tranquilidade nesse período de restrição física em que me encontro. Do exercício de aceitação que passo, diariamente, constatando limites que há um ano atrás nem imaginava tê-los.
Deitado, com o netbook no meu peito, ou no refeitório, sentado na minha cadeira de rodas vermelho-Ferrari, às vezes me enrosco nos fios ou levo por diante o andador de um coleguinha, uma bela esculhambação! Poderia me encanzinar e odiar o mundo por estar assim. Seria um caminho mais espinhoso, sombrio, até. Revolta ou aceitação? Prefiro a segunda alternativa, sem resignação. Aceitação. 
E nesse reaprender, com muito tempo pra me cobrar coisas e remexer nas caixas do sótão espiritual e emocional, surpreendo-me comigo mesmo por ser tão meu parceiro. 
Está sendo muito divertido descobrir, a cada novo dia, que sou meu melhor amigo! Sem demérito a nenhum dos meus amigos, incluindo vocês, que curtem as minhas galhofas e palhaçadas. Pudera, se eu não fosse meu melhor amigo, convivendo comigo há cinquenta e quatro anos, seria uma puta incompetência, hein? Ou uma incompetência puta.
Maria Cristina, Ana Maria e a Norma são os esteios que alicerçam o caminho que percorro, agora. Magníficas amigas, desprendidas e dotadas de uma paciência monumental pra me aguentarem assim, estropiado mas metido a engraçadinho, o mimoso do dindo!
Me divirto com os coleguinhas e até o Seu Hortêncio - meu novo vizinho que substituiu Seu Hermínio, o peidorreiro - já começou a rir das minhas pândegas. Ele é depressivo, tenho que cuidar pra não endoidecer o homem velho. Ele odeia usar fraldas, aí menti pra ele que também uso e me sinto que nem o Baby Huey, o Huguinho que eu postei como eu quando pequeno. Que pareço um vagalume com a bunda bicuda, e ele começa a rir da bobagem!
Mas então vou me recolher desejando-lhes uma ótima semana e que tudo mais vá pro inferno, uou, uou, uou! Abracinhos pra vocês!

ALEIVOSIAS
Ando muito nostálgico, acho que o Natal se aproxima e eu fico mais sombrio. O Natal é o afrodescendentão que substitui a plantonista da noite, a Margô, meio japinha, acho que é descendente de índios. Mas o Natalício - é o nome dele - se aproxima de mim e sinto náuseas. É o meu lado homemfóbico, horror à homens que, às vezes, se manifesta mais acentuado, pode ser a temperatura. 
Falando nisso, há um barulho na Argentina causado pelo beijo entre dois homens casados, personagens duma novela por lá. E nós aqui, com um simples dono de hospital mau-caráter, uma bicha má, algumas trapaças, troca de exames e um desmemoriado bígamo podre de rico! Os argentinos estão na nossa frente, hein, abram o olho! Ou melhor, os olhos!
Não sou de notar beleza masculina, por ser homemfóbico, mas dia desses aguardava minha mãe, a Norma, na rodoviária, observando as pessoas transitando pra lá e pra cá, parte de um circo montado e desmontado centenas de vezes no mesmo dia.
Bati os olhos em um cidadão alto, carregando uma sacola, cabelos grisalhos, trajando um abrigo cinza. Chamou minha atenção pela imponência da figura, sobressaindo-se do resto com o porte aristocrático de um lorde, quase soberbo.
Pasmem, eu não conseguia tirar os olhos do rapaz, comecei a sentir náuseas misturadas com uma suave sensação de familiaridade, transmitida pelo desconhecido.
Aos pouco fui analisando-o melhor, os traços másculos, o queixo firme, a tez amorenada, o rosto emoldurado por um óculos de aro fino. Então, as coisas começaram a clarear, as fichas a caírem dentro do meu cérebro já em pânico, notando o tipo físico, o sorriso, a maneira de caminhar, quase falei em alto e bom som: Esse cara sou eu! Esse cara é igualzinho a mim! Como se eu estivesse me olhando no espelho, senhores ouvintes! Impressionante a sensação de a gente se enxergar em outra pessoa, vocês não tem noção do que é, não, não tem!
