sábado, 27 de julho de 2013

Uma amiga começou a trabalhar no Banco de Olhos há pouco, então resolvi prevení-la: se achar vidros com cebolas em conserva não coma, são olhos! O Jobson Melo se saiu com essa, maravilhosa: "Eu devo ter jogado CDs do Luan Santana na cruz!". O Dia dos Avós foi meio apagadinho, né? Meus avós já desembarcaram há tempos, mas a lembrança que ficou, principalmente de minha avó materna, é de uma ternura de vó, a Cantídia era uma avó pós-graduada em avolices, como diria Plinio Nunes, na Sagrada Universidade das Guloseimas e Caldos Quentes Ao Anoitecer. A cândida Cantídia adorava sair comigo, passear com o carro emprestado da Norma, e fazíamos uma alegre romaria pelas casas de suas antigas amigas, algumas em viúva solidão, e relembravam saraus com orquestras argentinas e furtivos flertes com guapos rapazes de polainas e palhetas, que lhes prometiam altares ornamentados de amor, carinho e filhos. Um dia estávamos na casa de Dona Eulália, que resolveu passar uma receita de um doce de maracujá ou algo assim. A incumbência de anotar a fórmula do quitute ficou comigo, pois nenhuma conseguia enxergar pra anotar. Lá vai: meia dúzia de ovos batidos, canela em pó batida em leite fresco; aí começou a aflorar o meu lado mau e a receita final ficou mais ou menos assim: oito parafusos de meia polegada em óleo 40, duas longarinas sextavadas de 60cm, trinta rebites de uma polegada e por aí foi. Voltei pra Santa Maria, onde estudava e, no próximo feriado, lá estava eu em São Borja, visitando minha avó que me recebeu indignada: "Porque faz isso com a tua avó, Paulinho?", eu nem lembrava da receita adulterada. "Fui fazer a receita da Dona Eulália e parecia receita pra consertar trator, meu filho!". Aí peguei o carro e voltamos à Dona Eulália para, agora sim, copiar a receita corretamente. Por via das dúvidas a Cantídia levou o óculos. Ósculos e amplexos a todos vocês!

Nenhum comentário:

Postar um comentário