sexta-feira, 25 de outubro de 2013

FADAS & FADOS
Leia devagarzinho o título aí em cima, senão sai porcaria. 
Quando recebi alta do hospital, sexta passada, alojei-me no espaço gentilmente cedido por meu filho, o Lobo, ou seja, seu quarto, sua toca. Minha toca, minha vida, na casa de Ana Maria, sua mãe e minha cuidadora improvisada. Como tudo foi meio no imprevisto, saí da clínica sem me despedir dos meus amiguinhos.
Agora, pela manhã, recebi uma iluminada ligação: a Dona Vilma, minha amiga surdinha e a Tetê.
A Tetê, uma pequena fada de vibrantes olhinhos azuis, esperta e pequenina como a fadinha Primavera, da Bela Adormecida. Com seus dourados oitenta anos, me fazia companhia nas sessões da tarde, no refeitório, vendo e comentando comigo os filmes de cachorro e criança, no refeitório, enquanto Dona Vilma lia a Bíblia, alheia aos nossos barulhos e gargalhadas. Um dia a moça do plantão falou que Seu Carlos, meu vizinho, estava enfiado no quarto e eu falei: "Se Carlos entrou em trabalho de parto?", me fazendo de surdo. A Tetê dá risada até hoje da bobagem!
Atendi o telefone e, imediatamente, reconheci a voz da Dona Vilma, feliz por estar de aparelho novo e ouvindo bem. Em seguida, a Tetê assumiu o controle do aparelho telefônico e me disse que estavam com saudades das minhas galhofas e risadas que, às vezes, irritavam algum desavisado.
Amigos, este bagaceiro, debochado escrachado que vos fala se desmanchou. Me senti gostado tanto quanto entro no feice e reencontro vocês, que estão sempre rindo das minhas doidices e pirações. E se sentir gostado não tem e nunca terá preço! Terá um valor espiritual inalcançável pela lógica humana e inexplicável pela razão. Será algo que a gente aprende a degustar depois de aprender a abrir mão de algumas coisas tão imediatamente terrenas às quais estamos habituados.
É claro que não sou nenhum modelo de decência, meu passado me condena, mas só o fato de aprender a não guardar rancores e ressentimentos já me fez um pouquinho melhor. Guardar rancores e ressentimentos é como tomar veneno e esperar que o outro morra.
Que bom Tetê e Dona Vilma, que me ligaram, nem sabem como me fizeram bem, me abraçaram, me beijaram e me iluminaram, tenham certeza, bem que nem vocês tem feito comigo nesse tempão todo, gente. Obrigado por me fazerem melhor, todos vocês, obrigado.
Depois venho pra contar uma história daquelas pra esta tigrada, beijão!

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