Cheguei a levantar do banco para ir ao seu encontro, mas fui interrompido quando a morena de cabelos negros saltitantes enlaçou seu pescoço, e saíram agarrados, felizes, ele e a morena deslumbrante. Eu fiquei ali, parado, olhando eu ir embora abraçado na gata, não pude nem me cumprimentar e beijar a minha namorada linda. Talvez meu outro eu fosse um milionário, eu poderia substituí-lo nas cenas perigosas, hein?
No último texto esqueci o título, preciso reler meus textos antes de postá-los. Em alguns textos vejo que esqueço concordância, emendo uma coisa na outra ou repito várias vezes, a mesma palavra, às vezes, outras vezes, tudo porque não releio meus textos, por preguiça pura.
Mas ganhei sementes de aleivosias, que plantei ao lado das perfídias e das frívolas, que já brocharam nesse domingo ensolarado. Amanhã, relatório completo do jardim do Motta.
Como diria a finadinha Galdina: De já hoje deu uma ventania tão forte que fez trocar boi de invernada! Eucalito voava que nem sombrinha aqui na frente!

É meio tarde pra desejar bom dia para todos, mas ainda assim, vou desejar bom domingo para todos. O Victor Hugo - um neologista de primeira qualidade - se saiu com um novo verbo: domingar. Dominguemos, então, senhores ouvintes. Jogando víspora, lavando o carro, fazendo uma moranga recheada no espeto, ou simplesmente falando mal dos outros por cima do muro, com a comadre Celestina, que tem um filho preso por tóchico*.
Aqui estou, sentado entre as minhas musas inspiradoras, Dona Vilma e Dona Marli. Surdas que nem tamancos, hoje não aumentaram o volume do televisor Colorado RQ, com Reserva de Qualidade, me obrigando a tomar enérgicas medidas. 
Pareço aquelas autoridades, quando entrevistadas - normalmente após alguma grande porcaria acontecida - falam: "Já tomamos as devidas providências e estamos abrindo uma rigorosa sindicância para apurar os fatos. Os responsáveis sofrerão os rigores da lei!". E lá se vai o boi com a corda! Todos sabem como terminam esses alegres processos.
Vocês notaram que, aproxima-se o final do ano e todos te fazem a mesma pergunta: "Vai tirar ferias? Pra onde tu vai?". Chega um momento em que começo a diversificar as respostas, como bom esperma desvairado que sou - porra louca é politicamente incorreto - e invento uma casa na praia que construí num terreno alheio e o cara me processou e a mãe dele é concunhada do finado Carpano. Se tenho tempo começo a inventar, e a vítima a se arrepender de ter me dado bom dia. 
E quando tu volta tem que ouvir: "E aí? Sessenta dias de ferias, hein? Achei que não fosse voltar mais! Foi pra praia? Qual praia? Tava legal?". Acho que estou ficando rabugento.
A Dona Marli gesticula, apontando pra uma garrafa de Sukita - achei que nem fabricassem mais - agradeço a gentileza, obrigado. Não sou o Tio Sukita, sou o Tio Sikuta, que mata de verdade!
O Marco Costa me contou uma legal, que é a do cara que chega atrasado numa palestra, e o recepcionista fala pra ele:
- Por favor, não faça barulho!
E o cara:
- Porra, já tem gente dormindo?
Até mais tarde, seus patifes e patifas, vou vestir meu pijaminha do Sobrinhos do Capitão e dormitar - dormir e vomitar - ao som de As Marcianas e Seus Plutões.
As Marcianas existem, os Plutões é por minha conta, tiau pra ti!

Nesses dias de patrulhamento ideológico ferrenho de correto e incorreto, precisamos ter muito cuidado com expressões do tipo: "Parece que foi ontem que te peguei no colo!", conversando com a filha linda da vizinha.
Conversava, agora, com amigos sobre o Ticionária Alemon, muito engraçado, e lembrei da alemoacinha tançando na kerb - se vocês conhecem me avisem que não conto, ok? - e seu par perguntou-lhe: "Como é seu nomeee?" e ela: "Denho vergonha do meu nome. Tenho nome de moto! Mas vou te dicer: É Xiséle!". 
Bons tempos da XL 250 importada, hein, Dirceu Olea Dornelles Filho e Reinoldo Prade? Prateadona, imponente, soberba, orgásmica!
Todo mundo em greve! Justas e legítimas greves, todos dizem. Concordo que os professores deveriam ser mais valorizados como já foram em outras épocas. 
