domingo, 12 de janeiro de 2014

BACH
Numa tarde de janeiro, hora do rush, um sujeito abriu a caixa do violino e começou a tocar em pleno metrô, em Washington DC. 
Tocou durante uns quarenta e cinco minutos, ganhou alguns dólares jogados no chapéu por passantes apressados, recolheu suas coisas e foi embora sem muito alarde.
Esse violinista era ninguém menos do que Joshua Bell, um dos maiores músicos do mundo, executando peças de Bach em um Stradivarius 1713, avaliado em três milhões de dólares. Dias antes participara de um concerto no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custaram a singela quantia de U$ 1.000,00!
Não, isso não é uma criação da minha cabecinha estranha, não; foi uma experiência social feita pelo Washington Post sobre percepções, gostos e prioridades.
Em qualquer lugar do mundo os humanos estão superestimando a moldura e esquecendo da tela e do pintor, me parece. Claro que isso pode descambar para uma discussão sociológica e filosófica bem enjoada e eu não tenho a mínima intenção disso, me faltariam argumentos e paciência. 
Mas se trouxermos essa situação ao nosso micro-mundo, veremos essa supervalorização no tênis que custa o valor de um pneu de carro e nas roupas de griffe hipervalorizadas por uma etiqueta. O capitalismo traz ignomínias desse tipo, pois é. 
Nos cabe adequarmos as fantasias consumidoras ao alcance dos bolsos, quase sempre rasos, ainda mais nessa época, embriagados de férias, festas e praias, acordamos de ressaca, em março, com aquela fatura gorda te sacudindo: "Acorda amor, vim te cobrar!". Ou 20 cobrar!
E não adianta fingir que não conhece pois ela tem teu endereço, seu perdulário desmiolado!
Bom almoço pra vocês, pessoal!

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