segunda-feira, 7 de outubro de 2013

ALEIVOSIAS
Ando muito nostálgico, acho que o Natal se aproxima e eu fico mais sombrio. O Natal é o afrodescendentão que substitui a plantonista da noite, a Margô, meio japinha, acho que é descendente de índios. Mas o Natalício - é o nome dele - se aproxima de mim e sinto náuseas. É o meu lado homemfóbico, horror à homens que, às vezes, se manifesta mais acentuado, pode ser a temperatura. 
Falando nisso, há um barulho na Argentina causado pelo beijo entre dois homens casados, personagens duma novela por lá. E nós aqui, com um simples dono de hospital mau-caráter, uma bicha má, algumas trapaças, troca de exames e um desmemoriado bígamo podre de rico! Os argentinos estão na nossa frente, hein, abram o olho! Ou melhor, os olhos!
Não sou de notar beleza masculina, por ser homemfóbico, mas dia desses aguardava minha mãe, a Norma, na rodoviária, observando as pessoas transitando pra lá e pra cá, parte de um circo montado e desmontado centenas de vezes no mesmo dia.
Bati os olhos em um cidadão alto, carregando uma sacola, cabelos grisalhos, trajando um abrigo cinza. Chamou minha atenção pela imponência da figura, sobressaindo-se do resto com o porte aristocrático de um lorde, quase soberbo.
Pasmem, eu não conseguia tirar os olhos do rapaz, comecei a sentir náuseas misturadas com uma suave sensação de familiaridade, transmitida pelo desconhecido.
Aos pouco fui analisando-o melhor, os traços másculos, o queixo firme, a tez amorenada, o rosto emoldurado por um óculos de aro fino. Então, as coisas começaram a clarear, as fichas a caírem dentro do meu cérebro já em pânico, notando o tipo físico, o sorriso, a maneira de caminhar, quase falei em alto e bom som: Esse cara sou eu! Esse cara é igualzinho a mim! Como se eu estivesse me olhando no espelho, senhores ouvintes! Impressionante a sensação de a gente se enxergar em outra pessoa, vocês não tem noção do que é, não, não tem!
Cheguei a levantar do banco para ir ao seu encontro, mas fui interrompido quando a morena de cabelos negros saltitantes enlaçou seu pescoço, e saíram agarrados, felizes, ele e a morena deslumbrante. Eu fiquei ali, parado, olhando eu ir embora abraçado na gata, não pude nem me cumprimentar e beijar a minha namorada linda. Talvez meu outro eu fosse um milionário, eu poderia substituí-lo nas cenas perigosas, hein?
No último texto esqueci o título, preciso reler meus textos antes de postá-los. Em alguns textos vejo que esqueço concordância, emendo uma coisa na outra ou repito várias vezes, a mesma palavra, às vezes, outras vezes, tudo porque não releio meus textos, por preguiça pura.
Mas ganhei sementes de aleivosias, que plantei ao lado das perfídias e das frívolas, que já brocharam nesse domingo ensolarado. Amanhã, relatório completo do jardim do Motta.
Como diria a finadinha Galdina: De já hoje deu uma ventania tão forte que fez trocar boi de invernada! Eucalito voava que nem sombrinha aqui na frente!

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