São as pessoas às quais entregamos a formação cultural e educacional dos nossos filhos. Idem pra formação moral. Mas o arcabouço social vigente e enraizado, entranhado, entende que um motorista do Estado deve ganhar o triplo de um mestre, que põe o pé para dentro da escola correndo risco de vida, hoje em dia. O aluno deixou de ser aluno e passou a ser cliente e enfia o dedo na cara do professor e o desmoraliza. Afinal, o cliente sempre tem razão.
Preciso me desligar aqui do refeitório e ir em direção aos meus borzeguins lilases com bolinhas douradas, tive um pequeno contratempo aqui.
Já volto.

Foi difícil achar uma foto minha ainda bebê, mas num esforço de reportagem nossa equipe rastreou e aí está, ainda em Hollywood, eu em fraldas e beibiluque, no início da carreira. De cancha reta! Que criança lindaaaaa! Eu me amoooo! Compartilhem! Aposto que se fosse mulher pelada e alguma asneira todo o mundo compartilhava, não é?


Agora passou a tormenta na qual eu estava imerso. Durante o almoço, minhas amiguinhas surdas resolveram ver e escutar o jornal na tevê. Dona Vilma e Dona Marli, com o aparelho Colorado RQ à todo vapor, e eu no meio dessa tortura. Tentei dialogar com as duas madames mas fui respondido com um uníssono 'Hein?'. Desisti, deixei de lado a sensatez e parti para a tática mais elegante que conheço: cercar e destruir!
Atordoado com o bombardeio sonoro, só enxergava a Cristina na telinha - graças àquela cor de tijolo que ela tem - apresentando as notícias. Sorrateiramente, dirigi minha cadeira vermelho-Ferrari pra perto da tevê, no outro lado da mesa. Em movimentos friamente calculados, com a mão direita na altura do ombro - música de suspense, tãtã-tãrã-taaannn - pressiono o botãozinho do canal e, zupt, tela azul! Resolvido o problema! Sintonizar a geringonça eu não sei, mas desintonizar é comigo mesmo! Sou duplamente eficaz: a primeira faz tcham, a segunda tchum e...tcham, tcham, tcham, tchaaammm!
Consegui almoçar em paz de criança dormindo, com a alegria de flores se abrindo, para enfeitar o almoço do meu bem! 
Agora estou em estado alfa, após o almoço, jiboiando no pátio e escrevendo um pouco. As técnicas de enfermagem conseguiram, finalmente, acertar a sintonia da tevê; mas agora pode, já almocei na paz e silêncio do Senhor. Penso se houvesse uma maneira de interferir no aparelho de surdez delas e começar a enviar-lhes mensagens alienígenas ou eróticas, hein? Isso seria uma coisa maravilhosa, lhes aumentaria a autoestima e começariam a ver o mundo sob outra ótica! 
Criariam um mundo virtual a partir do que quiséssemos, um sociólogo nos orientaria e aí, bá, velho, deixa disso! Respeita a surdez alheia, Paulo Motta, não viaja.
Olha a Angélica com a Elisabeth Savalla, cozinhando. A Angélica tem os dedinhos gordos, a mãozinha dela parece um cachinho de bananas, mas ela é bonita, a lourinha!
Bem, vou dar uma banda e sonhar com a próxima reunião da Confraria do Cachorro Quente, que tá perto! Um abração pra vocês meus amiguinhos e amiguinhas!

A Confraria do Cachorro Quente não é o Clube do Bolinha! É permitida a entrada das damas e donzelas em geral, sem restrições, salvo o acesso ao campo de golfe e às mesas de pôquer. Vetada venda nos olhos e venda de amendoim torrado e Jequiti nas dependências do estabelecimento. Os garçons são trogloditas, falam uma língua apenas: a da propina e gorjeta. Mantenha em dia a sua mensalidade e concorra a CDs com músicas natalinas - todas inéditas - naftalinas e mais CDs da Irmãs Galvão, doados pelo gentil, delicado, mimoso e querido Carlos Alberto Alves da Silva.
MINHA NOSSA
O Marco Costa, outro pândego hilário, me conta uma piadinha que repasso-lhes:
O cidadão está na frente da tevê, indeciso entre ver o futebol ou um filme pornô, pergunta pra esposa:
- Arnilda, o que você acha de devo ver?
