domingo, 20 de outubro de 2013

CAPINCHO
Meu grande amigo Hilton Marchiori, o Capincho, parceiro de alguma algazarra em áureas épocas, ali pela Jerônimo Coelho com a Duque, no oitocentos e três. Nos deixou cedo, em agosto passado; deve estar proseando com São Pedro, preparando um mate mais verde e mais topetudo do que mate de barão, como diria Aureliano de Figueiredo Pinto.
Certa feita repartimos a mesma cela, na DP da Demétrio, presos por baderna - naquela época prendiam a gente por baderna, vejam que coisa medieval - pois peleamos a bofetadas, com uns caras na frente do QG da Brigada, na Andradas. 
Nem lembro o porquê do acontecido. Pra mim a briga terminou ao quebrarem os óculos, quando me ergui, estávamos cercados por uns dez brigadianos de metralhadora em punho.
Nos enfiaram dentro de uma viatura da Civil e fomos parar na DP da Demétrio. Tudo estava às mil maravilhas, até o Capincho resolver enfiar a mão na cara do inspetor de plantão e fomos jogados dentro duma cela apertada com mais uns três caras. 
Saiu barato, dois eram traficantes miúdos, conhecidos nossos, o outro um bêbado eventual que se transformava em assaltante quando bebia. Era, também, um assaltante eventual.
Libertados de manhã, felizes pela aventura, e fomos tomar uma cerveja com os antigos desafetos. Se fosse hoje haveria um movimento nas redes sociais pela nossa liberdade, mesmo que tenha sido prisão-relâmpago.
Um forte abraço e muita saudade, meu irmão inesquecível, que já deve estar de mate pronto, dando cascudo em algum filhote de anjo mais renitente, nos campos celestiais.
Obrigado pela bela foto, Maria Verônica Marchiori Ahrends.

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