sexta-feira, 14 de junho de 2013

Na décima terceira badalada do sino da catedral de Carpanotown, salto do sofá e observo a bruxuleante claridade que se derrama, através da janela enorme que ornamenta a sala da mansão gótica de Sir Cunstance. Meu Deus, que ressaca! Pudera, há dois dias encho a cara com os uísques paraguaios de Cunstance, não sabia que sua decadência era tão decadente! Não há energia, só lampiões a gás e velas por todo o lugar. Trabalho com exterminação de pragas como baratas, ratos, morcegos e vendedoras de cosméticos, Fui chamado e essa pequena cidade onde nem se falava em tevê a cabo, quem dirá computador. Torneira era um artefato de alta tecnologia para eles. Sir Cunstance me contratou para exterminar uma praga que surgiu incontrolável, indestrutível, descontrolada: leporídeos. Mais conhecidos como coelhos e seus parentes (canguru não vale). Na manhã em que cheguei e fui recebido pessoalmente pelo meu novo patrão, percebi a gravidade da situação quando senti minhas calças sendo roídas em segundos por dois coelhos do tamanho de cachorros labradores. Entramos logo e ele me colocou ao par da esquisita situação. Os criadores de coelhos, pra baratear custos, misturaram uma erva que acharam nos campos ao norte, pertencentes a uma comunidade alienígena. O efeito colateral foi imediato e os coelhos desenvolveram cognição e o hipotálamo. Havia coelhos dirigindo kombis e táxis. Os ônibus eram dirigidos por fuinhas que, não se sabe como, foram afetadas, também. A população humana começou a dar o fora Carpanotown e ficaram poucos, somente porque tinham negócios com os coelhos e algumas fuinhas. Com hábitos humanos, os coelhos lotavam o único motel da cidadezinha e, não raro, satisfaziam-se em plena praça que, a essas alturas, estava sem uma folha pra contar a história. Sir Cunstance no outro dia escafedeu-se e me deixou com a batata - ou melhor - a cenoura quente na mão. Por uma questão de honra decidi ficar e encarar os orelhudos! Descobri que tinham um regime de gestão de maior pra menor. Os menores, claro, não estavam muito satisfeitos pois trabalhavam mais do que os maiores e os maiores ficavam com as melhores coelhas e cenouras. No final fui vencedor pois disseminei a discórdia entre eles e os convenci a fundar partidos e realizarem eleições democráticas. Agora espero, só pra ver com prazer, eles se matarem a cenouraços, enquanto extermino o restante do uísque do Cunstance, Tenho certeza que só restarão as fuinhas, sorrateiras e unidas. Beijinhus.

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