sábado, 9 de novembro de 2013

DISPARATES
Quando estive na gerência da pré-impressão de Zero Hora, um dos chefes de departamento era um cereal killer da língua portuguesa - cereal pra entrar no clima, sacaram? - e um campeão em falar asneiras. Ele ouvia alguma coisa diferente e saía formando frases, inserindo a expressão ou a palavra em coisas que nada tinham a ver uma com a outra.
Indiscontência sequencial foi uma das coisas que ele falou e eu, curioso, perguntei o que significava: "Ora, Motta, é quando o funcionário fica descontente em sequência, não sabia?". Não, nem imaginava uma coisa dessas. O Carlos Alberto Alves, Mauro DeVit e outros bandidos se davam ao trabalho de anotar as asneiras que ele proferia em voz alta, sem medo de ser surrado pelos cristãos ao redor.
Noutra vez passou, correndo, cheio de anúncios fúnebres nas mãos, dizendo que ia até a fotomecânica fazer uma demagogia ecológica com o Grego, responsável pelo setor. Nem me dei ao trabalho de perguntar o que poderia ser demagogia ecológica.
Num fechamento de edição, ele me chamou no departamento e reclamou: "Motta, estamos desmaterializados, precisa nos ajudar senão não vai dar!". Peraí, como tu estás desmaterializado se estou te enxergando bem na minha frente? "Motta, tá faltando material, é isso, estilete, cola Pritt, espelhos de montagem, estoamos sem material, é isso!". Ah, tá, entendi.
Outra dele foi quando entrei na sala e ele reclamou: "Assim não consigo trabalhar! Tô ocioso desde que cheguei. Não pude nem ir ao banheiro, acredita? Me exalto da sala de dez em dez minutos pra resolver poblema que nem é da minha arcada!".
Demorei pra entender a mensagem cifrada, depois de rir por cinco minutos, escondido na minha sala. Ele estava atarefado, se ausentando da sala pra resolver problemas que não eram de sua alçada, acreditem.
Outra: nosso burraldo conversava com um colega e, lá pelas tantas, perguntou pro cara: "...aí tem um sujeito olhando pra tua mulher, qual é tua procedência?" e o outro: "Bem, eu sou de Montenegro. Ah, qual o meu procedimento? Saquei!".
Deve estar vivo até hoje, embora ninguém acreditasse que ele sobreviveria à própria estupidez, mas Deus protege os beócios e bêbados. E ele era ambos, vejam só.
Boa noite, volto depois da minha oração subordinada composta, beijo carinhoso no artelho da Brooke Adams.

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