sábado, 13 de julho de 2013

Agora minha tevê resolveu não mudar de canal. Ficou na Globo e eu me nego a assistir emissora que tem problemas com o fisco. O que pensariam meus patrocinadores? Meus amigos, vocês já devem ter percebido que tenho certa obsessão com clichês e com algumas palavras emblemáticas, que pressupõe lentidão, lobismo - de lobby, não de lobo - e uma pitada de sacanagem, como a palavra tramitar, por exemplo. 
Quando ele, visivelmente embriagado, viu a esposa brutalmente assassinada, chorou copiosamente, enquanto chovia torrencialmente no entorno da casa parcialmente destruída. Dois policiais truculentos jogaram-no abrupta e peremptoriamente dentro da escura viatura, sob severa vigilância. Sua mulher fora vandalizada pelos interesses espúrios das elites predominantes, que agora também nos expiam. Ou espiam, como quiserem. Enquanto a escura viatura tramitava na lamacenta rua, ele pensava em como se safar da primeira instância da acusação de assassinato. Pelo menos parou de chover torrencialmente, sem as torres a chuva amainou e o choro copioso deixou de copiar. Uma terrível vontade de tramitar começou a percorrer-lhe os intestinos. Não, não poderia tramitar ali, naquele amaldiçoado veículo! Precisava de uns goles de chá de panturrilha pra diminuir a dor incômoda. Uma derrapada antecipa o choque frontal da escura viatura contra um poste de concreto, o que lhe permite escapar do carro semi-destruído e sumir noite afora. Enquanto corria, sentiu a vontade de tramitar esvair-se em forma de plebiscito. Foi um alarme falso. Acordou pingando suor, que pesadelo medonho! Deve ter sido a parrillada que jantara com os colegas do excrementório. Decidiu não ir mais a essas reuniões sem uma boa dose de sapólio com creolina, pra evitar tramitações de última hora.
Boas Noites.

Nenhum comentário:

Postar um comentário