domingo, 11 de agosto de 2013

Agosto de 1990, 14:40h, o médico retira, da barriga da Ana Maria, uma criaturinha assustada com aquelas criaturonas de jaleco azul, escondidas sob máscaras esterilizadas, que a seguravam pelos pezinhos. Ali estava a melhor coisa que poderíamos ter feito em nossas vidas: nosso filho, o Lobinho! Naquela emoção inigualável, eu contava os dedinhos e olhava pra carinha amarrotada daquele milagre que acontecia bem na minha frente, iluminando a sala de parto num caleidoscópio estonteante. Eu estava pai, eu estou pai, serei pai enquanto estiver nesse plano, nessa dimensão. Aos poucos fui reaprendendo a falar, a engatinhar e a dormir pouco cuidando desse menino que eu queria que, no outro dia, fosse comigo ao cinema e aos sebos comprar velharias. Mas ânsias humanas quase nunca acontecem na mesma proporção dos caminhos naturais e divinos. Sabiamente, nossos filhos crescem exatamente na proporção em que aprendemos com eles, para podermos orientá-los da melhor maneira possível para enfrentarem os desafios futuros. E tanto tememos o mundo que está esperando por eles, que queremos que fiquem, que não se afastem de nós, que mantenham distância da maldade dos humanos, mas chega um momento em que eles já sabem pra onde, como e com quem ir. Pegam as mochilas e nos deixam acenando e rezando na porta, guardando o ninho, agora vazio, com seus adesivos coloridos, fios enroscados na mesinha, a tevê empoeirada e pilhas de DVDs e CDs pelos cantos. Voltarão para nos alegrarem e, um dia, surgirão os netos e netas que, segundo Affonso Romano de Sant'anna, nos permitirão esgotar aquele carinho e afeto que transborda, ainda, em nossos corações. Então, parceiros, amigos, amigas, feliz Dia dos Pais pra todos vocês. Lobo, me liga pra me felicitar, domingo, senão te excluo do testamento, ok? 

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