domingo, 22 de dezembro de 2013

SUCURI
Junto com a capacidade de ler, assimilar e entender o que se lê, ganhamos a capacidade da interpretação. E exercemos essa capacidade de acordo com nossas conveniências, o que não invalida o conteúdo mas macula a essência do que o autor quis dizer na obra. 
Nunca li Antonio Gramsci, Marx, Trotsky ou Santo Tomás de Aquino, pra minha cabeça seria uma ode à chatice cósmica galáctica. Já tentei, juro pra vocês. 
Tive uma semi-namorada quase sem uso, que fazia Artes Dramáticas na UFRGS, e intelectualizava no Libelu e eu, para entrar no clima comecei a ler As Confissões, de Jean-Jacques Rosseau. Uma leitura pesada - o livro terminou como peso pra porta não bater - que só me agradou enquanto a moça gravitou no meu JK da Duque de Caxias. Não engravidou, gravitou, certo?
Talvez se eu tivesse lido qualquer um desses caras que citei, minha vida tivesse tomado outro rumo, quem sabe? Pelo que vi, rapidamente, todos são muito sérios, muito sisudos e eu já chegara à conclusão de que vim ao mundo pra me divertir e não pra salvá-lo. Talvez pudesse subverter alguns argumentos desses escritores e usá-los em meu benefício, quem sabe?
Sei não, mesmo sem lê-los já inventava coisas em rodadas de cervejas do tipo: "Como diria Gramsci: o proletariado deverá ser conduzido acima dos interesses do Estado enquanto estado!".
Nunca alguém retrucou ou me chamou de farsante - e não foi por elegância - sinal que ninguém entendeu nada e nem iria procurar em obras de Gramsci se eu estava mentindo ou não. Acho que eu seria um bom político.
Considerando que o ser humano se mata alegando que o sacrifício da pilha de mortos na porta da sala é dele e para ele mesmo, achei melhor ficar longe da equipe que está aqui para nos salvar.
Nunca consegui dar sentido a isso, extrapola o meu escasso entendimento do habitat no qual estou inserido. Melhor ficar restrito a esse escasso entendimento: trabalho, pagar contas, bar, uma menina bonitinha, bar, trabalho, não pagar alguma conta, um Jack Daniel's sem culpa e dar risada, afinal de contas, alguém tem que, não é?
Em seguida retornarei, uma amiga de Rondônia me prometeu um novo bichinho de estimação: um filhotinho de sucuri, um amor. Vai trazer pessoalmente, aguardem!
Vou ver minha novela das oito, a Chisputa, até já!
*Desculpem, Chispita.

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