sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

IVONEIDE, A MULHER ATRÁS DO MITO (PARTE I)
Neide, Ivoneide. Minha namorada em 1977, chapista na lanchonete - padaria deveria ser padarete, né? - ou lancheria perto do cursinho Mauá, na Doutor Flores 220. Chapista de mão cheia, com afrodisíaco aroma de óleo de girassol de muitos pastéis e croquetes. Fascinada por Frank Sinatra de quem cantava Let Me Tray Again já traduzida por ela como Lassie Me Traz Alguém; uma troglodita, digo, poliglota. 
No final da tarde me esperava com um prensado de mortadela enrolado num papel de pão, uma delícia! O prensado e a Neide, claro! Nosso amor era algo puro e saboroso, com cheiro de girassol misturado com Tabu, da Coty. 
Anexo flagrante quando ela me esperava em seu quarto de pensão na Garibaldi, perto da Farrapos, nosso ninho de amor. Não raras vezes tinha que dar um dinheirinho pro Seu Corálio, responsável pela pensão 'familhar', pra eu poder entrar à noite, o que era proibido. Quem me facilitava era o Corálio, do Corálio! 
CINE ÁUREA 
De codinome O Monstrinho da Julio, anos 70/80. Ali nos acomodávamos nas poltronas estofadas com pelos pubianos, minha namorada Ivoneide e eu, nas matinés de domingo. 
Neide, Ivoneide, minha namoradinha executiva de alimentos - cozinheira - que tinha cheiro de fritura e fazia um spaghetti alho-e-óleo de manchar minha blusa de ban-lon, uma loucura! Assistíamos lindas histórias de amor e perversão como A Noviça Fornicadora e o Jumento Escarlate. Não como e nem comi a noviça fornicadora, certo? Mas a Neide - oh, a Neide - com seu peculiar e quase afrodisíaco aroma de óleo de girassol viajava em sintonia com o romantismo daquele cinema, embriagada de Fanta Uva e roendo um pastel de carne moída, que trazia pra comer durante as sessões. 
Essa página da minha vida ainda não foi virada, acreditem, seus cretinos debochados!

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