- Ah, amor, vê o filme pornô, jogar futebol você já sabe!
Meu Inter parece cola de cavalo, só cresce pra baixo, nunca vi! Pena dessa rapaziada que ganha uma miséria pra chutar uma bola pra dentro de um retângulo enorme, com um homenzinho embaixo, e não conseguem. Talvez se recuasse a zaga e investisse no três cinco dois, deixando o lateral solto que avançará no, bem, eu joguei muito futebol de mesa, mas não me levem muito a sério.
Ontem foi a segunda repone (reunião de porra nenhuma) da Confraria do Cachorro Quente, juro que na próxima estarei presente, passado e futuro. Todo mundo feliz, mastigando. O José Luiz Prévidi entusiasmadíssimo, chega a dar fome só de vê-lo. Ele é o reponsável pricipal dessa união de camaradinhas! Anauê, Evoé, All Star, e Ademã, que vou almoçar, tem alguém me empurrando lomba abaixo. Quem aluga a bunda não escolhe hora pra sentar. Volto daqui a pouco!

MINHA NOSSA II
Fui tomado por uma dor de cabeça por todo o corpo! Acho que muita exposição aos raios gama provenientes dos lábaros catódicos caóticos católicos, acho que é isso. Mas, aos poucos, aliviou, ficando a dor de cabeça apenas na cabeça, e não no corpo inteiro. 
O ator José de Abreu tem cara de bolicheiro de campanha; é botar um lápis atrás da orelha - daqueles de lamber na ponta - um esfregão no ombro, um chapéu tapeado e um palito atravancado nos bigodes e ei-lo: um bolicheiro lá do Maçambará!
Mas ele é natural de Santa Rita do Passa Quatro, SP. Está em boa parte de filmes sobre gaúchos porque tem cara de gaúcho. No filme A Intrusa, na minissérie e no filme O Tempo e o Vento, alguns dos gaúchos interpretados por ele. Tive oportunidade de conhecê-lo em Caxias, por intermédio do Zanini. Me pareceu um cara simples, bonachão, gente boa.
Tem sido meio esculhambado, depois de dizer que faria um filme sobre o Zé Dirceu, e ser simpatizante da causa dirceuziana, comunista e tal. Muitos se houveram contra ele, inclusive eu, que passei a amaldiçoá-lo e fazer cara feia quando aparecia na tevê.
Depois lembrei de um episódio parecido, quando a Regina Duarte, anos atrás, falou que tinha medo do PT. Houve uma comoção esquerdista e a imagem dela sofreu lichamento de todos os tipos, aí passou a fúria e todos foram cuidar das suas vidas, depois de fazer um pouco de barulho. 
Penso que a tolerância não traduz submissão e nem que os meus ideais e princípios foram pisoteados, não. É só impedirmos que as ideologias não se sobreponham à humanidade e nem à razão. Somos ocidentais ditos civilizados, mas não nos comportamos como tal, muitas vezes. Quando vemos meninas de sete, dez anos casando com homens de quarenta, cinquenta anos lá pelo Oriente. Nos revoltamos e nos indignamos com o choque causado por uma questão cultural no Irã, por exemplo. Claro que é um absurdo, uma coisa doentia, mas na cultura desses povos, dessas tribos, é natural. Ou cortar a mão direita de quem for pego roubando. 
Se a moda pega teríamos uma multidão de manetas, por aqui, hein?
Vou dar um rolê, hoje é sexta-feira chuvosa, vou de táxi e de galochas, sem ser chato.
De novo, quase esqueço do título MINHA NOSSA II. Era pra eu ter explicado antes. Li, em algum lugar que é o supra-sumo do paradoxo: minha e nossa ao mesmo tempo.
Beijinhos pra todos.

MINHA NOSSA
O Marco Costa, outro pândego hilário, me conta uma piadinha que repasso-lhes:
O cidadão está na frente da tevê, indeciso entre ver o futebol ou um filme pornô, pergunta pra esposa:
- Arnilda, o que você acha de devo ver?
- Ah, amor, vê o filme pornô, jogar futebol você já sabe!
