sexta-feira, 11 de outubro de 2013

MINHA FOTO
Em busca de uma foto minha quando criança, revirando cofres e baús, minha mãe, a Norma, achou talões do Banco da Província, uma latinha de Pílulas de Lussen contendo meu cordão umbilical cheio de Anaseptil em pó, soldadinhos do Toddy e um Mug* desbotado sem os braços. Foto minha nem tchuns.
Isso foi o que ela me contou. Mas imagino que seja pelo fato de eu ter nascido muito feio, um nenê tão esquisito que a placenta era mais bonita. Virei atração no hospital, todos queriam me ver. Uma argentina conhecida da Norma saiu aos gritos do quarto: "Madre de Diós, madre de Diós!". Meu pai, o Beltrão, se divertia e quase que tio Demêncio convence ele a cobrar entrada pra me verem!
Eu já estava famoso ao nascer, vejam só! Para sair do hospital foi necessário grande aparato policial para conter os curiosos. Mas apenas os curiosos enviadinhos pela Cúria, puderam ter contato direto comigo, para uma análise mais apurada.
Era uma referência, e quando alguma criança se comportava mal, a mãe sussurrava, ameaçadora: "Olha que eu chamo o Paulinho da tia Norma pra te assustar!". Era um santo remédio. 
Mas o tempo foi passando, nas patas do meu cavalo e já que um dia montei, agora sou cavaleiro. Com o passar dos anos, os ossos foram se encontrando com as cartilagens e minha carinha de artefato bélico tomou forma de rosto. Oba, já podia ir a escola sem o risco de ser abatido a tiros, confundido com o Mão-Pelada.
Já conseguia falar e não rosnava mais, tive uma infância feliz, com uma turma maravilhosa, salvo algumas reclamações do tipo: "Mãe, o Paulinho avançou em mim e me mordeu!". E sempre das meninas, não sei porquê!
Voltando à foto: acho que é por isso que a Dona Norma não está encontrando nenhuma minha pequenino. Mas aguardemos, queridos amigos! Hoje em dia o fotoxópi faz milagres, acreditem. 
Uma boa noite a todos e ótima quinta-feira. Ah, já ia esquecendo: o boneco abaixo é o Mug, lançado nos anos 60 pelo Wilson Simonal, foi uma febre no Brasil inteiro.
Tiamanhã!

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