quinta-feira, 13 de junho de 2013


Ontem Maria Cristina me levou pra jantar fora, no Camponesa, na minha cadeira de rodas vermelho-Ferrari. Estou como uma caixa de isopor: tu enche de cerveja e me leva pra onde quiser. Filezinho mal-passadinho e polenta brustolada, tudo de bom. Hoje médicos, exames e aquelas coisas de doente. Emocionante. Fico no aguardo da cirurgia do fêmur, não sei quando. Pedi pra minha mãe mandar, de São Borja, um osso de ovelha para a prótese mas corre risco de rejeição. Ou eu ficar fazendo cocô em bolinhas, como um ovino, sei não.
Tenho visto muito tevê - não devia - e escuto cada coisa! Tem repórter que não escapa de clichês velhos como "chorava copiosamente", "chove torrencialmente", "foi brutalmente assassinado", sem contar expressões do tipo "esmagadora maioria". Nunca ouvi "pequena minoria". Acho que estou ficando velho e rabugento, ranzinza, intolerante, sei lá. Tenho repetido que me impressionou a repórter, que cobria o julgamento do goleiro Bruno, dizer que desmembraram o caso! Putz, mas não bastasse desmembrarem a vítima! Pareceu gozação. 
A Dilma viu o Papa, o Papa piou, a pipa do Papa papou polenta. Sob nosso patrocínio; e os heróis da revolução, da guerrilha do Araguaia continuam no comando do país. Lembro das intermináveis madrugadas na Zero Hora (Plínio e Mola devem lembrar) malhando o uísque do Gago, editor de polícia, que escondia num armário sinistro. Eu conversava muito com o João Batista Aveline, espirituosíssimo, comunista convicto, coerente. Um dia ele me disse uma coisa inesquecível: "Paulo Motta, tu é um menino, com 22 anos. Haverá mulheres que comerás que ainda não nasceram!". Verdade, meu amigo, que Deus o tenha. O Feliciano foi vaiado. E ninguém levou nem um ovo! Protesto sem ovo não é protesto. Fica o meu protesto. Coitado de mim, protestando, foi só um chiste. Até porque coitado é quem sofreu um coito.
Abracinhos e boa quinta, amiguinhos.

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