Meu Inter parece cola de cavalo, só cresce pra baixo, nunca vi! Pena dessa rapaziada que ganha uma miséria pra chutar uma bola pra dentro de um retângulo enorme, com um homenzinho embaixo, e não conseguem. Talvez se recuasse a zaga e investisse no três cinco dois, deixando o lateral solto que avançará no, bem, eu joguei muito futebol de mesa, mas não me levem muito a sério.
Ontem foi a segunda repone (reunião de porra nenhuma) da Confraria do Cachorro Quente, juro que na próxima estarei presente, passado e futuro. Todo mundo feliz, mastigando. O José Luiz Prévidi entusiasmadíssimo, chega a dar fome só de vê-lo. Ele é o reponsável pricipal dessa união de camaradinhas! Anauê, Evoé, All Star, e Ademã, que vou almoçar, tem alguém me empurrando lomba abaixo. Quem aluga a bunda não escolhe hora pra sentar. Volto daqui a pouco!

Clara Frantz, adorável amiga, de aniversário, feliz, em pleno uso da felicidade conquistada a duras penas. Esse é o momento em que descobrimos que viemos ao mundo pra sermos felizes, nos divertirmos e nos rodearmos de amigos, gatos e cachorros também, ele são nossos anjos, que nos entendem pelo olhar. 
Maria Clara, o melhor desse hoje, do agora, é acordar pela manhã e repassar o que tens pela frente no dia: dar uma espiada no jardim, uma mesinha que só falta lixar e pintar, aqueles mosaicos começados na terça, um almoço natureba, uma cervejinha no final da tarde, entre amigos, e ser feliz. 
O longo caminho percorrido até aí foi longo e, muitas vezes espinhoso, mas ninguém disse que seria fácil, não é?
E melhor ainda, saber que foram benesses conquistadas por ti, ao longo desse tempo. É poder sentar, preguiçosamente, debaixo do cinamomo com uma latinha na mão e dizer: Está valendo a pena!
Feliz aniversário, minha boa amiga, brindemos em cálices de vida transbordantes de alegria!
Publicado no Facebook em 04/10/2013
GRAMSCI
Ontem, num bate-papo com amigos, se falou muito em Gramsci. Eu já citei Gramsci em alguns colóquios mais ferozes: "Já, Gramsci, observara que a complacência da sociedade burguesa permite uma atitude mais radical!", sem ter a mínima ideia de quem fosse o nobre falecido cidadão. Como nunca ninguém reclamou ou me chamou de abobado inculto trambiqueiro, continuei usando o nome do defunto sem a sua autorização, e com relativo sucesso em meus embates etílicos-literários.
Mas fui em busca do saber e do conhecimento até o oráculo, minutáculo Gugol. Descobri que minha invencionice sobre Antonio Gramsci não estava tão longe da verdade. Estou perdoado. Gramsci recolhe-se, contrito, aos seus afazeres etéreos.
O José Luiz Prévidi, em seu blog, fez duras críticas - que clichê! Dá pra juntar com 'chovia torrencialmente' e 'fortemente armados', hein? - sobre a novelinha do falecido Roberto Marinho, das 21h. Ele tem razão. Só falta um jumento escarlate e a Ideli Salvatti de maiô escarlate enroscada numa sucuri albina. 
Isso passa dentro da nossa casa, na frente de nossas crianças. E digo, novamente, é proibido cantar o Atirei O Pau No Gato nas escolas. Convivemos, diariamente, com Calígula e Torquemada, perceberam? E não sou nenhum clérigo, leigo, beato ou qualquer coisa que me aproxime da salvação da alma.
Mas chega de coisas sérias - que coisa séria! - e falemos de cinema: lembrei do duelo de espadachins mais longo da história do cinema, que foi o duelo entre Mel Ferrer e Stewart Granger, no filme Scaramouche, 1952. Não sei quantos minutos, mas mais de três. certamente. Carlos Alberto Alves da Silva pode nos ajudar.
Bom, tenho remédios pra tomar, uma vida para viver e muitas contas que não pagarei! Conhecem a melô da gatinha tarada? Me atirei no pau do gato-to! Essa tá liberada! Se Heitor Villa-Lobos sabe que proibiram a musica que ele fez pra criançada, e alguns pervertidos que nem eu fizeram uma versão pornô dela, nos amaldiçoará!
Abracinhos a todos!

