domingo, 22 de dezembro de 2013

ANTIGUIDADES
No meu tempo, na minha época - falo na primeira pessoa pois não quero envolvê-los em coisas medievais - quase não havia acesso ao rock'n roll como hoje, que se você girar a torneira da pia da cozinha saltam a loura do Calypso e o Ozzy Osbourne ao vivo in concert.
Anos 70, em São Borja, tínhamos os primeiros contatos com a esbórnia encantadora do rock através dos conjuntos que tocavam nos bailes e nos traziam a voz e a música dos americanos doidos. Os Dinâmicos e Os Sheiks eram os dois melhores grupos que tocavam nos bailes dos clubes Recreativo, Comercial ou Fraternidade.
Dancei no embalo de Woman, Barrabas e da Photograph do Ringo Starr, sublimes. Depois vinham as melacuecas, entoadas por brasileiros que se faziam passar por ianques que nem Fabio Junior (Uncle Jack e Mark Davis) e Christian, esse mesmo da dupla sertaneja Christian & Ralph, que fez um baita sucesso com Don't Say Goodbye, trilha da novela Cavalo de Aço.
Eventualmente algum ricaço aparecia com elepês do Pink Floyd e do Deep Purple que o irmão trouxe dos EUA, e a gente tratava de gravar nas fitas-cassete TDK e BASF. As 3M eram uma lixa pro cabeçote do toca-fitas! 
Sim, havia músicas brasileiras como Antonio Carlos & Jocafi, que eram os mais dançáveis e outros que não lembro.
Em seguida fomos atropelados pela tecnologia e Mark Davis ficou no armário e o Fabio Junior assumiu o seu lugar e o Christian foi cantar com o Ralph dores-de-cotovelo alheias e nós crescemos e fomos trabalhar e cuidar na nossas vidas e dos nossos filhos. 
Quando acordamos de ressaca do baile de ontem, nosso neto entra no quarto e diz que o almoço tá na mesa e a vó tá fazendo pudim, na cozinha com a mãe e o tempo foi, passou e somos resultado daquelas noites sem fim com amigos e namoradas inesquecíveis que nos visitam ao adormecer. Sempre fomos felizes e sabíamos que éramos felizes, gente, ah, se sabíamos

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