sábado, 9 de novembro de 2013

VAMOS KOMBINAR
No que você está pensando? Não pense, aja antes que haja um colapso total no hipotálamo frontal esquerdo, e te transforme num ser abjeto, incapaz de diferenciar um controle remoto de um livro, dizendo coisas do tipo "naum eh? huasuahausuahaush!".
Pois é, descobri que a Kombi sairá de linha, não será mais fabricada, adeus Kombi, tiau pra ti. 
Quem não teve uma Kombi atrevida em sua vida, pelo menos uma vez? Reza uma lenda urbana, de que as Kombis dos gringos das fruteiras, nas madrugadas de finais de semana saem, sorrateiras, de suas garagens e reúnem-se na CEASA pra botar as fofocas em dia e falarem mal dos patrões. Há quem diga que já viu essa reunião surreal mas, por ser elemento muito do bêbado, não foi levado a sério.
A Kombi azulada do Segundo RC de Cavalaria, de São Borja, me pegava cedo em casa, com outros estudantes filhos de militares, e ia desovando as crianças pelos colégios. Eu ficava na Colégio das Irmãs, onde encontrava a Irmã Julia e meus coleguinhas do Jardim de Infância. Cabo Alfredo era o motorista e falava 'dispois' com sotaque carioca. Muitas outras Kombis surgiram, ora divertidas, às vezes sombrias.
As freirinhas do Colégio das Irmãs tinham a Kombi Karmann-Guia. Lotavam o veículo e saíam a passear. Quem olhasse de longe, pareciam garrafas de champanhe enfileiradas nos bancos. A Kombi que-a-irmã-guia.
O corpo do finadinho Ataliba - que Deus o tenha numa guampa de mijo, de tão ruim que era - levado, lentamente, numa Kombi vermelha e branca até o cemitério de Nhu-Porã, num sábado chuvoso, com uma tropa de borrachos atrás, a passos bêbados, entoando alguma coisa do Gildo de Freitas. Voltaram dois dias depois, porque acabou a cachaça.
E a viagem até as ruínas de São Miguel, com uma turma do CESB, pra ver um show de som & luz? Uma coisa maluca! Eram uns vinte dentro da pobre camioneta, quem visse de fora parecia um amontoado de pernas e braços desconjuntados, sem dono, jogados lá dentro, encharcados de Tremapé. Ali, comecei a namorar uma menina que até hoje não sei quem era. O namoro começou na ida e terminou na vinda, dentro da Kombi.
Acordei, numa manhã de domingo, dentro de uma Kombi na beira do Rio Uruguai, agarrado numa lourinha, com o Capincho e mais uma horda gritando como apaches enfurecidos ao redor do automóvel. Até hoje não sei como fomos parar ali. A lourinha veio junto, no pacote, e ficamos amigos. Lembro com certa dificuldade desse piquenique estranho. A única coisa nítida que ficou foi a boa e velha Kombi.
Bueno, vou almoçar e depois sestear e sonhar com kombis.
Bom almoço pra todos, guris e gurias, depois passo aí pra dar um alô. Masbá!

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