segunda-feira, 25 de novembro de 2013

MORMENTE
Sou um ser humano com uma boa dose de irresponsabilidade e, consequentemente, inconsequente, um belo exemplar de desmiolamento sob controle de mim mesmo, o que dá pra imaginar a bagunça que é a minha cabeça. Mas é uma esculhambação organizada, dominada, como diz a geração XY. Eu acho, pelo menos.
Nessa desordem, viajo em algumas situações que não sei como me comportaria, diante do mundo tão autoritariamente democrático em que estou inserido, onde vivo e tento ser feliz.
Essa democracia tão linda em que estamos mergulhados, me desenvolveu uma autocensura que, quando acendo um cigarro, procuro fazê-lo longe de olhares indiscretos, temendo que surjam defensores da lei e da ordem e me joguem num calabouço escuro para apodrecer ali, por emporcalhar o ar da Humanidade.
Ouvi que em São Paulo ou Rio de Janeiro, em três meses, já houve quinze mil multas emitidas contra pessoas que jogam tocos de cigarro no chão ou que não limpam os cocôs - eu sei que não tem acento - de cachorro da calçada. Muito bom, é isso mesmo! Quem não fica puto quando vê alguém jogar latas pela janela do carro ou assoar o nariz no pano de pratos?
Fiquei mais cauteloso ao cumprimentar alguém do outro lado da rua e ser mal interpretado por algum transeunte, que pode me processar por discriminação racial, sexual ou religiosa. Ou se for uma dama, por assédio e constrangimento sexual.
Mas assim é a democracia. Governo do povo e para o povo, livre pensar é só pensar, parafraseando Millôr.
Não sei como me sentiria morando nos EUA, o Grande Satã, sabendo que na esquina onde moro, tem reuniões da Ku Klux Klan às quartas-feiras, por exemplo. Certamente me sentiria incomodado, mas isso é democracia e pronto, ponto. Com ela vem a liberdade de expressão e o respeito que devemos ter com quem pensa diferente de nós.
Quando trabalhava no Pioneiro, em Caxias, costumava comer aspargos, palmitos ou pepinos em conserva, no lanche. Todos me olhavam meio surpresos, alguns torciam o nariz, mas eu gostava de comer picles à tarde. Um dia uma menina me perguntou porque comer aquilo naquele horário. Eu olhei e olhei pro vidro de pepinos e respondi que ali não havia nenhuma orientação quanto aos horários da comilança. Ela não gostou muito e nunca mais me cumprimentou. Eu estava exercendo a minha democracia, ué. Tenho direito à democracia e à cidadania, certo? Mesmo que haja quem faça cara feia pros meus paladares, tenham paciência!
Boas noites cinderelos e cinderelas, até amanhã. Antes conto-lhes uma piadinha muito, mas muito ruim. É a do portuga - não me processem, portuguinhas - no primeiro dia como manobrista, num estacionamento, chega um cara pra ele e diz:
- O Celta preto!
E o portuga responde, olhando pro céu:
- Ô pá! Está mesmo, acho que vai chuveire!
Eu falei que era ruinzinha.
Ah, mormente, quase esqueço do título. Acontece que sonhei com alguém sussurrando na minha orelha: "Mormente, valente, esquente, mesmo que não aguente a serpente mormente, mormente!". Sei lá que sortilégio será isso, acho que vou jogar no lixo ver que lixo que dá. 
Buenas.

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