quarta-feira, 31 de julho de 2013

Hoje, pra sorte de todos, estou meio chato - normalmente sou muito chato, sou daqueles que fala cutucando - e falo, de novo, em reminiscências de infância, quando o evento maior da semana eram as matinês. Cines Variedades, Municipal e Presidente, em São Borja os spaghetti-western tipo Meu Nome é Pecos, Sartana, Ringo e depois Clint Eastwood, com a cigarrilha dependurada no canto da boca, coldre preso abaixo da coxa com um poderoso Colt 45, que iria detonar em segundos com o Lee Van Cleef. E a musiquinha imbatível do Ennio Morricone. E os filmes de romano, então? Maciste contra Golias, Hércules e os Gladiadores e Ben-Hur, que não dá pra misturar com o resto. As gurias gostavam de filmes de amor, romance dos quais desdenhávamos. A Mairiane Cabeleira lembrava do barulho que fazíamos sapateando quando chegava a cavalaria pra salvar o mocinho, e os assovios no beijo final. The End. Acabaram-se as matinés com troca de gibis e goles de Cyrilinha, um refrigerante engarrafado em Santa Maria ou Guaraná Sperandio, fabricado em São Borja, mesmo. Tu vê, a gente tinha até fábrica de refrigerantes, rapaiz! A tevê mudou nossa rotina a partir de 1970, quando apareceram os primeiros televisores pra Copa do Mundo. Assistíamos aos primeiros seriados, Zorro, Bonanza e Jeannie é Um Gênio. Nos impressionava a semelhança dos atores do Zorro com o gibi, como encontraram um sargento Garcia tão idêntico ao desenho dos quadrinhos! Não nos passava pela cabeça que era exatamente o contrário! Pura ingenuidade. O gibi tinha mais credibilidade, acho. Na saída do colégio passeávamos de elevador no edifício do Sindicato Rural e, invariavelmente, enxotados pelos porteiros. Que aventura! No meu colégio, Grupo Escolar Getúlio Vargas, tinha um consultório dentário gratuito para os alunos, onde o Doutor Maximiano dava expediente duas vezes por semana. Sinto falta daquela ingenuidade que hoje não tem mais espaço entre iPads, DVDs, iGs, Pqd4, e Fogãozinho Jacaré. Um dia recebi um amigo de lá e fomos almoçar e ele me falou: "Só não me leva pra almoçar nesses restaurantes faz-te-fode que eu acho uma bosta, tapado de gente te coxeando e quase tem que comer de pé!". Tudo bem, deixamos o fast-food pra lá e fomos numa pizzaria. Boa noite pra vocês, queridos amiguinhos. Carinhoso beijo no baço de todos.

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