terça-feira, 20 de agosto de 2013

De vez em quando aparece alguma gozação sobre ortografia, formas engraçadas de escrever coisas sérias, que falando a gente não percebe, mas escrevendo dá nos tímpanos. Na vez passada, por exemplo, se falada essa frase parecerá vespa assada, ora, estou assando uma vespa, que deveria estar no seu vespeiro em horário vesperal, das 13 às 18h. E nós, pobres escravos da língua, no nosso caso, portuguesa, também não ajudamos muito mas conseguimos, no final das contas, nos entender uns aos outros como eu os entendi. Nosso vocabulário fica tão restrito e a gente não usa as palavras que conhecemos, nem as novas que aparecem, jogadas dentro do nosso cérebro pelas boas leituras. Ficamos com nosso vocabulário cada vez mais pequeno, pois não exercitamos; não temos o hábito de transformar aquele montão de letrinhas que estão estocadas na nossa mente em palavras, falando, descrevendo melhor o que sentimos e o que queremos, facilitando a nossa vida. E a desculpa pra não abrir um livro é sempre a mesma: "...tô muito cansado, trabalhei feito um escravo emprestado, meu chefe tava um porre, o cara do estacionamento me cobrou uma taxa...", aí, pluft! aperta o botão da tevê e vai ver o Ratinho! Nem precisa ser um livro, pode ser um gibi da Mônica ou do Zé Carioca - aquelas histórias desenhadas e roteirizadas pelo Canini - mas não, tem que ser tevê! Então ficamos sem exercitar nosso raciocínio, nosso cérebro, que é como um músculo: não usando, atrofia! E daí a gente vê barbaridades do tipo "conserteza". Todo mundo fala "com certeza". Quantos "com certeza" tu ouviu hoje, hein? Mas escrever é outra coisa. Achei que a pessoa quisesse dizer conserteza do carro, conserteza do verbo consertar, mas não, era "conserteza" de estar absolutamente "serto" de algo! Agora nem sei se vão aspas em todos os conserteza, me ajuda aí, Carlos Alberto Alves da Silva! Sou do tempo em que o feminino de elefante era aliá. Aliás, ficou mais legal elefanta, mesmo. Boa janta, queridos colegas e companheiros. Vou tomar um suco de lambisgóia - deu pra notar que adoro uma lambisgóia - com pãezinhos de mequetrefe, feitos pelas mãos de Madre Pérola. Depois eu volto, se minhas carcereiras me liberarem!

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