segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

PICARDIA
Não é esperteza ou malícia, não! A picada desses mosquitões de hoje em dia ardem pra caraleo, amiguinhos. Bichos ignorantemente covardes e malignos esses mosquitos, muriçocas, pernilongos tritongos mondongos que saboreiam meu sangue como se fosse um cabernet chileno misturado com o que restou dos tantos Jack Daniel's que andei tomando por aí.
Pior é a sinfonia que antecede a mordida do animal; aquele zunidinho terrível que te deixa babando de ódio por não poder acertá-lo com uma metralhadora ponto cinquenta como se derrubasse um caça nazista em pleno vôo! 
Ratátátátátá, uuuuôôôôuuu e lá se vem ele deixando um rastro de fumaça negra pelo rabo e tchum! espatifa-se no morro mais próximo; morra maldito boche nazista chupador de sangue humano, vampiro em miniatura desgraçado!
Seria bom demais pra ser verdade, não custa sonhar, não é? Aliás, nem dá pra sonhar com essa mosquitama. Ontem consegui acertar uma bofetada num medonho desses que ele chegou a corcovear no chão!
Peguei o aprendiz de vampiro e pensei em torturá-lo, tocando tuba na orelhinha dele até o amanhecer, já que tinha perdido o sono, mesmo, mas aí lembrei dos direitos dos mosquitos e da Dona Palmira Gobbi e deixei pra lá. E não tinha nenhuma tuba por perto.
Um amigo meu diz que tocar tuba dá a impressão de que é a mesma coisa que soprar no rabo de uma vaca na tentativa de endireitar os chifres. Da vaca, é claro!
Chega de devaneios filosóficos mosquitais, vou me recolher aos meus borzeguins, chamem a governanta e o mordomo para me acomodarem junto às escravas etíopes e ciganas, enquanto preparam minha alcova.
Uma noite repleta de bons mosquitos e sem sonhos. Desculpem-me: bons sonhos e sem mosquitos pra vocês, ó hereges!
Um carinhoso beijo no duodeno de todos vocês.

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