sábado, 15 de fevereiro de 2014

APELIDOS
Conheci o Pedro Lôco na pensão da Tia Moza, na Cristóvão com a Barros Cassal, quando morei ali em 77. Era uma figuraça, doido de atar em árvore, beirando uns 40 anos, trabalhava num negócio que nunca consegui entender; passava dias fora aí aparecia e dormia outros dois dias. Acho que era contraventor, traficante, sei lá.
Ele tinha o dom de apelidar os incautos com verdadeiras pérolas que caíam como luva nas vítimas - se é que luva cai - e nos vítimos. Por ser demente nos dávamos muito bem, claro!
Havia uma moça baixinha peituda, executiva de alimentos - cozinheira - da Tia Moza que ele chamava de baixa combustão. Um dia perguntei o porquê do apelido e ele explicou que por ela ser baixa e com busto enorme, entendeu seu pateta? Sim, sim, agora sim! Conversar com o Pedro Lôco era dar risada, muita risada. Eu era pedrófilo!
Costumávamos ficar horas conversando com o Rochinha, o ginecologista, na porta da boate La Cave; eles contando e eu ouvindo histórias coloridas fantásticas daqueles dois malandros. Rochinha era o porteiro da boate, por isso ginecologista: ganhava a vida onde os outros de divertiam. 
Esse Pedro nos ensinou que o desodorante Moderato tinha o mesmo efeito do lança-perfume, vejam que canalhinha ele! Gastei rios de dinheiro comprando Moderato, só pra ouvir o zunidinho aquele, sabem? Tá bom, vou fazer de conta que não sabem.
Numa noite despejamos um saco de bolitas, bolas de gude, pelas escadas de madeira que levavam ao sótão da pensão - antiga mansão do início do século passado - e acordamos todo mundo, foi muito engraçado. Pelo menos pra nós, os borrachos.
De uma hora pra outra o Pedro sumiu e ficamos órfãos do nosso maluco de plantão. Talvez tivesse sido preso, fugiu pro Paraguai ou foi fuzilado pelos fuzileiro navais, não sabemos até hoje. Reminiscências, lembranças daquela época em que eu era um irresponsável. E continuo, até hoje!
Boa sexta pra todos e todas, caros coleguinhas.

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