segunda-feira, 25 de novembro de 2013

CARTILHA
Eu não sei vocês, mas eu fui alfabetizado com a Cartilha do Guri, 1966, por aí. O vovô viu a vulva da vovó, Olavo viu a Élida e nós soletrando bo-la, pa-pai e aprendemos a ler, escrever e ser gente. Naqueles tempos aluno era aluno e não cliente. 
Ninguém ficou com graves sequelas porque a professora chamou a atenção e botou de castigo. Acho que éramos mais fortes emocionalmente. Os namoros aconteciam naturalmente e não na velocidade Miojo como agora. Hoje a meninada quer tudo em três minutos: namoram, concluem a universidade e, se não chegarem ao cargo de presidente da empresa em um ano, sentem-se fracassados.
As relações humanas adquiriram uma velocidade tão incrível que, do namoro ao divórcio, dá pra aproveitar as mesmas testemunhas. Às vezes me parece que o ser humano muda conforme muda a tecnologia. A pureza da minha geração perdeu-se nas câmeras digitais e nos iPod, iPed, MPs e noutras tranqueiras interplanetárias. Ficamos com o coração ultrapassado, dinossauros passeando de mãos dadas e beijando a menina no escurinho do cinema da Rita Lee. 
Alguma coisa daquela época conseguimos impregnar no espírito dos nossos filhos: um pouco de cautela, procurar ver além do que é; o que será ali adiante e, principalmente, gozar de mais credibilidade junto aos filhos do que a tevê, esse é um grande desafio que não superaremos levando os pequenos ao xópingui pra comer Big Mac, acredite.
Vou descer e exercitar minhas pernas de rã, já estou quase caminhando. À tarde tenho aulas de tuba, transferi o horário das 23:30h pras 11h da manhã a pedido dos vizinhos. São uns chatos, meu Deus!
Um carinhoso beijo no pleonasmo de vocês e, no infringir dos embargos, à tarde estarei aqui para atormentá-los. Tiamanhã.

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