sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A MÃE DO NORMAN
Em Caxias, a meninada do jornal tinha uma banda: A Mãe do Norman. Maurício Roloff, Felipe Boff, Fabiano Finco, Stefan Ligocki - epa, peraí que o Stephan não estava no time, é como eu, só toca flauta em alguém, de vez em quando - ia acrescentar, também o Andre Paulo Costamilan, mas acho que não participava. O nome da banda é de uma criatividade bárbara, e o logotipo idem. Fui a vários shows deles na Ferroviária, que é uma aldeia montada ao redor do antigo prédio da RFFSA - revitalizada pela Prefeitura - com muitos bares de excelente qualidade. Seria a nossa Lima e Silva, distante do centro da cidade. Hiperiluminado o lugar, e seguríssimo. 
Aliás, Caxias do Sul está sempre à frente da capital em algumas coisas. Quando cheguei lá, em 2003, já havia cartões de transporte, logo em seguida vieram os containers de lixo; um verde, orgânico e o amarelo, seco. Tenho que me acostumar com o politicamente correto. Não é lixo e sim resíduo, tá legal?
E a cidade passou pelos mesmos problemas qual Porto Alegre: vandalismo, mendigos surpreendidos dormindo nos containers em noites gélidas e outros percalços.
Eu fazia, semanalmente, a ponte aérea Caxias-Porto Alegre. Numa dessas viagens sentou ao meu lado um suboficial da Aeronáutica do RJ, e contou que estava vindo a Caxias para fazer um curso de mecânica diesel na Agrale. Ué, porquê aqui? Porque a Agrale é melhor escola de motores diesel da América Latina, é mole?
Meu filho, o Lobo, quando se formou na AMAN precisou adquirir um sabre. Sabrem onde fabricam os sabres? Caxias do Sul.
Amalcaburio fabrica carros-fortes em Caxias pra todo o Brasil. Sem contar os queijos, vinhos e torresmos! E as belas italianas, claro. Pra quem gosta é de olhar ajoelhado.
Lá, aprendi o que é grostolli, carnelessa* e conheci o queijo Randon, trazido diretamente da Itália pelo próprio Raul Randon. Reza a lenda - me corrijam, por favor - que ele trouxe, também, as vacas, o pasto, tudo adaptável ao nosso clima. Esse queijo tu encontra com o nome de Gran Formaggio, o preço do quilo era por volta de R$ 55,00. E tu ainda corre o risco de encontrar o Radicci Iotti no supermercado, comprando caramelos.
O Alexandre Froemming me contou uma: o DKW era apelidado de gringo: econômico mas muito barulhento!
Tudo isso porque me deu saudades dos almoços com o Elizeu Evangelista, o Elizeu Moreira, Edvalso, Marcos Ribeiro Martins, Paulo Roberto Avrela, meu inesquecível amigo Zanini e outros amigos doidos que se perpetuaram no meu coração.
E o pernil de ovelha desossado e recheado com coraçõezinhos, queijos e pentelhos verdes, que o Chuquin, do açougue da esquina, preparava pra eu trazer pra Porto no final de semana. O nome do gringo é Joaquim, mas quem diz que ele pronuncia direitinho, o Chuquin.
Vou elevar meu espírito comendo uma linguicinha frita em banha de ofídio, de ano e meio, que faz bem para as traquitanas gringólicas.
Até já, bagacerada amiga, amiga da gente!
* Grostolli e carnelessa são, respectivamente, cueca virada e a carne da galinha depois de ferver pra fazer capelletti.

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