segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

FORMATURAS
Acordo naquele limbo cinematográfico, apatetado com a a beleza da moça ao meu lado, que se espreguiça entre os lençóis de cetim almiscarado qual lânguida felina. De onde saiu essa dama lasciva que ronrona enquanto seu braço adormecido enrosca meu pescoço? 
Ora, ora, minha imaginação é insuperável. Me leva à viagens lúbricas em lugares perversos e sacanas, sem precisar gastar nenhum centavo e de cara, sóbrio! Acho que os remédios que tenho tomado criaram uma nova pasta no meu cérebro! Baixaram um aplicativo que me conduz ao limiar da sanidade e me traz de volta são e salvo, coisa boa.
Guardo a formosa moça sob o travesseiro e espanto os anões albinos que insistem em pular na minha barriga jogando escravos de Jó, jogavam cachimbó, chatos esses duendes, meu Deus!
Quero um café. Não consegui acender o fogão no botãozinho elétrico e achei uma coisa que pensava não existir mais: uma caixa de fósforos!
Me irrito pois os dois primeiros pauzinhos que risquei estavam usados. O que leva um ente a guardar um pauzinho de fósforo riscado de volta na caixa a não ser a clara intenção de te sacanear, hein? O ente conseguiu.
Calma, Paulo Motta, não deixa a humanidade te irritar tão cedo assim. Hoje é sábado e não tens que ir na formatura da filha da vizinha e nem no batizado da sobrinha da tua namorada que, por sinal, tu não tens. Nem namorada muito menos sobrinha dela, yeah!
Nessa época do ano pipocam formaturas, batizados, presépios vivos com parentes mirins dos outros - até porque sou filho único, filho de mãe filha única, a Norma Motta - e tudo nesse calorão bagual que derrete o que restou dos meus miolos. 
Já passei por formaturas em que o ar-condicionado não funcionava, aí vocês me imaginem enfiado num terno escuro, em pé - pra variar cheguei atrasado - não conseguindo entender nada do que o paraninfo discursava e suando feito um torneira, um mimo!
Acontece que te convidam pra essas efemérides em junho, julho, quando estás aboletado na frente de um carmenére ou pinot noir sem pensar no dia de amanhã. E se pensasse não adiantaria nada pois a tua cara metade jamais permitiria que ousasses pensar em não ir ao suplício. É ou não é?
Mas vamos adiante, o dia está calmo, o sol está solando, o vento ventando, os bêbados se embebedando e os azuizinhos multando, tudo está em seu lugar, como diria Benito Di Paula.

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