domingo, 26 de janeiro de 2014

EINSTEIN
Me descobri, alguns anos atrás, claustrofóbico! Odeio lugares fechados. Me dei conta disso quando, num domingo ao entardecer, fui ao bar pegar algumas cervejas e estava fechado o estabelecimento, amigos! Aquilo me deixou em desespero, e agora?
E quando tu desce e chega na frente do teu boteco de estimação e ele está com as portas cerradas? Os bêbados, em solene reunião diante do bar, tecem longas teses sobre o fechamento momentâneo e alguém sugere formar uma comissão e irem até à casa do dono, sob pretexto de saber se ele estaria bem de saúde.
Essa confraria etílica é capaz de insurgir-se contra o mundo numa situação dessas. Os leigos e neófitos poderão dizer: "Vão noutro boteco e está resolvido, pronto!". Mas não é tão simples assim. Imagina tu sair de casa pra ir à missa e encontrar a igreja fechada, irmão; é mais ou menos isso, considerando os fins.
O aquerenciamento adquirido ao longo dos anos com o papo solto, o martelinho de vodka com gengibre que só ali tem e os saudáveis desacatos que se desenrolam durante os vários períodos em que a cachaça opera no metabolismo dos viventes. Em outro bar seria impossível.
O boteco, a birosca, não é o trago pelo trago: é a emoção de estar entre iguais não tão iguais. É a alegria de reencontrar aquele chato que anda sempre com um monte de papel ensebado e toda a vez que te encontra te mostra, dizendo que é o resultado de um processo quase ganho, que lhe dará direitos exclusivos numa fazenda fictícia lá pras bandas de Encruzilhada. 
Não raro encontramos algumas preciosidades num bar. Lembro quando eu frequentava o 100 Malícias - na Marcílio Dias com a rua Zero Hora - sentava com o brilhante chargista Sampaulo, colorado fanático e um erudito. Criador do Sofrenildo e de uma frase inesquecível: "Paulo Motta, haverá mulheres que comerás que ainda nem nasceram!".
Anos depois lhe dei toda a razão.
Bom almoço e um carinhoso beijo no manguito rotador de todos vocês!

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