DJANGO
Quem esquecerá a imagem sinistra do Franco Nero, puxando um caixão de defunto num lamaçal, ao som da música-título Django? Direção do Sérgio Corbucci e a música de Luis Bacalov, 1966. Django não era aquele mocinho limpinho e simpático dos faroestes americanos. Era imundo, sem ética, não se importava muito com o próximo, o negócio dele era grana, dinheiro, bufunfa, capim, gaita, parece gente que conheço. Nunca tínhamos visto nada parecido com aquele anti-herói que nos marcou e foi o primeiro de muitos spaghetti-western que vi. 
Ando muito nostálgico, segundo o Andre Pitthan, vou falar do futuro, então: nesse final de ano tem show do Roberto Carlos, na Globo. E a roubalheira vai continuar, não adianta costurar os bolsos! Viu como é fácil adivinhar o futuro?
Ainda bem que descobri o ômega 3, essencial para uma vida mais longa e enjoada. Você encontra o ômega 3 na carne da surucucu, da lebre javanesa e, eventualmente, na geladeira daquela amiga da sua irmã, que usa um shortinho defunto, enterrado. O ômega 3 deixa sua pele mais lisa e delicada, em um mês de uso, você estará pulando pocinhas d'água e imitando Nureyev.
Dia desses falei pra minha Clara Frantz, - Maria Clara, clareia, clara maria, clareando a claridade, sempre clara, límpida, adorada amiga - que pareço um liquidificador atarantado: mudo de assunto zás, já estou noutro, perceberam? Não consigo parar quieto, me fixar, me sinto um primata com uma metralhadora, credo!
Estive no jardim, agora há pouco. Está muito lindo, amiguinhos. As sementes de minúcias brotaram, esplendorosas, ao lado das frívolas, que são lindas mas não tem perfume. Os laivos esmaecidos, ao lado das canículas calientes agridoces, choram tristezas. Com a chuva muita erva daninha vê a oportunidade de se dar bem. Esse ano foram as picuinhas e bigorrilhos que surgiram, temíveis! 
Tenho limpado, mas são daninhos, mesmo, sempre voltam, parecem impostos, quando tu pensa que o pior passou, descobre que ainda está por vir. As carraspanas também incomodam, mas eu as recolho e guardo para alguém mais afoito, que precise de uma carraspana pra se comportar.
Palavra bonitinha daninha. Parece uma Dani pequenininha, Daninha!
Bom almoço, queridos paroquianos, comam ovo frito, bacon e pele de galinha frita. Fiquem longe de alface, brócoli, brocoiós e nabos, que te elevam a fome.
Até já!

PENSÃO DA MORENA
São tantas recordações - parece música do RC - que me envolvem quando converso com meus amigos de tantos anos, da época da pensão da Morena, em Santa Maria, 75, 76. Era uma turma de insanos! Uma vez fomos a uma festa na casa de uma mulher apelidada de Kiki Blanche - por causa da novela Locomotivas - que tinha umas dez filhas e queria empurrar as donzelas pra quem estivesse meio desprevenido. 
Rudimar Riesgo, Ita, Gordo Sérgio, Rudimar Weiss, o Bode, e mais uma galera infernal. Eu fiz um monumental fiasco ao ficar acanhado - cheio de canha - e quebrar, a socos, um guarda-roupas e vomitar numa cama não sei de quem, num quarto cheio de meninas que redemoinhavam na porta, gritando de toda a goela, num berreiro alucinante, parecia o bochincho do Jayme Caetano Braun, um encanto!
Não satisfeito, enfiei o pé na porta do banheiro e me deparei com o Chateado no vaso, largando um creme na louça. 
Leoni, o Chateado, estava sempre com chatos, aqueles bichinhos que proliferam nas partes íntimas do indivíduo. A forma mais eficaz de exterminá-los é com cachaça e areia. Põe ambos no local afetado pelas demoníacas criaturinhas, que se embebedarão e se matarão a pedradas.
Adentrei, peremptoriamente, no banheiro ocupado e urinei na pia. De porta aberta. Até hoje não sei como saímos vivos daquela encrenca! Sem um arranhão, acreditem!
Depois fiquei ouvindo sermão dos meus amiguinhos durante meses! Pô, caras chatos, não posso nem me divertir, bando de seminaristas arrependidos. Pensei em parar de andar com essas companhias.
Outra foi o episódio da champanhe do Seu Alcides, o Abutre, marido da Morena, que era a cara do vilão do Homem-Aranha. As geladeiras eram todas com cadeado, mas conseguimos fazer uma cópia da chave da que o Alcides guardava champanhe, pra quando o Grêmio fosse campeão brasileiro, acho. O Nilton Wurfel, Rudimar, Josemar Riesgo, Orion Marques, eu e mais outros que não lembro, numa madrugada, antes de viajarmos pra São Borja, já visivelmente embriagados - que horror as coisas que essa turma me obrigava a fazer, ó céus - acabamos com a futura alegria do Abutre e seu espumante. No outro ano ano, quando voltamos precisamos dar explicações, aquelas coisas de rotina.
O Josemar lembrou que o Quaraí Pujol, certa vez, grampeou o travesseiro do companheiro de quarto no lençol, no cobertor, até na cama, eu acho. O cara chegou, na madrugada, com visíveis sinais de embriaguez, não conseguia se tapar, e os bandalhos rindo no lado de fora do quarto!
Minha nossa, vou me recolher, senão vou até de manhã contando os causos dos dementes dos meus amigos.
Fui, tiau e boa quinta-feira pra todos e todas.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

MIORIDADE
Bom dia, queridos ouvintes e outrintas! Hoje é um dia especial para comemorarmos ao velho estilo uísque cowboy e um cigarro de palha de milho seca, amaciada com aquela faquinha de capar gatos, que foi do meu falecido Tio Demêncio. 
Hoje é o Dia do Idoso, pra quem não sabia ou só está se fazendo de bocó. Era bom que fosse todo o dia, se é que alguém sabe como comemorar a data. Um pouco mais de respeito já estaria de bom tamanho. Junte, num ser humano, falta de educação, boçalidade, arrogância e misture bem com a pá da insensibilidade e teremos o padrão médio de comportamento de boa parte de nossa linda e bela sociedade, em relação ao idoso ou outro cidadão qualquer.
Um dia fiquei sentado num banco, no Parcão, esperando Maria Cristina, que estava no sacamuelas - dentista, em castelhano - e vejo um camionetão desses importados, estacionar exatamente numa vaga para idoso. Dele descem três guris estilo boné de aba virada, estilosos, e uma baranga gordinha com uma calça branca justíssima, de listras verticais azuis, parecia o Obelix. Fiquei admirado com a cara-de-pau do sujeito fazer aquilo, duvido que ele não visse o baita sinal marcando a vaga especial!
O quarteto sentou nos bancos ao meu lado e ficaram jogando conversa fora. Atravessei a 24 de Outubro, falei com o azulzinho da hora e fui tomar um café, observando o desenrolar dos acontecimentos. 
Acreditem, o azulzinho demorou pra convencer o réptil desaforado de que ele tinha que tirar o carro dali. Não sei o que conversaram, mas que argumento o cidadão poderia usar pra justificar aquilo? Que era filho de autoridade? Esperava a mãe, que fazia favor por dinheiro pra angariar fundos pra comprar uma carro novo? Ou ele tinha acabado de comprar o mundo e ainda não tinha o recibo divino? Talvez fosse um dos tantos enviadinhos pra nos salvar e, por isso, podem tudo, quem sabe?
Bem, finalmente ele tirou a porcaria da caçamba dali e foram, alegres, ao encontro de sua manada. É lamentável, mas coisas como essa não são raras. É a lei do primeiro eu e o resto que se foda. Dane-se, o meu tá garantido! 
Vamos fundar o Partido do Idoso, o PI, 3,1416, que lutará contra a gerontofobia e trazer mais geroafetivos pra pagar o rabo-de-galo e o cachorro-quente da Confraria do Cachorro Quente!
Quase esqueço do título, pessoal! Quando conheci Mônica Sosnoski, ela apresentou-se como Monica Amyor. E eu, achando que fosse sobrenome, perguntei-lhe qual era a descendência de tão lindo sobrenome, e ela:
- Não é sobrenome, é um adjetivo, pois sou a mior de todas!
Então ficou mioridade, ou seja, a melhor idade, quer dizer que, olha, bá!
Deus Nosso Senhor me deu paciência e tolerância para suportar coisas assim.
Até depois, geroafetivos e gerofóbicos.